Finn era um homem maravilho, educado e encantador, qualquer mulher ficaria de quatro por ele, mas eu fui a escolhida e nossa união iria se concretizar.
Estava deitada na minha cama, olhando para o teto do meu quarto e imaginando como seria nossa noite de núpcias, a noite que toda mulher sonha, ainda mais quando casamos com o homem que amamos tanto.
Conhecia Finn já fazia quatro anos, ele havia sido a melhor coisa que me aconteceu na vida. Quando pediu minha mão em casamento, fiquei tão surpresa e emocionada que cheguei a passar mal. Agora, o tão esperado dia tinha chegado!
— Rubya, você ainda não levantou? — perguntou Kiara, minha irmã mais nova ao entrar no quarto. — Você esqueceu que tem um dia de noiva hoje? Vamos, levanta dessa cama preguiçosa.
— Calma, Kiara, ainda é cedo e eu só estou curtindo meus últimos momentos no meu quarto. Tenho muitas lembranças aqui.
— Eu sei que tem, mas mamãe já está te esperando no carro, você sabe que ela não tolera atrasos. Vai, veste logo essa roupa. — disse jogando um vestido sobre mim.
— Ok, vou me trocar, pode me esperar no carro, desço em cinco minutos.
— Tá certo, mas não fique enrolando. Temos hora marcada — avisou-me e saiu do quarto.
Peguei o vestido e fui me trocar no banheiro, passei uma água no rosto para despertar e sai em seguida.
— Como prometi, não demorei nada. — Falei ao entrar no carro.
— Finalmente apareceu, o que estava fazendo filha? — disse minha mãe ligando o carro.
— Ah dona Daisy, mãezinha linda, só queria ficar um pouco mais no meu quarto, afinal amanhã vou estar bem longe daqui — sorri ao passar a mão em seu cabelo.
— Entendo filha, só não precisava bagunçar meu cabelo — resmungou arrumando as mechas com umas das mãos. Sentiria falta disso tudo. Nós três sempre fomos muito unidas, só meu pai que era de pouca conversa.
Enquanto o carro seguia pelas ruas tão conhecidas da minha cidade, me permitir divagar sobre como seria minha vida depois de casada.— Chegamos meninas, agora é a hora de ficarmos lindas — disse minha mãe animada, estacionando o carro em frente ao spa para noivas e madrinhas que havíamos escolhido.
Descemos do carro e entramos por uma porta de vidro que abriu na hora. Uma senhora muito simpática e elegante se aproximou de nós.
— Meu Deus, vocês estão atrasadas, temos massagem para fazer, bronzeamento, banho de sais, unha, cabelo e maquiagem. Vocês sabem que a hora voa, e seu casamento é as seis horas da tarde. Vamos, vamos logo para a sala de massagem. Suely e as outras meninas estão esperando vocês. — Dizia a senhora toda afobada. — Suas toalhas estão aqui, prendam o cabelo em um coque, deixem suas roupas nesse armário e sejam rápidas — ao terminar de falar, nos deixou sozinhas e trancou a porta.
— Que mulher agitada.
— Também Rubya, você nos atrasou bastante.
— Desculpa, não fiz por mal Kiara.
— Ainda assim nos atrasou, filha. Vamos logo para a sala de massagem, se não aquela mulher vai ter um treco. — disse abrindo a porta.
Nosso dia foi assim, ficamos quase uma hora na sala de massagem, sai dela bem relaxada. Depois fizemos um bronzeamento e uma hora depois fizemos o banho de sais em uma banheira de hidromassagem. Me sentia uma princesa toda perfumada. O SPA nos serviu almoço, café da tarde e logo depois fomos fazer as unhas. Em seguida, nos levaram para fazer o cabelo. Escolhi um coque solto com cachos caídos, mas o penteado da minha mãe e da minha irmã não pude ver qual seria, fomos separadas para os preparativos finais.
Logo depois já estavam me maquiando, isso queria dizer que o momento tão esperado estava chegando e eu sentia até um desconforto na barriga de tão ansiosa que estava.
— Rubya, pode abrir os olhos, você está pronta e é a noiva mais linda que passou por aqui — Paty, uma das cabeleireiras, falou.
— Obrigada — agradeci e me levantei para olhar no espelho, quase não me reconheci, o meu cabelo ruivo estava perfeito e a maquiagem um arraso. Me senti muito linda e diferente, não tinha o costume de usar maquiagem.
— Vamos Rubya, agora é a hora de colocar o vestido. — Avisou Paty, guiando-me por uma escada enorme, entramos em um quarto todo espelhado.
