Eu segurava o celular com rigidez, meu coração tremendo incontrolavelmente. A voz do outro lado continuava a interrogar ansiosamente:— Como você pode ir embora sem me avisar? Pensei que você tinha desaparecido de novo!Bruno estava irritado, seu tom mostrando descontentamento pela minha súbita partida. Quanto mais refletia sobre as palavras de Pietro, mais me sentia mal. Comecei a questionar se havia interpretado tudo errado. Se Gisele era tão importante para Bruno, por que eu acreditava que eu poderia ser seu remédio? Era realmente irônico. Meu objetivo ao vir até aqui era entender o passado de Bruno, para esclarecer os problemas que o afligiam. Mas, após ouvir Pietro, minha mente não se enchia de compaixão ou de indignação por ele, e sim de reflexão, perguntando se eu havia cometido um erro. A instabilidade emocional de Bruno talvez não fosse por ele precisar de mim, mas sim porque eu o havia afastado de Gisele, e isso o deixava inseguro. Eu abri a boca lentamente e perguntei:
Na noite passada, eu e Bruno voltamos para a Mansão à beira-mar. Quando Luz soube, ela me repreendeu, perguntando se eu estava louca.— Aquela meia-irmã cruel nem se atreve a aparecer; quando ela fica fora de controle, pode machucar alguém. Você ainda voltou?Eu sorri, perguntando para onde eu iria se não voltasse? A nova casa de Bruno e minha seria um lugar onde nunca mais iria.— Gisele até me chamou de cunhada, acredita? Você acha que foi divertido? — Eu disse, tentando parecer leve.Na verdade, nesses dias, aquele homem que acostumara a ir para a cama cedo, grudado na minha presença, depois de voltarmos para a Mansão à beira-mar, demorou muito a voltar para o quarto. Claramente, os dois estavam se divertindo na noite anterior, conversando alegremente. Lembrava que, no momento em que Bruno ficou magoado com a minha súbita partida, no instante seguinte, ao saber que eu queria voltar para a Mansão à beira-mar, ele sorriu.Ele acariciou o topo da minha cabeça e suspirou:— Finalmente
Eu sabia que Bruno não era tão fácil de enganar, então, assim que desembarquei, a primeira coisa que fiz foi abrir o celular. Como esperado, as mensagens dele chegaram como balas. Quando se passava muito tempo com alguém, até o jeito de falar começava a parecer com o de Gisele.[Por que tão repentinamente?] [Por quanto tempo você vai? Um dia e uma noite ou só um dia? Não pode deixar de ir?] [Por que não responde?] [Quanto tempo falta para o avião pousar?]Senti uma tontura e só consegui ligar de volta. Expliquei com dificuldade, dizendo que era trabalho, e finalmente ele concordou. Um dia não era muito. Eu só passei uma noite fora de casa, tão rápido que até Bruno foi pego de surpresa.No dia seguinte, quando voltei para a Mansão à beira-mar com uma pequena mala que comprei de emergência no aeroporto, o encontrei de costas, em pé na janela, falando ao celular. A luz do pôr do sol entrava, alongando sua sombra imensamente.Lembrei das palavras de Pietro, pensando que talvez Br
A expressão de Bruno mudou rapidamente, da surpresa à calma, em questão de segundos. Ele se aproximou, pegou minha pequena mala de couro e me abraçou.— Você anda como um gato, sem fazer barulho.Afastei-me dele e olhei em seus olhos.— Se não fosse assim, não teria o ouvido falando ao celular.Bruno baixou os olhos, nosso olhar se cruzou, e notei uma leve desilusão em seu olhar.— Combinamos que quem saísse primeiro tinha que beijar o outro, e você não cumpriu nosso acordo.Uma onda de irritação subiu pelo meu peito; quem diria que ele ainda se lembrava desse "acordo". Falar de “compromisso” com alguém como ele parecia um insulto para esta palavra. Ele imediatamente segurou meu rosto com as mãos, quase com ferocidade, e mordeu meus lábios.— O pai está doente, eu só não quero que ele se preocupe.Levantei o pé e pisei forte em seu dedo do pé, fazendo-o recuar de dor.— Inclusive, fazer-me engravidar logo é também para acalmá-lo.Completei o que ele não disse. Bruno não negou.— Ana,
