- Acorda Bela adormecida!
- Desculpe Jaque! Precisa de alguma coisa?
- Claro Mina! Acha que eu te chamaria para nada?
- Certo. Claro que não. Diga. O que aconteceu?
- Lembra-se daquela documentação que solicitei ontem?
- Sim, eu enviei um e-mail para o responsável da criança.
- Diane.
- Isso, mas ele não respondeu, na verdade, o e-mail está voltando. Eu estava esperando até o meio-dia.
- Para que?
- Acionar a polícia...
- Me passa tudo que tem. Vou enviar para o Henrique, acho que consigo um mandato mais rápido.
- Não tenho nada, Jaque!
- Nada Yamina? Não tirou nem a foto da criança?
- Ele não deixou...
Eu apenas suspirei. – Sabe bem como funciona o tráfico de menores, não sabe?
- Sim, eu sei.
- Nem uma foto ile...
- Gal? Tem nas câmeras, podemos pedir para os seguranças do aeroporto. Eu reconheço aquele rostinho, posso não lembrar do nome, mas do rostinho eu lembro.
- Certo, faça isso então. Depois tomamos as devidas providências.
Sentei na minha cadeira pensando o motivo de não ter entrevistado eles no dia, mesmo sem os documentos. Às vezes me questiono o quanto eu sou apta para trabalhar. Fiquei olhando o monitor sem pensar em nada, ou pensando em tudo. Um misto de raiva e tristeza me invadia no momento em que Yamina entrou correndo com uma foto.
- Conseguimos, tome.
Peguei a foto da mão dela imediatamente. Olhei para o rostinho dela, cheguei a pensar na coragem de um pai, ou, uma mãe sabe, sei lá, não quero imaginar! Uma repulsa tomou conta de mim. Logo pensei em enviar para o Henrique, afinal... Ele tem suas vantagens dentro dos departamentos de justiça, não que isso me impressione muito, mas ajuda no meu trabalho.
- Mina, venha aqui.
- Sim, Jaque!
- Enviei a foto para o Henrique, se eles retornarem, chame os seguranças.
- Com certeza. Irá sair?
- Sim.
- Ficará perto daqui?
- Não, mas não irei demorar. Coisa de uma hora, no máximo.
- Certo, sigiloso pelo jeito.
- Na verdade, não! Só não quero que saiba.
- Oh! Desculpe, às vezes passo a linha.
- Não me importo com isso.
Disse eu colocando meu casaco e saindo da sala. Fui em direção ao estacionamento para pegar meu carro. “Cadê meu carro?” Voltei até a segurança do estacionamento para saber onde estava meu carro, aí vem a surpresa.
- A senhorita não veio de carro hoje.
Parei alguns segundos olhando para o nada.
- Não?
- Não! Olhe aqui, sua vaga está vazia.
- Mesmo, “Sherlock”? Acha que eu vim aqui por quê? Se tivesse lá eu teria entrado e saído.
- Senhorita Jaqueline, desculpe. Mas se soubesse realmente onde está seu carro não teria vindo aqui! - Ele terminou de dizer a frase, arregalou os olhos e baixou a cabeça. – Desculpe, doutora!
Apenas sacudi a cabeça. - Você tem razão! Chame um táxi para mim, por favor.
Subi pela escada correndo, o táxi já estava me esperando. Entreguei o endereço para o motorista. Chegamos ao local, antes de descer pedi para o motorista me esperar, caso não descesse em uma hora, chamasse a polícia. Entreguei meu cartão para ele e fui ao encontro, que para minha surpresa, não era nada ilegal, como pensava. Henrique e suas manias de querer me agradar com coisas impensáveis para uma pessoa que vive batalhando contra o tráfico de crianças.
- Oi amor!
- Oi... O que é isso?
- Nosso aniversário, sabia que iria esquecer. E antes que pergunte, já encaminhei a foto da menina, pode ficar tranquila. Todas as saídas de Miami estão em alerta, meu amor.
- Ai querido, desculpe. Vou lá pagar o taxista e pedir para ele ir embora.
- Deixou o taxista te esperando?
- Eu não sabia o que era!
Desci e contei para o taxista o que se passava e que ele poderia ir embora, aproveitei e liguei para Mina avisando que demoraria mais do que o esperado, ou que de repente nem voltaria. Mas depois de um tempo acabei voltando.
- Tudo bem, Jaque?
- Sim, depois te conto o que aconteceu.
- Com detalhes?
- Não!
- Certo...
- Mas já tem alerta para a menina, o nome dela na verdade é Lauren Meyer, tem quatro anos e foi retirada recentemente de um abrigo pelos seus padrinhos, deveria ter voltado na segunda-feira, mas não a devolveram. A polícia já estava procurando eles.