Paty, junto de suas funcionárias, me vestiram e quando finalmente estava pronta, olhei minha imagem refletida nos espelhos e quase não me reconheci. Estava tudo perfeito, me sentia uma princesa saída de um conto de fadas. Meu vestido era todo rodado com muitos tules, com um decote canoa, e nas costas tinha uma renda transparente que fazia o formato de uma rosa. Era maravilhoso!
— Rubya está na hora! Sua mãe e sua irmã já foram para a igreja, sua limusine acaba de chegar. Vai, que seu noivo te espera e que Deus abençoe vocês — sorriu enquanto me ajudava a entrar no carro, agradeci por tudo e parti. O caminho para igreja me deixou com o coração acelerada, então, abri o vidro do carro e tentei me distrair olhando o movimento da cidade.
O motorista parou em frente à igreja e ficamos esperando por algum sinal indicando que eu poderia entrar, mas nada aconteceu. Comecei a ficar preocupada, pois ninguém tinha ido me dizer o que estava acontecendo. Então resolvi descer do carro e ir até a porta da igreja para tentar falar com alguém e saber o que estava errado.
— Rubya o que faz aqui? — perguntou meu pai parecendo surpreso e nervoso. Mas porque ele agia assim? O que estaria acontecendo?
— Pai, porque está tão nervoso?
— Filha é seu casamento, que pai não ficaria nervoso — Não acreditei muito no que disse. Ele deveria estar feliz e não nervoso.
— Rubya o que faz aqui? — minha irmã fez a mesma pergunta ao me ver, isso estava ficando estranho.
— Kiara, você bebeu, estou no meu casamento, já se passaram vinte minutos, eu preciso entrar. Não quero deixar Finn me esperando no Altar.
— Eu sei que é seu casamento, mas não era para estar aqui ainda.
— Kiara você não me engana, o que está acontecendo?
— Não está acontecendo nada.
— Se é assim, então vou entrar. — Me aproximei do meu pai e peguei em seu braço. — Pai, vamos entrar.
— O Quê? Não podemos entrar. — Respondeu com uma expressão triste.
— Porque não? Qual é o problema? Porque não me contam logo o que está acontecendo? — Falei alterada, já estava ficando muito nervosa com aquela situação.
— Calma filha, não fique nervosa. — Minha mãe tentou me acalmar, mas isso apenas serviu para me deixar ainda mais preocupada.
— Mãe, por favor, me conta o que está acontecendo.
— Mãe, eu acho melhor contar logo para ela. — disse minha irmã
— Contar o que? Pelo amor de Deus, me diz logo, por favor.
— Rubya, o Finn não chegou ainda. — Mamãe revelou e percebi em sua expressão tristeza e mágoa.
— Nossa! É só isso? meu Deus, pensei que alguém tivesse morrido. Finn deve estar atrasado, me empresta o celular Pai, vou ligar para ele.
Assim que peguei o celular do meu pai, disquei o número do meu noivo e o esperei atender.
— Finn, cadê você? Porque não chegou ainda?
— Oi meu amor, desculpe, me atrasei um pouco, creio que em dez minutos estarei aí. Faz o seguinte, entra e me espera no Altar que assim que eu chegar eu entro. Só para não deixar nossos convidados esperando. Combinado meu amor?
— Combinado amor, eu vou entrar então. — Respondi me despedindo e desligando em seguida. — Pai, Finn já está a caminho, só atrasou um pouco. Me pediu que entrasse para não deixar nossos convidados esperando. Então vamos entrar?
— Filha, isso não tá certo, temos que esperar o noivo chegar. Ele tem quem entrar primeiro e você que entra depois.
— Mãe, eu sei que o tradicional é o noivo esperar pela noiva. Só que não vejo mal nenhum em a noiva esperar pelo noivo. Acho até que ficará diferente.
— Você quem sabe filha — disse minha mãe um pouco decepcionada.
Avisei a cerimonialista que eu entraria primeiro, ela me olhou assustada e questionou sobre o noivo e porque não tinha chegado ainda, então apenas disse que ele já estava a caminho e que eu iria espera-lo no altar. A senhora mesmo estranhando minha atitude, preparou para que todos entrassem. Primeiro foram os pais e padrinhos e por último eu e meu pai.
Quando entrei na igreja, notei que todos me olharam assustados. Talvez se perguntando cadê o noivo. Foi um cochicho só até eu chegar no altar. Então resolvi avisar os convidados que Finn já estava a caminho e não demoraria em chegar, pois até sua mãe e seu pai estavam inquietos sobre o atraso do filho, mas deixei ciente que estava chegando. A igreja ficou alvoroçada e um murmurinho se espalhou pela igreja feito pólvora, enquanto eu esperava por ele.
