Capítulo 30. Ignácio narrando.Eu sempre achei vergonhosa a forma como homens choram quando suas mulheres entram com seus vestidos de noivas no dia do casamento.Quando tive a oportunidade, ri do nervosismo do meu irmão e também do idiota do Leonardo Von Daren quando ele brigou com Pérola.O problema é que na minha vez sinto mais vontade de chorar do que imagino que ele jamais sentiram. Parecendo uma princesa, mais linda do que nunca, Gabi está vindo para mim e tem um sorriso tão bonito no rosto que o meu coração dispara a ponto de eu senti que ele vai sair pela boca. Gabriela e eu estávamos tentando ser discretos quanto a existência da Isadora. Jamais sentiríamos vergonha da nossa filha, mas sabíamos que precisávamos tomar cuidado para que ela não fosse importunada e para que a descoberta da sua existência não se tornasse um circo. Esperamos o momento certo, todavia, o tempo passou e o momento certo não chegou. As pessoas que não fazem parte da minha família e não são amigos pró
Capítulo 31. Ignácio narrando.No mesmo salão onde aconteceu a cerimônia de casamento, foi separado um espaço para a recepção. Embora os convidados estejam animados, todos ansiosos para nos parabenizarem, estou ansioso para ficar a sós com a minha esposa.Eu preciso sentir que é real e sei que acontecerá quando estiver com ela nos meus braços, olhando nos seus olhos e tocando-a do jeito que apenas eu posso. Posso porque é minha esposa. Para mim é uma tortura ficar duas horas recebendo cumprimentos e sorrindo para todos. Fiz isso a minha vida toda, mas hoje não posso aguentar. Eu estou feliz pela presença do meu pai, dos meus irmãos e amigos no dia mais importante da minha vida até aqui, mas depois de horas, estou desesperado para ficar sozinho com o amor da minha vida. Minha princesa Gabriela. Meu amor. Quando o momento chega, respiro aliviado e despeço-me da minha filha. Como temos uma bebê de três meses no qual pensar, a noite de núpcias foi planejada com antecedência. Ga
Epílogo fim.Ignácio narrando.Meses depois...— Durma bem, filha. O papai te ama muito — curvado no berço da Isadora, que em breve fará um ano de idade, falo baixinho com ela. Geralmente a sua mãe e eu a colocamos para dormir juntos, mas especialmente hoje ela está ocupada, então coube a mim balançá-la nos meus braços. Felizmente, a minha menininha é tranquila e não demorou para cair no sono segurando o meu dedo indicador. Com cuidado, a deitei no berço, agora estou me preparando para sair do quarto. Foi difícil no começo, porque queríamos que a bebê ficasse no nosso quarto, mesmo que fosse dentro da sua cestinha, mas com o tempo aprendemos que não podemos ter as nossas filhas debaixo das nossas asas o tempo todo. Elas precisarão aprender a crescer independentes desde cedo. Depois de pegar a babá eletrônica, apago a luz, deixo apenas o abajur aceso e saio do quarto da Isadora. Não vestindo nada além de uma calça moletom cinza, desço as escadas com cuidado para que ela ainda não
Leia um trecho do quarto livro da saga Família Real: O herdeiro que o príncipe Rejeitou. Javier narrando.Em alguma fase da suas vidas, meus irmãos chegaram a se ressentirem do fato de sermos da realeza e desejaram ser outras pessoas. Preciso ser claro e confessar que algo parecido não aconteceu comigo. Porque eu desejaria ser outra pessoa? O que sou além do terceiro filho do rei de Solari? Se eu fosse um homem diferente do que sou, poderia ter algum ressentimento. Se Rhuan é o filho mais velho, o príncipe herdeiro e futuro rei de Solari, Ignácio, o segundo filho, é aquele que tem a confiança do nosso pai. Ele é o seu braço direito.Então temos eu: o filho caçula. Aquele que chegou de surpresa porque não estava exatamente nos planos. Sim, o filho caçula, aquele que é apenas o príncipe de quem ninguém espera algo. Aquele que o rei ama, mas deixou de lado sem colocar grandes responsabilidades sobre os ombros. Se eu me importava com isso? Nunca. Amava ser livre. Amava não ser
