BARRY O'CONELL — Boa tarde...- A voz feminina me faz desviar a atenção do celular, colocando meu olhar sobre ela. Alta, magra e de cabelos castanhos escuros e lisos abaixo da altura dos seios, pele branca e olhos escuros. Um semblante estranho....pesado, negativo e que geraria desconforto na maioria das pessoas, mas não em mim. Me levanto.— Boa tarde. Desculpe...eu já vou desocupar a sala.- olho ao redor para ver se não estou deixando nada para trás. — Não...- se opõe com um gesto de cabeça.— Fiquei sentado... Você é exatamente com quem eu quero falar.Franzo o cenho.— Acho que eu não a conheço. Barry O'Connel...- estendo a mão para cumprimenta-la — Em que posso ajudar?— Eu sou Jhoana. - Retribui o aperto de mão e ao soltar, volto a me sentar. — Temos assuntos em comum a tratar.Jhoana....a tão mal falada por Angelina. Já deveria ter imaginado que a chance de que isso pudesse acontecer era enorme, levando em conta tudo que me foi falado a respeito e também o que conheço de pes
Dias depois...— Você acredita que...- Deixo a frase morrer pela metade quando minha boca aberta, a princípio para completar a frase e agora por puro choque não consegue formular uma palavra, como se minha língua tivesse se tornado não funcional. Fico em silêncio, observando.Assim que minha presença é notada por ele, quando ele finalmente abre os olhos se desaprendendo do beijo, ele a empurra de seu colo como se ela queimasse sua pele, e mesmo com a força bruta do movimento ela sorri ao me ver, limpando com os dedos o batom borrado. Balanço a cabeça negativamente e fecho a porta, saindo a passos rápidos a caminho do lugar mais longe dos dois que posso encontrar, fugindo da realidade. Sou uma idiota...uma tola! Uma verdadeira trouxa. Ando a passos rápidos encarando meus próprios pés que estão próximos de se embolar e me fazer ir de cara contra o chão. — Angel...- Sua voz me chama ao fundo e vai se tornando mais próxima a medida que se repete até que sinto meu pulso sendo tocado e m
01:23AMA maior parte das luzes, não só desta rua como de toda a cidade se encontram apagadas pelo horário da plena madrugada, a cidade toda dorme...eu não, não encontro paz para isso. Observo de fora o prédio alto de cerca de trinta andares, do qual, só duas luzes se encontram acesas em andares diferentes, e eu espero que um destes andares seja o dele. O táxi dá partida para ir embora depois que o pago e agradeço pela corrida, eu não podia sair com o meu carro. Foi fácil chegar aqui, mas arriscado, difícil mesmo será chegar sem ser notada ou descoberta depois, só que minha mente estava tão bagunçada e eu precisava tanto de uma luz que sabia que só poderia achar isso aqui...então acabei usando metade do frasco que Esther me deu de calmante e derrubei na garrafa de whisky que Alessandro bebia. Ele perseguiu o álcool assim como eu fiz, eu a traída, a verdadeira vítima da história...ele traiu, ele mentiu e fez tudo que me fez e ainda se sentiu no direito de se colocar nessa posição de ho
Antes que sua língua adentre a minha boca uma força maior puxa meu pescoço para trás, fazendo-me quebrar o contato de nossos lábios que acabavam de se juntar. Me levanto de uma só vez tão rápido que posso sentir meu mundo girar quando a pressão desce.— Não... não! - passo a mão nos cabelos balançando a cabeça. — Desculpe...isso não pode acontecer, eu ainda estou noiva, ainda estou com o Alessandro...- Afasto dois passos para trás enquanto ele aperta os lábios um no outro e assente duramente em concordância. — Eu...eu preciso ir...me desculpe, desculpe...- Corro em direção a porta sem olhar para trás, a abrindo de forma desejeitada com pressa para sentir o ar exterior que bate no meu rosto no corredor que leva ao elevador, um ar puro e frio, sem o cheiro de Barry, sem o peso da tensão que havia entre nós. Meus dedos trêmulos apertam o botão para chamar o elevador e se antes a mudança de números do painel já atacava minha ansiedade, agora é mil vezes pior, parece que cada número fica