No entanto, minutos se transformaram em horas e os convidados já estavam nervosos de tanto esperar por um noivo que não aparecia e eu comecei a passar mal, pois não conseguia entender porque estava demorando tanto. Pedi o celular novamente ao meu pai e do altar mesmo comecei a ligar para meu noivo, mas só dava caixa postal e às vezes fora de serviço.
Já fazia mais ou menos uma hora que eu o esperava no altar, os convidados já estavam irritados, alguns se levantaram e foram embora. Quando vi a igreja esvaziando, entrei em pânico e desmaiei.
Acordei sendo carregado pelo padrinho, o melhor amigo do Finn, Joe. Estava me sentindo tão mal, que não tinha forças para falar. Minhas mãos estavam geladas e suavam, meu coração palpitava e gotas de suor brotavam na minha testa.
Senti meu corpo ser colocado sobre o estofado de um carro e podia ouvir ao longe meus pais gritando e meus sogros chorando.
Foi então que me dei conta... Finn tinha me deixado no altar, ele me abandonou. Na mesma hora senti meu coração se quebrar e uma dor horrível tomou conta do meu peito. Sem conseguir me controlar comecei a chorar desesperadamente.
— Rubya, sinto muito por isso, nunca imaginei que Finn teria essa atitude, ele é tão apaixonado por você que não dá para acreditar que te deixou plantada. Vou te levar para a casa, você vai ficar bem? — perguntou Joe me ouvindo chorar.— Joe, não quero ir pra casa, me leva para qualquer lugar, menos para lá. — Solucei, eu não queria chegar nesse estado na minha casa. Meus pais e minha irmã já estavam nervosos de mais para me verem assim.— Você está com fome?— Sim, estou com muita fome. — Respondi ainda chorando.— Vou te levar para um lugar legal e que nunca está lotado. Ninguém vai se importar de ver uma noiva tão linda comendo ali.— Você me acha linda?— Sim, sempre falei para o Finn que ele era um cara de sorte. —Ofereceu um lenço e logo em seguida notei que pegou a estrada.— Joe, você acha que o Finn fez de propósito?— Rubya, jamais ele faria isso com você de propósito.— Eu também sinto isso, acho que devemos ir à p
Acordei assustada com o barulho de uma porta batendo, levantei-me correndo da cama para verificar quem era e vi que era apenas o Joe trazendo uma bandeja nas mãos.— Bom dia, como se sente hoje? — perguntou colocando a bandeja em uma mesinha que tinha no canto do quarto.— Com dor de cabeça e com uma tristeza enorme no coração. Joe me diz que foi tudo um sonho, não consigo acreditar que fui deixada no altar, fiquei plantada por uma hora esperando-o — falei com as lágrimas descendo pelo rosto.— Não fica assim, vamos tomar café e vou te levar em casa, depois passo no jornal e aviso que estarei ausente por alguns dias. Depois vou para minha casa tomar um banho e trocar de roupa e passo na sua casa para irmos à polícia e nos hospitais. Vamos encontrar o Finn, tenho certeza — sentou-se à mesa e eu fiz o mesmo. Tomamos o café em silêncio, eu não estava nem um pouco a fim de conversar. A tristeza e a decepção me corroíam por dentro.Logo depois do café, estávam
— Você está bem, Rubya? — perguntou a mocinha me olhando assustada, pois fiquei parada feito estátua tentando assimilar tudo o que tinha ouvido.— Eu estou.... Meu Deus, isso quer dizer que não posso cancelar, mas ainda há uma passagem livre — falei, finalmente, conseguindo responder e sair do choque em que estava percebendo que Finn preferiu viajar sem mim.— Sim, não tem como cancelar, mas você ainda pode viajar, só que terá que ser outro dia ou em outro horário.— Me dê um minuto por favor — pedi. — Joe, eu preciso fazer essa viagem, mas não quero ir sozinha, você vem comigo? Preciso descobrir porque Finn viajou sozinho — expliquei baixinho.— Vou com você Rubya, não vou te deixar sozinha em uma hora como essa. Só precisamos ver a disponibilidade de uma passagem para mim. — respondeu me deixando feliz.— Desculpa, não consigo guardar seu nome. — Olhei para a mocinha pedindo desculpas.— Meu nome é Renata.— Renata, você tem algum horá
