A noite, que antes era tranquila, ficou sufocante com o confronto entre os dois homens. Rui olhava para Bruno com raiva, enquanto Bruno, de maneira despreocupada, apenas apoiava o braço sobre meus ombros, o que fez a respiração de Rui se tornar mais pesada. Ele esperava que eu me afastasse, mas eu não o fiz. O rosto de Rui ficou pálido. — Vocês... Virei o rosto e olhei para Bruno, que encarava Rui com um olhar frio. A situação era, sem dúvida, constrangedora. Perguntei baixinho: — Como você se passou ultimamente? Está bem? O braço sobre meus ombros se apertou de repente, e a mão de Bruno se estendeu à minha frente, enquanto ele perguntava com uma estranha ironia na voz: — Você não consegue ver quem está pior agora? A raiva nos olhos de Rui era evidente, e o comportamento de Bruno diante dele só piorava as coisas. Empurrei o braço de Bruno. — Não faça isso, deixe-me falar com Rui por alguns minutos. — Nós ainda não terminamos o que começamos, e estou com o sang
— Rui Sampaio! — Os olhos de Bruno, com um contraste nítido, transbordavam de frieza. — Se você sair agora, ainda posso fingir que nunca esteve aqui.Rui soltou um sorriso amargo, e seus olhos úmidos se voltaram para mim.— Antes, ele me ameaçou com o mesmo tom.— Ele te ameaçou com o quê?Era como se o tempo tivesse retrocedido ao dia em que decidi me mudar com Rui para a Cidade R, e meu coração se apertou mais uma vez.— Rui Sampaio! — Bruno tentou interromper.— Bruno Henriques! Já que chegamos a esse ponto, esconder as coisas não faz mais sentido. Além disso, já passamos por tantos conflitos, que diferença faz mais este? Não é verdade?Bruno, ao ouvir minhas palavras, finalmente ficou em silêncio.De costas para nós, ele cruzou os braços e se recostou na parede, dizendo friamente:— Rápido, vocês têm só três minutos.— Foi o Bruno quem não me deixou te procurar. Ele disse que, por causa do que aconteceu com meu irmão, eu deveria me vingar de você, e a vingança tinha que ser cruel.
— Chega, parem de discutir! — Eu praticamente gritei. — Rui, essa escolha realmente foi difícil. Se fosse eu, talvez também tivesse escolhido salvar minha família. Eu entendo você, mas também te agradeço. Sua decisão aliviou um pouco da culpa que eu carregava.Soltei uma risada leve, mas meu coração estava amargo.— Não vou mentir, Rui, minha culpa em relação a você estava prestes a me sufocar. Foi você quem me deu um pouco de calor quando eu estava no meu momento mais frágil e desesperado. Sinto culpa por não termos tido um começo formal, e também por não termos tido tempo nem de nos despedir. Pelo menos, o encontro de hoje pode amenizar um pouco o que ficou pendente entre nós.— Não! — O peito de Rui subia e descia intensamente. — Não quero me despedir! Tenho arrependimentos demais, Ana. Você vai ficar comigo, não vai?Bruno respondeu friamente:— Para de sonhar! Você sempre soube que isso entre vocês nunca seria possível!— Bruno, não se intrometa. — Caminhei até ele e segurei seu p
Bruno se aproximou de mim, bloqueando boa parte da luz. Seus olhos, silenciosos, baixaram em minha direção, e de repente, ele sorriu de forma amarga.— Não brinca, não faz esse tipo de piada comigo.Depois de falar, seus lábios começaram a se apertar lentamente, e a cor rosada de sua boca se tornou pálida.— Não é uma piada. — Virei o rosto, dizendo calmamente.— Então você está brava. Amanhã peço para a Assistente Isabela entrar em contato com algumas marcas e te mandar mais roupas e joias, tá bom? — Ele segurou meus ombros, se inclinou em direção ao meu rosto e, com suavidade, deixou um beijo em minha bochecha. — Lembro que você costumava gostar de se arrumar.— Bruno, será que toda vez que há um problema entre nós, você simplesmente escolhe outro caminho, contanto que consiga o que quer?Senti uma dor profunda, não apenas por causa de Rui, mas também por causa de Bruno, por quem ele era.Eu pensei que nós tínhamos passado por tantas coisas juntos. Achei que quando ouvi ele dizer que
