Capítulo 463
O carro seguia suavemente pela estrada. Nem eu nem Bruno parecíamos dispostos a quebrar o silêncio.

Foi apenas quando o semáforo obrigou o carro a parar que algo quebrou a monotonia. Uma garotinha se desvencilhou da mão da mãe e atravessou a rua aos pulos, sozinha. Pela primeira vez, vi uma expressão mais amena no rosto rígido de Bruno, um leve calor suavizando sua feição.

— Sua filha, ela é obediente? — Ele perguntou de repente.

"Sua filha..."

Ele disse "sua filha"...

Minha filha. Ela não tinha nada a ver com ele.

Minha filha herdou o autismo por causa dele, mas esse homem, como se nada tivesse acontecido, ousava perguntar se ela era obediente.

Dayane era obediente, sim, obediente ao ponto de passar a maior parte do tempo em silêncio.

Se um dia Bruno soubesse da real condição de Dayane, ele ainda teria a ousadia de perguntar, tão casualmente, se ela era obediente?

Apertei as mãos em punho, minhas unhas pressionando a palma para conter a onda de mágoa que ameaçava me co
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