Pensei que meu coração já estivesse completamente ferido. Mas, quando Bruno me alimentou com o café da manhã, algo apertou de leve no meu peito. Quando ele me carregou até o banheiro para usar o toalete, a mesma sensação pressionou meu coração mais uma vez. À noite, ele abriu as cortinas e os fogos de artifício brilhantes explodiram sobre a praia. Ele continuou desligando as ligações de Gisele, me abraçou e disse que, durante essas férias, ele só ficaria comigo...Ele parecia ser mais habilidoso que um médico experiente, realizando uma espécie de ressuscitação apenas com pequenos gestos.Pensei que eu seria fria e impiedosa, mas, aparentemente, não era o caso.Eu o odeio por ter me dado tudo tarde demais, e também odeio a mim mesma por não ter sido firme o suficiente. Odeio o fato de ter sido tocada por essas pequenas coisas, como se eu fosse uma criança. Odeio ainda mais o fato de que, no momento em que o vejo, meu coração se descontrolou por ele...Cada movimento de Bruno era co
Bruno, ao ver-me chegar, fez menção de se levantar para me acompanhar até o quarto. Eu o empurrei de volta, obrigando-o a se deitar novamente, como se ele estivesse me carregando nas costas. Estendi o braço e tirei o celular de suas mãos. Só então percebi que a pulseira que ele sempre usava no pulso não estava mais lá, e eu não sabia desde quando tinha sumido. — E a sua pulseira? — Perguntei. Ele olhou para o pulso e, ao recolher o braço, deu um tapinha leve no meu. — Faz um tempo que não uso mais. Fiquei completamente surpresa. Aquela pulseira era tão importante para ele que, mesmo quando a tinha deixado na Antiga Mansão da família Henriques, ele fez questão de voltar para buscá-la. Seria que agora, por ele e Gisele já terem ficado juntos e alcançado um final feliz, ele achou que não precisava mais a usar? Mas, vendo que ele não estava de bom humor, preferi não continuar discutindo o assunto. — Estou atrapalhando a empresa? Bruno apertou a ponte do nariz, cansado,
Bruno me ergueu do chão, segurando-me em seus braços. — Com uma técnica tão ruim, acha que pode me mandar embora?... Eu nem sabia quem foi que acabou de perder o controle e rugir, pedindo para eu fazer mais rápido... Mordi os lábios, querendo retrucar, mas as palavras eram embaraçosas demais para sair: — Você, parecia estar bem satisfeito! Soltei um leve resmungo e desviei o rosto. No segundo seguinte, senti sua boca quente envolvendo meu lóbulo da orelha. — Agora está com vergonha? Antes parecia ser tão ousada, né? Fingindo estar calma, empurrei-o. — Não gostou? Então, não há próxima vez. Virei-me para voltar ao quarto, mas, conforme caminhava, uma frustração começou a surgir. Até a areia macia sob meus pés parecia incômoda. Os humanos eram realmente criaturas estranhas. Sob o domínio do desejo, era fácil se perder, e uma vez perdido, era fácil fazer algo de que se arrependeria depois... Como agora. Bruno me alcançou em dois passos, colocando o braço em meus omb
Meu olhar caiu sobre a mala preta ao lado da perna dele. — Você não disse que não iria embora? Bruno, com suas longas pernas, caminhou até a beira da cama e tentou acariciar o topo da minha cabeça, mas virei de lado, evitando seu toque. Sua mão ficou no ar, retraindo-se de forma constrangedora. — Sim, vou voltar. Suspirei por dentro, sem saber ao certo o que estava sentindo. Bruno, esse homem, era realmente irritante. Quando eu já estava pronta para deixá-lo partir, ele vinha com esse jogo de profunda afeição. E quando eu acreditava em suas mentiras, sem a menor defesa, ele anunciava sua partida. — Faltam só esses dias? — Sim, é urgente. — Não dá para ficar? — Tenho que voltar. — Mas você disse que ficaria comigo por uma semana. A paciência de Bruno desapareceu, e sua expressão ficou séria. — Estou voltando para resolver algo relacionado a você. Seja sensata e entenda a importância das coisas. Eu te trago no futuro novamente. Mas seu semblante não demonstrava
