Súbito, senti a dor esmaecer, recobrando a consciência com um urro.
— Por Deus do céu! — exclamou alguém.
— Jesus Cristo, tenha piedade! — exclamou outro.
Quanto a mim o que sentia era fome. Incontrolável! Perdera muito sangue com a estocada. Meu estômago se contraiu e, em um lampejo, esquadrinhei o entorno. Vi os dois paladinos que me despert
Na minha volta, não pude deixar de notar que a rainha Constantina estava grávida esperando o que seria o primeiro filho de Victorio e herdeiro da coroa de Nova Roma.A esposa do rei, como não poderia ser diferente, era uma mulher de família nobre e rica, mas de beleza contestável que ela compensava com educação, simpatia e sagacidade.Sempre presente em todas as audiências desde que se casara, ela tinha olhos atentos e desconfiados. Sua devoção para com Victorio, não permitiria que
Após dar cabo do problema com a rainha, parti para minha primeira incursão ao reino hostil de Ûnia no encalço do meu próximo alvo: o covil do dragão dourado delatado pelo dragão vermelho que caçamos, na última incursão, eu e os necromantes.E qual não foi minha surpresa ao chegar ao covil e encontrá-lo limpo! Aqueles canalhas chegaram antes de mim e levaram tudo! O atraso com Constantina custara-me uma fortuna em pilhagem e agora eu não tinha um próximo alvo para atacar. Dezoito anos se passaram em viagens e incursões para lugares distantes de Ûnia e do feudo de Sicilianos até que um dragão delatasse outro covil nas proximidades das terras dos necromantes. Nesse meio tempo, eu visitava a corte apenas de passagem para trazer os produtos dos saques, ter com o rei e o papa, satisfazer o vício dos meus lacaios da corte e preparar a próxima incursão. Mas agora, seria uma nova incursão à Ûnia e dessa vez eu colocaria em prática meus planos de visitar os magos pessoalmente.Depois da caçada que mais uma vez fora um sucesso, dei minhas ordens a Martinus logo depois de atravessarmos a fonteira com &Ucir14 - INFILTRADA
Doze anos se passaram desde que descobri sobre os Medalhões da Supremacia. Desde então, acirrei o monitoramento dos movimentos dos necromantes para saber de imediato quando eles encontrassem os próximos artefatos o que ainda não ocorrera. Eu os deixava trabalharem para mim sem saberem, planejava pegá-los no momento certo e tomaria os artefatos deles no momento oportuno.Mas aquelas vozes passaram a me chamar de tempos em tempos e percebi que isso ocorria sempre que os necromantes estavam nas imediações em posse daquela joia específica, a Ágnosthráfsma, segundo relatavam meus espiões. A Phylathánatos não me chamava assi
Decidi que não sairia do lado da rainha até que ela desse à luz. Adiei compromissos, viagens e negociações com a anuência do rei que percebera nosso entrosamento.Eu tinha, pela primeira vez, uma pessoa que se importava comigo sem segundas intenções, que se importava comigo sem interesse no meu sangue, no meu potencial financeiro ou no meu sexo e eu retribuía, de coração, da mesma forma.Seguia a rainha para todo lado como se fosse sua dama de companhia, cuidava de sua saúde,
Urias Pagliari nascera trazendo alegria e dor. A mim, muito mais dor do que alegria. O príncipe era o sétimo filho de Victório a nascer com vida e o vigésimo terceiro a ser concebido. O sétimo filho de um sétimo filho.— Não pude salvá-la, majestade! — murmurei ajoelhada aos pés de Victório, perto da cama quando ele entrou no quarto, se aproximou e contemplou a cena.— Oh, não, minha amada Valentina! Não! — Pranteou jogando-se ao chão de joelho
Nove anos se passaram desde a morte de Valentina e quatro décadas desde que minha obsessão pela joia dos necromantes teve início. Inúmeras foram minhas tentativas infrutíferas de tomar posse da relíquia dos magos e matá-los, nenhuma que eles tivessem percebido, é claro. Cuidadosa, abortava os planos antes que falhassem como foi quando invadi furtivamente a Fortaleza dos Ossos e assim consegui me manter à espreita, paciente e aguardando. Afinal, tempo era uma coisa que eu tinha de sobra. Muito mais do que eles, é claro, e por isso agiria apenas no momento certo.Os necromantes, no entanto, eram precavidos demais pa
A corte de Nova Roma nunca soube que eu adentrara ao território ûno e, na minha quarta incursão ao reino bárbaro, antes de chegarmos ao nosso destino, fomos abordados por um exército de soldados chamados de “samurais”. Encontraram-nos vagando em suas terras pelas rotas previamente traçadas por meus arautos que, depois eu soube, cruzaram as rotas dos batedores deles, “os invisíveis” como eram chamados, pois ninguém nunca os vira.Se não fosse por minha empatia mágica e pela sorte que tivemos por eles terem consigo alguém que compreendia nossa língua, uma batalha teria sido travada.