Acordei em um sofá que eu não conhecia, com um lençol cobrindo minhas pernas e um copo de água numa mesinha de centro. Olhei em volta e não vi ninguém e nem reconheci a casa e nada do que tinha nela.
Com paredes mal-acabadas, a tinta das paredes soltando como se tivesse absorvido umidade, o sofá tinha o aspecto velho de cor vinho manchado. Não consegui pensar em ninguém que pudesse ter me trazido para um lugar tão velho e sujo. Decidi explorar o local, ao levantar o lençol senti um peso no meu pé, pensei que estivesse dormente por causa da posição que eu estava.
Quando olhei quis gritar, minha garganta fez um nó, eu não sabia como reagir àquilo. Sentei-me e abri a boca para gritar por socorro, mas fui interrompida.
— Oi, você acordou? Até que enfim, bela adormecida.
— Vo-vo-cê? — Gaguejei, minha voz fa
Acordamos com um barulho na porta, nos sentamos rapidamente e olhamos uma para outra assustadas e com medo. Claro que pensamos que era seu Rodolfo para nos colocar mais pressão psicológica, mas a pessoa do lado de fora não conseguia abrir a porta e isso nos fez concluir que não era ele.Até que a pessoa do lado de fora arrombou a porta, e tivemos certeza que não era ele.— Estamos salvas dona Nicole. — eu olhei para ela com os olhos já marejados. Ela só abriu um leve e cansado sorriso, como se não acreditasse mais em uma salvação.Mas eu acreditava, e tinha certeza que as forças do bem nos salvaria. Comecei a gritar por socorro e o vi entrando, meu coração se explodiu de felicidade, nunca fiquei tão feliz em ver um rosto conhecido.— Cristian, nos salve, por favor. — eu agarrei-o no pescoço com o resto de força que
Eu fiquei perdida por um tempão, observando todas aquelas pessoas à minha volta que eu não fazia ideia de quem era. Tentei forçar meus pensamentos para saber quem eu era, mas nada vinha a minha mente. Um rapaz bonito e elegante dizendo ser meu noivo, médicos dizendo que eu bati a cabeça, mas eu não me lembrava de absolutamente nada.— Finalmente vamos para casa meu amor. — O rapaz bonito me disse com um lindo sorriso no rosto.Se não fosse a sensação de conforto que sinto ao lado dele, não teria coragem de ir para qualquer lugar com ele. Seguro em sua mão e sigo para não sei onde.— Para onde vamos? — perguntei ainda confusa.— Primeiro vamos no seu apartamento pegar algumas roupas e coisas suas, depois vamos para a minha casa.— Porque não posso ficar no meu apartamento?— O médico falou que voc&
Eu já estava ficando angustiada. Muito tempo em uma casa que eu não conhecia, eu não via minha mãe e ninguém que estava ali era meu parente sequer.Uma semana se passou e eu já me sentia muito melhor. Tony sempre estava ao meu lado o tempo todo, não forçava nada, não gritava comigo, sempre tinha paciência quando eu o xingava e até o agredia com palavras. A calma dele estava me deixando encantada, eu me sentia segura ao lado dele, eu já estava até cogitando a possibilidade de ele ser meu namorado de verdade.— Suzan, bom dia. — A enfermeira Flor entrou sem bater trazendo meu café da manhã e meus remédios como todos os dias.— Bom dia, Flor. — Olhei-a nos olhos fixamente e ela correspondeu meu olhar. — Você pode conversar comigo hoje? Eu me sinto muito sozinha. Sem saber quem sou ou onde estou, isso está me deixando angustiada.— Claro, minha querida. Faz o seguinte, hoje é dia de terapia cognitiva. Vamos fazer diferente, ao invés de uma sala fechada, vamos par