Prólogo.Ignácio narrando.Desde que me entendo por gente, aprendi que nasci em uma família com obrigações e regras a serem cumpridas. Claro que todo e qualquer ser humano nasce com o livre arbítrio de fazer muitas escolhas.Muitas vezes, mesmo não havendo esse livre arbítrio quando se nasce na realeza como filho de um rei, a pessoa ainda pode se rebelar e lutar pelos próprios ideais e pela própria felicidade. Todavia, diferentemente dos meus irmãos, eu jamais consegui ir contra as regras. Quando eu era criança, os meus coleguinhas burlaram as regras e fugiram da escola antes do final da aula. Algo dentro de mim brilhou e eu quis muito seguir os meus amigos. No entanto, não consegui dar um passo sequer quando pensei que poderia sofrer as consequências e no quanto decepcionaria o papai. Meus amigos foram para casa mais cedo e eu continuei até o final da aula, quando tudo que eu queria era ter ido com eles. Eu cresci assim e nunca mudei. Poderia ter mudado. Queria ter mudado. Ac
Capítulo 1. Gabriela narrando. Gabriela aos 7 anos de idade.— Essa menina não pode ficar aqui! Escondida atrás da porta, ouço a voz de um homem estranho. É a primeira vez que o vejo, mas acho os seus olhos parecidos com os meus. É um homem velho, mas bonito. Por que ele parece estar com tanta raiva? Por que mamãe fez uma mala para mim e me trouxe para essa casa tão grande e bonita? Esse lugar é quase tão bonito quanto o palácio que vejo na televisão. Mas não acho que nessa casa imensa tem príncipes lindos como os três que moram no palácio. Rhuan.Ignácio.Javier. Posso ter apenas sete anos de idade, mas sei o que significa meninos bonitos e os três príncipes, apesar de serem muito velhos e adultos para mim, são lindos! Queria um dia me casar com um deles. Mas não posso, não é? Eles são príncipes. São bonitos. São ricos. Eu sou apenas uma garota muito pobre, filha de uma costureira que mora em um dos vilarejos mais pobres que ficam nos arredores da capital de Solari. M
Capítulo 2. Gabriela narrando.Gabriela aos 18 anos de idade.— Senhora, é sério. Não precisa perder o seu tempo comigo. Apesar das minhas palavras, sei que não adianta argumentar com a Maria. Felizmente, muito rapidamente aprendi qual era o meu lugar na vida do barão Solto Maior. Eu sou tudo: a empregada da casa que não precisa de empregadas, a garota de recados e o pássaro de estimação que o barão deixa preso em uma gaiola. Tudo o que não sou é sua filha. Faz muito tempo que o seu desprezo por mim e falta de amor não me causam mais tristeza. Simplesmente me conformei com a realidade da minha vida e faço o melhor que posso com o que tenho. Foi difícil quando eu era criança, mas a vida me moldou para ser quem sou e agora sei que está muito perto do dia em que pegarei os poucos pertences que tenho e então voltarei para o lugar de onde não deveria ter saído. Eu sempre soube que o meu lugar não era em uma mansão luxuosa. Não pedi para crescer onde cresci, mas nem mesmo a minha m
Capítulo 3. Gabriela narrando.Eu não reagi quando a senhora Maria praticamente me arrastou do jardim para o meu pequeno quarto na ala dos empregados que mal tem uma janela. Então ela me ajudou a sentar-me na ponta da cama e se sentou ao meu lado. Agora Maria está me olhando em silêncio e segurando a minha mão, mas mal posso sentir a sua presença. Eu estou perdida. A mulher disse somente uma frase, mas essa única frase grudou na minha mente. Eu sei. De alguma forma sei que esse erro, que ainda não sei do que se trata, custará caro. Custará a liberdade que não cheguei a experimentar. Não tive a chance de sequer a tocar. — Você está se sentindo melhor? — indaga. Eu suspiro profundamente e então olho em seus olhos. Tem algo que não sei como interpretar no seu olhar. Preocupação? Culpa?Pena? — A senhora disse que a doutora cometeu um erro? Foi um erro nos resultados dos meus exames? Eu não estou me sentindo muito bem ultimamente. Estou doente, não é? — Você não está se se