O suor frio nas costas rapidamente encharcou meu pijama. Quando consegui ver claramente a pessoa à minha frente, meu corpo parecia completamente exausto, e eu já não tinha forças nem para lançar-lhe um olhar de repreensão.— O que aconteceu? — Bruno levantou a mão e tocou minha testa, depois acendeu a pequena luz de cabeceira, pegou um lenço de papel e o pressionou contra minha pele. — Por que você está suando tanto?Não seria por causa dele, né?Com um gesto impaciente, afastei a mão dele.— O que você está fazendo aqui? Não estava indo para o escritório?Bruno piscou, e sob a luz amarelada, sua expressão parecia ainda mais inocente.— Eu terminei tudo e voltei para dormir.— Então você não deveria estar dormindo no meu quarto com a Dayane!— E onde mais eu dormiria?— No escritório, no quarto de hóspedes, tem tantos outros quartos... você podia escolher qualquer um, mas não precisava dormir aqui!— Por que não? Você pode dormir no meu quarto, e eu não posso dormir no seu?...Eu não
Fiquei nervosa e disse:— Bruno, o que você está pensando de mim? Está falando como se eu tivesse sido seduzida por você!Levantei a mão e apertei a cintura dele, fazendo ele gemer de dor. Finalmente, ele soltou meu pulso.Rapidamente me sentei, me afastandoe dele, e o encarei furiosa.Bruno estreitou os olhos, esticou o braço e agarrou minha perna, se aproximando de mim.— Tá bom, sou eu quem fui seduzido, então. Eu só queria que você me tocasse.Levantei a perna para dar-lhe um empurrão, mas ele percebeu a intenção e segurou minha sola com força. Então disse:— Só para deixar claro, isso não é desrespeito a você, é desrespeito a mim mesmo....Ele falou tão abertamente, o que mais eu poderia dizer?— Solta a minha perna! — A voz saiu fria, e movi os pés impacientemente.A voz dele soou cheia de contenção e uma pitada de resignação.— Não vou soltar. Você não me deixa te abraçar, então posso abraçar sua perna, não posso?Bruno era insuportável!— Para de brincar! Amanhã temos que acor
Por causa daquele pequeno incidente de manhã, todo o trajeto até o hospital ficou especialmente silencioso.Dentro do carro, Bruno mantinha os lábios pressionados com firmeza, a expressão séria enquanto mexia constantemente no celular, tratando de assuntos profissionais. Não disse uma palavra sequer.Dayane percebeu claramente a estranheza entre Bruno e eu. Com o pequeno rosto perdido, ela se aninhou em meu abraço, parecendo um pouco assustada, como se quisesse aumentar a distância entre ela e Bruno.Quando se sentiu segura, parou de se mexer.Eu não sabia o que fazer. No ângulo onde Dayane não podia ver, empurrei Bruno levemente, mas ele permaneceu impassível, sem dar qualquer reação.No entanto, a veia tensa na testa dele denunciava a raiva que ele tentava segurar. Estava irritado, mas se forçava a manter a calma.Não entendia por que ele estava tão zangado. Se queria esquecer o passado, por que estava trazendo à tona algo tão doloroso para ele, algo que parecia perturbar tanto? Ou s
Na ala pediátrica do hospital, as paredes estavam adornadas com muitos desenhos e ilustrações de personagens de desenhos animados, e até uma área de recreação infantil estava presente, tudo para ajudar as crianças a aliviar a ansiedade. No entanto, a atenção de Dayane não foi minimamente atraída por esses elementos. Ela estava desanimada, apoiada no ombro de Bruno, talvez por ter acordado muito cedo, com os olhinhos meio fechados. Várias enfermeiras, encarregadas de entreter Dayane, olhavam frustradas para a líder da equipe. Normalmente, o protocolo exigiria que a criança fosse separada dos pais para a realização dos exames, mas o comportamento pegajoso de Dayane em relação a Bruno estava dificultando tudo. Elas não ousavam pegar a criança no colo, não apenas por causa de sua situação especial, mas também por temerem desagradar alguém tão importante como Bruno. Estavam tão desesperadas que quase queriam chorar, e então, olharam para mim em busca de ajuda. Eu sabia que Dayane ainda