Bruno demorou muito para voltar ao quarto, e eu, naturalmente, não fui procurá-lo. No entanto, com o turbilhão de sentimentos em mim, também não conseguia dormir.Depois de passar mais de três horas assim, quando o céu começava a clarear, um estrondo ecoou pela casa. Instintivamente, pulei da cama.Bruno estava doente, então imaginei que o som de algo caindo no chão pudesse ser causado por ele. Sai correndo, tropeçando pelos corredores, chamando por seu nome.Ele não respondeu.Acabei o encontrando no chão do escritório, que já estava com as luzes apagadas há algum tempo. Bruno havia desmaiado por causa da febre. Chamei o médico imediatamente.Após o diagnóstico, o médico disse:— O Presidente Bruno está com uma febre alta. Por favor, ajude a refrescar o corpo dele com água para baixar a temperatura. Já coloquei um adesivo antitérmico na testa dele, troque a cada hora. Se a febre baixar, ele ficará bem, não é nada grave.Fiquei ao lado da cama de Bruno, ouvindo as instruções enquanto o
Imediatamente desliguei e apertei o celular contra o peito. O quarto mergulhou em uma escuridão profunda. No silêncio, o único som que percebia era o da batida acelerada do meu coração.Prendi a respiração, atenta ao estado de Bruno. Ele soltou um gemido abafado, enterrando o rosto em meus cabelos e apertando ainda mais o abraço ao redor da minha cintura. Quando tentei ouvir novamente, ele já estava quieto.O celular vibrou duas vezes. Era uma mensagem da Assistente Isabela:[Presidente Bruno, vou agendar uma consulta com o psicólogo para amanhã às 16h, após a reunião. Você não tinha dito que, depois que a Ana voltasse, pararia de tomar tanto remédio? Faz apenas dois dias que mandei mais, e já acabaram.]Meu cérebro entrou em colapso. Como assim ele está tomando remédio por minha causa?Respondi imediatamente:[Aqui é a Ana. Assistente Isabela, quero que me diga a verdade: por que Bruno está tomando esses remédios?]Minha mente estava a mil, tentando juntar todas as peças que conheci
Eu pensei assim, e o beijo dele me fez aceitar tudo de forma mais fácil. Segurei o rosto dele com as mãos e correspondi ao beijo.Antes, eu sempre me perguntava se o amor repentino de Bruno era real. Seria que ele me amava tanto quanto parecia? E quanto amor eu deveria devolver a ele?Afinal, se eu me entregasse demais, quem acabaria machucada seria eu. Se fosse pouco, eu também não encontraria felicidade nesse relacionamento. Mas, e se ele só quisesse me usar para se curar? Bruno não estava bem fisicamente. Depois de um tempo, ele ficou um pouco ofegante e começou a esfregar seu corpo no meu. — Está sentindo alguma coisa? Segurei firmemente seus ombros, sem nenhum constrangimento, e acenei com a cabeça. — Mas você não pode agora. Bruno soltou uma risada fria, segurou minha cabeça e me beijou novamente. Quando o beijo se aprofundou, ele me perguntou de novo: — Tem certeza? Ele se virou, ficando por cima de mim. — Querida, me provoca, diz que me ama. Virei de costas
Bruno vestia um pijama de seda, uma camada fina. Antes de abrir a porta, ele desabotoou o único botão que havia apertado, preparado para a cena mais impactante que Rui poderia ver. Gisele, ao avistar o homem desarrumado, não hesitou em se lançar em seus braços. Bruno não a empurrou de imediato; há dias não se viam, e seus olhares estavam repletos um do outro. Ao ouvir minha voz, Bruno pressionou a palma na cabeça de Gisele, afastando-a. — Emagreceu um pouco, mas ainda é forte. A colisão quase o fez perder o equilíbrio. Ele não soltou a mão e deslocou Gisele para o lado. — Cumprimente-a. Quando Gisele me viu, seus olhos não mal podiam conter a raiva. — Cumprimentos a quem? Ele parecia não entender o que Bruno queria dizer. A repulsa me invadiu. Com um impulso, puxei a manga do homem para baixo. Bruno, sem saber o que eu pretendia, se deixou levar. Arranquei sua camisa, amassando-a antes de jogá-la no rosto de Gisele. — Veja, olhe bem para o seu irmão. Gisele, mordendo o láb