Rui fez um juramento, com um olhar cheio de súplica.Ignorei-o, balançando a cabeça com firmeza. Não queria que ele tomasse uma decisão da qual se arrependesse depois.— Cinco dias? — Ele perguntou.Permaneci em silêncio.— Três dias, não pode ser menos, Ana. — Ele ficou sério. — Não importa o que você diga, não vou deixar que você engula esse ressentimento sozinha, então pare de tentar me convencer. Nesta vida, eu só reconheço você como minha mulher. Se não puder te proteger, que tipo de homem eu sou?Todas as palavras que eu queria dizer ficaram presas na minha garganta diante de seu olhar resoluto. Só consegui perguntar:— O que você pretende fazer?— Você não precisa saber, mas o resultado vai ser muito ruim para ele! — Os olhos de Rui se encheram de ferocidade. — Preciso que meu pai entenda que, sem mim, ele perde muito. O filho mais velho dele não é invencível!— Não vai acabar em tragédia, vai?Na tela, meu rosto estava um pouco pálido, com medo de que Rui fizesse algo exagerado
No dia seguinte, segui o endereço que Rui havia me enviado, sentindo uma mistura de animação e nervosismo. Ele foi muito discreto, não me contou nada sobre o estilo da casa, mas eu imaginava que seria um apartamento moderno com uma decoração minimalista.Quando o mordomo me levou até lá, o sol da manhã projetava sombras suaves sobre o piso de madeira, revelando as texturas naturais do material. Para minha surpresa, o ambiente transmitia aquela sensação acolhedora e urbana que eu tanto gostava.Todos os eletrodomésticos da casa já estavam instalados; só precisaria comprar alguns móveis do meu gosto e fazer pequenas alterações para que ficasse pronta para morar. Eu já tinha me acostumado a fazer chamadas de vídeo com ele sempre que conversávamos. Independentemente do que estivesse acontecendo, ver seu rosto, que não era nada feio, sempre melhorava meu humor.Contei a Rui mais ou menos o que queria comprar, e ele concordou imediatamente, insistindo em me enviar dinheiro.Eu não recusei
Minha mente ficou praticamente em branco. Eu segurava o celular com força, mas não sabia para onde ligar.O anúncio do aeroporto soou, trazendo-me de volta à realidade. Procurei o número de Luz e disquei, mas tudo o que ouvi foi uma voz feminina fria:— O celular está desligado.Quase nunca se comunicava com os pais de Luz por celular, e demorei para lembrar o nome pelo qual os havia salvo na minha lista de contatos. O celular tocou por um longo tempo antes de ser atendido, e eu, sem sequer cumprimentar, perguntei, quase em desespero:— Tia, onde está a Luz?!— Luz... Você está falando da minha Luz... — O choro, até então contido, se tornou audível. — Ana, você e a minha Luz sempre foram tão próximas desde pequenas... Eu te imploro, podia a ajudar, por favor?Eu conhecia a mãe de Luz há muitos anos. Professora universitária, ela sempre falava com calma, era uma mulher inteligente e elegante, com um sorriso suave no rosto, transmitindo simpatia e serenidade. Mas agora, estava desmoro
No avião, eu estava inquieta. Depois de uma hora de espera, o avião finalmente pousou.Assim que liguei o celular, imediatamente liguei para Rui. Não importava o motivo, se eu quisesse que Luz fosse libertada rapidamente sob fiança, com minhas habilidades atuais...Se Rui estivesse por perto, as coisas seriam muito mais fáceis. Nunca antes eu tinha sentido tanta necessidade dele.Nesses três dias, ele vinha agindo de maneira misteriosa, e eu não fazia ideia do que ele planejava fazer com o irmão. Ele sempre me dizia para não me preocupar e para esperar por ele em casa. Mas eu não conseguia contatá-lo.Foi só quando o táxi me deixou no hotel onde os pais de Luz estavam hospedados que desisti de tentar falar com Rui.A mãe de Luz me puxou para dentro do quarto. Ela, que sempre me tratou como a uma filha, fez uma reverência de noventa graus diante de mim. Seu rosto, antes marcado pela preocupação, se iluminou no instante em que me viu, como se eu fosse a última esperança.— Ana, sei que
