Dei um leve chute no braço de Bruno, que escorregou mole para o chão como se não tivesse ossos. Ele estava com febre, a testa tão quente que me assustou. Bati no rosto dele com força, tentando despertá-lo. Seus olhos se abriram, cheios de uma ferocidade escura, mas, ao perceber que era eu, seu olhar suavizou, e ele me fitou como se estivesse em um sonho.Eu estava prestes a falar, mas ele me abraçou de repente, murmurando:— Se o tempo pudesse parar para sempre neste momento, seria perfeito.Houve uma época, em nossa breve intimidade, em que eu também tinha esse tipo de fantasia irreal. Naquela época, eu tinha uma família que me amava, uma mãe que me adorava e o homem que eu amava. Mas agora, eu não tinha mais nada disso.— Bruno, você é muito egoísta.Inclinei levemente a cabeça, e minha voz suave se aninhou em seu ouvido, penetrando fundo.O corpo febril de Bruno pareceu esfriar um pouco, e ele lentamente me soltou.— Ana, não queria te incomodar!Levantei-me, respirando fundo.— Se
As palavras de Maia não despertaram em mim nenhuma emoção. Pensei por um momento e calmamente disse a ela: — Então você menos ainda deveria ter vindo me provocar, afinal, sem mim, você não teria nada do que tem hoje. — Srta. Ana, você é muito confiante! Ela não admitiu, mas em seu coração era como se tivesse levado um golpe certeiro, apertando os punhos com força. Ela sabia melhor do que ninguém como havia conquistado tudo o que tinha, mas ainda assim, não se conformava. Afinal, o preço que pagou foi alto demais. Um sentimento de humilhação subiu em seu peito. — O Bruno é bom para mim, e isso não tem muito a ver com você. Ele só não gosta de você, Srta. Ana, não alimente ilusões. — Sendo assim, do que você está com medo? Não está na hora de ir embora? Minha expressão permanecia serena, mas uma profunda melancolia se apoderava do meu coração. Apesar de não ter muito contato com Maia, aos poucos fui entendendo sua personalidade. Ela era diferente de Gisele, não jogava palavr
Maia cruzou os braços diante do peito, assumindo a postura de uma vencedora e soltou um riso frio: — Bruno só estava interessado em você no começo porque era novidade. Mas, no final das contas, homens são todos iguais, até mesmo o Bruno. Srta. Ana, não fique tão triste. Bruno agiu rapidamente. Com apenas algumas palavras, a gravação do meu programa foi interrompida no mesmo dia. O diretor, acompanhado de várias pessoas, veio apressadamente, pegando o roteiro que eu havia preparado por dias e colocando-o nas mãos de Maia. Eles invadiram a sala de maquiagem como verdadeiros ladrões, mas trataram Maia com grande reverência. Ela levantou a mão e, na minha frente, rasgou o roteiro em pedaços. — Não preciso das coisas dela! Depois disso, sorriu para mim, mexendo os lábios sem emitir som, mas claramente dizendo "desculpe" de forma provocativa. Eu só havia assinado contrato para gravar um episódio, com a promessa de que, se o primeiro fosse bem recebido, poderíamos negociar uma ex
— Chega! — Tudo o que Bruno disse agora me enojou. — Pare de se emocionar com suas próprias ilusões!As perguntas dele, muito mais do que ter concordado em deixar Maia me substituir, gelaram meu coração.Encerrei a ligação, minha mão apoiada sobre a mesa tremia. Naquele momento, todas as minhas últimas esperanças para o futuro desmoronaram junto com a ligação.Hoje, para aparecer na televisão, me produzi com cuidado. Passei maquiagem, mas agora, olhando para o reflexo no espelho, parecia uma tola uma palhaça ridícula.De repente, lembrei das palavras da minha mãe. Seria que era mesmo uma idiota? Não deveria insistir em fazer tudo por conta própria? Adultos deveria aprender a ceder, não é?Na verdade, muitas mulheres nem amavam tanto seus maridos. Elas usavam o dinheiro deles para construir suas próprias carreiras, enquanto permitiam que eles tivessem outras mulheres fora de casa. Seria que uma família assim jamais podia conhecer o verdadeiro amor?Seria que um dia também me tornaria um
