Os hormônios devem levar um tempo até se estabilizarem, porque, quando a família entrou no quarto carregando balões e ursinhos — meu pai muito feliz, Olívia chorando e meus sobrinhos ansiosos para conhecer Rubi —, eu chorei de novo.Eu e Kai ainda não havíamos conversado sobre o que aconteceu, mas ele não parecia chateado ou, pelo menos, não demonstrava.— Olha como ela é linda — papai comentou, com os olhos cheios de lágrimas.— Obrigada, pai. Estou tão feliz que esteja aqui.— Eu não poderia não estar, minha filha. — Ele passou a mão em minha bochecha.— Me deixe segurá-la um pouco, pai. — Olívia pediu, ansiosa.— Façam uma fila, por favor. — Kai brincou. — Cadê Morgana e Alexander?— Não dava para entrar todo mundo, é muita gente. Eles estão esperando em casa com a mamãe. — Joshua explicou. — Ela está quase vindo a pé.— Você tem que ver, Cass. Ela não para de dizer "Eu deveria estar lá". — Olívia riu.— Oh, gente, vocês são tão bons comigo. Obrigada por virem. — Agradeci.— Tia, p
Finalmente, tivemos um momento a sós com nossa filha. A família saiu para passear e fazer compras, e somente eu e Cassidy ficamos em casa. Já faz uma semana que minha filha nasceu e, desde então, vem fortalecendo os laços entre nós dois. Eu continuo sem saber decifrar exatamente o que sinto por Cassidy, mas sei que é algo bom. Muito bom. — Ela dormiu? — Cassidy perguntou baixinho. Vê-la assim, tão... vulnerável e sensível, fez um turbilhão de novas sensações se acenderem em mim. Geralmente, é Olivia quem a ajuda com as coisas mais difíceis, mas eu sempre estou pronto para fazer o que for necessário. — Sim. — Murmurei. Pela primeira vez, fiz Rubi dormir em meus braços. Depois de ser bem alimentada, eu a peguei e consegui fazê-la dormir. Coloquei-a no berço e fiquei olhando para ela. — Você foi muito bem. — Cass elogiou. — Obrigado. — Kai, sente aqui comigo, por favor. — Pediu com gentileza e bateu no colchão. Eu fui. Ela está se recuperando bem da cirurgia, já consegue fazer
Depois de um mês desde o nascimento de Rubi, estamos a sós. E quando digo realmente a sós, quero dizer que estou no apartamento de Kai com nossa filha. Ele achou necessário que viéssemos morar com ele. No começo, Mike não gostou muito da ideia e sugeriu que eu ficasse na nossa casa, mas levei vários fatores em consideração. No fim, eu e Kai estamos nos dando bem, e acho que vale a pena dar essa chance. Como pai, Kai está fazendo um trabalho maravilhoso. Estávamos dormindo quando Rubi acordou chorando. Ele, todo confiante, levantou, foi até o berço, preparou a mamadeira e a colocou para dormir novamente depois que ela bebeu todo o leite. — Vocês dois se saíram muito bem sem mim — comentei sorrindo. — Você faz tudo melhor, mas eu preciso me acostumar. Ele deitou novamente e me abraçou. — Volte a dormir — sussurrou. E eu fiz. Dividimos o mesmo quarto, a mesma cama, como um casal de verdade. É diferente de tudo o que imaginei. Nós não brigamos, e o clima é sempre calmo
Eu não fiz isso. Eu tenho certeza de que não fiz isso. Depois que saí da reunião com meu advogado e as pessoas que estavam na sala, senti um misto de sensações: raiva, medo, confusão. Eu e Cassidy estamos indo bem e, de repente, a ideia de voltarmos a ser como antes me deixa inquieto. Sempre me considerei um cara de sorte, mas, ultimamente, tenho repensado isso. Só percebi meu telefone tocando momentos depois. — O que decidiu? — Joshua perguntou. — Por enquanto, nada. Até ter certeza do que está acontecendo, vou me manter em silêncio. Tenho Cassidy e Rubi agora, não posso agir sem pensar — respondi, ainda perdido em pensamentos. A linha ficou muda por alguns segundos. — Aconteça o que acontecer, a Cassidy deve saber por você, Kai. Não deixe que ela saiba por outras pessoas. Vocês precisam conversar, isso é muito sério. — Eu sei disso, mas não posso falar hoje. É o primeiro mês de vida da Rubi, não quero estragar o dia. — Entendo. Mas sabe o que fazer depois disso
