Virei a cabeça e olhei para ele com um olhar inocente, despreocupada, perguntando: — Por que mencioná-lo? Então fiz uma expressão como se tivesse compreendido de repente: — Da próxima vez, sou eu que vou te proteger? Estendi a mão e belisquei a ponta do nariz de Bruno, imitando o jeito que ele costumava fazer comigo. Bruno, no entanto, não era tão paciente. Ele agarrou minha mão de repente, levando-a até seus lábios, e mordeu levemente, deixando uma marca redonda e precisa nas costas da minha mão.Bruno riu: — Nem conseguiu desviar disso, e ainda quer me proteger!Eu ri, mexendo o pulso. A marca de dentes, apesar de pequena e regular, parecia queimar como se tivesse sido tocada por ácido sulfúrico. Embora ele não tivesse mordido com força, a impressão ficou profundamente marcada na minha pele, fazendo meus músculos repuxarem, e meu braço inteiro começou a tremer.Em minha mente, sabia que isso parecia um gesto de um casal apaixonado, mas no fundo, eu tinha plena consciênc
No fim, não fomos à delegacia. Mas além de beijar, não fizemos mais nada. Hoje, Gisele não foi à escola, ficou em casa sozinha com o irmão, mas acabou sendo interrompida pela própria mãe. Bruno saiu para me encontrar, e a Gisele estava visivelmente irritada. Durante o jantar, ela batia os talheres com força, e não conseguiu conter o desabafo à mesa. — Ana, meu irmão já está cansado todos os dias. Será que você pode parar de atrapalhar? Se você quer trabalhar, isso é problema seu, mas você é esposa dele. Pode, por favor, parar de tornar a vida dele, que já é difícil, ainda mais exaustiva? Eu estava prestes a pegar o prato, mas recolhi a mão. Com a mão esquerda, esfreguei a tigela morna, e, relutante, a coloquei de volta na mesa. Bruno estreitou os olhos levemente e também colocou o prato de lado. Todo mundo queria paz em família. Mesmo que houvesse discussões, colocá-las à mesa tendia a estragar o clima de todos. Esse tipo de comportamento era totalmente inaceitável na
Enquanto discutíamos, percebi que, sem querer, acabei levando isso a sério. Ao lembrar dos últimos quatro anos, cada momento que passei com Bruno, cada cena, tinha a presença de Gisele.Antes, eu lembrava do meu lugar, mantendo a compostura, sem lutar, sem competir. Até na intimidade, qualquer tentativa de ser mais ousada era barrada pela reserva que mantinha dentro de mim, uma espécie de timidez enraizada, o que não surtia nenhum efeito de sedução.Mas agora... Agora eu lutei, agora eu competi, e mesmo assim o coração dele não estava comigo. Era frustrante.Esse sentimento era tão pequeno que eu mal conseguia falar em voz alta, de vergonha de mim mesma. Afinal, por quanto tempo eu "dominei" Bruno?Não! Não era dominação!Apenas aproveitei o tempo em que Gisele não queria Bruno, e foi nesse intervalo que ele vinha secretamente para ficar comigo, para se deitar comigo!Segurei minha cabeça com uma das mãos, sentindo a dor latejar, e minha voz saiu carregada de tristeza, sem a necessid
Eu me sentei sobre a cintura de Bruno, olhando para ele de cima. Seu pomo de Adão subia e descia, e o desejo em seus olhos estava claro, mas ele não tinha pressa.Sob a luz suave da lua, suas mãos firmes seguravam minha cintura, enquanto me observava de todos os ângulos, como se estivesse admirando seu brinquedo mais precioso. Seus olhos negros, profundos como buracos negros, absorviam o brilho das estrelas. Nossos olhares se encontraram, e eu perguntei:— Você quer de novo?— Certo... — Ele soltou um leve suspiro, seguido de um sorriso discreto. — Cada segundo.No instante seguinte, ele envolveu minha cintura com uma das mãos e me puxou para seu peito, beijando-me com uma paixão crescente. Ambos estávamos começando a perder o controle.Comparado aos quatro anos frios de casamento que vivemos, o momento atual se parecia muito mais com uma fase de paixão intensa, como a dos tempos de juventude. Nossos corpos, desejosos um do outro, eram como papoulas viciantes, prontos para se entreg
