Passei o resto da noite em claro, tentando reacender meus poderes de volta. Martelando o que Thryee havia dito: transferido meus poderes. Pietro nunca contou que isso era possível ou como poderia ser feito. Thryee acredita que eu havia transferido e eu acreditava que ele apenas tinha me incapacitado de usar meus poderes, como prisioneira nesse maldito castelo.
Quando pensei que não haveria ninguém vigiando minha porta, resolvi me arriscar a ir na ala oeste novamente, mesmo com o jeito que acabou o jantar, não conseguia deixar de sentir que precisava encontrar aquela porta e saber o que há atras dela. Lembrava um pouco do caminho e mesmo estando escuro, levei uma vela acesa do quarto, não demorei muito para achar o corredor de novo, o cheiro de enxofre entregava o lugar.
Mesmo com a pouca iluminação que a vela trazia, conseguia enxergar a névoa dançando até o meu corpo, me atraindo para mais pe
— Meu Deus, Brar! — falei animada — Como você me encontrou?Me levantei da cama e corri até a janela. Brar, o luer do Pietro, uma coruja não muito amistosa, mas com certeza salvadora, subiu em meu braço. Ele estava diferente, maior do que eu me lembrava. Pietro me alertou sobre isso, que nessa galáxia a maioria dos animais são quase dez vezes maiores dos que habitam a Terra. Brar era uma prova disso, seu tamanho parecia ter aumentado no mínimo quinze vezes mais.— Skyla conseguiu falar com o Pietro, não conseguiu? — Brar girou a cabeça e aceitei isso como um sim.Na sua garra esquerda tinha algo preso, uma bolinha quase do tamanho de uma bola de gude. Desprendi e Brar voou novamente para a janela. Mexi no artefato, que era leve e bem pequeno, não sabia o que era.— Como esse treco funciona? — perguntei, remexendo na bolinha estranha. Antes
Às coisas estão começando a ganhar uma nova forma, uma nova esperança de conseguir sair daqui. Ainda me sentia mal pelo o que vi na madrugada, era algo tão doentio que eu teria que achar uma forma de acabar com aquilo. Sabia que não era possível sem os meus poderes, precisava realmente saber o que aconteceu com eles.Sempre que pensava em meus poderes, me pegava mexendo no colar do Gabe, o meu totem, meu talismã. Gabriel havia sido meu gatilho para aceitar os meus poderes, em abraçar o meu verdadeiro eu, por assim se dizer. Ele havia me aceitado do jeito que eu sou, antes mesmo de eu saber o que eu era exatamente. Tudo o que descobri sobre mim mesma tinha sido graças ao seu amor e a sua paciência comigo.Ainda não entendi como ele pode se apaixonar por mim, durante todos esses anos e ainda por cima, esperar que eu me apaixonasse por ele de volta. Sentia tantas saudades dele que doí
Com o passar dos dias, fui mapeando os corredores e as escadas do castelo. Depois do terceiro dia, havia conseguido entrar em quase metade dos cômodos que estavam em dois andares. Alguns eram quartos bem luxuosos, outros apenas salas de estar outros escritórios, tinha passado por no mínimo três bibliotecas lotadas de livros, do teto até o chão. Pelo o que eu havia conseguido folhear dos livros, a maioria eram sobre magias, feitiços e encantamentos, conseguia até sentir a magia emanando das páginas dos livros e pairando no ar.Infelizmente, meus poderes ainda não tinham voltado. Eu começava a achar que talvez eles nunca mais voltariam, o que poderia ser algo bom. Provaria que eu não era a profecia, a Zeakash, que o destino do universo não estaria mais em minhas mãos e eu finalmente poderia voltar para casa. Troy e eu poderíamos voltar para casa.Faltava apenas dois dia