Eu não planejei dizer isso. Não dessa forma. O arrependimento ameaçou invadir meus pensamentos, mas Kai se adiantou, beijando-me devagar, com carinho. Eu tentei. Tentei manter um certo distanciamento emocional dele, mas não consegui. Não quando convivo com ele todos os dias, vejo o quão bom pai ele é e o namorado incrível que se tornou. De repente, essa palavra se tornou pequena demais para mim. Eu queria mais. Eu queria tudo. — É o que eu sinto. Você não precisa me dizer de volta — murmurei. Kai franziu a testa, como se buscasse algo no fundo da mente. Talvez a resposta. — Eu nunca amei uma mulher, Cassidy. Mas percebi que gosto disso. De nós três, exatamente assim, como uma família — respondeu. — Eu acho que... quem sabe, se você ainda quiser oficializar mais as coisas... e-eu acho que sim, eu quero. — Tem certeza? — questionou. Ao ver minha confirmação, continuou: — Mesmo que eu não saiba expressar com palavras o que sinto, você é especial, Cassidy. Acredite em mim. — Nós
O dia foi estressante ao extremo. Além das demandas das Empresas Hoke, a Imperial Men’s recebia cada vez mais pedidos exclusivos. Por um lado, eu me sentia orgulhoso, mas, por outro, o trabalho era exaustivo.— Senhor — minha secretária entrou na sala com a expressão cheia de desgosto. — A senhorita Rizzo está aqui.Ela pronunciou o nome com visível desagrado.— Mande-a embora.— Tenho certeza de que vai querer me ouvir, Kai — a voz dela soou antes mesmo que a secretária pudesse reagir.Antonella entrou sem ser convidada — como sempre— como se fosse dona do lugar. Suspirei, pedindo com um olhar para minha secretária sair. Assim que ficamos a sós, pausei meu trabalho e a encarei.— O que você quer? Diga logo, antes que eu chame o segurança.Ela sorriu, debochada.— Você treinou muito bem sua marionete.Revirei os olhos.— Se for para falar bobagem, saia daqui.— Estou falando da garota que vive com você — rebateu.Isso chamou minha atenção. Estreitei os olhos, me questionando intername
Rubi estava a coisa mais fofa dentro de um macacão rosa, estava quietinha enquanto eu terminava de pentear seu cabelinho. Kai avisou que estava chegando poucos minutos atrás, então eu me adiantei e desci até o estacionamento com ela. — Eu teria subido — falou ao sair do carro. — Não foi nenhum esforço — respondi, sorrindo. — Estou ansiosa para saber onde vamos. Ele guardou o carrinho no porta-malas e a colocou no bebê conforto do carro. Rubi estava acordada e observando tudo, parecia até que também estava ansiosa para passear. — Vamos ter umas horas de tranquilidade — comentou. — Você parece tenso. O que está incomodando você? — indaguei. — Não vamos falar disso agora — disse, lançando-me um olhar rápido. — Tudo bem. — Vamos aproveitar o passeio — pediu. — É a nossa primeira vez. — Você está certo. Vamos aproveitar. Eu estava muito curiosa sobre a vida dele, principalmente sobre o que o incomodava, mas sabia que pressionar não era o melhor caminho. Não com ele. Kai dirigiu
Kai ficou quieto durante toda a viagem de volta para casa. Eu estava ansiosa e apreensiva sobre o que ele diria, mas precisava muito saber o que era. Por incrível que pareça, Rubi decidiu acordar nesse momento. No elevador, ele me abraçou apertado, beijou meu rosto e se manteve perto de nós o tempo inteiro. Quando as portas se abriram e saímos pelo corredor, encontramos Mike na nossa porta. — Oh, não sabia que estavam fora, acabei de bater. — comentou. — Estávamos passeando. Vem, entra. — convidei. — Na verdade, chegou uma encomenda para você, Cass, lá em casa. — disse, sorrindo. — Encomenda? Eu não pedi nada. — falei, confusa. — Vai lá ver. — apontou e deu de ombros. — E me dê ela aqui, o tio Mike estava com saudade, princesa. Rubi foi com todo gosto para o colo dele. Olhei para Kai, e ele me incentivou a ir. Então, fomos juntos. Entrei curiosa e confusa, mas gritei de animação assim que o vi. Peter estava parado na sala, rodeado de sacolas de presentes. — P