Gisele, completamente desesperada, balançava a cabeça com força, suas mãos agitadas na frente do peito.— Não, não fui eu! Foi ela, ela caiu sozinha!Eu soluçava descontroladamente.— Como eu poderia machucar meu próprio filho? É o meu filho!Meu corpo tremia de tanto chorar, e Bruno segurou meu rosto com as mãos, e seus lábios frios tocaram minha testa em um gesto reconfortante.— Ana, vamos ao hospital primeiro, conversamos sobre o resto mais tarde.— Não! — Eu me debati em seus braços. — Eu preciso falar!Os jornalistas no auditório permaneciam em silêncio absoluto, suas câmeras e microfones capturando cada detalhe, cada palavra. Tudo o que Gisele e eu dissemos naquele momento estava sendo registrado, tornando-se uma prova inegável da sua maldade contra mim, sua cunhada. E assim, a história sobre Maia também não precisaria mais ser esclarecida. A verdade estava vindo à tona.Mas seria isso suficiente?— Gisele, você já armou contra mim antes, contratando um mendigo para me prejud
Os olhos de Bruno pareciam conter muitas palavras. — Vamos primeiro ao hospital. Prometo que vou te dar uma resposta satisfatória! Meus olhos já estavam turvos, mas era como se, pela primeira vez, eu tivesse entendido algo no olhar de Bruno. Eu acreditava nele. Desta vez, ele realmente iria me dar uma resposta satisfatória. Olhei para Bruno e sorri. Respondi suavemente com um "sim", o suficiente para partir meu coração. Senti-me um pouco confusa enquanto ele me carregava para fora. A paisagem diante de mim passava rapidamente em um piscar de olhos, mas logo já não conseguia ver mais nada, restando apenas uma imensidão de vermelho. Eu estava incrivelmente consciente em meio ao meu desmaio. Não sabia se era um sonho, mas pensei em muitas coisas. Uma encenação... Por que tudo parecia ser uma encenação? A dor física era real, o fato de ter perdido meu bebê era real, a tristeza que sentia no coração também era real. Como eu poderia me distanciar de tudo isso e tratar como
Abaixei o olhar e, quando levantei novamente, tudo o que restava em meus olhos era a determinação de me despedir do passado. — Sim, de forma consensual. — Respondi suavemente. Bruno permaneceu em silêncio. O funcionário, com paciência, perguntou novamente: — E o senhor? Bruno não respondeu de imediato, apenas virou a cabeça e me olhou. Seus olhos começaram a ficar vermelhos. Sob o olhar fixo dele, senti uma dor aguda no peito, e lágrimas ameaçaram cair dos meus olhos, como se uma tempestade tivesse se formado de repente, me atingindo antes que eu pudesse me proteger. Depois de um longo silêncio, Bruno virou o rosto e respondeu com a voz rouca: — Consensual. O olhar desconfiado do funcionário nos percorreu. — Não acho que o relacionamento de vocês esteja tão destruído assim... Vocês parecem... Antes que ele pudesse terminar, Bruno e eu a interrompemos ao mesmo tempo: — Não temos mais sentimentos um pelo outro. — Não temos mais sentimentos um pelo outro. Uma c
Eu olhei para Bruno, e nos seus olhos era impossível esconder a tristeza. Eu podia perceber a luta interna em seu olhar. O ponto dessa batalha era o fato de que a família que ele sempre desejou desde criança havia se desmoronado. Ele me chamava de cruel porque eu não levava em consideração seus sentimentos, não cedia a ele. Era exatamente isso que Pietro vinha repetindo várias vezes. As pessoas costumavam dizer que uma infância imperfeita exigia uma vida inteira para ser curada, e ele me culpava por não continuar ao seu lado, mantendo a fachada de nosso casamento fracassado. Por isso, ele achava que eu era cruel. Respirei fundo, forçando-me a reprimir a ardência que subia pelas minhas narinas. Eu jamais acreditaria que Bruno nutrisse qualquer tipo de sentimento por mim. — O que você disser, está dito. Levantei a mão e pressionei meus dedos contra a testa. Além do cansaço, o que me dominava era uma sensação de completa exaustão, tanto física quanto emocional. Eu já não via