- Você irá ficar?
- Sim, ficarei mais um pouco, afinal, demorei mais que o previsto. Feche tudo e deixe apenas a luz da minha sala ligada, por favor.
- Jaque!
Levantei a cabeça e olhei para Yamina. – Sim!
- Tem falado com, sabe, aquele menino bonito?
- O Mark?
- Sim, este...
- Você quer saber, ou o Henrique quer saber?
- Sabe que eu não faria isso com você!
- Desculpe, eu vejo espiões até nas sombras. Falei uma ou duas vezes. Ele é americano, fiquei surpresa, com aqueles olhinhos...
- Por isso fala bem a nossa língua.
- Sim, agora vai. Não irei pagar hora extra!
Ela riu. – Até parece. Te conheço bem, não esqueça.
- Está bem! Tchau, durma bem!
- Cuidado ao ir embora, lembre que não veio de carro.
- Tinha que ter me lembrado quando eu saí hoje.
- Eu gritei, mas você não me ouviu...
- TELEFONE!
- Esqueci. Tchau, boa noite!
- Boa noite!
- Bom dia Jaque! Como foi no passeio? - Nem brinca. Bom dia! Foi como sempre... Odeio esses tipos de viagens. Trabalhar com crianças é muito difícil. Vê o de sempre para mim, por favor. - Sim. Aquele moço teve aqui essa semana e perguntou por você. - E você? - Falei que estava na Índia. Só isso. - Paquistão! - Tudo parecido... Eu apenas ri. Parecido? Então tá! Peguei meu café e fui ao trabalho... Puxando minha mala devagar até chegar na frente da loja de roupas masculinas, olhei a vitrine e fiquei pensando no tal moço... Não consegui ficar quieta por muito tempo. Yamina saiu de dentro da sala ao meu encontro com a sutileza de um lutador de box. Sua doce e frágil aparência, esconde um gênio forte e atitudes marcantes, as quais não condizem com suas características físicas. - Aqui, olhe! - Calma, eu nem cheguei ainda. - Chegou sim e está fazendo hora aqui na frente. - Mina, sabe quantas horas eu vi
Droga achei que ficaria só dois dias, não trouxe roupas suficientes, vou em alguma loja comprar mais algumas peças. Estava descendo e meu telefone começou a tocar. - Oi Henri. - Desculpa amor, não sabia que os dois casos teriam essa reviravolta. - Culpa desse traste que você enviou, olha Henrique, estou de saco cheio das criaturas que você tem me enfiado goela abaixo, primeiro aquele estrupício da Bryana, depois aquele ser antipático, agora esse, não quero nem dizer o adjetivo que escolhi para ele, a culpa foi dele, quase tive que fazer o trabalho dele, ele não sabia nada do processo. - Ai meu amor, desculpa, desculpa. Quer que eu vá para aí? - Nem pensar, quero ficar sozinha. Beijo. - Te amo Líli. Beijo Fiquei parada na frente do elevador olhando meu celular. Respirei fundo e saí. Estava esperando o táxi parada na porta do hotel. - Onde eu tenho que parar para você esbarrar em mim? - Oi. Mark, certo? Acho
Estava bem feliz no meu banho performando “Man I Feel Like A Woman”, com todo meu empenho e vivacidade. Ouvi a porta bater, imaginei ser meu café. Estava terminando minha maquiagem, saí de lingerie, pois havia deixado minha roupa na cama. - Bom dia! Olhei para trás, puxei meu casaco e coloquei-o na frente. - Como entrou? - A porta estava aberta, desculpa. Vim convidá-la para tomarmos café. - Falou de costas para mim. - Espera um pouco, irei me vestir e já venho. - Você canta bem! Já pensou em tentar seguir a carreira de cantora? - Eu? Cantar? Há, não mesmo... Acho que meu trabalho é mais edificante para mim. - Você come só isso? - Aham! Vou ter que pedir para você sair, tenho que trabalhar. - Vou dizer uma coisa que realmente não costumo, principalmente sem conhecer direito alguém. Acho que estou apaixonado por você. Fiquei olhando para ele sem saber o que dizer ou agir. Mas ele soube agir... Me
- Ai Nay! Eu não sei mais o que eu faço... - Acho que você deveria pensar bem! Não pode estar apaixonada por uma criatura que viu duas vezes! - Esse é o problema. Eu nem o conheço! Mas não consigo esquecer, sabe, ele agiu comigo, sei lá. Foi tão diferente. O Henri nunca, não sei, mas nunca foi, nem eu sei te explicar. - É porque está apaixonada, bobinha! Tudo que ele fizer para você, será diferente. Vai por mim, não cai nessa. Sua vida está estabilizada aqui, tem um bom emprego, seu apartamento. Nem estou falando do seu relacionamento. - Racionalmente, eu sei de tudo isso. Mas quando ele me liga, ou manda mensagem, meu coração dispara. - Credo, não queria estar o seu lugar Jaque. Mudando de assunto. Quando iremos para o Canadá? Preciso muito fazer aquela matéria com a Kaká, ela irá fazer um programa de variedades, porém com conteúdos sérios e da atualidade. Quero que façamos juntas falando sobre o tráfico infantil e a venda de órgãos no mercad
