Quanto mais nervosa, mais fácil cometia erro. Eu queria tanto fugir que, na pressa, esqueci de levantar a barra do vestido, e acabei caindo, envolta completamente no tecido, no chão. Maia ouviu o barulho e saiu correndo do quarto. — O que aconteceu? Você se machucou? — Ela perguntou, vindo me ajudar. — Cuidado! Se você se machucar, Bruno vai ficar preocupado. Baixei a cabeça e limpei as lágrimas com força; ao erguê-la de novo, sorri para ela e disse um "obrigada". Sabia que estava cheia de falhas naquele momento, mas minha personalidade competitiva me impediu de mostrar fraqueza diante da cúmplice que me humilhava. — Nada, já nos conhecemos, somos amigas, certo? Maia sorriu, empurrando-me na direção do quarto de Bruno. Não conseguia descrever o que sentia ao caminhar em direção a ele, passo a passo; meu coração parecia tremer. Eu não sabia quais palavras ainda mais dolorosas ele poderia me dizer. Era como ser levada a um verdadeiro tribunal de humilhação! Respirei fun
Fazia tempo que não via Bruno me olhar assim. Há algumas horas, sua expressão era suave, cheia de ternura, mas agora ele me encarava com os olhos semicerrados, a impaciência evidente. — Você estava ouvindo lá fora? Respirei fundo, forçando um sorriso despreocupado. — O que já foi dito, não deveria ser problema se outros ouvirem, ou será que o que você disse foi só por medo de que eu soubesse? Observava aquele rosto que conhecia tão bem, sentindo uma mistura de emoções complexas. Amor? Não, isso não se aplicava, pois meu coração já havia sido ferido demais por ele. Ódio? Também não, eu sabia que tinha minhas falhas e não esperava que ele me amasse de verdade. Talvez fosse a humilhação de me achar esperta, mas ainda assim ser enganada que me machucava tanto. Eu devia estar tão irritada com ele que meu coração doeu tanto ... tão desesperada ... O tempo entre nós parecia ter parado, e eu o encarei por um longo tempo, até que cheguei a uma conclusão. Um homem como Bruno
Bruno estava em uma situação extremamente difícil, mas eu não tive coragem de olhar para trás. Temia ver seu rosto pálido, com aqueles olhos escuros perdendo completamente o brilho. Com o pouco de racionalidade que me restava, chamei uma enfermeira, sem sequer pensar se uma enfermeira tão pequena conseguiria ajudar um homem tão alto. Saí do hospital em meio ao desespero, o mais rápido que consegui.As pétalas laranjas tremulavam ao vento. Além do túmulo dos meus pais, não sabia aonde ir para chorar livremente. Adultos pareciam assim: até para chorar, precisavam de uma razão, de um lugar adequado. Acreditei que conseguiria me libertar completamente. Mas quando realmente me encontrei de joelhos diante do túmulo deles, a intensidade da minha raiva e da minha angústia se tornaram suaves. O mais triste era que parecia que eu havia perdido a capacidade de chorar. Ou talvez essa relação disfuncional com Bruno fosse algo que eu não me atreveria a contar aos meus pais, restando-me apenas
De repente, tudo à minha frente começou a escurecer. Apoiei a cabeça no túmulo, sentindo uma dor lancinante, como se uma agulha prateada tivesse perfurado meu cérebro. Algumas memórias esquecidas começaram a ressurgir...Maia. Por isso eu achava seu rosto tão familiar, por isso sentia que já a havia visto em algum lugar. Bruno era bonito, vinha de uma família rica, e ao longo da vida, nunca consegui contar quantos admiradores ele teve, nem me importei. Quando era jovem, sempre pensava que um homem tão arrogante e distinto jamais poderia ser alcançado por alguém comum.Mas houve uma exceção. Uma vez, ele salvou uma garota que estava sendo intimidada pelos colegas. Depois disso, para protegê-la, ele permitiu que ela se aproximasse mais, até a apoiou em sua viagem ao exterior... Eu achava que ele era não só lindo, mas também gentil. E a garota era Maia...Gisele falou com uma indiferença despreocupada.— Comparada a ela, prefiro você. — Ela sorriu, lembrando sua antiga inocência. — Ana
