Giovanna- Matteo, eu posso caminhar.- Eu sei que pode, querida, mas eu quero carregar você além da porta. É a tradição.- A tradição não contava que eu estaria grávida e pesando mais do que você pode suportar.- Você está perfeita. Não diga isso.Ele entrou na casa e Guilhermina estava acordada a nossa espera – Bem vindos, Senhor e Senhora Mazza.Matteo me colocou no sofá da sala. Eu fiquei imediatamente de pé e dei um abraço em Guilhermina – Por mais que eu ame o som disso, pra você eu sou apenas Giovanna – ela apenas riu em resposta. – Mas você não deveria estar dormindo?- Eu imaginei que vocês poderiam precisar de alguma coisa, já que fizeram uma longa viagem até aqui. Está com fome? Eu poderia preparar alguma coisa para você.- Obrigada, mas eu só posso pensar em dormir agora e você também. Vá descansar.Ettore passou por nós com as malas para o andar de cima – Tome pelo menos um copo de leite. Vai ajudar a dormir melhor – ela disse.- Você não terminou o seu jantar, querida. A
MatteoNos últimos dias, eu experimentei um nível de ligação com Giovanna que eu jamais imaginei ter com ninguém. É desconfortável fazer comparações até mesmo em minha cabeça, mas ainda que eu não vá externar isso, é inevitável não fazer em alguns momentos. Tudo isso para dizer que nada na minha relação com Giovanna chega perto de qualquer coisa que eu tenha vivido com Anabella.Eu estava tendo um tempo ruim para sair de casa para o prédio ao lado, porque apenas não a ter em meu plano de visão me angustiava.Mesmo ela dormindo tão inocentemente como agora, exerce um poder sobre mim que não pode ser negado, nem subvalorizado. Mas eu tinha coisas a fazer. Eu não queria alarmá-la, mas alguma coisa muito ruim estava acontecendo a nossa volta e só de pensar nisso eu tinha uma sensação de sufocamento. Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo e ter certeza que a minha mulher e filho estavam seguros. Eu me curvei sobre a cama e afastei uma mecha de cabelos que cobria seu rosto, coloc
GiovannaAcordar na vinícola era indescritível. Apesar de ter uma empresa funcionando no terreno ao lado com uma fábrica instalada em seu espaço e funcionários, tudo o mais em volta gritava sossego. O clima era maravilhoso e, pra mim, que sempre fui ligada nos cheiros das coisas, havia cheiro de tudo. Do café preparado por Guilhermina, do bolo, de terra úmida, de uva. Era uma verdadeira provocação aos sentidos. Mas também havia ausência por toda parte. Algo estava faltando ali e eu sabia bem o que era. Matteo. Acordar com um leve roçar dos seus lábios nos meus foi mais do que uma despedida matutina. Era a declaração de que ele lamentava ter que sair e de que ele não conseguia deixar as mãos longe de mim. Essa constatação me envaidecia. Estaria mentindo se dissesse que algumas vezes não me assusta a possibilidade de Matteo perder o interesse em mim, sobretudo agora que eu estou ficando maior a cada dia. Embora, a forma que ele me olha demonstra exatamente o contrário. Não sei se isso é
MatteoEttore parou o carro na frente da empresa e Andrei desceu. Ele permaneceu com a porta aberta esperando que eu desembarcasse. – Eu vou dar uma passada em casa para ver com Giovanna está e almoçar com ela, caso ainda não tenha almoçado. Mas eu retorno para as reuniões da tarde.- Temos menos de uma hora. Mas se precisar de mais algum tempo, eu posso ir adiantando alguma coisa.- Ok. Serei breve.Ele fechou a porta e Ettore avançou em direção a casa principal. Ficava a poucos metros da empresa. Eu saí apressado querendo passar o maior tempo possível com ela. Foi uma manhã infernal. Tive que prestar depoimento na delegacia para auxiliar nas investigações. Fiz uma reunião com a equipe, mais cedo, para bolar estratégias para aumentar a segurança e redimensionar os custos e tomei uma série de outras providências. Pra completar, as imagens que eu vi na internet após a minha conversa com Tony me deixaram mal durante toda a manhã. Como alguém pode ser tão mau ao ponto de inventar tantas