Começando pelo lado oposto do local que ele me mostrou, era totalmente diferente que parecíamos que estávamos em uma outra ilha, pelo menos não em uma ilha pequena. Uma grande vegetação e bastante árvores, quase uma pequena floresta, era o cenário do local, à uns dez metros afastado da lateral do castelo. Encontrei outro pátio também malcuidado, um estábulo com vários cavalos que eram cinco vezes maiores que os da Terra. Sempre que via algo descomunal, me lembrava que as coisas aqui sempre serão maiores do que os da Terra. Uma ferraria estava de frente para o estabulo, o que era bem conveniente. Nela encontrei o ferreiro, um senhor com uma aparência de quarenta cinto anos, moldando espadas cumpridas e com curvaturas, não era nenhum pouco simpático igual o Fezzik. Quando lhe acenei com a cabeça, fez uma cara feia e gritou algo que provavelmente significava para
O tom da pele do garoto era avermelhada, os cabelos eram compridos, escorridos e pretos, com três mechas diferentes, uma verde, outra laranja e uma amarela. Suas orelhas eram pontudas, mas não possuía nenhum cifre igual Luriel e Fezzik, suspeitava que era apenas elfo. Confirmei a suspeita ao encontrar a marca no ombro esquerdo, enquanto a do Thryee era similar a uma marca tribal em seu rosto e a minha sendo uma árvore, que agora voltou ao normal, sem a serpente e as dores indesejadas, a do garoto lembrava a rosa dos ventos sem as coordenadas que a original possuía, no lugar estava outros símbolos, parecidos com runas. Ele com certeza deveria ser um elf.Não demorou muito para Luriel voltar com as coisas que eu ordenei, logo atrás dela estava o Fezzik.— O que ele está fazendo aqui? — perguntando confusa.— Ele era um curandeiro antes de vim para cá — explicou. — Ac
Enrolei o pergaminho de novo e coloquei em Brar. Ele logo foi embora, me deixando sozinha de novo com os meus pensamentos e um garoto inconsciente. Me sentei na poltrona perto da janela, olhando a paisagem vasta do céu e do oceano, me perguntando aonde eles estariam, o que estariam fazendo. Troy, Nat e todo o resto estavam com a vida encaminhada, fazendo algo com elas. Enquanto o máximo que eu tinha feito, foi salvar a vida de um garoto, olhei para a cama e o observei ainda dormindo, pacifico, em paz. Como a inocência de uma criança é algo puro, bonito. Para mim era uma lembrança tão distante, como se eu não conseguisse recordar quando comecei a ver o mundo do jeito que ele é, não tudo de uma vez. As camadas vão sendo retiradas, a cegueira e ingenuidade vai se apagando, a sabedoria que vamos recebendo. E quando notamos, já fazemos parte do mundo e ele faz parte de nós.Vê-lo aqui m
— Então, que é o chyia? — perguntou Troy enquanto limpava meu rosto com um pano úmido.— Chyia? — falei confusa.— Pequeno — traduziu, indicando para o garoto deitado na cama. — Presumo que tenha sido esse o motivo dessa pequena destruição? — indicou para o quarto que se mostrava com todas as mobílias praticamente quebradas. Era como se um pequeno furacão passou em nosso quarto.— É — murmurei. Não queria contar como o garoto veio parar aqui. — O que me faz lembrar, preciso cuidar dele — me levantei com dificuldade.— Você precisa se cuidar primeiro, Ella — advertiu, me puxando de volta para a cadeira. — Você está um trapo.— Olha quem fala — retruquei com humor, analisando-o.— Isso? Consequência da caça, normal — justificou.
Quando fiquei na Itália, conversávamos pelo menos duas vezes por semana. Eram conversas de horas. Ele, fascinado pela comida italiana, me perguntava sempre os restaurantes que fui ou recomentava um vinhedo para eu visitar nos finais de semana. Nossas conversas eram sempre agradáveis, mesmo naquela época em que eu era afastada e desanimada com a vida, meu pai sempre soube me fazer sentir em casa.Skyla me acompanhou de volta. Chegando em casa tudo estava apagado, como se não houvesse ninguém em casa. Peguei a chave escondida debaixo da pedra falsa no canteiro da frente e abri a porta. O cheiro da casa invadiu o meu rosto em cheio.O silencio era quase doloroso demais ali dentro, como se tudo estivesse morto, adormecido em casa.Observei uma fresta de luz surgindo do escritório da minha mãe no fundo da casa, perto da entrada do quintal. Fui em direção com esperança no peito, talvez fosse