A voz de Gisele do outro lado da linha de repente emitiu um suspiro profundo, seguida por um murmúrio confuso.— Irmão!O celular parecia estar escondido, tornando a voz dela mais distante.Bruno falou lentamente, mas com severidade:— O médico disse que não consegue te encontrar em lugar nenhum? O que está fazendo?A voz de Gisele tremia:— Estou fazendo uma ligação.— Para quem?— Para a Ana...Ao mencionar meu nome, houve um breve silêncio, e a voz de Bruno se tornou ainda mais fria:— O que você tem a conversar com ela?— Quero que ela me exponha, assim as pessoas na internet vão me criticar e não a Ana. Eu vi que o Kevin estava ajoelhado na porta da ex-esposa, chorando; o assunto voltou a esquentar. Não quero que a Ana sofra por causa do trabalho dela, ela só ganhou um processo.Pisquei, duvidando se realmente tinha ouvido aquilo. Era quase risível de tanta raiva que sentia. Sabia que o divórcio de celebridade nunca deixaria de ser notícia em menos de quinze dias, mas ela estava
A voz do homem era baixa: — Se você está cansada, durma. Fico aqui com você. Na última fração de consciência, eu sacudia a cabeça internamente; isso não poderia ser Rui, senão como sua voz teria o poder de acalmar? O pior foi que Rui devia ter visto minha expressão desolada e não saberia como me zoar. Mas isso não importava; eu já aceitava até que Bruno tivesse um filho com outra mulher, então, o que era a provocação de Rui? Eu estava exausta. Após retornar ao país, fui direto ao tribunal e vivi uma noite de tortura. Minhas emoções eram uma montanha-russa, e eu me dizia que era hora de dormir. Em um instante, abandonei toda resistência, entregando-me ao abraço de Rui, perdendo totalmente a consciência. Sonhei com o início do meu casamento com Bruno, quando Gisele adoeceu gravemente, e desde então ela se tornou parte da minha vida. Algumas dúvidas talvez não precisassem ser comprovadas; todas as respostas estavam ali. Ao acordar, minha consciência se desprendeu do sonho,
Rui se endireitou, olhando para mim de cima enquanto gritava: — Você é a louca, dormindo como um porco! Chamei você para levantar e comer tantas vezes, e você nem acordou nenhuma! E eu? Não tinha dignidade? — Não vou comer, não estou com fome! Levantei a coberta para me levantar, mas então percebi que a roupa que usava não era o vestido roxo que eu havia escolhido. Em vez disso, estava vestindo uma camisa branca, masculino... Fiquei paralisada. Nem mesmo estava usando sutiã... Gritei e rapidamente puxei o cobertor para me cobrir, olhando para Rui com uma fúria incontrolável, meu dedo indicador apontando para ele: — Onde estão minhas roupas? Rui riu, com as mãos na cintura, olhos semicerrados. — Você não acha que as roupas que você arrastou pelo chão podem ir para a minha cama, né? Até achei sujas ao te abraçar. Ele falava como se estivesse comentando sobre o clima, sem um pingo de arrependimento em seus olhos castanhos. Minhas mãos segurando o cobertor tremiam,
Meu pulso foi agarrado por Rui, e tentei me soltar, mas ele tinha muita força. — Você vai me bater? — Não quero falar com você. Solte-me! Saia daqui! — Esta é a minha casa! — Então se afasta, eu vou embora! Rui de repente sorriu. — Que crueldade! — Na fração de segundo seguinte, ele segurou minha mão e me pressionou na cama. — Ana, hoje não vou mais me importar. Prefiro que você me odeie para sempre do que permitir que você fique com o Bruno! Nos seus olhos castanho-escuros, eu via meu próprio rosto pálido. Ele fechou os olhos e, sem hesitar, se inclinou para baixo. Tentei desviar o rosto, mas seus lábios tocaram o travesseiro ao meu lado, enquanto seu corpo, que pressionava o meu, tremia.Eu nunca estive tão próxima dele, a ponto de uma fina coberta não conseguir esconder os corações que pulsavam freneticamente. Não sabia por que, mas entre nós, duas pessoas vivas, pairava uma quietude mortal. Após um breve silêncio, como se tivéssemos iniciado algum ritual misterios