— Bom dia, como se sente hoje? — perguntou colocando a bandeja em uma mesinha que tinha no canto do quarto.
— Com dor de cabeça e com uma tristeza enorme no coração. Joe me diz que foi tudo um sonho, não consigo acreditar que fui deixada no altar, fiquei plantada por uma hora esperando-o — falei com as lágrimas descendo pelo rosto.
— Não fica assim, vamos tomar café e vou te levar em casa, depois passo no jornal e aviso que estarei ausente por alguns dias. Depois vou para minha casa tomar um banho e trocar de roupa e passo na sua casa para irmos à polícia e nos hospitais. Vamos encontrar o Finn, tenho certeza — sentou-se à mesa e eu fiz o mesmo. Tomamos o café em silêncio, eu não estava nem um pouco a fim de conversar. A tristeza e a decepção me corroíam por dentro.
Logo depois do café, estávamos prontos para sairmos do hotel. Joe me deixou em casa, conforme combinamos e eu entrei tentando não fazer muito barulho, era sete horas da manhã e não queria acordar minha família.
Assim que entrei em meu quarto, me joguei na cama aos prantos, parecia que eu estava vivendo um grande pesadelo. De repente, minha irmã entrou parecendo um furacão e veio me abraçar. Kiara tinha apenas dezenove anos, era quatro anos mais nova que eu, só que tinha um jeito diferente de eu lidar com a tristeza. Enquanto me afogava em lágrimas quando algo de ruim acontecia, Kiara procurava se ocupar, assistia a um filme, lia um livro e muitas vezes saía para baladas com os amigos. Ela era bem mais forte que eu nesse sentido, pois eu mal saía do quarto e passava dias chorando sem comer nada.
— Calma Rubya, não fique assim, nós acreditamos que algo deve ter acontecido, já que Finn sempre mostrou ser muito apaixonado por você — Tentou me acalmar enquanto me abraçava.
— Também acredito nisso, por isso vou tomar um banho, tirar esse vestido de noiva, vou a polícia e nos hospitais procurar por ele. Joe vai comigo. — Limpei minhas lágrimas com a mão.
— É uma ótima ideia, se eu não tivesse provas na faculdade para estudar, eu iria junto com vocês.
— Tudo bem Kiara, você precisa mesmo se dedicar aos estudos. Fica tranquila, Joe vai estar comigo.
— Espero que dê tudo certo e você o encontre. — Assim que terminou de falar o meu celular que estava na minha mala começou a tocar. Com muita tristeza, pois as malas estavam prontas para minha lua de mel, eu a abri e atendi vendo no visor que era a Naty quem me ligava.
— Oi Naty...
— Oi amiga, como você está?
— Estou arrasada Naty.
— Sei que está, Joe me contou como foi sua noite, até me ofereci para ficar com você e te ajudar, mas ele achou melhor eu dizer ao seus pais que passou a noite comigo.
— Ele disse mesmo que você ligou, foi melhor você ter feito isso ou meus pais ficariam muito preocupados comigo.
— Eles estavam mesmo, mas depois que falei com sua mãe, eles ficaram mais calmos. Dona Daisy é uma graça, tem um coração tão puro que nem percebeu que eu mentia. Já seu Júlio, ficou um pouco desconfiado, quis até falar comigo, me encheu de perguntas. Seu pai é uma figura.
— Ele é sim, que bom que no fim deu tudo certo.
— Deu sim. Então me conta, o que vai fazer a respeito do Finn?
— Joe vai me levar à polícia e nos hospitais, vamos procurar por ele.
— Que ótimo, Joe é muito legal né?
— Ele é sim, é um amigo muito querido, está me dando muita força e apoio.
— Se não fosse meu trabalho, eu iria com vocês, mas vou torcer e rezar para que o encontre.
— Obrigada amiga, sei que não pode faltar no trabalho. Tive muita sorte, meu pai me deu dois meses de férias na farmácia, colocou outra pessoa no meu lugar até minhas férias terminarem. Vou poder procurar Finn sem me preocupar com isso.
— Sorte sua que seu chefe é seu pai. Boa sorte, e me avisa se tiver qualquer notícia dele, ok? — mandou um beijo e desligou.