Alguns choravam por causa da despedida, enquanto outros se alegravam com o reencontro. O aeroporto estava lotado, e eu passava apressada sozinha, sem nem mesmo uma mala de mão para me acompanhar. Parecia que Bruno ia quebrar sua promessa mais uma vez. Ele havia dito que estaria presente no julgamento hoje, mas até agora, não o vi, nem recebi uma única mensagem dele. Antes de ele embarcar, pelo menos eu lhe desejei uma boa viagem. Havia uma sensação de isolamento no meu peito, como se uma parede invisível me separasse de tudo ao meu redor. Com um sorriso falso no rosto, forcei-me a romper esse vazio interior. Eu não tinha tempo a perder, e nada podia afetar meu estado mental naquele momento. Hoje era um dia muito importante para mim. Enquanto esperava a hora do julgamento, finalmente encontrei minha cliente. Como ela havia prometido, se sua condição de saúde permitisse, ela viria. Mas a mulher que apareceu diante de mim, que deveria ser deslumbrante, estava irreconhecível
O resultado foi bem claro. Agradeci à confiança do meu cliente e ao juiz por ter considerado as minhas observações como um jovem advogado ao proferir a sentença. Ursula logo publicou uma mensagem no Twitter: [Grata pelo encontro, a partir de agora seguiremos caminhos diferentes.] Os internautas precisavam de tempo para assimilar, assim como Ursula. Ela segurou minha mão, tremendo sem parar. O que eu podia fazer naquele momento não era interferir, mas apenas lhe oferecer um abraço. Eu imaginava que, dentro dela, estava acontecendo uma despedida grandiosa para Kevin, para o amor deles, e para a sua própria vida que estava prestes a se extinguir. Após a saída de Ursula, recebi o restante do pagamento na minha conta bancária: trinta e cinco milhões de reais. Junto com o adiantamento que já havia sido pago, o total era cinquenta milhões de reais. Ursula, como sempre, cumpriu sua palavra e garantiu que eu recebesse um valor satisfatório. Foi só mais tarde que descobri que es
Ao ouvir o que o secretário disse, eu imediatamente me dei conta: nos últimos dias, enquanto me divertia fora, evitei entrar na internet para não estragar meu humor. Assim que tirei o celular do bolso, ele rapidamente segurou minha mão.— Presidente Ana, a partir de hoje à noite, você não será mais a Presidente Ana. Que tal aproveitar o dia e aprovar minha carta de demissão?— Por que só hoje à noite?Embora já tivesse acordado o preço de compra com os acionistas, eu ainda não tinha assinado nada. Além disso, muitos detalhes ainda precisavam ser discutidos, como a forma como eles planejavam dividir tudo, entre outros pontos.Olhei desconfiada para ele, mas sem hesitar, peguei o tablet que ele me passou e assinei imediatamente. Minha mãe tinha falecido, e ele já estava prestes a sair. Na verdade, fui eu quem pediu para que ele me ajudasse nessa transição. Mas quem diria que, ao fazer isso, acabei removendo não só ele, como também a mim mesma do Grupo Oliveira?— Ah, a propósito, o
As roupas que Bruno preparou para mim não estavam no quarto.Este hotel era parceiro de mais de duzentas marcas, e o primeiro andar era repleto de lojas de luxo. Quando o mordomo me levou até lá, no entanto, não havia uma única pessoa.— Hoje, pode passear à vontade. O Presidente Bruno já arranjou para que o local fosse reservado só para você. As roupas que gostar podem ser levadas diretamente para o encontro com o Presidente Bruno.A maneira como o mordomo falava, com suas mãos cobertas por luvas brancas e os dedos levemente curvados, dava vontade de dar-lhe um soco...Escolhi um vestido longo de desfile em um tom de roxo encantado.O corpete justo, de estilo palaciano, tinha um decote tomara-que-caia com uma fenda que chegava até o umbigo. Um véu de tecido leve fluía da cintura, e as flores bordadas na saia revelavam uma beleza sedutora a cada passo.Romântico, mas com um toque de sensualidade.Arrumei-me, achando-me a pessoa mais bonita do mundo. Mas, no instante em que vi Bruno, pa