Valentina
.Nunca gostei de correr, mas nesse momento eu precisava, juntei todas as forças que já não tinha e corri para a sede. Assim que cheguei, tive de enfrentar minha tia. De todos da família é dela que tenho mais medo, pois aquele sorriso lindo que ela dá é só um jeito de esconder que vai me matar a qualquer momento. Já minha mãe não, ela já olha e vem de uma vez.— O que aconteceu princesa? — ela me pergunta quando entro na sala, paro no lugar respirando fundo antes de falar.— A Kate pulou de uma pedra na lagoa, se não fosse o Emanuel eu não ia conseguir a tirar de lá. — Camila que segurava um prato de bolo na mão o deixa cair na hora que se levanta com tudo.— Ela está bem?— Não sei prima, ela acordou e depois desmaiou. O primo está levando-a para o hospital.— Vamos lá. — tio Isaque fala já colocando o chapéu na cabeça e pegando a chave do carro que fica pendurada na parede.Meus tios e meus primos vão para o hospital, enquanto eu fico para descansar um pouco, como já estava ficando tarde decido ir buscar a Goiaba no estábulo e voltar para casa. Minha mãe com toda certeza vai ficar brava comigo. Mas assim que entro vejo duas pessoas que não queria ver, e ver o Daniel ali com uma mulher. Me faz lembrar do dia que o vi com a Ciça, mas agora ele estava com a Carla, a vaca da Carla. Eu não sei, toda vez que vejo ele com uma mulher, me sinto tão mal, me sinto horrível, como se apertasse meu coração nas mãos e não entendo o motivo disso.Eu tinha de entrar lá, pois Goiaba estava ali, me aproximei encostando em uma baia aberta e pude escutar a conversa deles. Mas no fundo não deveria ter ouvido, não deveria mesmo, pois aquelas palavras me apertaram tão forte o peito que a vontade de chorar me dominou.— O que você acha da Valentina, Daniel? Você vive atrás dela. — Carla fala passando a mão no braço do Daniel que fica a encarando.— Por que você quer saber o que eu acho da Val?— Porque, sim, horas. Só quero saber.— Eu a acho uma criança mimada. — Carla sorri para ele como uma cobra e o agarra no pescoço dando um beijo. Aquilo doeu tanto, mais do que ver ele com a Ciça. Porque a Carla era uma vagabunda, que saia com todos os peões da fazenda, todos mesmo ela não se importava com isso e pelo jeito o Daniel era o próximo.Saio de lá correndo, nem pego minha égua, não queria ver o que eles iam fazer depois, por mais que eu já imaginava o que seria. Chego em casa já de tarde, cansada e descabelada, vejo meu irmão saindo de fininho para a cachoeira ia ver a Rose, pelo jeito eles tão dando certo.Conto para minha mãe o que aconteceu com a Kate e ela fica preocupada, esperamos respostas e já quase a noite minha tia liga avisando que ela está bem, que vai pernoitar lá.Me jogo na cama derrotada, não consigo esquecer das palavras do Daniel, eu era uma criança mimada, uma criança, será que ele nunca ia perceber que eu já cresci e não sou mais uma criança. Mas, porque me preocupo com isso, eu não devia me preocupar, afinal ele nem é mais meu amigo.Rose AnteroSempre observei Guilherme de longe, ele parecia não gostar de mim e eu achava que era pela briga dos nossos pais. Para mim ele é o rapaz mais lindo da cidade, moreno claro, alto, dos olhos verdes. Uma combinação perfeita, perfeita até demais, pois todas queriam ele e eu ele não me queria.Era isso que sempre achei, pois, não conseguia me aproximar dele. Até que comecei a reparar que alguém me observava quando ia me banhar na cachoeira e eu comecei a fazer isso todos os dias no mesmo horário. Não sou uma moça vergonhosa, sei o que eu quero e vou atrás para conseguir, como dizem se Maomé não vai até à montanha, a montanha vai até Maomé.No caso o meu Maomé só ficava me observando e eu o observava também. Esperando o momento certo e claro que não deixaria passar, quando eu vi a chance eu a agarrei com força e vontade, e não o deixei escapar de mim até conseguir o que eu queria. Posso dizer que era tudo que eu imaginava e um pouco mais.Só não gostei muito dele ser tão tímido comigo, eu tive de me jogar, parecendo uma oferecida senão era capaz dele fugir. Mas isso foi só no primeiro dia porque no segundo eu nem precisei falar nada, pois já chegou tirando a roupa entrando na água, me pegando no colo e se encaixando em mim.— Guilherme eu preciso ir. — Digo com ele agarrado ao meu corpo, distribuindo beijos no meu pescoço.— Só mais um pouquinho, você é muito gostosa.— Guilherme já fizemos sexo duas vezes seguida.— Faremos a terceira. — Sinto ele deslizar para dentro de mim.— Você não se cansa não?