ANGELINA O'NEILL Meu reflexo no espelho quase me cega, tudo envolta é branco, as paredes do quarto, as roupas de cama, os buquês de rosas e margaridas que me enviaram para me parabenizar, o meu vestido, meu véu, meus saltos altos escondidos por baixo do vestido...minha mente...um borrão tão claro que não me deixa ler meus próprios pensamentos. Quatro batidas ritmadas na porta me fazem parar de me encarar tão durante no espelho.— Já estamos indo....- Nádia coloca a cabeça na abertura da porta, ela veste um vestido de madrinha longo com um decote profundo no tom azul perfeito de seus olhos, seu cabelo está solto mas muito bem modelado com ondas negras. Suspiro e sorrio fazendo que sim. — Vejo você na igreja...- Meus olhos se enchem de lágrimas que não deixo cair. — Sei que está confusa...e com medo, mas você é uma das pessoas mais corajosas que já conheci na vida mesmo que se ache muito covarde. - Abre a porta de vez vindo até mim para me abraçar com cuidado para não amassar nosso
Na entrada da igreja meu pai me espera com um olhar indecifrável, ele sabia que havia algo de errado...e certamente minha mãe foi atrás de mim no lugar dele, mesmo sabendo que algo de errado aconteceu ele me dá seu braço e me olha com carinho, dizendo em silêncio apenas com o olhar que tudo ficará bem e que me ama, sorrio para ele de leve. A marcha nupcial começa e o primeiro passa para dentro da igreja só não será mais difícil que o último para chegar ao altar. Ao longe vejo Alessandro, ansioso e nervoso por toda a espera que o fiz passar até esse momento, e não estou falando sobre hoje, e sim sobre toda a vida. Não olho para as pessoas sentadas no banco, foco somente em Alessandro, no objetivo final, evitando ver rostos de desprezo ou julgamento. Seguro mais em meu pai que me apoia, me impede de desabar Quando chego no altar, ele entrega minha mão para Alessandro com dificuldade, relutante em dar sua garotinha a um homem que ele sabe que é perigoso, sabe que pode me matar...mas a am
ANGELINA PETROV Os votos...Nos viramos um de frente para o outro e damos as mãos, não sei o que vou dizer a ele...as coisas foram se atropelando tanto que não preparei nada para dizer nos votos. Suspiro...tirando uma mecha de cabelo da frente do rosto o olhando com atenção quando ele começa a falar:— Gosto de pensar que fomos feitos um para o outro, e que por isso eu te amei desde a infância, que tinha um propósito no encanto que eu tinha por você, pelos olhos mais lindos que já vi, pelos cabelos laranjas que acendiam como chamas na luz do raros dias de sol da Rússia, na risada mais estridente e constante que já ouvi, no olhar de desejo e capricho por tudo que fazia seus olhos brilharem, e queria um dia que eu fosse o alvo daquele olhar de capricho e desejo, tornei isso uma missão para minha vida e cresci, até chegar aqui hoje, no dia de finalmente ter tudo que sempre desejei com você. - Suas palavras me deixam boquiaberta, aposto que agora estou rubra, mesmo com camadas de maquia
— Tradição....- Sou pega no estilo princesa por ele quando a porta de entrada do apartamento é aberta. — Dizem que dá sorte...- envolvo os braços por seu pescoço com um sorriso no rosto, gosto de tradições quanto se tratam de coisas importantes, e neste momento, é impossível negar que sorte é uma coisa que ambos precisamos, depois de tudo. — Tudo que precisamos... - diz o que pensei em silêncio, fazendo-me ver que ele também concorda com isso, que enxerga nossa situação. — Quis fazer valer nossa última noite aqui. — Última noite? - murmuro sem entender.— A segunda dama não pode morar em um apartamento para sempre... Ela tem que ter uma mansão enorme para chamar de sua. — Já comprou uma mansão? - pergunto surpresa e sorrio.Ele faz que sim, me enchendo de curiosidade enquanto faz o caminho para o andar de cima comigo em seu colo, me segurando com firmeza. Quando chegamos no corredor, todas as luzes estão apagadas, mas há iluminação, ela vem da trilha de pequenas velas posicionadas