De repente, tudo à minha frente começou a escurecer. Apoiei a cabeça no túmulo, sentindo uma dor lancinante, como se uma agulha prateada tivesse perfurado meu cérebro. Algumas memórias esquecidas começaram a ressurgir...Maia. Por isso eu achava seu rosto tão familiar, por isso sentia que já a havia visto em algum lugar. Bruno era bonito, vinha de uma família rica, e ao longo da vida, nunca consegui contar quantos admiradores ele teve, nem me importei. Quando era jovem, sempre pensava que um homem tão arrogante e distinto jamais poderia ser alcançado por alguém comum.Mas houve uma exceção. Uma vez, ele salvou uma garota que estava sendo intimidada pelos colegas. Depois disso, para protegê-la, ele permitiu que ela se aproximasse mais, até a apoiou em sua viagem ao exterior... Eu achava que ele era não só lindo, mas também gentil. E a garota era Maia...Gisele falou com uma indiferença despreocupada.— Comparada a ela, prefiro você. — Ela sorriu, lembrando sua antiga inocência. — Ana
A voz de Gisele do outro lado da linha de repente emitiu um suspiro profundo, seguida por um murmúrio confuso.— Irmão!O celular parecia estar escondido, tornando a voz dela mais distante.Bruno falou lentamente, mas com severidade:— O médico disse que não consegue te encontrar em lugar nenhum? O que está fazendo?A voz de Gisele tremia:— Estou fazendo uma ligação.— Para quem?— Para a Ana...Ao mencionar meu nome, houve um breve silêncio, e a voz de Bruno se tornou ainda mais fria:— O que você tem a conversar com ela?— Quero que ela me exponha, assim as pessoas na internet vão me criticar e não a Ana. Eu vi que o Kevin estava ajoelhado na porta da ex-esposa, chorando; o assunto voltou a esquentar. Não quero que a Ana sofra por causa do trabalho dela, ela só ganhou um processo.Pisquei, duvidando se realmente tinha ouvido aquilo. Era quase risível de tanta raiva que sentia. Sabia que o divórcio de celebridade nunca deixaria de ser notícia em menos de quinze dias, mas ela estava
A voz do homem era baixa: — Se você está cansada, durma. Fico aqui com você. Na última fração de consciência, eu sacudia a cabeça internamente; isso não poderia ser Rui, senão como sua voz teria o poder de acalmar? O pior foi que Rui devia ter visto minha expressão desolada e não saberia como me zoar. Mas isso não importava; eu já aceitava até que Bruno tivesse um filho com outra mulher, então, o que era a provocação de Rui? Eu estava exausta. Após retornar ao país, fui direto ao tribunal e vivi uma noite de tortura. Minhas emoções eram uma montanha-russa, e eu me dizia que era hora de dormir. Em um instante, abandonei toda resistência, entregando-me ao abraço de Rui, perdendo totalmente a consciência. Sonhei com o início do meu casamento com Bruno, quando Gisele adoeceu gravemente, e desde então ela se tornou parte da minha vida. Algumas dúvidas talvez não precisassem ser comprovadas; todas as respostas estavam ali. Ao acordar, minha consciência se desprendeu do sonho,
Rui se endireitou, olhando para mim de cima enquanto gritava: — Você é a louca, dormindo como um porco! Chamei você para levantar e comer tantas vezes, e você nem acordou nenhuma! E eu? Não tinha dignidade? — Não vou comer, não estou com fome! Levantei a coberta para me levantar, mas então percebi que a roupa que usava não era o vestido roxo que eu havia escolhido. Em vez disso, estava vestindo uma camisa branca, masculino... Fiquei paralisada. Nem mesmo estava usando sutiã... Gritei e rapidamente puxei o cobertor para me cobrir, olhando para Rui com uma fúria incontrolável, meu dedo indicador apontando para ele: — Onde estão minhas roupas? Rui riu, com as mãos na cintura, olhos semicerrados. — Você não acha que as roupas que você arrastou pelo chão podem ir para a minha cama, né? Até achei sujas ao te abraçar. Ele falava como se estivesse comentando sobre o clima, sem um pingo de arrependimento em seus olhos castanhos. Minhas mãos segurando o cobertor tremiam,
