XXIII

Hoje faz dois meses que Mark e eu não nos vemos, falamos ou qualquer coisa parecida, pensar nele dói. Eu procuro saber se ele não está em casa para ir, realmente estamos nos evitando. Sinto que a minha presença na casa é sempre uma alegria, mas não é mais a mesma coisa, não estamos mais completos. Andei tentando sair com um dos advogados que trabalha comigo, mas não deu certo. Eu não consigo.

Hoje irei para Miami resolver uma pendência de mais de um ano atrás, vou encontrar o Henrique depois de tanto tempo, acho que estou mais preocupada com o resultado da audiência do que com a presença dele. Posso perder minha licença caso o juiz entenda que agi de má fé. Mas não podia deixar que a criança ficasse com aquela família, eles só estavam com ele por causa do benefício que eles recebiam do governo. Roubei mesmo, e roubarei quantas crianças forem preciso para não vê-las sofrer. Não vejo a hora de poder adotar meu irmão, não aguento pensar naquela criança passando pelo que passei

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