Cameron
O dia começou com um peso que eu não conseguia afastar. Estava arrumando minha mala, pequena e prática, mas cada peça de roupa que dobrava parecia carregar o dobro de sua carga emocional. Ragnar estava inquieto, andando de um lado para o outro, mas não dizia nada. Quando terminou de se vestir, ele saiu sem falar uma única palavra, provavelmente para ver os meninos. O silêncio no quarto me envolveu, mas não era tranquilizador. Era um vazio denso, perturbador.
Meus olhos voltaram para o celular, esperando, implorando por qualquer sinal de Mallory. Uma mensagem, um simples "estou bem". Mas o telefone permaneceu quieto, sem nenhum som. O vazio era quase insuportável, e minha loba, tão conectada à minha alma, estava desolada por ter que partir. A necessidade de estar ao lado de Mallory me consumia, mas ao mesmo tempo, o pensamento de me afastar de Ragnar e dos meninos me ras
RagnarLutar contra aquela separação era como tentar segurar uma onda prestes a quebrar. Cada fibra do meu ser se rebelava contra o que estava prestes a acontecer. A marca em meu pulso ardia como um lembrete constante de que minha Luna estava se afastando de mim. A ideia de vê-la partir, mesmo que por poucos dias, era insuportável.Segurei seu rosto com ambas as mãos, a necessidade de mantê-la ali, comigo, quase esmagadora. "Por favor, Cam," minha voz saiu rouca, mais como um apelo do que um pedido. "Ligue para mim se qualquer coisa acontecer, se algo estiver estranho, qualquer coisa."Ela assentiu, encostando a testa na minha. O toque era um consolo temporário, mas ainda assim, nos conectava em um momento de silêncio, onde podíamos apenas absorver a presença um do outro, como se isso pudesse preencher o vazio que estava por vir. Por um momento, o tempo parou, e tudo que importav
CameronA tensão era palpável desde o momento em que deixamos Shelton. Nossos companheiros e pais já tinham percebido que algo estava errado, e isso estava claro em seus olhares. Astoria e eu tentamos minimizar a situação, explicando que Mallory estava apenas triste, longe de nós. Mas nós sabíamos que era mais do que isso. Minha mãe queria nos acompanhar até Seattle, preocupada, mas não deixamos. Precisávamos descobrir o que realmente estava acontecendo antes de envolver mais pessoas.Era um erro nosso. Uma ideia imprudente, criada por nós mesmas, ao tentar provar nossa força e independência. E agora, tínhamos colocado Mallory em perigo. Como Luna Suprema, eu deveria ter sido mais sábia. Eu deveria ter previsto os riscos.A viagem para Shelton, onde meus pais moravam, foi silenciosa, carregada de um peso sufocante. Assim que o avião pousou
CameronAstoria me segurava pelos braços, sacudindo-me com força, tentando me arrancar do estado de choque em que eu tinha mergulhado. "Cam, pelo amor da Deusa, o que a gente vai fazer?!" Sua voz estava desesperada, como se a única solução dependesse de mim. "Você sempre tem as ideias, você sempre sabe o que fazer! Por favor, reaja!"Eu não sabia o que responder. O desespero dela era um reflexo do meu, mas eu não conseguia formular um plano, uma saída. Olhei novamente para o celular em minha mão, a mensagem de Mallory ainda ecoando na minha mente. Depois olhei para Astoria, seus olhos cheios de medo e expectativa, e finalmente me levantei do sofá. Tentei pensar, mas a sensação de estar à beira de um abismo tomava conta de mim."O que vamos fazer, Cam? Como vamos salvar nossa irmã? E se ela já estiver..." ela não terminou a
Ragnar Eu estava à beira de um colapso. Desde que Cameron partira para Seattle, a raiva e a ansiedade me consumiam de dentro para fora. Era como se eu estivesse em uma batalha constante contra mim mesmo. Ninguém ousava se aproximar, ninguém tinha coragem de me enfrentar nesse estado. Liguei para Gabriel de minuto em minuto, mas a resposta era sempre a mesma: elas não tinham saído do prédio. Mas isso não fazia sentido. Algo estava errado, muito errado. E essa incerteza me estava levando à loucura. "Elas estão bem?" eu rugi ao telefone, minha voz saindo mais como um grito abafado. "Sim, Alfa," respondeu Gabriel, do outro lado da linha. "Não vimos nenhuma movimentação suspeita." Desliguei o telefone com um rosnado furioso, atirando-o contra a parede com tanta força que o aparelho se estilhaçou. O som ecoou pelo quarto vazio. Minha mente estava tomada por uma única certeza: eu tinh
CameronMinha mão tremia, o celular quase escorregando dos meus dedos, mas eu forcei minha voz a soar firme. "Quem está falando?" A resposta foi uma risada baixa e carregada de desprezo."A sua irmã não deveria ter procurado o que não queria ser achado."O sangue correu rápido pelas minhas veias, meu coração disparando com um misto de raiva e medo. "Onde ela está? O que vocês fizeram com ela?!"A voz respondeu, calma, como se não se importasse com meu desespero. "Eu não estou com Mallory. Eu não sou sua inimiga. Sou sua amiga, e estou aqui para ajudar vocês a encontrarem sua irmã. Ainda com vida."Ao meu lado, Astoria tapou a boca com as mãos, tentando sufocar o choro. Seus olhos estavam arregalados de terror, enquanto ela balançava a cabeça em negação. O pânico dela estava me atingindo em
RagnarMais um celular espatifou-se contra a parede, as peças voando em todas as direções, refletindo o caos que estava dentro de mim. Como ela podia me ignorar? Como podia rejeitar minhas ligações repetidamente, como se eu não fosse nada? Tudo aquilo apontava para uma verdade que eu não queria ad
CameronEu sabia que Gabriel estava por perto, monitorando tudo, mas não fazia ideia de que Connor estava com ele até que a campainha tocou. Quando abri a porta, lá estava ele, o rosto uma mistura de fúria e medo. Ele nem me deu tempo para reagir antes de correr para Astoria, puxando-a para um abraço apertado,
RagnarEu estava ficando louco. Não havia outra explicação para o desespero que estava me sufocando, me rasgando por dentro. As palavras de Cameron ainda ecoavam na minha mente como um pesadelo. Cada acusação, cada palavra de dor, me atingia como uma lâmina. Eu a tinha perdido. Ela tinha desligado na minh