À medida que o elevador subia, uma sensação inquietante se apoderava de mim. Era como se essa cena já tivesse acontecido antes, uma estranha familiaridade tomava conta de mim. Sempre que vinha a um hospital, algo ruim acontecia.O corredor do lado de fora do quarto não exalava o habitual cheiro forte de desinfetante, mas um leve perfume de flores. Um tratamento assim eu só havia visto no quarto do Pietro. Claro, o Bruno tinha escolhido o melhor hospital para o pai.— Ai! Gastei tanto dinheiro para contratar alguém com uma técnica tão ruim para me dar uma injeção? — Minhas reflexões foram interrompidas por uma voz irritada que vinha do quarto.— Não, senhorita, você não pode se mexer enquanto toma a injeção. Assim, vai acabar dando errado. — A enfermeira respondeu, tentando explicar.— Saia daqui! Não preciso de você! Mande outra pessoa! Olha só o hematoma que você fez!— Desculpe, desculpe, não foi minha intenção.— Chame o diretor do hospital agora!...Fixei o olhar na porta do qua
— Então me atinge! Continue! Tudo o que você fizer comigo, vou devolver em dobro para a Luz! — Maia gritou, esticando o pescoço e cerrando os dentes. — Ana, foram vocês que começaram isso! Tudo o que está acontecendo agora é o castigo de vocês!Eu não conseguia entender muito bem o que ela queria dizer com "começaram", mas estava claro que ela só via as coisas da maneira que lhe convinha, ignorando tudo o que não encaixava na sua narrativa.— Maia, não pense que só porque você está com o Bruno agora, isso te dá o direito de distorcer a verdade. O que você tem agora é apenas o que ele te deu por caridade. Se você realmente acha que com a sua própria força vai conseguir colocar minha amiga na cadeia, você é muito ingênua.— Eu estou com o Bruno?O olhar de Maia se perdeu no vazio. Ela se segurou na beira da cama e, cambaleando, se levantou, parecendo que qualquer vento a derrubaria. Ela me olhou devagar, fixando os olhos nos meus. O ódio que brotava de seu olhar de repente se intensific
A figura alta e esguia de Bruno bloqueava as luzes do corredor, deixando-o um pouco mais sombrio, assim como aumentava o ódio em meu coração. Sim. Se não fosse Bruno dando força para Maia, como ela teria a habilidade de não só descobrir onde eles estavam, mas também criar um plano tão elaborado? Não importava quem fosse o mentor por trás de tudo isso, no fim das contas, que diferença fazia? De certa forma, Bruno e Maia não eram quase uma única entidade?Olhei para o homem à minha frente, e sorri para ele com serenidade. Os dias ocupados fizeram minhas roupas ficarem tão amassadas que, por mais que eu as esticasse, não adiantaria. Ele, no entanto, estava impecável em seu terno preto, sem um único vinco, com a cabeça erguida em um gesto altivo, nem mesmo se dignando a olhar para mim.Já que ele fingia não me ver, eu também não precisava insistir em me humilhar. Não olhei mais para ele e segui em frente, passando por seu lado, sentindo uma dor profunda atravessar meu corpo ao nos es
Maia arregalou os olhos, incrédula.— Bruno, o que você disse?— Não costumo repetir o que falo, você ouviu muito bem. — Bruno suspirou, mas suas palavras eram firmes.Maia levou quase três minutos para processar aquele fato, mas ainda assim não conseguia aceitar.— Bruno, você está dizendo que me usou e depois me chutou de lado? — Ela começou a rir, um riso meio descontrolado. — Bruno, estou sangrando, sangrando por sua causa, e você não acredita que é para o seu bem? A Ana não ouve nada, você não entende de mulheres, se quer conquistá-la, não pode usar meios normais, tem que ser mais duro! Você não entende? Tem que confiar em mim! Diga, desde quando eu já te enganei? Sempre fui a que mais te obedeceu, e mesmo que dê tudo errado com a Ana, você já não disse que, se no fim das contas perder o interesse nela, você vai se casar comigo? Eu não me importo se você me ama ou não, só quero um lar com você!Maia de repente rastejou de joelhos na cama e agarrou a manga de Bruno.— Bruno, você e