Bruno saiu furioso.Levantei da cama e tomei outro banho e sequei o cabelo. Até as três da manhã, ele ainda não havia voltado. Não que eu estivesse esperando por ele, eu simplesmente não conseguia dormir. Na mansão à beira-mar, não havia empregadas durante a noite, então, sem me preocupar com nada, apenas vesti um casaco e desci as escadas. A temperatura à noite estava um pouco baixa, e o vento passava pela roupa, fazendo-me tremer junto com as flores do jardim. Levantei a cabeça e encarei a lua. Não demorou muito até que eu ouvisse passos atrás de mim. — Estava me esperando? Bruno apertou a minha nuca por trás. Olhei para ele com a cabeça erguida. — Amor, acha que a lua está bonita? — Pisquei para ele. — Nós ainda não vimos as estrelas juntos. Eu só queria fingir, mas acabei me emocionando de verdade, sentindo um nó na garganta que eu não conseguia controlar. Havia tantas coisas que Bruno e eu nunca fizemos juntos, principalmente esses momentos românticos. Nunca conse
Na manhã seguinte, acordei no quarto de hóspedes. Passei a mão pelo lado da cama e senti o frio do espaço vazio ao meu lado. Levantei-me sem pressa, lavei o rosto e me arrumei. Eu sabia que conquistar o coração de Bruno seria uma batalha longa e demorada. No passado, fui ingênua, achando que sozinha poderia enfrentar um homem tão poderoso. Se eu não fosse sua esposa, provavelmente ele já teria me destruído há muito tempo. A morte da minha mãe me trouxe uma lição amarga. A parede estava ali, diante de mim, e agora eu sabia que não deveria bater de frente com ela. Vesti uma camisola branca e simples, com uma maquiagem leve e impecável. Ao descer as escadas, dona Rose já estava preparando o café da manhã. Sentei-me à mesa, descasquei um ovo e, sem pensar muito, joguei-o na xícara de café de Bruno. Depois, continuei a comer sozinha. Não demorou muito para que Bruno descesse com Gisele, de mãos dadas. Ele, alto e elegante. Ela, pequena e delicada. Apenas dei uma olhada e volte
Não havia ninguém em casa, e voltei para o quarto para trocar de roupa antes de ir encontrar o Bruno. Ao abrir a porta do guarda-roupa, vi minhas roupas amontoadas e amassadas no canto inferior, enquanto no varão, todas haviam sido substituídas pelas roupas da Gisele. O pijama do Bruno estava pendurado ali, bem ao lado das roupas dela.Foi só então que percebi que, às vezes, a dor podia surgir sem que alguém precisasse te bater ou te insultar. Bastavam algumas roupas bonitas penduradas no lugar das suas... Tão simples assim!Juntei o meu sentimento de perda com as roupas amarrotadas e joguei tudo no cesto de roupa suja.Depois que minha mãe faleceu, proibi a mim mesma de pensar demais. Tudo o que eu precisava era lembrar do meu objetivo, e o resto poderia ser descartado.Sem outra escolha, desci até o closet no andar de baixo. Escolhi usar um vestido, mas era um modelo mais conservador.Fiquei me olhando no espelho. Aquilo seria o suficiente para o Bruno; se eu fosse mais ousada, ta
Os homens não podiam ser sempre mimados. Raro o suficiente para ser precioso.Na manhã seguinte, bem cedo, eu mesma instruí dona Rose a garantir que Bruno soubesse que eu havia preparado o café da manhã para ele e Gisele antes de sair de casa com minha bolsa.Eu não sabia qual acordo Bruno e Rui haviam feito, mas a razão para o Escritório de Advocacia X reabrir foi o fato de ele agora ser parte dos bens da família Henriques.Mas isso não me incomodava, desde que eu pudesse continuar trabalhando lá e que Luz e o Adv. Juan não fossem afetados.Nós três estávamos sentados no escritório de Juan, e Luz segurava firmemente minha mão. Ela estava preocupada comigo.— Ana, você está bem? Deveria descansar por mais tempo. — Não estou tão triste assim.Pisquei meus olhos secos, recordando aqueles quinze dias que passei sozinha no exterior. As lágrimas já haviam se esgotado naquela época.— O médico disse que minha mãe não sofreu muito ao morrer. — Eu disse de forma simples e com um tom indi
