Eu continuava afundada no sofá quando o Chace puxou uma cadeira e a colocou bem afrente de mim.
Olhei pra ele durante muito tempo e senti que eu tinha que o fazer, agora, naquele momento, senti os meus olhos marejados só de pensar.
— Você quer me dizer alguma coisa Theo, algo que te inquieta, eu posso ver isso, me diz o que é.
— Sabe eu só... Eu só...
Parei por alguns segundos, eu tinha que me controlar eu não podia desmoronar, ainda não.
— Eu só... gostaria de não te amar tanto...Gostaria de não ter você tão profundamente dentro de mim, de não fazer de você prioridade na minha vida... Porque agora...agora vai ser muito difícil pra mim, agora eu vou chorar durante dias...agora eu vou ficar triste porque eu tenho um monte de sentimentos inexplicáveis por você, agora...depois de quase dois anos eu fiquei viciada em você e eu sei que é errado, mas não no que você é agora...no que você era, naquele Chace que eu falava sem medo de errar que me ama. Mas agora eu já não falo sem medo de errar, porque eu já não tenho certeza de nada, porque a gente estava estável, mas do nada desmoronamos, do nada os nossos sentimentos já não importam, do nada somos só duas pessoas que têm que se ver às vezes.
— O que você quer me contar?
— Eu....eu estou....
Eu não conseguia terminar a frase.
— Diz pra mim - falou quando saiu da cadeira e ajoelhou na minha frente com os braços no meu joelho.
— Eu...eu estou terminando com você Chace, eu não quero mais continuar com você.
Silêncio.
...
...— Não.
— Oque?
— Não, nós não estamos terminando Theo.
— Não Chace, não... você não pode entrar em negação agora...você não vê? Não vê que o nosso relacionamento já não é o mesmo? Que as coisas desmoronaram? Você não vê? - Perguntei quando olhei profundamente naqueles olhos castanhos.
— Você acha que todos os relacionamentos são perfeitos Theo? – perguntou impassível. — Não, as pessoas lutam pelos relacionamentos e não é porque a coisa ficou feia que a gente vai terminar, nós temos que lutar. - falou confiante.
— E você acha que eu não tenho tentado? Você acha que eu não tenho lutado? Eu tenho lutado imenso pelo nosso relacionamento e sozinha, porque você nunca tá presente, você nunca quer falar, você age como se nem se importasse, você tá comigo aqui agora, mas ao mesmo tempo parece que não. E você quer vir falar de esforço?
— Eu me preocupo com você Theo, imenso...Eu sei que eu desapareço as vezes, mas se eu dizer...eu vou preocupar você e eu não quero isso.
— Você acha que me m****r uma mensagem perguntando se está tudo bem todas as semanas é preocupação Chace? Você acha que ao me ocultares coisas você está me fazendo um favor, você está me fazendo bem? Não, não mesmo.
Comecei ficando irritada com ele.
— Era suposto você me contar as coisas do mesmo jeito que eu faço, era suposto um estar sempre lá pro outro, era suposto ser eu e você sempre, era suposto sermos" Nós contra o mundo”, mas foi sempre só eu e você no teu mundo, Chace olha pra mim - falei quando coloquei os olhos dele em mim, sem confiança a relação não resiste, o amor não existe.
Não respondeu.
— E você tem andado a mentir pra mim, mas quando você mente, eu não fico zangada nem triste, eu fico decepcionada. E quer saber o porquê? Porque você me prometeu honestidade acima de tudo, acima de todas as coisas e você fez completamente o oposto. Você se tornou como os outros.
Mas eu não culpo você, " às promessas foram feitas para não serem cumpridas" não é isso que as pessoas dizem? - perguntei irónica.Ele olhou pra mim perplexo e confuso.
— Eu tenho os meus demônios Theo, existem coisas que não podem ser ditas... - você não ia compreender.
- Mas não é você quem decide se eu vou ou não compreender. Não é você quem decide se eu vou ou não ficar bem ou preocupada, se somos namorados é pra estarmos juntos Chace, partilharmos as nossas dores e alegrias, e você tirou isso de mim. - Falei ofegante.
- Você não entende Theo. - Bufou sarcástico.
- Você não fala Chace! - falei cansada.
- Porquê você não fez isso antes, a quanto tempo você tem vontade de me dizer essas coisas que afligem você?
Eu não estava à espera dessa pergunta.
- Não importa Chace.
- Pra mim importa.
- Há seis meses.