Meu pulso foi agarrado por Rui, e tentei me soltar, mas ele tinha muita força. — Você vai me bater? — Não quero falar com você. Solte-me! Saia daqui! — Esta é a minha casa! — Então se afasta, eu vou embora! Rui de repente sorriu. — Que crueldade! — Na fração de segundo seguinte, ele segurou minha mão e me pressionou na cama. — Ana, hoje não vou mais me importar. Prefiro que você me odeie para sempre do que permitir que você fique com o Bruno! Nos seus olhos castanho-escuros, eu via meu próprio rosto pálido. Ele fechou os olhos e, sem hesitar, se inclinou para baixo. Tentei desviar o rosto, mas seus lábios tocaram o travesseiro ao meu lado, enquanto seu corpo, que pressionava o meu, tremia.Eu nunca estive tão próxima dele, a ponto de uma fina coberta não conseguir esconder os corações que pulsavam freneticamente. Não sabia por que, mas entre nós, duas pessoas vivas, pairava uma quietude mortal. Após um breve silêncio, como se tivéssemos iniciado algum ritual misterios
Nunca imaginei que a minha relação com Bruno acabaria envolvendo todos. Principalmente entre adultos, como é que duas pessoas poderiam brigar por causa de sentimentos? Era extremamente vergonhoso! Bruno lentamente virou a cabeça, seu olhar gelado como uma lâmina afiada. — Você me mordeu por causa dele? O gosto de sangue invadiu minha boca; não era porque eu tinha quebrado a pele do pulso dele, mas sim porque seus músculos estavam tão tensos que fizeram minhas gengivas sangrarem. Ele não parecia se importar nem um pouco com a dor que causei. Levantei lentamente a cabeça e, diante do olhar questionador de Bruno, percebi que sua raiva não era apenas por ciúmes. Era mais uma questão de dignidade, de traição. Para ele, isso era uma humilhação que nenhum homem poderia suportar. Ele sempre teve tudo fácil na vida e, provavelmente, nunca havia enfrentado algo tão constrangedor, como flagrar sua própria esposa na cama com outro homem... A pressão em seu punho aumentou, e Rui a
Fiquei um pouco atordoada; não esperava que Bruno dissesse isso. Acompanhando sua respiração, fui gradualmente me acalmando, como se a situação que eu achava insuportável não o afetasse em nada. As notícias que quase explodiram minha cabeça eram, na verdade, sobre nós dois, mas eu era a única em pânico. Forcei um sorriso enquanto começava a vestir o paletó de Bruno. — O que você queria de mim? — Desviei o olhar para a janela, incapaz de encarar o sangue escorrendo de sua cintura. — Deixe-me em algum lugar e volte para o hospital. Cuide-se, e quando você se recuperar, poderemos nos divorciar. Era uma proposta digna, não? Senti um orgulho silencioso, interpretando o papel de uma mulher independente. Ele deveria estar aliviado por eu não insistir em discutir Maia. Estava tão satisfeita que até me impressionei com minha própria determinação, sorrindo para não deixar lágrimas brotarem nos meus olhos, repetindo para mim mesma que não estava triste. Mas ele não respondeu, e me
Isso não era um beijo. Era mais como uma punição que me fazia sufocar. Eu estava envolta em um cheiro de sangue, sem saber se era do Bruno ou de nós dois. De qualquer forma, era uma experiência pior do que qualquer outro beijo que já tive. Era tão horrível que me fez ter uma ilusão risível e absurda: parecia que, mesmo esgotando suas últimas forças, ele queria que morresse em meus braços. Parecia que me acostumei a ele sempre me olhando, me puxando para perto e me dando um beijo sem mais nem menos. Acostumei-me ao seu sorriso gentil e cortês, a este homem que me tratava como sua esposa. De repente, percebi que Bruno me havia domesticado. Através de inúmeras primeiras vezes, ele me fez sentir o amor de uma forma nova, mostrando que a paixão unilateral era sem sentido; o amor verdadeiro era aquele que se dava em duas vias. A consequência disso era que não sabia mais como recusá-lo.Eu de repente deixei de lado minha resistência, permitindo que ele batesse seus dentes no