Milla
Rio grande do Sul. Eu sempre sonhei em morar nesse lugar. Quando adolescente costumava ver suas belas imagens através da tela do meu celular e sonhava que um dia teria a minha chance, e ela finalmente ela chegou. Sorrio satisfeita, largando a mala vazia no compartimento do meu guarda-roupas e olho os móveis arrumados em seus devidos lugares.
— Até que enfim! — digo abrindo um sorriso de pura satisfação.
Quando a Fox Automotivos me ligou confirmando que a vaga seria minha não pensei duas vezes em arrumar as minhas malas e partir imediatamente. Mas eu não vim sozinha. Trouxe a Valentina Ferber, minha irmã caçula comigo porque quero lhe dar uma oportunidade também. É claro que eu não vim aqui apenas para trabalhar. Tem todo um planejamento e nele está incluso o meu curso de administração de empresas. Eu sou uma pessoa bem ambiciosa e sonhadora, e quero muito conquistar o meu espaço nesse mundo. Meu nome Ludmila Ferber – Mila para os amigos mais próximos e os parentes, claro. Eu tenho vinte e quatro anos e sou a filha mais velha da família Ferber. A Valentina e eu viemos do interior de São Paulo em busca de novas oportunidades e é exatamente por isso que estamos aqui. Com um suspiro animado saio do meu quarto, levando comigo uma bolsa de tamanho mediano que contém algumas coisas que vou precisar durante o meu dia de trabalho. Hoje é o meu quinto dia na empresa e a ansiedade ainda é a mesma do primeiro dia.
Devo admitir que o caminho para a Fox é realmente admirável e arrisco dizer encantador também. Isso aqui mais parece o paraíso das flores. É tão colorido e tão lindo! Essa é a vantagem de ir de ônibus para o trabalho e para a minha felicidade, não terei muita dificuldade já que a Fox fica bem no centro da cidade, e eu só preciso pegar um ônibus para chegar lá. Em pouco menos de vinte e três minutos, desço do ônibus e ponho o meu crachá no bolso do terninho azul, adentrando o luxuoso hall da empresa, e sigo com satisfação para um dos elevadores.
Isso aqui é o máximo! Penso casa vez mais animada e quando as portas largas se abrem, não consigo deixar de focar encantada com a decoração. Paredes beges, quadros enormes exibindo carros luxuosos, antigos e lustrosos. Um belo piso de mármore branco e tudo isso em um enorme corredor a minha frente. Respiro profundamente e sigo direto pelo corredor.
***
Alguns minutos...
Estou encarando a tela do computador já tem mais de dez minutos. Sério, o que tem de especial na genética da família Rios? Gente, vocês precisam ver o que eu estou vendo. Não posso me afogar sozinha nessas belezas afrodisíacas que são os homens dessa família. Ok, vocês não podem ver, mas eu posso descrever para cada um deles para vocês. Vamos lá. Matheus Rios, esse tem um corpo atlético e um olhar sério de um castanho escuro, que chega a brilhar em contraste com a luz do ambiente. O homem é uma fortaleza. É tão alto que mal consigo alcançar a sua altura. Os seus cabelos são negros e eles batem na altura da sua nuca. E aqueles cachos largos que emolduram o seu rosto quadrado, meu Deus! Aí vem o tal Lucian Rios. Esse é mais novo e tem a carinha de bebê, emoldurada por uma barba cerrada e bem desenhada, que faz um contraste rebelde com o cabelo cortado rente a nuca, e um topete estupidamente liso caindo na sua testa. Não posso deixar de mencionar o seu corpo atlético e a estatura demasiadamente alta, que parece ser a marca registrada dessa família.
Céus, e aquelas mãos?!
Mas é o tal Pedro Rios que é o feiticeiro. O homem é moreno e bem diferente dos seus irmãos que tem a pele um pouco clara. Ele não usa barba, o que deixa bem a vista a barroca sexy no meio do seu queixo. Desperto da minha pesquisa quando escuto alguns passos firmes vindo na direção da minha mesa e rapidamente fecho a tela do meu computador. E não deu outra. Bem na minha frente está nada mais e nada menos do que Pedro Rios, a tentação em pessoa. E sem me dar um centímetro da sua atenção ele segue direto para a porta da sala do Matheus – meu chefe e simplesmente me ignora sentada ali. Limpo a minha garganta e decido falar antes que ele chegue à porta.