- Você vem se martirizando com isso durante seis meses, e dizes que devíamos passar pelas coisas juntos? - perguntou sarcástico.
- Eu deixei de contar as coisas quando você começou a agir como um filho da p**a ausente.
Ele desviou o olhar do meu.
— Desculpa - falou depois de minutos de silêncio. - Eu só... Eu não sei o que se passou...eu...
- Pra que pedir desculpa se você não está arrependido?
- Eu não sabia que estávamos tão mal assim, eu sei que o nosso relacionamento não estava perfeito, mas não achei que estivéssemos tão mal, todos têm os seus altos e baixos, a gente podia superar. - falou com os olhos cabisbaixos.
- Mas nós estávamos.
- Nunca foi minha intenção magoar você...nunca...nunca me ocorreu que isso poderia acontecer, eu achei...eu achei que estava tudo bem, que nós íamos...que nós...
Ele não conseguia terminar a frase.
- Talvez seja melhor assim, eu vou crescer, você vai crescer, nós vamos crescer. - falei com os olhos marejados.
- Você estás a terminando comigo porque você acha que eu mudei, mas eu não mudei... mas isso não importa agora, porque eu vou recuperar o que eu perdi, aquela paixão que você acha que já não existe eu vou trazer de volta, eu assumo os meus erros, não nego de os ter cometido, e peço imensa desculpa por ter feito você sofrer, nunca foi a minha intenção, mas eu vou mostrar que eu não mudei, estive sempre aqui e vou continuar, por você.
- Chace...
- Não pode terminar assim.
Ele levantou, apertou de leve as minhas mãos e saiu.
Então esse era o tal dito fim.
Hoje era dia de universidade, e embora eu não quisesse ir a lugar nenhum hoje, não podia ficar deitada na minha cama a pensar em acabar com o Chace porque eu já o fiz, inacreditavelmente, mas eu o fiz. E nem sei se foi realmente a coisa certa. Não deixei de o amar, nem de longe, quem me dera até que fosse assim, mas não é. As aulas foram péssimas, eu estava de muito mau humor, eu quis ficar em casa e fingir que estava doente, mas infelizmente isso não aconteceu, a minha maravilhosa irmã praticamente me arrastou até ao carro. Normalmente o Chris me dava boleia, mas logo hoje a Lia decidiu fazer isso. Quando andava em direção a saída vi a Weza e quando ela me viu não hesitou em me dar um abraço caloroso. — Como você está? - perguntou e me apercebi que ela já sabia do desfecho. — Quem contou a você? — O Chace ligou ao Dame e não estava nem um pouco feliz, eles brigaram por celular durante tecnicamente uma hora, ele ficou bem chateado
Quando eram 22h, voltei a subir ao meu quarto e ouvi músicas aleatórias para adormecer, no momento ouviaIdfcdoBlackbear. Me conte lindas mentirasOlhe nos meus olhosDiga que me amaMesmo que seja mentiraPorque eu tô pouco me fodendo, mesmoE você ficou fora a noite todaEu não sei onde você esteveVocê está gaguejando todas as palavrasNão está fazendo nenhum sentidoMas eu tô pouco me fodendo mesmo Porque eu tenho muitos sentimentos por vocêEu ajo como se não me importasseComo se eles nem existissemPorque eu tenho muitos s
— As coisas desmoronaram rápido demais. Eu pensei que estivéssemos bem... que estivesse tudo bem. Mas quando ele voltou de uma viagem que fez cm o irmão... algo já não estava bem. - falei pensativa. — Você acha que aconteceu alguma coisa lá onde eles estavam? — Eu não sei..., mas se tivesse acontecido não vejo o porquê de me ocultarem Bruno. O chace mudou, muito, houve tempos em que ele nem me deixava tocar nele. Oque que faz um homem não querer nem um toque da própria namorada? — Sinceramente... nem imagino. — Eu tentei conversar, dar tempo, eu estive sempre aí pra tudo, pra ele, mas ele não consegue nem me dizer o que o aflige. - falei triste. — Algumas pessoas só precisam de mais tempo, talvez ele seja uma dessas pessoas. — Pode ser, ninguém sabe mesmo. - Falei pensativa e cabisbaixa. — Theo você não precisa e nem deve ficar triste por isso, todos os relacionamentos tem dessas cenas, eu, por exemplo estava num relacionamento