- Nem pensar, eu preciso trabalhar! - Você está louca? Já é noite... - Quero ver o Cristiano. Onde estão as crianças? - Oi meu amor, que bom que tudo passou e eu irei voltar para meu cantinho. - Henrique, não! Sem espirito para brincadeiras. Onde estão as crianças? - Ele arrumou um lar temporário para eles. - Sério? – Por um instante cheguei a ficar feliz. Mas... Parei. Olhei para o Henrique. – Quero os documentos. Todos os documentos. - Duvida de mim? - De vocês todos. Onde está a Yamina? - Já está na casa dela. - Certo! – Sacudi a cabeça concordando. – Me leve até lá, e peça para o Cristiano nos encontrar lá com os documentos. - Credo Jaqueline, eu esperava mais de você. Pensei em um jantar. - Pega leve Henrique, fiquei mais de um mês confinada, vocês não deram nenhuma notícia deste caso, agora quer que eu saia para jantar? Quero saber como estão as crianças primeiro. Depois vamos janta
- Que cara é essa Líli? - Odeio essas confraternizações. Nem irão pagar hora extra... - Hora extra amor, é uma festa! - Para você, para mim é uma obrigação imposta pelo seu pai. - Ai amor para com isso. - Se sou obrigada a ir, é imposta, e quem obriga é seu pai. Detesto 70% daqueles puxa sacos que trabalham lá! Sou obrigada a fazer de conta que gosto da situação. Se ainda pudesse ser eu pelo menos! E para ajudar eu irei perder o show da Katy , que eu esperei tanto para ir. - Ei, onde foi parar a minha Jaqueline? - Segurando meu rosto. - Faz um tempinho que não estou te reconhecendo, voltou aérea e meio intolerante. Onde está aquela menina doce e agradável que eu conheci? Ainda está brava comigo por causa do Sebastian? Ou por causa do Cristiano? É isso amor? Não faço mais isso, eu deixo você escolher com quem quer trabalhar. - Ele me abraçou forte. - Me perdoa, não imaginei que ele fosse se atrever a encostar em você! Não posso deixar v
- Oi amor, chegamos. - Aaai, como estou cansada, vamos ter que ir direto ao tribunal. Não dá tempo de ir para o hotel. - Ontem você dormiu tarde? - Um pouco, fiquei terminando de montar... - Dra. Jaque! Olhei para o lado, com aquele sorrisão estampado no rosto. - Mark? - Não me disse que vinha! Me dá um abraço... Abracei-o, por alguns minutos me esqueci que estava quase atrasada e principalmente que estava acompanhada, Henrique ficou nos olhando. - Nem eu sabia, só fiquei sabendo depois que desligou. - Você está linda! Senti sua falta, já fazem mais de dois meses. Vai ficar até quando? - Nós iremos ficar só até amanhã, né amor? Prazer eu sou Henrique, o namorado da Jaque! - Ah! Eu sou Mark, amigo dela. - Vamos amor, se não iremos nos atrasar. - Tchau Mark, nos falamos. - Henrique pegou minha mão e fomos pegar um táxi. - Não sabia que tinha amigos íntimos aqui no Japão!
“Quando chegou isso?” Peguei o pacote, olhei, não tinha remetente. Perguntei para o porteiro. - O senhor viu quando chegou este pacote? - Olha senhorita, ele não estava na sexta-feira, então não deve ter sido o correio. Quer que eu pergunte para o colega que ficou no final de semana? - Não precisa. Obrigada. Vou subir e descansar um pouco. - Teve um senhor aqui, na quarta-feira, parecia estrangeiro. Ele perguntou pela Doutora que trabalha no aeroporto. - Disse meu nome? - Não senhorita. - Como ele era? Aparentava ser oriental? Ele deu uma risadinha. - Olha senhorita, só se ele for do oriente médio! Mas não entendo muito desse tipo de coisa, mas era alto, falava muito enrolado, com a pele mais escura que a minha. - Que estranho. Não lembro de ninguém assim... Obrigada. Vou deixar essa caixa aqui e irei pedir para alguém buscar. O Nome dele é Cristiano, ou alguém em nome dele. Pode entregar a caixa. <