Uma hora depois, o vídeo de mim e Bruno nos despedindo por sessenta segundos na porta do cartório já havia sido postado online. No vídeo, a barra do casaco de Bruno esvoaçava, e a cena dele me olhando partir foi descrita pelos internautas como mais triste do que qualquer novela. [Quanta desesperança é necessária para ir direto ao cartório se divorciar logo após perder um bebê?] Quanta desesperança era necessário? Soltei um sorriso amargo. Esses internautas sabiam exatamente como cortar meu coração com uma faca. Algumas pessoas, curiosas sobre meu passado com Bruno, investigaram por muito tempo, mas só conseguiram encontrar o momento em que, na coletiva de imprensa da Gisele, eu e ele fingimos estar apaixonados. Havia um comentário no meu Twitter: [Essa foi a doçura que expirou mais rápido que já vi, nem deu para aproveitar.] Resumindo, o triste final do meu relacionamento com Bruno foi rotulado como falso. Eles diziam que tudo era mentira. Joguei o celular para o lado e fique
O rosto inteiro de Bruno parecia ainda mais pálido sob a luz que vinha de cima. Ele não precisava fazer nada. Apenas ao me olhar daquele jeito e dizer essas palavras suaves, ele me deixava sem forças.Sem forças a ponto de me fazer sentir um desespero profundo.— Bruno, se você quiser, podemos nos sentar e ter nosso último jantar juntos, sem falar de mais nada.Não era que eu nunca tivesse lhe dado oportunidades, mas ele sempre escolheu outra pessoa.Ele disse que mandaria Gisele para fora do país, mas eu sabia que isso não seria fácil. Gisele havia se machucado de novo, cortou os pulsos. Sempre que Bruno a forçava a fazer algo que ela não queria, ela se feriria. Em Cidade J, mesmo que Gisele drenasse todo o seu sangue Rh, Bruno encontraria uma maneira de salvar sua vida. Mas no exterior? O que ele faria?Bruno não podia garantir segurança total para ela. Como ele teria coragem de arriscar a vida dela?Foi então que, tristemente, percebi: se entre eu e Gisele alguém tinha que se ma
— Hã?Eu não entendi de imediato, e enquanto ainda estava atônita, Rui me apressou novamente:— Estou aqui embaixo, na frente do seu prédio. Você não perguntou sobre os fogos de artifício? Vim te explicar direitinho.Fiquei um pouco hesitante, afinal, estava muito cansada naquele dia. Estava prestes a recusar quando o tom de Rui ficou mais suave:— Ana, desça logo!— Descer para quê?— Venha aqui embaixo, não me faça vir até aqui à toa.— Eu nem te pedi para vir.— Que ingrata, você disse que queria o mais rápido possível....Eu admitia que fui eu quem disse que o quanto antes seria melhor, mas isso já era um exagero. Meu coração começou a bater um pouco mais rápido. Não sabia se era por causa dessa linha tênue entre homens e mulheres, ou se isso se chamava flerte, mas meu coração estava realmente acelerado. E eu não queria que fosse assim.— Não, deixe para amanhã. Eu vou te ver.Rui ficou desapontado, e sua voz refletia isso, com um toque de tristeza:— Ah, já está tarde, e eu já v
Rui raramente ficava em silêncio, e eu logo caí em um sono profundo.Quando abri os olhos novamente, diante de mim estava o vasto oceano, tão lindo quanto as estrelas no céu. Inclinei a cabeça para fora do conversível e me apoiei no carro. No segundo seguinte, fogos de artifício explodiram no céu noturno, fazendo meu coração acelerar.Havia uma tristeza dentro de mim, que começou a se dissipar através dos meus olhos marejados.Eu não podia dizer que era uma pessoa que sempre cumpria o que dizia. Na minha vida, já falei muitas coisas, talvez tivesse feito várias promessas. Como dizer que queria ficar com Bruno para sempre. Não cumpri isso. Disse que queria abrir meu próprio escritório de advocacia. Isso também não aconteceu.Mas agora, eu consegui.Se não pude recebê-lo em minha vida, ao menos pude despedir-me de sua partida.Era uma pena que ele poderia ter florescido no meu coração de maneira ainda mais brilhante do que os fogos de artifício.Enquanto eu observava os fogos de artif