— Você não dormiu na casa da Naty, né? Onde passou a noite então? — Perguntou minha irmã que estava sentada na minha cama, me esperando sair do celular.
— Kiara, pelo amor de Deus, fala baixo. Eu passei a noite em um hotel, tomei um porre bravo e passei muito mal, não queria que nossos pais me vissem naquele estado, então pedi a Naty que mentisse para eles. — Respondi quanto tirava o vestido de noiva e pegava outra roupa para tomar um banho.
— Não vou contar nada a eles, mas nosso pai desconfiou que tinha algo errado.
— Obrigada por guardar esse segredo, nosso pai sempre desconfia de tudo — falei entrando no banheiro.
— Isso é verdade. Bom, vou te deixar tomar seu banho e vou preparar o café — respondeu saindo do quarto.
— Kiara sua irmã chegou? — ouvi minha mãe perguntando da porta do meu quarto.
— Sim mãe, ela está tomando banho.
— Rubya, como você está? — minha mãe gritou da porta do banheiro.
— Mãe, assim que eu terminar meu banho conversamos.
— Tudo bem filha, te espero na cozinha. — falou saindo do quarto trancando a porta.
Tomei um banho rápido e me arrumei em seguida. Encontrei meus pais na mesa do café me esperando e me encheram de perguntas, estavam muito preocupados com tudo o que aconteceu comigo.
Também estavam preocupados com Finn, tinham certeza que algo havia acontecido com ele. Então, os tranquilizei dizendo que já estava indo atrás dele, procuraria pelo Finn em todos os lugares possíveis e comuniquei que já estava de saída, quando ouvi a buzina do carro do Joe.
Avisei meus pais que não tinha hora para chegar, mas que ligaria avisando se o encontrasse. Me despedi e saí indo direto para o carro de Joe.
— Como você está? — perguntou Joe assim que entrei no carro.
— Estou nervosa e muito preocupada, com muito medo de descobrir que algo ruim aconteceu com ele.
— Mantenha a calma, nós vamos encontrá-lo e tenho certeza que ele está bem — ligou o carro.
Nosso dia foi assim. Fomos à polícia e nenhuma informação tivemos sobre ele, almoçamos em um restaurante e logo depois fomos procurá-lo nos hospitais e ninguém sabia nada sobre ele. Já estava ficando desesperada, até parecia que meu noivo havia sumido como passe num de mágica. Liguei milhares de vezes no seu celular e a operadora dizia que o número não existia. De repente, me lembrei da nossa lua de mel, nós iriamos para a Espanha conhecer as cidades, pois sempre foi meu sonho ir para lá. Reservamos um hotel maravilhoso indicado pelo atendente da agencia de turismo onde fechamos o pacote.
— Joe precisamos ir na agência de turismo cancelar minha viagem de lua de mel e preciso verificar se me devolvem o dinheiro.
— Que bom que se lembrou disso, mas o voo não sairia às dez da manhã de hoje? — Olhou-me atento.
— Sim, já saiu, agora são quatro horas da tarde.
— Será que vão devolver o dinheiro?
— Não sei, Joe, mas não custa tentar.
— Bom, então vamos — disse indo direto para lá, estacionou o carro em uma vaga em frente à agência e descemos. Entramos e fui conversar com a atendente.
— Boa tarde Rubya, em que posso ajudar? — Perguntou a mocinha, que nunca guardo o nome, e já tinha ido ali tantas vezes com Finn e era sempre a mesma coisa, nunca me lembrava o nome dela.
— Vim cancelar minha viagem.
— Vou olhar no cadastro e ver para que dia é sua viagem e assim podemos cancelar — verificou em seu computador — É Rubya Miller e Finn Moraes? — perguntou me olhando assustada.
— Sim, é sim. Algum problema?
— Sim, a viagem foi hoje às dez horas, e consta aqui uma confirmação na viagem, porém o horário do embarque foi trocado para ontem às 18h20 da tarde e o mais estranho ainda é que não dá para saber quem viajou, mas você com certeza não foi. Seu noivo deve ter ido sozinho, mas não tenho certeza, não consta o nome dele aqui.