— Esse bairro é tão calmo - Falou o Chris quando me ajudava a descer com a travessa do carro. — Pois, não mudou absolutamente nada aqui. - Falei quando a gente se dirigia até a porta, tocamos a campainha e em seguida ela foi aberta pela minha mãe. — Vocês chegaram tarde, isso era um almoço, não um lanche. – Começou logo com um sermão. — Senhora Simths, é um prazer vê-la- Falou o Chris ao cumprimentar a minha mãe, ela aceitou o cumprimento sorrindo e depois olhou pra mim. — Você não acha que este vestido é muito curto pra sua idade Theoany? — Eu estou bem obrigada mãe, é sempre maravilhoso ver você preocupada comigo. - Falei sarcástica. — Respeito menina! - Falou quando passei por ela e fui recebida por uma abraço caloroso das minhas sobrinhas, a Grace e Kim. — Tiaaaaaa! - gritaram. — Heiiiiii, - Falei quando me baixei e retribuí na mesma intensidade, e depois elas foram saudar o Chris e a Lia. Quando alcancei o
- Eu gostei de acreditar nisso, e sinceramente...- fui interrompida com a voz do Eli, era a Weza, fiz um sinal com a mão e atendi. - Theo... porquê... o celular...- eu ouvia entre cortes. - Weza, eu não estou ouvindo absolutamente nada, espera, eu vou procurar um lugar. - falei quando olhei pro sinal e eu realmente não tinha rede, entrei em casa pra sair do barulho e ainda não ouvia nada, então subi até ao terraço onde não tinha ninguém e estava bem escuro por acaso, mas a chamada tinha caído e quando eu tentava ligar, dava chamada encerrada. Digitei uma mensagem para a Weza que sinceramente não sei se ela recebeu, parei por um minuto e admirei o ambiente lá em baixo, a nana estava muito feliz e sorridente, as crianças não paravam de correr e gritar como sempre, estava perfeito. Quando recebi uma mensagem, mas não era da Weza. "Muito interessado numa próxima saída, mas dessa vez sem a parte melancólica"- ri da mensagem que o Bruno mandou e quando esta
— Pronto! Chegamos no parque que havia bem perto da casa da Nana e estavam todos lá, todos... até o Chace.Estavam todos equipados, todos até não, só as crianças, os adolescentes e os jovens, nenhum adulto decidiu participar, mas haviam muitas toalhas, caixas térmicas, comidas e até churrasco lá, parecendo um piquenique. Sinceramente não estava a entender absolutamente nada. — Pelo amor de Deus você pode explicar o que tá acontecendo aqui? - perguntei pro Owen. — A nana não gosta de ver as pessoas irem embora com as caras amuadas, então ela propôs que a gente fizesse jogos, uma espécie de mini campeonato sabe. Eu e o Chris aquiescemos. — Mas qual a finalidade disso? - o Chris perguntou com a boca cheia. — Mas tem sempre que ter uma contra partida? A gente faz isso por amor sabem, estar em família...conviver...amor ao próximo, essas coisas bobas de família sabem. — Me poupa Owen. — Ela está dando o prêmio de 2000$.
Acordei cedo, depois dos jogos de ontem na casa da Nana, meu corpo estava a pedir descanso, mas as aulas, os possíveis gritos da Lia se eu não me preparar em menos de 15 minutos, seriam piores que tudo. Fiz todas as minhas higienes matinais, me preparei e desci em direção a cozinha, eram 7h40 min quando desci, e encontrei a Lia a terminar de preparar a lancheira dela, e o Chris equipado para, o dia. — Bom dia família. Gritei desnecessariamente. — Jesus Cristo, a Theo acordou de livre e espontânea vontade. - o Chris fez uma cara de surpresa. —Que milagre, Deus operou, será que é hoje que encontro uma mala de 10.000$ na rua? — Mas você já nasceu assim ou é mesmo o teu passatempo favorito, gozar comigo?
Ele olhou fixamente pra mim por quase três minutos em silencio, com a mão no queixo, o braço apoiado na mesa. Aquele movimento era intrigante e sexy, eu gostei de ver, gostei demais.Foco Theo.— Tudo bem. - falou por fim com um sorriso largo no rosto.—Tudo bem?— Sim, tudo bem, quando estiveres pronta pra viajar é só me avisares.Eu olhei petrificada pra ele, eu achei que eu era louca por fazer essa proposto a um estranho, mas aparentemente ele é mais louco do que eu.— Não queres fazer perguntas? - perguntei ainda espantada.— Não. - ele riu.
Último capítulo