— Que empresa é essa? — Perguntei a Rui.— Ah, uma empresa de tecnologia.Eu ainda não entendia muito bem, nem sabia direito o que mais perguntar, então me limitei a fazer uma pergunta básica:— Deve ser difícil, né?Ele exibiu um sorriso travesso, mostrando os dentes.— Mais ou menos.Olhei para Rui, e naquele momento, parecia que o tempo havia parado. Meus olhos estavam fixos nele, e embora eu quisesse dizer algo, não conseguia encontrar as palavras certas.Não era difícil imaginar o quanto Rui precisou se esforçar para convencer o pai a lhe dar essa chance. Ou talvez reverter a situação de uma empresa que estava no prejuízo há três anos fosse, por si só, uma tarefa quase impossível. E, ainda assim, ele aceitou esse desafio por minha causa.Ele só falou das coisas boas, mas o que aconteceria se falhasse? O que o aguardaria nesse cenário?Rui já tinha sacrificado muito por mim, e eu não sabia como poderia retribuir. Meu coração se apertava de preocupação. Entre Bruno e eu, as coisas
— Não preciso mais te informar de quem eu gosto. Não sou funcionária da sua empresa, muito menos sua esposa. Presidente Bruno, não estenda sua mão para onde não é chamado!Mesmo tentando evitá-lo, não adiantava. Ele sempre encontrava uma maneira de se infiltrar na minha vida.Olhei para ele com teimosia, sem ceder um centímetro.— Você não estava doente? Deve ter sido difícil fingir, não é? Desde quando você começou a mentir? Desde o telefonema até trazer o irmão dele para cá... Foi rápido, hein? Não importa o quão próxima seja a relação entre suas famílias, nem o Severino deveria ser capaz de...Antes que eu terminasse de falar, um rosto bonito se aproximou rapidamente. No segundo seguinte, fui pressionada com força contra a porta do carro.Bruno segurou a minha nuca com uma das mãos, os dedos se entrelaçando no meu cabelo, e um arrepio percorreu meu corpo. Sua presença era ao mesmo tempo estranha e familiar, dominadora e autoritária.Seu corpo firme pressionava o meu, sem me dar cha
Balancei a cabeça. — Não vou acreditar em nenhuma palavra que você diz. Você já perdeu toda a sua credibilidade comigo. Bruno, de repente, virou a cabeça e me olhou com aqueles olhos negros e profundos. — Por que você não acredita em mim? Enquanto falava, ele levantou minha mão e a enfiou entre os botões da sua camisa. — Não estou mentindo, estou muito quente. O corpo de Bruno estava escaldante, uma temperatura anormal, e eu rapidamente retirei a mão, queimada pelo calor. Ele, no entanto, parecia não sentir desconforto e deu um leve sorriso enquanto brincava com minha mão, esfregando-a contra seu peito, soltando um gemido abafado e provocante. Ansiosa, curvei os dedos e arranhei seu peito, deixando marcas de sangue. Só então ele franziu a testa e me soltou. Sem qualquer pudor, ele começou a se despir na minha frente, tirando o casaco, o colete e desabotoando, um a um, os botões da camisa preta. Ele piscou os olhos, e o homem que antes me intimidava agora estava com um
Bruno ficou em silêncio. Ele se endireitou no assento, abotoando lentamente a camisa, peça por peça, vestindo de volta as roupas que havia tirado. Parecendo saborear o meu olhar, seus movimentos eram extremamente lentos, como se fizesse de propósito, cada gesto, até o movimento dos dedos, exalava uma sedução calculada. Eu não conseguia mais suportar, minha preocupação com Rui só aumentava, então o pressionei ansiosa: — Bruno, diga logo o que está acontecendo! Bruno sorriu, aquele sorriso perverso e desanimador, e, após ajeitar as roupas, fechou os olhos como se fosse descansar: — Quando eu fiquei doente, você nunca me preocupou assim. Olhei para o rosto de Bruno, marcado pelo cansaço, e de repente me senti igualmente exausta. No passado, quando eu gostava dele, era difícil não fantasiar. Imaginar a vida de uma esposa carinhosa cuidando de um marido doente, o que não deixava de ser um reflexo de uma vida de casal apaixonado. Eu tinha até ouvido dizer que quando um homem