— Calma Rubya, nós vamos encontrá-lo — Joe tentou me acalmar sentando do meu lado na cama.— Joe, você nunca parou para pensar, que talvez o Finn não queira ser encontrado, por isso desapareceu assim? — resmunguei chorando com o coração despedaçado.— Já pensei nisso, mas acho que você merece uma explicação. Sou amigo dele desde a infância, nunca na minha vida vi Finn agir como um idiota, essa é a primeira vez. Você não merecia isso, por esse motivo tem que exigir uma explicação.— Você tem razão, eu mereço uma explicação, mesmo que o motivo seja ele ter conhecido outra mulher. Eu mereço saber a verdade — falei limpado as lágrimas. — Joe, vou tomar um banho para dar uma relaxada, a viagem foi cansativa. Você se importa?— Claro que não, vai lá que eu vou pedir algo para comermos.— Obrigada, estou mesmo com muita fome — agradeci entrando no banheiro com uma troca de roupa.&nb
De repente, a mulher falou um pouco mais alto e conversava em Espanhol, só que mesmo assim consegui ouvir o nome que ela disse, tenho certeza que pronunciou Joe. Os sussurros e gemidos continuavam e foi então que eu reconheci a voz do Joe. Então era ele mesmo que estava na maior pegação com uma garota na porta do quarto. Em seguida ouvi ele se despedindo e logo entrou. Fingi que estava dormindo e ele foi direto para o banheiro, pelo barulho do chuveiro estava tomando um banho. Entretanto, não demorou muito, estava se deitando ao meu lado na cama por cima do lençol que me cobria. Continuei calada e tentando dormir novamente. Se na primeira noite ele já estava assim nessa pegaçao, não queria nem imaginar com quantas ficaria até o final dessa viagem e pensando nisso acabei dormindo. Acordei com o barulho da TV ligando e abri os olhos assustada, foi então que notei que Joe já estava acordado. — Bom dia, você
Finalmente chegamos ao hotel. Desci o mais rápido que pude do carro, já que eu estava bastante ansiosa para descobrir a verdade. Confesso que estava bem nervosa, com medo do que iria ouvir dele, mas tinha chegado até ali e, agora não podia amarelar. Com certeza iria até o fim. — Rubya, tem certeza que está preparada? — Perguntou me vendo vacilar, pois dei um passo para atrás, ao invés de ir em direção ao hotel. — Sim, só estou tentando criar coragem para entrar. — Se quiser desistir por hoje, podemos voltar amanhã. — De jeito nenhum, vou entrar agora — falei me encaminhado apressada e Joe foi atrás. — Buenas tardes! Bienvenidos Hotel Barcelona Universal. — disse a recepcionista me olhando entrar apressada. — Usted habla português? — perguntei me aproximando — Sim, claro. Vocês têm reservas? — Não, só viemos tirar uma informação. — Rubya, OLHA... — grit
Acordei assustada, com o telefone tocando e Joe dormia como uma pedra agarrado a mim de conchinha. Com o coração acelerado, e com uma sensação estranha na boca do estômago tentei sair dos seus braços sem que ele acordasse, pois o telefone não parava de tocar, e o quarto tinha uma meia luz acesa bem fraquinha. Talvez fosse o gerador do hotel, afinal a TV continuava desligada, isso queria dizer que a força não tinha voltado.Quando finalmente consegui sair dos seus braços, mesmo com todo esforço para não o acordar, ele acabou acordando e o telefone, pela demora, parou de tocar. — Rubya, pegamos no sono. Que horas deve ser agora? — questionou me olhando e esfregando o rosto para afastar o sono. — Não faço ideia — respondi indo tomar um copo de água.— Nossa! São onze horas da noite e ainda estamos sem força — disse admirado olhando seu celular.— Estou morrendo de fome — ouvi minha barriga roncar, só esperava que ele não tivesse ouvido.—
Parecia que eu estava enfeitiçada por aqueles pares de olhos puxados, pois sem perceber eu o beijava com muita vontade e ele correspondia ao beijo como se estivesse sedento de desejo. Sua mão percorria todo meu corpo, me deixando com uma sensação estranha na boca do estômago.No momento em que o grupo de pessoas passaram por nós, que me dei conta da burrada que eu fiz, o empurrei na hora e corri por aquele labirinto procurando a saída. Queria me esconder, me enfiar em um buraco, sumir do mapa, isso não poderia estar acontecendo, não com Joe que nunca levou ninguém a sério e ainda era o melhor amigo do meu ex-noivo. Quando finalmente achei a saída, corri para o carro, mas percebi que Joe vinha atrás e quando finalmente ele me alcançou, me pegou pelos braços. — Para Rubya, chega de fugir dessa conversa, a gente vai conversar agora. Entra no carro por favor — pediu me olhando sério.Ele tinha toda razão, não podia ficar fugindo disso. Estava ma