Eu já estava ficando angustiada. Muito tempo em uma casa que eu não conhecia, eu não via minha mãe e ninguém que estava ali era meu parente sequer.
Uma semana se passou e eu já me sentia muito melhor. Tony sempre estava ao meu lado o tempo todo, não forçava nada, não gritava comigo, sempre tinha paciência quando eu o xingava e até o agredia com palavras. A calma dele estava me deixando encantada, eu me sentia segura ao lado dele, eu já estava até cogitando a possibilidade de ele ser meu namorado de verdade.
— Suzan, bom dia. — A enfermeira Flor entrou sem bater trazendo meu café da manhã e meus remédios como todos os dias.
— Bom dia, Flor. — Olhei-a nos olhos fixamente e ela correspondeu meu olhar. — Você pode conversar comigo hoje? Eu me sinto muito sozinha. Sem saber quem sou ou onde estou, isso está me deixando angustiada.
— Claro, minha querida. Faz o seguinte, hoje é dia de terapia cognitiva. Vamos fazer diferente, ao invés de uma sala fechada, vamos par
Esperei Tony chegar de onde quer que fosse, para sentar com ele e perguntar tudo o que eu queria saber. Ele demorou um pouco e acabei caindo no sono, acordei somente no dia seguinte com Flor levando meu café da manhã. E para minha surpresa, Tony estava com ela. Essa era a minha oportunidade de chama-lo para uma conversa.— Bom dia, princesa, como está se sentindo hoje? — ele todo simpático me cumprimenta. O respondo como se tivesse tudo certo, como estava, sobre as minhas dores, mas a ansiedade de me lembrar de alguma coisa sobre mim era tão grande que estava acabando comigo por dentro.Tony tomou café ao meu lado, me confortando e se colocando a disposição para o que eu quisesse, busquei as palavras para iniciar uma conversa, mas não foi tão fácil encontrar, estava tudo preso na minha garganta que quase não consigo tomar o café.— Tony, preciso conversar
Não sabia se conseguiria dormir com tantas informações borbulhando na minha mente. Minha memória estava sendo ativada aos poucos e esse turbilhão estava me ajudando, mas me deixou muito cansada.Tomei meu remédio e pedi a Flor e Tony que me deixasse sozinha, eu precisava recuperar minhas energias. Fiquei ali, na cama gigante e espaçosa preenchida com todos os meus pensamentos sobre tudo.Mesmo com o efeito do remédio comecei a recapitular tudo que Bárbara me disse, definitivamente não conseguia dormir. Levantei e fui até o banheiro para lavar o rosto, e ao olhar no espelho mil e um pensamentos passaram na minha mente, mas nenhum que fizesse sentido. Mas percebi algo preso no armário do espelho, peguei imediatamente cheia de curiosidade. Tinha meu nome escrito por fora do papel.Corri para a cama, deitei-me de barriga para baixo de uma forma que ficasse confortável e abri o
Aproveitei o afago de Tony e peguei no sono, um sono mais tranquilo que já tive depois que sai do hospital. Algo me dizia que tudo iria se organizar daqui para frente, não sei como, mas iria. Dormimos juntos, acordei de conchinha com ele, coisa que nunca tinha feito em toda minha vida.Era para eu me assustar e jogar ele para longe, mas a confiança que ele tinha conquistado comigo foi maior, eu me despreguicei e continuei ali nos seus braços aproveitando cada segundo antes que nossa conversa quebrasse esse momento especial.Ele deu uma longa fungada no meu pescoço que me causou arrepios pelo corpo inteiro. Um arrepio gostoso.— Bom dia, princesa. — ele cumprimentou sussurrando no meu ouvido.A única coisa que eu não me lembrava era de ter tido esses momentos carinhosos com Tony, e era o que mais estava me confortando e me animando acelerando minha recuperação.— Bom di