Aquela noite havia sido um pouco insana, tanto que, quando acordei, minha mente estava completamente confusa e turva. Perguntei à dona Rose que horas eram e ela me informou que já estávamos no segundo dia.Dei um tapa forte na própria testa. A essa altura, Kevin provavelmente já havia sido transferido para o centro de detenção.Apressei-me a lavar o rosto e a me maquiar. Assim que saí do quarto, Gisele apareceu na minha frente no momento exato.Seus lábios cor-de-rosa esboçaram um sorriso estranho, que, embora tivesse durado apenas um instante, eu fui rápida o suficiente para capturar. Era como se um pequeno demônio de asas e cauda longa, com dentes afiados, estivesse ali.Ela mudou o olhar e colocou no rosto uma expressão de inocência.— Ana, o meu irmão não está em casa, quero conversar com você. — Era a primeira vez que ela me procurava com tanta seriedade. — Ana, meu irmão disse que vai me mandar de volta para a Antiga Mansão da família Henriques. É porque estou dormindo no quart
Gisele, no fim, não conseguiu mais se conter. Fiquei em silêncio por um momento, puxando minha mão, que estava ficando pálida de tanto que ela a apertava. Sorri.— Então, você contratou alguém para te ferir e depois jogar a culpa em mim, foi isso que você fez, certo?O sorriso de Gisele desapareceu, seus olhos cheios de malícia enquanto falava com desdém:— E daí? Meu irmão nunca acreditaria que fui eu. E mesmo que soubesse, ele daria um jeito em tudo por mim. Esqueceu daquela vez, na minha escola, quando uma mulher gorda te deu um tapa? Vou te contar a verdade, eu contratei uma atriz também. Aquele tapa foi planejado por mim! Você se lembra? Naquela vez, você também queria me expulsar! Ana, eu não ajo sem motivo, foi você que me forçou a fazer isso!De repente, Gisele começou a rir descontroladamente...No segundo seguinte, ela cobriu o rosto com as mãos e se agachou, chorando baixinho...Fiquei um pouco atordoada, tentando processar tudo o que Gisele havia acabado de me contar. Entã
Depois de acalmar meus pensamentos, ainda fui procurar o Kevin.Ao entrar novamente no centro de detenção, senti um turbilhão de emoções. Eu tinha acabado de sair de lá, mas parecia que todos haviam perdido a memória. Minhas dores foram levemente ignoradas, esquecidas...— Adv. Ana! — Uma voz masculina urgente me chamou, quebrando meus pensamentos. Levantei o olhar e vi que era Kevin.— Não me chame de Adv. Ana. — Estendi a mão para ele, sorrindo suavemente. — Hoje, não vim aqui como advogada. Aliás, como advogada de sua esposa, não seria adequado conversar diretamente com você.Ele apertou minha mão de leve, logo soltando. Eu podia sentir o esforço dele para controlar suas emoções.— Desculpe. — Ele murmurou em voz baixa.Balancei a cabeça.— Não tem problema. Vamos falar sobre o que importa. Hoje, vim aqui como amiga de sua esposa, apenas para bater um papo.— Ela está bem? — Kevin perguntou, com um tom um pouco abatido.Lembrei-me da única vez que vi Ursula. Mesmo com uma maquiagem
— Ana. — Eu estava prestes a sair quando uma voz masculina de repente me chamou. Mesmo sem me virar, eu sabia exatamente de quem era aquela voz. Olhei para a porta próxima de mim, suspirei profundamente e, com um sorriso no rosto, me virei. — Nelson.Eu não esperava encontrar Nelson aqui. Afinal, ele já tinha sofrido bastante por minha causa. Eu lhe devia isso. Repeti a mesma pergunta que fiz a Kevin: — Você está bem?Ele apertou os lábios. O homem, vestido com seu uniforme, parecia forte e resoluto, mas o leve rubor no canto dos olhos o traiu. Atravessando o longo corredor, ele se aproximava de mim, passo a passo. — Obrigado.— Desculpe.Quando ele chegou à minha frente, nós dois falamos ao mesmo tempo. Ele sorriu de repente, mostrando uma fileira de dentes brancos sob a aba do boné. — Tem um tempo? Vamos comer algo juntos. — Hesitei por um momento, e ele acrescentou: — Lembro que você ainda me deve um jantar.Fiquei em silêncio, então ele continuou: — Se você achar que nã