Enterrara minhas raízes bem fundo no reino de Nova Roma, em todas as camadas sociais. Todos me conheciam e o fato de eu não envelhecer era explicado pela magia, aceita e conhecida com naturalidade em toda Ômnia.
É claro que minha juventude e longevidade levantavam suspeitas em algumas pessoas de tempos em tempos, mas sempre atenta, eu me preparara para todos os burburinhos e desconfianças sobre mim que pudessem surgir e imediatamente os contia lançando mão dos recursos à minha disposição: empatia mágica, magia de controle da mente para as mentes mais fracas, vício de sangue, sedução pura
Nossa viagem seguia a pista de um dragão vermelho. Um dos meus lacaios batedores trouxe notícias sobre um dos grandes e, via de regra, quanto maior e mais velho, maiores as possibilidades de lucro. E, é claro, maior perigo representava.À noite, fazíamos as refeições todos juntos. Uma exigência minha por saber que paladinos e necromantes nunca se deram bem. Toleravam-se apenas. Eu posso comer comida normal, é claro. Apenas não preciso e ela não me satisfaz. Só serve para eu parecer mais humana quando tenho paciência para tal. A caverna do dragão ficava em uma região desértica e montanhosa de difícil acesso. Aliás, todos os covis que encontrei eram assim a não ser para criaturas que, como eles, voavam. À noite fazia bastante frio e durante o dia eu sentia o calor escaldante dentro do meu abrigo. Rala vegetação de estepe complementava o terreno pedregoso e irregular do lugar no entorno da montanha que seria nosso alvo.Alguns lacaios já tinham mapeado com antecedência tudo em um raio de dez quilômetros do covil, determinando os locais mais bem camuflados para acampamento, além de encontrarem rotas seguras em meio a rala vegetação 9 - TRIUNFANTE
Antes que o rapaz desse o último suspiro, encobri minhas pistas, lambendo os furos do pescoço para que cicatrizassem. Aninhei a joia em um bolso secreto do vestido, pus a cabeça para fora da tenda e gritei:— Guardas! Chamem Taurus! — ordenei.Não demorou para que o irmão chegasse e, vendo o outro caído, não esboçou a tristeza que eu previra.— Súbito, senti a dor esmaecer, recobrando a consciência com um urro.— Por Deus do céu! — exclamou alguém.— Jesus Cristo, tenha piedade! — exclamou outro.Quanto a mim o que sentia era fome. Incontrolável! Perdera muito sangue com a estocada. Meu estômago se contraiu e, em um lampejo, esquadrinhei o entorno. Vi os dois paladinos que me despert11 - COMPADECIDA
Na minha volta, não pude deixar de notar que a rainha Constantina estava grávida esperando o que seria o primeiro filho de Victorio e herdeiro da coroa de Nova Roma.A esposa do rei, como não poderia ser diferente, era uma mulher de família nobre e rica, mas de beleza contestável que ela compensava com educação, simpatia e sagacidade.Sempre presente em todas as audiências desde que se casara, ela tinha olhos atentos e desconfiados. Sua devoção para com Victorio, não permitiria que
Após dar cabo do problema com a rainha, parti para minha primeira incursão ao reino hostil de Ûnia no encalço do meu próximo alvo: o covil do dragão dourado delatado pelo dragão vermelho que caçamos, na última incursão, eu e os necromantes.E qual não foi minha surpresa ao chegar ao covil e encontrá-lo limpo! Aqueles canalhas chegaram antes de mim e levaram tudo! O atraso com Constantina custara-me uma fortuna em pilhagem e agora eu não tinha um próximo alvo para atacar. Dezoito anos se passaram em viagens e incursões para lugares distantes de Ûnia e do feudo de Sicilianos até que um dragão delatasse outro covil nas proximidades das terras dos necromantes. Nesse meio tempo, eu visitava a corte apenas de passagem para trazer os produtos dos saques, ter com o rei e o papa, satisfazer o vício dos meus lacaios da corte e preparar a próxima incursão. Mas agora, seria uma nova incursão à Ûnia e dessa vez eu colocaria em prática meus planos de visitar os magos pessoalmente.Depois da caçada que mais uma vez fora um sucesso, dei minhas ordens a Martinus logo depois de atravessarmos a fonteira com &Ucir14 - INFILTRADA
Doze anos se passaram desde que descobri sobre os Medalhões da Supremacia. Desde então, acirrei o monitoramento dos movimentos dos necromantes para saber de imediato quando eles encontrassem os próximos artefatos o que ainda não ocorrera. Eu os deixava trabalharem para mim sem saberem, planejava pegá-los no momento certo e tomaria os artefatos deles no momento oportuno.Mas aquelas vozes passaram a me chamar de tempos em tempos e percebi que isso ocorria sempre que os necromantes estavam nas imediações em posse daquela joia específica, a Ágnosthráfsma, segundo relatavam meus espiões. A Phylathánatos não me chamava assi