Como isso foi acontecer? Será que meu noivo não apareceu na igreja de propósito? E porque viajaria sem avisar ninguém, e quase no mesmo horário do casamento? Afinal, o que estava acontecendo? Nunca pensei que um dia eu fosse passar por isso, nunca sequer passou pela minha cabeça que Finn me abandonaria no dia do nosso casamento.
— Você está bem, Rubya? — perguntou a mocinha me olhando assustada, pois fiquei parada feito estátua tentando assimilar tudo o que tinha ouvido.— Eu estou.... Meu Deus, isso quer dizer que não posso cancelar, mas ainda há uma passagem livre — falei, finalmente, conseguindo responder e sair do choque em que estava percebendo que Finn preferiu viajar sem mim.— Sim, não tem como cancelar, mas você ainda pode viajar, só que terá que ser outro dia ou em outro horário.— Me dê um minuto por favor — pedi. — Joe, eu preciso fazer essa viagem, mas não quero ir sozinha, você vem comigo? Preciso descobrir porque Finn viajou sozinho — expliquei baixinho.— Vou com você Rubya, não vou te deixar sozinha em uma hora como essa. Só precisamos ver a disponibilidade de uma passagem para mim. — respondeu me deixando feliz.— Desculpa, não consigo guardar seu nome. — Olhei para a mocinha pedindo desculpas.— Meu nome é Renata.— Renata, você tem algum horá
— Calma Rubya, nós vamos encontrá-lo — Joe tentou me acalmar sentando do meu lado na cama.— Joe, você nunca parou para pensar, que talvez o Finn não queira ser encontrado, por isso desapareceu assim? — resmunguei chorando com o coração despedaçado.— Já pensei nisso, mas acho que você merece uma explicação. Sou amigo dele desde a infância, nunca na minha vida vi Finn agir como um idiota, essa é a primeira vez. Você não merecia isso, por esse motivo tem que exigir uma explicação.— Você tem razão, eu mereço uma explicação, mesmo que o motivo seja ele ter conhecido outra mulher. Eu mereço saber a verdade — falei limpado as lágrimas. — Joe, vou tomar um banho para dar uma relaxada, a viagem foi cansativa. Você se importa?— Claro que não, vai lá que eu vou pedir algo para comermos.— Obrigada, estou mesmo com muita fome — agradeci entrando no banheiro com uma troca de roupa.&nb
De repente, a mulher falou um pouco mais alto e conversava em Espanhol, só que mesmo assim consegui ouvir o nome que ela disse, tenho certeza que pronunciou Joe. Os sussurros e gemidos continuavam e foi então que eu reconheci a voz do Joe. Então era ele mesmo que estava na maior pegação com uma garota na porta do quarto. Em seguida ouvi ele se despedindo e logo entrou. Fingi que estava dormindo e ele foi direto para o banheiro, pelo barulho do chuveiro estava tomando um banho. Entretanto, não demorou muito, estava se deitando ao meu lado na cama por cima do lençol que me cobria. Continuei calada e tentando dormir novamente. Se na primeira noite ele já estava assim nessa pegaçao, não queria nem imaginar com quantas ficaria até o final dessa viagem e pensando nisso acabei dormindo. Acordei com o barulho da TV ligando e abri os olhos assustada, foi então que notei que Joe já estava acordado. — Bom dia, você
Finalmente chegamos ao hotel. Desci o mais rápido que pude do carro, já que eu estava bastante ansiosa para descobrir a verdade. Confesso que estava bem nervosa, com medo do que iria ouvir dele, mas tinha chegado até ali e, agora não podia amarelar. Com certeza iria até o fim. — Rubya, tem certeza que está preparada? — Perguntou me vendo vacilar, pois dei um passo para atrás, ao invés de ir em direção ao hotel. — Sim, só estou tentando criar coragem para entrar. — Se quiser desistir por hoje, podemos voltar amanhã. — De jeito nenhum, vou entrar agora — falei me encaminhado apressada e Joe foi atrás. — Buenas tardes! Bienvenidos Hotel Barcelona Universal. — disse a recepcionista me olhando entrar apressada. — Usted habla português? — perguntei me aproximando — Sim, claro. Vocês têm reservas? — Não, só viemos tirar uma informação. — Rubya, OLHA... — grit