- Sra. Mazza, eu vou liberar você, uma vez que os exames demonstram que tanto você quanto o seu bebê estão bem. Mas o Senhor – ela disse olhando para mim – precisa garantir que ela tome os remédios no horário correto. Eu estou me referindo ao senhor, já que ela vai passar a maior parte das próximas semanas na cama. Eu quero garantir que ela terá uma boa produção de hormônios agora. Eles deram uma pequena variação, mas também não estavam muito fora do normal. Meu maior medo era que o sangramento fosse fruto do descolamento do saco gestacional, mas não foi. Isso é bom, embora a alteração hormonal também não seja uma coisa boa. A medicação irá ajudar. Eu gostaria de ver você na próxima semana. Mas tudo bem se você preferir ser avaliada pelo seu médico. - Eu gostaria de voltar aqui. – Giovanna disse olhando pra mim. Ela sabia que eu preferia que ela fosse atendida pelo seu médico. Ele tem acompanhado a sua gravidez e nós estabelecemos uma relação de confiança. Eu e o Doutor Marcelo havía
- Do que você está falando? – ele não se virou para me olhar e apenas se dirigiu para a cadeira em frente a minha mesa.- Você sabe. Você dormiu com Penélope.- Por que você acha isso? – ele ainda não estava me olhando.- Você dormiu. Não adianta negar, Tony – ele finalmente me olhou e lá estava a verdade estampada na cara dele.- Eu dormi. Mas foram apenas algumas vezes.- Algumas vezes?! E eu aqui pensando em uma única vez. – Eu cruzei os braços e encostei-me à minha mesa – E?- E? O que você quer saber? É complicado. Essa mulher é complicada pra caralho. Ela tem o dom de me enlouquecer. Uma hora eu a quero e na outra eu quero mata-la. Simples assim.- Giovanna vai ficar uma fera se você a magoar, Antony.- Eu? Eu a magoar? Sério? Estamos falando da mesma Penélope?- Ok. Ela é irritante e ameaçadora, mas ela ainda é a melhor amiga da minha esposa. Eu sei das suas predileções, porra. Não ouse...- Não ouse você. Não vou falar com você sobre isso. Cuide da sua vida. Eu não fico me met
Giovanna- O que foi isso? – perguntei a Penny depois que os rapazes saíram do quarto. Ela franziu o cenho como se não tivesse entendendo nada.- O quê?- Não se faça de boba.- Eu não sei do que você está falando.- Sério? Você vai jogar comigo? O que há? Eu não sou digna de confiança?- Falou a pessoa que escondeu de mim a sua identidade secreta durante anos. – Cuspiu. E, eu tenho que confessar, aquilo doeu. No fundo eu sabia que a minha amiga guardava uma pequena mágoa sobre isso, mas ela tinha razão. De qualquer modo eu sabia também que ela estava me atacando como uma forma de defesa. Ela não queria chegar ao X da questão. – Sinto muito – ela segurou minha mão – Eu sou uma idiota.- Tudo bem.- Não. Não está tudo bem. Eu só estou sendo estúpida com você por que eu não quero admitir que eu fui pra cama com o seu cunhado mais de uma vez e que ele é deliciosamente arrogante e bruto.Aquilo me deixou em choque. Por que eu desconfiava que havia algo ali, mas isso era muito detalhe, cer
Giovanna- O que você está fazendo? – A voz de Matteo era um misto de repreensão e impaciência. Desviei minha atenção do teclado e direcionei para ele, que tinha os braços cruzados sobre o peito e sua cara era de poucos amigos.- Não vamos começar com isso de novo. - Se você não quer começar com isso de novo é muito simples de se resolver. Basta que você volte para a cama e fique lá até segunda ordem médica.Soltei uma respiração forte, mas puxei outra profunda e lenta, então respondi com uma voz suave. – Meu amor, eu não estou correndo, nem carregando peso. Eu só estou sentada diante de um computador resolvendo algumas questões de trabalho. Mas nada que exija de mim um esforço que eu não esteja autorizada a imprimir.- A médica disse: repouso absoluto.- Isso foi há três dias, Teo. E ela só pediu isso como uma medida preventiva. Não foi nada fora do normal. Fiz um período de repouso absoluto e tomei os remédios conforme ela prescreveu. Alimentei-me de forma correta e não tive nenhum