Nossa corrida agora era contra o tempo e contra o poder do seu Rodolfo e toda a máfia que ele fazia parte. Eu tinha um aliado agora, Tony seu único filho estava ao meu lado e faríamos uma dupla. Eu não mediria esforços para vingar a morte de Cristian e tirar meu pai da cadeia, provando sua inocência.Totalmente lúcida e com minhas lembranças vivas novamente, eu corria contra o tempo. Recuperar o tempo perdido na faculdade, arrumar outro emprego e lutar na justiça, não seria fácil, mas essa palavra não existe no meu vocabulário.Desde que me entendo por gente, a luta sempre foi meu forte, nada veio de mão beijada ou de forma simples. Tudo conquistado por mérito.Me lembrei que o principal propósito de eu ter escolhido a faculdade de psicologia, foi por minha mãe, eu queria entender os sintomas, entender o que afligia a alma dela e porque desistiu
Eu não imaginava como seria difícil encontrar um advogado que não tivesse nenhum laço com o grande e poderoso senhor Araújo. A primeira pergunta era.— Você conhece o senhor Rodolfo Araújo?A resposta era a mesma de todos, e era a única que eu não queria ouvir.— Claro que conheço, aliás, é um grande e respeitado advogado.Para não desligar na cara e demonstrar minha frustração, eu fingia que estava procurando um bom advogado.Já estava ficando frustrada e exausta dessa busca, sempre dormindo altas horas da madrugada depois de uma longa tarefa na faculdade, mas desistir não era meu forte.Mais uma manhã para novas buscas por emprego, sou despertada por Bárbara como sempre. –Oh garota barulhenta.-Levantei na maior preguiça de todos os tempos, só que era um dia e tanto, vi v
Nem acredito que meu pai está livre, e acho que sei muito bem quem fez isso, preciso agradecer o Tony, pessoalmente. O difícil agora estava sendo encontrar o rapaz, que parece estar trabalhando mais que o normal.— Bárbara… — chamei minha amiga e colega de apartamento, que estava concentrada no notebook, dizendo que estava estudando, mas eu sabia que ela estava no tinder. Essa maluquinha não desistia. Com um fone de ouvido ela não conseguia me ouvir. Cheguei bem perto e tirei seu fone e falei bem pertinho do seu ouvido.— Está afim de dar um rolê?Ela se estremeceu toda fingindo estar arrepiada.— É verdade isso ou estou sonhando? Senhorita certinha me chamando pro rolê? — Báh me encarou nos olhos semicerrando os olhos como se desconfiasse de algo.— É isso mesmo. Estou te chamando para sair, mas não vai se animando que n&ati
Tony já era um homem adulto, mas quando se tratava do seu pai era uma criança acuada e indefesa. Eu não queria imaginar o que aquele velho maldito teria feito com meu amor.Agora ele parecia ser bem mais importante em minha vida do que antes, afinal, ele passou duas semanas cuidando de mim no hospital quando eu não tinha ninguém, me protegeu do seu próprio pai. O que eu não esperava acabou acontecendo. Precisava admitir que estava sentindo um carinho acima do normal por aquele rapaz mulherengo que queria de toda forma me conquistar. Acho que acabou conseguindo.— O que aconteceu, meninas? Esses rostinhos estão tristes e cabisbaixo. — Fomos interrompidas por Tony entrando de surpresa na sala.Olhamos todas ao mesmo tempo para ele, com os olhos arregalados e surpresos. Nós esperávamos o pior, e ele estava ali, bem na nossa frente, são e salvo.— Tony
As coisas estavam caminhando tranquilamente há algum tempo. Eu estava focada nos estudos e Tony focado nos nossos planos de desmascarar o pai dele. O trabalho não seria fácil, ele precisava ganhar a confiança do seu Rodolfo a ponto de pegar um trabalho suspeito e assim colocar o plano em ação.Bárbara se juntou a dona Sueli para planejar o nosso casamento que eu nem sabia se iria acontecer. Só sei que minha amiga diariamente tinha uma ideia e me contava empolgada. Eu deixava ela falar, percebia que assim ela ficava ocupada e feliz. Pois, assim ela não pensava em balada ou namorados.Meu primeiro estágio estava chegando e Bárbara me servia de cobaia. Ainda bem que ela gostava que eu fosse a pseud. Psicóloga dela. Minha amiga brincava mais que desabafava, mas estava me ajudando muito.Ficamos duas semanas fazendo consulta psicológica. Bárbara colocou um lençol no meio do nosso quarto, incluiu um pufe e uma cadeira, para ela, ali era meu consultório e ela era minha pa