ULLY
Durante alguns dias Anton não apareceu, então resolvi ficar esperando por ele, sentada no chão de terra da floresta com as costas apoias no tronco de uma árvore. Ele devia ter entendido o que minha mãe tinha pensado antes de mim.
Fiquei em pé assim que ele surgiu entre as árvores, parecendo cansado, com uma calça jeans rasgada e uma camiseta desbotada, e parou assim que me viu ali.
- Ully... – seus olhos se arregalaram minimamente.
- Anton, eu estava ansiosa para ver você!
- Mesmo? – mesmo surpreso com a minh
ULLY Tendo o cuidado de deixar minha janela bem fechada, escapuli silenciosamente pelas árvores na noite seguinte. Estranhamente agitada com o encontro com Luca, e incomodada por fazer algo que Anton julgava errado. Jantamos juntos em casa e tentei soar o mais normal possível, principalmente quando simulei o sono e disse que ia me deitar mais cedo. Ele não pareceu notar, e pude escutar sua conversa com minha mãe por mais uma hora antes que fosse embora. Se tentou falar comigo após isso não percebi, talvez a janela fechada tenha deixado a situação mais realista e ele tenha ido para a própria casa dormir. Meus passos acelerados no escuro só aumentavam minha empolga
ULLY Minha rotina tinha uma nova forma agora. Eu encontrava com Luca a cada dois dias e saia com Anton uma noite, o que simplificadamente significava: Luca, Anton, dia livre, Luca, Anton, dia livre e assim sucessivamente. Era uma rotina particularmente excitante, eu não podia negar, porque pular de prédios era tão incrível quando me afundar nos bancos sujos do cinema abandonado enquanto Luca e eu perdíamos o fôlego e a noção de tempo. A única coisa que me impedia de ser plenamente realizada era a culpa que pesava na minha cabeça todas as vezes que Anton estava presente. Sempre me pegava pensando que ele me trancaria e colocaria correntes nos meus pulsos se desconf
ULLY - Sério, precisamos nos afastar por alguns minutos. – falei pela terceira vez, afastando meu corpo de Luca. - Certo. – ele riu e sentou na poltrona em frente. Seu rosto ficava adorável quando estava corado, e os olhos brilhavam sempre que estávamos juntos. Será que minha expressão era assim também? - Você me perguntou sobre ... – talvez fosse uma boa ideia não dar nomes – meu amigo aquele dia. - Sim, o grandão. - Nós
ULLY Assim que as pessoas saíram para trabalhar, sem que Anton aparecesse para tomar café da manhã, fui até a cidade e comprei algumas roupas e comida para Luca. Não tanto o quanto eu gostaria de poder comprar com o dinheiro roubado da minha mãe, apenas o suficiente até ele conseguir pegar seu novo cartão para sacar seu próprio dinheiro. Era estranho entrar no cinema quando ele não estava, precisei me certificar de que não havia ninguém observando, e depois fiquei insegura em sair. Eu teria que voltar a noite e ver se tudo estava em ordem. Meu coração batia acelerado porque eu não podia andar rápido demais com a luz de so
ULLY Anton abriu a janela com uma velocidade alarmante, fazendo as duas partes da janela se despregarem da parede, e eu puxei Luca com tanta força que ele arquejou de dor. De qualquer forma, em questões de segundos, nós estávamos do lado de fora. Demos de cara com dois homens altos, vindo na nossa direção e, pela primeira vez, vi Anton se preparar para lutar. Ele agachou e saltou, derrubando os dois rapidamente, depois olhou ao redor. Houve uma agitação dentro do escritório no mesmo instante e mais passos. Puxei Luca para perto, ele não conseguiria fugir como nós, eu teria que carregá-lo e isso não seria problema algum, mas para onde ir?
ULLY Acordei com dor pelo corpo todo e com a mente ainda muito cansada. Não tinha sido um sono muito restaurador, e nem durado o tempo necessário para que eu me recuperasse. - Você precisa ir para casa. – Anton disse secamente depois de me cutucar até que eu parasse de resistir. Parado no quarto, de costas para mim enquanto vestia uma camiseta, ele emanava irritação, cansaço e mais alguma coisa que eu não conseguia perceber com a mente lenta daquele jeito. De toda forma, sua posição não mudaria. Me levantei imediatamente, sem coragem para dizer qualquer coisa. Não dava pa
ULLY Parada num prédio alto, as mãos apoiadas no parapeito e os olhos no horizonte, eu me perguntava em que lugar estaria Anton e se estaria bem apesar de tudo. - Ully. – a voz de Luca parecia vir de muito longe. Me virei para olhá-lo, sentado no telhado com uma expressão de desconforto porque não gostava muito de altura. - Podemos ir? – ele perguntou gentilmente. Eu gostava de ficar no alto, isso me fazia sentir mais perto de Anton. - Podemos. – respondi me afa
ULLY - Você acha prudente fazermos isso? – perguntei mais uma vez para Luca. - Como eu disse das outras vezes, não. – ele respondeu imediatamente. Mesmo assim eu não parei de andar, nem ele, e o assunto ficou esquecido por alguns momentos. - Você realmente acha... – comecei novamente. - Não. – ele me cortou – Todas as vezes terá a mesma resposta. Silêncio. - Mas, Luc