Os movimentos de Bruno, vistos pelos outros, pareciam naturais e até um tanto insinuantes. Não pude deixar de praguejar baixinho: "Esse homem não tem muitos pontos positivos, mas, pelo menos, se sai bem nos detalhes exteriores!"Instintivamente, dei um passo para o lado, me afastando um pouco dele, e levantei a mão para tocar minha face ardente.O médico, ao perceber, rapidamente me conduziu para o primeiro consultório.Como eu já havia mencionado antes que Dayane ficava nervosa em lugares com muitas pessoas, o consultório estava relativamente vazio, com apenas eu, Bruno, o médico e uma enfermeira presentes.Durante a consulta, a interação com Dayane se deu principalmente por meio de perguntas e respostas.As perguntas do médico não eram secas, ao contrário, até tinham um tom interessante. No começo, Dayane conseguia responder com um simples aceno de cabeça, ora sim, ora não. No entanto, logo perdeu o interesse. Ela chegou a ponto de não perceber que o médico estava falando diretamente
Bruno segurou minha mão e a esfregou contra sua bochecha.— Vai ficar tudo bem, nossa filha vai crescer saudável, vai ficar tudo bem.Ele repetia insistentemente que Dayane ficaria bem, não sei se estava dizendo para si mesmo ou para mim. Será que ele também estava tão nervoso quanto eu? Olhei nos olhos de Bruno e, com pesar, acenei com a cabeça.Enquanto observava os cantos dos seus olhos ligeiramente avermelhados, senti uma pontada de arrependimento. Eu havia me exaltado demais mais cedo.Quando éramos pequenos, Bruno também não teve escolhas. Ninguém perguntou a ele se queria ou não ficar doente. Não podia colocá-lo toda a culpa por isso.— Desculpe. — Murmurei.Ele estava mais calmo do que eu, e tinha razão. Se nossos sentimentos estivessem tão descontrolados quanto estavam, quem poderia acalmar Dayane? — Não precisa se desculpar. Foi minha falha por não ter protegido vocês duas. Fiz com que passassem por muita dor. Mas, pelo menos, ainda temos tempo para consertar isso.— Bruno
O médico me levou de volta à primeira sala de atendimento e disse que queria entender melhor o ambiente em que Dayane havia crescido, além de investigar se houve fatores externos que poderiam ter influenciado suas emoções e seu comportamento.Eu apertei os lábios, pensando por um momento, antes de responder:— Você está querendo confirmar se, além dos fatores genéticos, houve algum fator externo que tenha moldado Dayane dessa forma, não é?Em meu coração, eu nunca duvidei de que a causa fosse outra. Pois, na minha visão, desde o nascimento de Dayane, nunca deixei de lhe dar amor, e tanto Agatha quanto Rui a tratavam como filha biológica, oferecendo-lhe todo o carinho possível.A sugestão do médico era algo novo para mim. Não sabia se era porque, nas outras vezes em que levei Dayane ao hospital, ela ainda era muito pequena, mas nenhum outro médico havia levantado uma dúvida assim.Além de Bruno, poderia haver outro motivo?Sob meu olhar confuso, o médico não hesitou e acenou com a cabeç
Eu me virei e olhei calmamente para Bruno. Enquanto minha mente estava uma verdadeira bagunça, ele já havia se aproximado por trás de mim, me envolvendo em um abraço. — Não ouça o que ele diz, você não tem nenhum problema! — Sim, sim, sim. — O médico imediatamente se levantou e se inclinou em um gesto de desculpas, o suor brotando na sua testa, mas ele não se atrevia a limpá-lo. — Bruno. — Chamei seu nome com uma leve desaprovação, apertando discretamente sua mão. — Existe essa possibilidade, sim. Bruno, ao sentir minha mão segurando a sua, interrompeu seu ímpeto, e sua presença imponente se suavizou, ficando um pouco atordoado pelas minhas palavras. — Que possibilidade? Não respondi, me levantando para pedir desculpas ao médico. — Como estamos falando de algo relacionado à criança, ele ficou um pouco agitado, não se incomode com isso. Embora o médico tenha dito que não se importava, ele continuava recuando até que seus calcanhares bateram na escrivaninha, obrigando e