— Bom dia senhor Rios, o Matheus não está. — Uso o meu mais novo tom profissional e logo tenho a sua atenção todinha para mim. E Deus do céu, no segundo seguinte homem parece um felino me rodeando e me olhando. Na verdade, ele está me devorando mesmo e agora o presidente da Fox é todo sorrisos, com sua voz sedutora a cada vez que me dirige a palavra. Reviro os olhos internamente. Não sou nenhuma boba. Ah, mas não sou mesmo! Estou trabalhando nas empresas Fox há uma semana e sempre que tenho um tempinho livre, estou navegando na internet. Não vou negar que muitas das vezes estou focada nos status dessa família e Pedro Fox Rios é simplesmente predador. Um caçador nato de lindas mulheres e eu garanto que não serei mais uma a deitar-se na sua cama. E não deixo essas palavras lacradas nos meus pensamentos. Acreditem, digo cada uma delas em voz alta. Após deixar isso bem claro para o presidente da empresa, o safado ainda teve a ousadia de inclinar-se sobre a minha mesa, deixando o seu rosto a centímetros do meu. Na hora eu só pensei, isso é de lascar a sanidade de qualquer mulher, mesmo uma mulher como eu.
— Avise para o seu chefe que preciso falar com ele assim que ele chegar. — Ele pede com sua imponente, exalando todo o seu poder e masculinidade. Ok, agora estou me abanando por dentro e me repreendo por sentir qualquer emoção sobre o seu ataque. Portanto, reprimo um gemido baixo e mantenho o meu olhar firme sobre o seu. No instante seguinte o observo erguer o seu corpo e ajeitar o seu terno, para sair como se fosse um pavão com toda a sua pompa e elegância, deixando para trás o seu perfume amadeirado. Engulo em seco e penso: ainda bem que ele não é o meu chefe! Fecho os meus olhos e volto a respirar fundo, tentando manter o meu controle. Ok, era para eu relaxa com esse gesto, mas a droga do perfume do homem ainda está no ar e a minha mente rodopiou ligeiramente quando tentei me levantar.
— Era o Pedro? — Uma voz feminina pergunta com um pouco de animação. Portanto, abro os meus olhos e me ajeito em cima da minha cadeira, encarando Cecília Rios uma das irmãs dessa família. Limpo a minha garganta para não deixar transparecer o tanto aquele imbecil mexeu comigo e forço um sorriso amarelo para ela.
— Sim, era.
— Quando ele chegou de viagem? — Ela questiona olhando na direção que o homem seguiu. Dou de ombros.
— Eu não sei, Cecília. —Perceberam? Cecília, é assim que nos tratamos aqui. Cecília, Eloá, Lucian, Matheus e... Senhor Rios. Por que essa diferença? Então, eu quero manter esse caçador de mulheres bem longe de mim, então nosso contato não se resume a uma intimidade formal.
— O que ele queria?
— Falar com o Matheus.
— Ah, o Matheus está aí? — Ela aponta a porta.
— Não, ele ainda não voltou da reunião.
— Tudo bem, o Pedro pode resolver isso pra mim. Obrigada, Mila!
— Por nada! — Ela se afasta apressada com os seus saltos altíssimos ecoando pelo piso e some do corredor seguinte. Imediatamente volto para a tela do meu computador, mas dessa vez para voltar ao trabalho.