— Não!Afastei-me dele e me agachei novamente para continuar arrumando as malas. Senti um olhar ardente fixo em mim, e sob essa expressão inquisitiva, mal consegui levantar a cabeça. Tinha medo de que, ao olhar para cima, revelasse ainda mais.Eu havia combinado com Luz que, no futuro, ela me ajudaria a arranjar viagens a trabalho, aumentando gradativamente a duração, de um dia, para três, e assim por diante. Queria que Bruno se acostumasse com os dias sem a minha presença. Mas não seria com tanta frequência, pois temia que isso despertasse suas desconfianças.Porém, ao voltar hoje e ouvir aquelas palavras, e ao ver Gisele e a Mansão à beira-mar, não queria ficar nem mais um segundo. Nesse momento, se isso despertava suas desconfianças ou não era menos a minha preocupação. Eu só queria ir embora.— Quando você vai? — Perguntou Bruno.— Amanhã de manhã.Ele me fez uma pergunta e eu respondi, como se fôssemos estranhos em perfeita sintonia, cada um com suas barreiras de proteção naq
Eu o observei com um sorriso.— Tudo bem, tudo bem, eu acredito.Os olhos de Bruno pareciam repentinamente ardentes. A sua Ana não deveria ser assim. A sua Ana deveria ser aquela que o esperava todos os dias, que só o olhava e não via mais ninguém. Deveria se aproximar dele com cautela e timidez, provocando ele de maneira ardente e ousada. Mas não era isso que acontecia agora; ele sentia que a distância entre eles era como um abismo intransponível.— Você disse que me daria uma chance, por que...— Mudei de ideia. — baúa mala finalmente estava arrumada, e eu fechei o zíper, erguendo os olhos para ele. — Considere que estou apenas brincando.Com alguém como ele, não havia necessidade de se apegar a aquelas promessas, mesmo que um dia ele tivesse levado a sério, aquilo não passava de um modo de se distrair.— Você trata meus sentimentos como uma piada.Ele soltou um sorriso, mas sua expressão estava fria. O punho ao seu lado se fechava e se abria repetidamente.Passei por ele, e ao me
Bruno nem mesmo havia tirado completamente as calças. Ele me colocou entre ele e o expositor, seus olhos sem emoção, como se eu fosse apenas mais uma peça de exposição, mesmo enquanto realizava o ato que costumava fazê-lo esquecer de tudo.O pequeno espaço se encheu apenas com os sons contidos de meu choro. Não sabia quanto tempo passou até que ele finalmente se afastou.No instante em que me soltou, caí de joelhos no chão. Em um momento de confusão, vi um braço se aproximar, mas ao levantar a cabeça, encontrei Bruno ajustando seu cinto, observando em silêncio a minha situação miserável.A mão que parecia querer me ajudar permaneceu caída ao lado do corpo dele.Eu sorri, um sorriso repleto de desânimo. Se ele estava agindo daquela forma, não iria me oferecer ajuda. Era tolice da minha parte pensar que ainda havia um vestígio de humanidade nele.Sentindo-me desfeita por sua ação cruel, peguei uma roupa aleatória do cabide para ir ao banheiro, mas ele não permitiu.— Lave-se mais tard
Após o que aconteceu na noite passada, Bruno não me impediu mais. Na manhã seguinte, parti para uma viagem de negócios fora da cidade, e o plano, que inicialmente era de três dias, se estendeu para uma semana. Como o plano havia se tornado mais longo, Zeca, que queria me acompanhar, foi gentilmente recusado por mim. Ele já havia conseguido adquirir algumas ações do Grupo Henriques e estava em contato com alguns pequenos acionistas, participando ativamente das atividades em Cidade J, que não poderia prescindir dele.O caso que assumi ainda era pequeno, mas a diferença era que eu adiantei o tempo de pesquisa para o hotel. No terceiro dia, recebi uma mensagem de Bruno perguntando se eu voltaria para casa naquele dia; ele iria me buscar no aeroporto. Segurando o celular, sorri levemente, pensando se ele estava novamente tentando garantir com o pai que deveria me fazer ter filhos e, ao mesmo tempo, fingir se preocupar comigo para que eu voltasse para casa rápido. Era ridículo, já que