Eu morava em um apartamento de luxo, e a rua lá embaixo era movimentada, com muitos carros de alta classe. Meus olhos rapidamente percorreram ambos os lados da rua, tentando encontrar o carro de Bruno.Não veio!Embora eu devesse sentir que não fazia diferença, uma voz dentro de mim ainda desmascarava minha fachada.— Ana, você se importa!Meu coração tremeu, e abaixei ligeiramente os olhos, agachando para me abraçar. Na verdade, eu também não era totalmente destemida.Cada dia que passei com Bruno era uma experiência que nunca vivi antes, se gravando profundamente na minha memória como uma lembrança. Esse sentimento, que eu não desejava mas obtive com tanta facilidade, não era felicidade, era medo.Quando a verdade viesse à tona, tudo seria perdido, e eu não sabia qual seria o meu sentimento quando isso acontecer.Meus dedos apertaram tanto que minhas unhas cravaram nas palmas das mãos. Subitamente, voltei à realidade, com uma voz me alertando:“Talvez eu também vá me machucar.”Uma
Minha expressão envergonhada fez Bruno se sentir constrangido. No entanto, ele decidiu ignorar tudo e insistir em me provocar.— Ter uma esposa tão sedutora também não é algo bom. — Disse, enquanto continuava com suas carícias. Ele começou de novo, e eu rapidamente segurei sua mão. — Estou no meu período, não é conveniente... A menos que você queira...Seus movimentos pararam de imediato, e sua mão mudou para acariciar suavemente minha barriga.— Está doendo? — Ele baixou o olhar para mim, e seus traços, normalmente firmes, estavam agora tomados por uma suavidade incomum, com seus olhos revelando um cuidado genuíno.Bruno, desse jeito, era realmente muito gentil. Embora eu não estivesse menstruada, seus movimentos eram tão delicados que realmente me faziam sentir conforto.— Quando a Gisele está menstruada, a dor é tão forte que nem os remédios funcionam. Só quando aqueço para ela é que se sente um pouco melhor.Dor. O vento do lado de fora, passando pela janela, me fez sentir uma
Eu mal tinha empurrado Bruno para fora do quarto quando Gisele bateu à porta. Mas sua batida não foi um gesto educado de cortesia. Antes que pudéssemos sequer nos afastar, ainda entrelaçados pelo último beijo, ela já havia invadido o quarto.— Irmão.Seu rosto estava pálido, o corpo todo tremendo, com uma expressão de puro pânico, olhando ao redor como se procurasse por perigo. No instante seguinte, como se tivesse sido encurralada, ela se espremeu entre mim e Bruno, usando tanta força que me empurrou contra a parede. — Irmão, sonhei que meu braço estava sangrando muito, doía tanto! Eu ouvi alguém dizer que ia me matar.A cama do quarto de hóspedes era dura, mas encontrei uma boa posição para assistir àquela cena, quase como se estivesse assistindo a uma peça teatral. Achei tudo engraçado. Ela mesma havia armado essa farsa e se colocava no papel de vítima. Se Gisele estava mesmo atormentada por pesadelos, como Bruno acreditava, certamente era resultado de suas próprias culpas.Se
Bruno parecia ter esquecido que Gisele ainda estava dormindo na cama. Ele fechou a porta do quarto com força. No entanto, não fazia muita diferença, pois Gisele nem estava dormindo de verdade; desde o momento em que entrei no quarto, percebi que ela estava acordada. Ela mantinha os olhos fechados, mas suas pálpebras tremiam sem parar. Não sabia se era por raiva ou por algum outro motivo, e preferi não adivinhar; fosse qual seja a emoção que ela sentia, não me importava. Eu e Bruno não fazíamos amor havia cinco dias, e o desejo, que vinha sendo reprimido, explodiu naquela noite sem qualquer contenção. Aos poucos, fui perdendo a consciência com os movimentos dele, que se tornavam cada vez mais intensos......Na noite de sexta-feira, eu tinha marcado um encontro com Úrsula Cunha. Úrsula era minha cliente, uma atriz que havia se afastado do mundo do entretenimento havia três anos. Quando assumi o caso, já era a segunda vez que Úrsula apelava para o divórcio. Na primeira vez, o div