PedroUm mês depois...Ludmila Ferber. Esse nome tem me atormentado há dias. A garota é simplesmente um osso duro de roer e ela não baixar a guarda por nada nesse mundo. A merda toda é que tenho visto aqueles olhos puxados me acusando o tempo todo, não importa onde eu esteja ou o que eu esteja fazendo. Eles estão sempre lá me olhando e me acusando. Foda-se! Eu sou Pedro Fox Rios, o poderoso chefão. O homem que não se deixa levar, porque ele mesmo leva. O cara que manda e desmanda na porra toda e que é adorado pelas garotas mais lindas, e gostosas dessa cidade e do mundo. E acredite, elas fazem questão de deitar-se na minha cama e de me proporcionar boquetes maravilhosos. Definitivamente eu não tenho o que reclamar. Penso virando-me de frente e encaro o teto do meu quarto soltando um suspiro baixo, tentando afastar esses pensamentos para longe da minha mente. Não é justo que depois de uma noite quente de um sexo dominador com uma mulher maravilhosa eu venha estragar tudo pensando na se
Pedro No último andar o elevador já está completamente vazio, exceto por mim e quando as portas se abrem, o meu dia cai em ruína.— A diaba — resmungo baixo, olhando de longe para a senhorita Ferber e hoje pelo jeito ela veio para arrasar comigo.E por quê, eu lhes digo! Porque não consigo evitar de apreciar a maldita saia lápis de tom rosado, que desenha com perfeição o seu quadril largo e em seguida subo pelo tecido delicado e provavelmente macio da sua camiseta sem mangas. O detalhe é que a droga do pano deixa transparecer sutilmente o sutiã meia taça branco, que abraça com perfeição os objetos do meu desejo. Seus belos seios. Ok, sou um pervertido realista e assumido! Eu amo as mulheres e particularmente amo as partes as que elas têm. Faz sentido? No entanto, respiro fundo e me forço a sair de dentro do elevador, atraindo a sua atenção para mim. Sorrio por dentro quando ela disfarça e volta a conversar com Matheus meu irmão, e finjo indiferença quando ela me lança um olhar rápido
MillaRespiro fundo pelo menos umas três vezes antes de bater na porta do meu chefe e abri-la, para em seguida entrar. Matheus tem um sorriso largo e feliz no rosto e está falando ao telefone. Ele faz um gesto para que me aproximar e eu faço, deixando alguns papéis sobre a sua mesa.— Preciso desligar, querida, nos vemos a noite. Beijo, eu te amo! — Chego a suspirar com esse final de ligação e assim que ele põe o aparelho em cima da mesa, se ajeita em sua cadeira, pega os papéis e começa a folheá-los.— Ele assinou todos? — pergunta olhando direto para mim.— Sim, mas esqueci de falar que deseja falar. — Meu chefe apenas assente.— Você demorou para voltar — comenta guardando os papéis em sua maleta executiva.— Pois é, ele passou uma eternidade para assiná-los. Nunca vi retardar tanto uma simples assinatura — resmungo me acomodando em uma cadeira. Contudo, Matheus se levanta, levando as mãos nos bolsos laterais da sua calça. Calmamente ele contorna a mesa e vem até mim.— Está tudo b
Milla— Hum, relatório perfeito, Milla! Você realmente nasceu para isso, meus parabéns! — Sorrio amplamente para esse elogio do Matheus. Quer dizer, não foi muito esforço e na verdade, cada detalhe desse evento me deixou bem animada. Juro que cheguei a imaginar cada cenário, cada carro e cada investidor. — Está na hora do almoço e eu vou me encontrar com a Laura, e com a Angel — diz me despertando e no ato, ele me devolve o papel. — E após sair do restaurante vou direto para a montagem da nova frota de carros que deve ficar pronta. Eu devo demorar por lá e depois, irei para uma reunião com Pedro.— Então não virá mais para a empresa hoje?— Não. Se quiser pode ir para casa e aproveitar o resto do seu dia.— Ótimo, assim terei mais tempo para estudar para as provas. Obrigada por me ajudar com isso, Matheus! — Não seguro o impulso de abraçá-lo carinhosamente e o meu chefe retribui o meu gesto sem hesitar.— Não precisa agradecer, Milla. Acredite, eu tenho segunda intensões com cada favo