Esperei Tony chegar de onde quer que fosse, para sentar com ele e perguntar tudo o que eu queria saber. Ele demorou um pouco e acabei caindo no sono, acordei somente no dia seguinte com Flor levando meu café da manhã. E para minha surpresa, Tony estava com ela. Essa era a minha oportunidade de chama-lo para uma conversa.— Bom dia, princesa, como está se sentindo hoje? — ele todo simpático me cumprimenta. O respondo como se tivesse tudo certo, como estava, sobre as minhas dores, mas a ansiedade de me lembrar de alguma coisa sobre mim era tão grande que estava acabando comigo por dentro.Tony tomou café ao meu lado, me confortando e se colocando a disposição para o que eu quisesse, busquei as palavras para iniciar uma conversa, mas não foi tão fácil encontrar, estava tudo preso na minha garganta que quase não consigo tomar o café.— Tony, preciso conversar
Não sabia se conseguiria dormir com tantas informações borbulhando na minha mente. Minha memória estava sendo ativada aos poucos e esse turbilhão estava me ajudando, mas me deixou muito cansada.Tomei meu remédio e pedi a Flor e Tony que me deixasse sozinha, eu precisava recuperar minhas energias. Fiquei ali, na cama gigante e espaçosa preenchida com todos os meus pensamentos sobre tudo.Mesmo com o efeito do remédio comecei a recapitular tudo que Bárbara me disse, definitivamente não conseguia dormir. Levantei e fui até o banheiro para lavar o rosto, e ao olhar no espelho mil e um pensamentos passaram na minha mente, mas nenhum que fizesse sentido. Mas percebi algo preso no armário do espelho, peguei imediatamente cheia de curiosidade. Tinha meu nome escrito por fora do papel.Corri para a cama, deitei-me de barriga para baixo de uma forma que ficasse confortável e abri o
Aproveitei o afago de Tony e peguei no sono, um sono mais tranquilo que já tive depois que sai do hospital. Algo me dizia que tudo iria se organizar daqui para frente, não sei como, mas iria. Dormimos juntos, acordei de conchinha com ele, coisa que nunca tinha feito em toda minha vida.Era para eu me assustar e jogar ele para longe, mas a confiança que ele tinha conquistado comigo foi maior, eu me despreguicei e continuei ali nos seus braços aproveitando cada segundo antes que nossa conversa quebrasse esse momento especial.Ele deu uma longa fungada no meu pescoço que me causou arrepios pelo corpo inteiro. Um arrepio gostoso.— Bom dia, princesa. — ele cumprimentou sussurrando no meu ouvido.A única coisa que eu não me lembrava era de ter tido esses momentos carinhosos com Tony, e era o que mais estava me confortando e me animando acelerando minha recuperação.— Bom di
Nossa corrida agora era contra o tempo e contra o poder do seu Rodolfo e toda a máfia que ele fazia parte. Eu tinha um aliado agora, Tony seu único filho estava ao meu lado e faríamos uma dupla. Eu não mediria esforços para vingar a morte de Cristian e tirar meu pai da cadeia, provando sua inocência.Totalmente lúcida e com minhas lembranças vivas novamente, eu corria contra o tempo. Recuperar o tempo perdido na faculdade, arrumar outro emprego e lutar na justiça, não seria fácil, mas essa palavra não existe no meu vocabulário.Desde que me entendo por gente, a luta sempre foi meu forte, nada veio de mão beijada ou de forma simples. Tudo conquistado por mérito.Me lembrei que o principal propósito de eu ter escolhido a faculdade de psicologia, foi por minha mãe, eu queria entender os sintomas, entender o que afligia a alma dela e porque desistiu
Eu não imaginava como seria difícil encontrar um advogado que não tivesse nenhum laço com o grande e poderoso senhor Araújo. A primeira pergunta era.— Você conhece o senhor Rodolfo Araújo?A resposta era a mesma de todos, e era a única que eu não queria ouvir.— Claro que conheço, aliás, é um grande e respeitado advogado.Para não desligar na cara e demonstrar minha frustração, eu fingia que estava procurando um bom advogado.Já estava ficando frustrada e exausta dessa busca, sempre dormindo altas horas da madrugada depois de uma longa tarefa na faculdade, mas desistir não era meu forte.Mais uma manhã para novas buscas por emprego, sou despertada por Bárbara como sempre. –Oh garota barulhenta.-Levantei na maior preguiça de todos os tempos, só que era um dia e tanto, vi v