Acordei assustada, com o telefone tocando e Joe dormia como uma pedra agarrado a mim de conchinha. Com o coração acelerado, e com uma sensação estranha na boca do estômago tentei sair dos seus braços sem que ele acordasse, pois o telefone não parava de tocar, e o quarto tinha uma meia luz acesa bem fraquinha. Talvez fosse o gerador do hotel, afinal a TV continuava desligada, isso queria dizer que a força não tinha voltado.Quando finalmente consegui sair dos seus braços, mesmo com todo esforço para não o acordar, ele acabou acordando e o telefone, pela demora, parou de tocar. — Rubya, pegamos no sono. Que horas deve ser agora? — questionou me olhando e esfregando o rosto para afastar o sono. — Não faço ideia — respondi indo tomar um copo de água.— Nossa! São onze horas da noite e ainda estamos sem força — disse admirado olhando seu celular.— Estou morrendo de fome — ouvi minha barriga roncar, só esperava que ele não tivesse ouvido.—
Parecia que eu estava enfeitiçada por aqueles pares de olhos puxados, pois sem perceber eu o beijava com muita vontade e ele correspondia ao beijo como se estivesse sedento de desejo. Sua mão percorria todo meu corpo, me deixando com uma sensação estranha na boca do estômago.No momento em que o grupo de pessoas passaram por nós, que me dei conta da burrada que eu fiz, o empurrei na hora e corri por aquele labirinto procurando a saída. Queria me esconder, me enfiar em um buraco, sumir do mapa, isso não poderia estar acontecendo, não com Joe que nunca levou ninguém a sério e ainda era o melhor amigo do meu ex-noivo. Quando finalmente achei a saída, corri para o carro, mas percebi que Joe vinha atrás e quando finalmente ele me alcançou, me pegou pelos braços. — Para Rubya, chega de fugir dessa conversa, a gente vai conversar agora. Entra no carro por favor — pediu me olhando sério.Ele tinha toda razão, não podia ficar fugindo disso. Estava ma
Percebi que ele também queria a mesma coisa, pois seus lábios se aproximavam bem devagar, mas bastou um barulho do lado de fora do quarto para nos fazer voltar para a realidade. — Rubya, boa noite — disse sem graça virando para o outro lado. — Boa noite — respondi, fechei meus olhos, tentei tirar dos meus pensamentos aquela vontade de beijá-lo e acabei adormecendo. Acordei com cheirinho de café invadindo o quarto e ao abrir os olhos, notei que já tinha amanhecido. — Bom dia, anjo, eu trouxe café para você. — Joe me olhou de onde estava, sentado a mesa que tem no quarto. — Bom dia, Joe, porque trouxe café para mim. Que horas são? — Perguntei intrigada. — São quase dez horas — Meu Deus, Joe!! Porque me deixou dormir tanto? Deveria ter me acordado — falei me levantado. — Você precisava descansar, então deixei você dormir mais. 
Haviam fitas para isolar as áreas que os visitantes não podiam ultrapassar, então quebramos essa regra e usamos nossas mãos para bater a poeira que deveria estar na cama. Comecei a espirrar conforme o pó foi levantando e precisamos esperar a poeira baixar para deitarmos. Voltei a espirrar algumas vezes, sempre fui muito alérgica.O lugar estava a meia luz, talvez o castelo tivesse algum gerador, o lugar já deveria estar escuro àquela hora. Me perguntei se não haveria ninguém a noite tomando conta do lugar, geralmente é costume ter guardas noturnos.— Rubya, estou com muita fome. Você não está?— Não, eu comi um pouco de salgadinho antes de escurecer, lembra? Por falar nisso, guardei o pacote na minha bolsa, junto com a garrafinha de água que compramos — vasculhei minha bolsa.Juro, eu estava tão assustada de ter visto um fantasma, que eu não tirava os olhos do Joe, ele era a única coisa que eu queria ver. Nunca pensei que um dia fosse ter tanto medo