MilaNo dia seguinte...Abro os meus olhos soltando um gemido frustrado. Definitivamente maratonar uma série até altas horas da madrugada não foi uma boa ideia, mas não adianta chorar o leite derramado, certo? Portanto, me forço a sair da cama e vou direto para o banheiro.— Milla, me empresta o seu batom vermelho? — Valentina grita do meu quarto assim que fecho a porta.— Claro. Ele está na minha bolsa. — Entrar debaixo da água morna é como um balsamo e rapidamente me sinto desperta. Levo um tempo lavando os meus cabelos e quando volto para o meu quarto encontro a minha irmã sentada no centro da minha cama e usando a minha maquiagem. — Por que está mexendo nas minhas coisas? — retruco e abro a porta de um guarda-roupas antigo a procura de algo para vestir.— Você sabe que amo as suas escolhas, elas são simplesmente perfeitas!— Não são tão diferentes das suas escolhas.— O que é isso? — Ela pergunta com uma curiosidade palpável e eu fito o pequeno envelope na sua mão.— É um convite
MillaMinutos depois...— Céus, estou faminta! — Valentina resmunga quando ocupamos uma das mesas da StarBooks, uma biblioteca maravilhosa que comporta uma das melhores lanchonetes da região. É um ambiente puramente sofisticado e silencioso que envolve leitura e lanches formidáveis.— O que vai pedir?— E você ainda pergunta? Adoro as generosas fatias de torta de avelã desse lugar e o café gelado então! — Sorrio.— Acho que vou querer uma desses croissants com chocolate quente. O frio da noite logo chegará.— Oh! — Valentina sibila me fazendo tirar os olhos do cardápio para encará-la. — Aquela não é uma de suas chefes? — Ela questiona com curiosidade e imediatamente os meus olhos vão para o outro lado do salão onde Eloá Rios está acomodada em uma pequena mesa retangular e acompanhada do seu marido. No entanto, dou de ombros.— Ela não é propriamente a minha chefe. A Eloá é a irmã do meu chefe, é bem diferente — digo desviando os meus olhos da linda mulher e faço sinal para a garçonete
Pedro — Fala sério! Você realmente acha que o Matheus e a Milla... ah qual é, Pedro todo mundo sabe que o Matheus é louco pela Laura e pela Angel. Ele nunca faria isso com a sua família! — Lucian retruca e parece indignado com as minhas suspeitas. Encosto-me na cadeira no meu escritório e bebo um pequeno gole da minha bebida.— Não sei não, Lucian, eles estão sempre próximos. A maneira como conversam e riem. Por duas vezes entrei na sala dele e a Milla, ela parece ficar meio sem jeito. Sem falar que eles param de falar sempre que notam a minha presença. Agora me diz, isso é ou não é quando eu estranho? — inquiro desconfiado. No entanto, meu irmão caçula me lança um olhar especulativo.— Falou com ele sobre isso? — Faço sim com a cabeça.— Falei.— E? — Dou de ombros e me levanto da cadeira, largando o copo em cima da minha mesa.— Ele ficou irritado com a minha pergunta. Disse que era um absurdo eu pensar assim dele, mas não confirmou e nem negou. — Na parte final dessa frase, fecho
Pedro— Faculdade de administração, hein? — cantarolo para a morena que mantém o seu habitual comportamento rígido. — Eu não fazia ideia.— O que há demais nisso, senhor Rios?— De verdade, nada, mas estou orgulhoso de você.— Obrigada! Quando eles virão? — Ela indaga impaciente olhando para o relógio no seu pulso.— Calma, Ludmila, eles chegarão logo.— Hum. — Ela diz com descaso e enfia a cara nos papéis. A minha língua coça de vontade de puxar mais conversa com ela. Na verdade, eu estou curioso. Eu não sei exatamente nada sobre Ludmila Ferber. De onde ela veio, quem ela é realmente e a pergunta que não quer calar: O que eu tenho a ver com isso, porra?! Desde quando Pedro Rios procura saber sobre a vida das mulheres? Respiro fundo e me arrependo no mesmo instante, afastando-me do seu perfume que invade as minhas narinas e faz coisas que eu não consigo entender com o meu sistema. Portanto, aproximo-me de uma parede de vidro transparente e fito a cidade. — Espero que saiba o que está