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Sexta linda dessas e eu enfim encerrando mais um dia de aula.

Hoje foi só o período da manhã. Depois de encerrar o período, corri para casa à tarde e tirei tudo do lugar aproveitar para fazer “a faxina”.

Depois que acabei tudo fui no mercado fazer minha compra do mês para não ficar apertada e faltando coisas para dentro de casa. Aproveitei e mandei as compras da minha mãe para a casa dela também. É isso, no que posso eu retribuo. 

Apesar dela ser sozinha não tem muitos gastos, mas eu gosto de mimar, minha rainha.

Cheguei em casa e decidi que hoje é dia de pizza, já tinha tomado banho e ligado na N*****x escolhendo uma série pra maratonar. Vi meus planos irem por agua abaixo quando ouvi baterem no portão.

Emily: Bora piranha.

_ Para onde doida?

Emily é minha prima, veio do Ceará a uns cinco anos com o irmão e nos apegamos muito, apesar dela não querer nada com a vida é uma pessoa extrovertida e ama uma farra. 

Emily: Pagodinho Mô, parece que tem um cara aí que foi solto essa semana e o pessoal se juntou pra comemorar lá na quadra.

_ E tu vai de bicão?

Emily: Emily sendo bicão numa festa, nunca meu amor. Minha presença é ilustre, não dou as caras em qualquer buraco não. É aberto pro povo. Edno falou que o Marcão do Dom José chamou geral.

_ Calma aí, segura que vou me arrumar, mas não vou madrugar não viu.

Emily: Eu sei chata. Tá ficando velha mesmo hein. Aí porque tu assiste esses negócios em inglês? - Ela perguntou sentando no sofá. Estava toda gostosa, tem um corpo espetacular ela.

_ É melhor assim, as dublagem são nada com nada.

Emily: Vai logo, não demora.

Coloquei um vestido verde água bem colado que acentua meu corpo e parece tomara que caia, mas tem umas mangas que amarra, fiz um delineado nos olhos e coloquei um batom rosinha, minha pele já é bronzeada e eu cuido muito bem dela para não precisar de tanta maquiagem. Acabei também fazendo uma chapinha no meu cabelo, para colocar as pontas para dentro por causa do corte. No pé uma slide mesmo, sexta feira e o povo só quer um sambinha.

_ Bora?

Emily: Vamos. Edno falou que mais tarde cola lá.

Assim que chegamos na quadra percebi que estava lotada. Dia de domingo isso é o fervo, os caras se juntam para o futebol e acaba que rola pagode, samba, forró e tudo mais por aqui.

_ Está cheio né? 

Emily: O cara que saiu deve ser bem considerado porque olha. Numa sexta feira isso tá assim? Calma aí que vou pegar cerveja pra nós.

_ Vou ficar aqui.

Não demorou muito ela voltou com as cervejas.

Ficamos curtindo e até arrisquei uns passos.

Não vou dizer que me tranco em casa. Eu mereço curtir. Só que hoje eu entendo meus limites, não quero mais decepcionar minha mãe e entendo que sou uma nova pessoa.

Já era uma da manhã e o vocalista da roda de samba anunciou.

Vocal: A comunidade tá muito feliz com a liberdade do nosso irmão Luiz Carlos. - Todos bateram palmas e meu coração gelou. - Seja bem-vindo irmão, Capão Redondo te ama.

Houve uma gritaria e logo em seguida eles começaram o samba de novo. Será que era ele mesmo? 

Edno: Bora? - Ele me puxou para dançar e sem raciocínio próprio eu fui.

Dançamos duas músicas porque meu primo era um verdadeiro pé de valsa no samba.

Xxx: Posso parceiro?

Meu coração gelou. Era ele, e bem aqui na minha frente.

Edno: Claro Luizão. Minha prima hein.

Ele só assentiu com a cabeça.

De momento eu fiquei calada. Não consegui formular palavra nenhuma e ele também.

Luizão: Continua linda minha índia.

_ Obrigada. - Minha voz saia baixa.

Luizão: Nem te reconheci. Cadê teu cabelão que eu me amarrava.

_ Cortei, já tem bastante tempo. 

Luizão: Tempo pra caralho, bora sair daqui? Temos muita coisa pra conversar.

Ele me olhou e eu retribui. Esse homem foi a minha loucura na adolescência, eu o amei tanto que cheguei a perder minha sanidade. Mesmo ele sendo casado na época eu lembro que não importavam o que me diziam eu só queria estar com ele. E quando foi preso, aconteceu a maior desilusão da minha vida, eu era menor e minha mãe não quis me deixar ir fazer a visita. Sem contar que ainda tinha a mulher.  Foram tantas coisas que rolaram nesse tempo, e eu conseguia ver tudo olhando em seus olhos.

O mais incrível é que o sentimento ainda estava lá, eu olhava para ele e só conseguia lembrar como ele me fazia sentir quando estávamos juntos.  E com isso constatei que ainda o amo.

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