— De você nunca meu amor.Sinto cada movimento profundo que ele me proporciona, indo e vindo de forma rápida, nem parece que já fizemos isso duas vezes, pois ele não se cansa e eu gosto muito disso.Seus beijos sobem até meu pescoço e depois morde minha orelha, percebo ele sair da água comigo agarrada em seu corpo, com todo seu comprimento dentro de mim. Ele sai apenas para me colocar no chão, à terra macia e úmida encosta em meu corpo, e ele se deita por cima de mim. Colocando minhas pernas em seus cotovelos e me abrindo mais ainda para recebê-lo. Assim que ele entra com força eu não consigo segurar o gemido de prazer, e ele toma minha boca em um beijo gostoso e calmo, a cada movimento ele aumenta a força me deixando perdida. Seguro seu cabelo quando sinto o prazer tomar conta de mim e logo o dele se mistura com o meu, Guilherme além de lindo, romântico e fofo, sabe me satisfazer de todas as formas. Ele cai em cima de mim e depois rola para o chão, ficamos olhando as nuvens que começam a mostrar que vai escurecer.— Namora comigo Rose. Eu já disse que te amo, e quero ficar com você. — Me viro em sua direção vendo que ele me olha de forma intensa.— E nossos pais?— Problema deles, se eles não aceitarem nós dois, damos um jeito. Eu posso cuidar de você Rose, sem ou com minha família.— Seguro sua boca e beijo com carinho, ele me abraça segurado em meu cabelo.— Eu aceito ser sua namorada Guilherme.— Você é tudo que eu sempre quis Rose, tudo que eu sempre quis.Antes que ele resolvesse entrar em mim de novo, corri para a lagoa tirando à terra do meu corpo e depois me trocando, não podia chegar tarde em casa, meu pai não gostava muito. Assim que cheguei, fui direto para o banheiro, tomei um banho relaxante e toda hora que eu lembrava que agora era namorada do Guilherme meu coração acelerava.Sai do banheiro enrolada na toalha dando de cara com a minha madrasta, Magda. Ela se casou com meu pai pouco depois que minha mãe morreu, e sempre deixou claro que não gosta de mim, ela não pode ter filhos e sempre odiou crianças como ela mesma diz.Minha mãe morreu eu tinha cinco anos e meu pai sempre j**a na minha cara que a culpa é minha. Isso me dói sempre doeu e eu tento ser uma boa filha, tento o agradar, mas parece que nada que faço é suficiente.No dia que minha mãe morreu eu estava doente e ela foi a farmácia comprar um remédio. Mas assaltaram a farmácia e ela morreu no assalto, cresci sempre me culpando se eu não tivesse ficado doente ela não teria ido lá, não teria morrido e eu a teria ao meu lado. Quando Magda chegou eu pensei que seria uma amiga mais não, ela nunca demostrou nenhum sentimento por mim, nenhum além do desprezo.— Se troque seu pai quer falar com você Roseane. — Ela diz apenas isso em tom frio e sai me deixando ali.Coloco uma roupa e olho no espelho para ver se não tem nenhuma marca. Quando vejo que está tudo certo, vou até à sala aonde meu pai me espera com o cigarro na mão, Magda está no outro sofá lixando as unhas, ela não faz nada além de cuidar dela mesma e brigar com as empregadas.— O senhor me chamou pai? — digo assim que me aproximo ele se levanta e vem em minha direção, sem dizer nada acerta um tapa forte no meu rosto me fazendo recuar um passo.— Como você pode se envolver com alguém daquela família Roseane? Você sabe que não suporto nenhum deles. — Levanto os olhos com a mão ainda no rosto.— Pai eu...— Diga a verdade filha ingrata. Com tantos homens nessa porcaria de cidade foi se envolver com um Rodrigues!— Eu amo o Guilherme, pai. — Ele acerta outro tapa em meu rosto agora me fazendo cair no chão.— Pensou no que eu disse querido, acho que seria uma boa opção. — Me viro olhando para Magda que parece ter prazer de me ver daquele jeito— Concordo com você querida, pode ligar para seu Irmão.— Concorda com o que pai? — me levanto e pergunto já com medo da resposta.O irmão da sua mãe, quer casar o Maurício, e precisa de uma noiva, ela acha uma boa ideia que seja você. — Olho de um para o outro sem acreditar nisso.— Não! Eu não vou me casar com esse Maurício, eu nem sei quem ele é e a Magda não é minha mãe. — Nem termino de falar e ele segura em meu braço com força.— Você só me deu desgosto menina! Se pensa que vai se casar com alguém daquela família está muito enganada. Prefiro ir para a cadeia por matar o maldito e você, do que deixar que meu sangue se mistura com aquela raça. — Ele me solta com tudo, e eu saio correndo para meu quarto.Isso não pode ser verdade! Me casar com uma pessoa que eu não conheço, só porque meu pai e a mãe do Guilherme já brigaram, sendo que meu pai foi o culpado e errado em toda aquela situação.“— O que vou fazer agora?”* VALENTINA *.Acordo cedo e vou depressa para a fazenda da tia Manuela, quero saber notícias da Kate se ela está bem e como passou a noite no hospital, mas assim que chego, descubro que ela já está em casa, para mim, é um alívio, pois bem lá, no fundo eu me sentia culpada._ Bom dia. — Escuto a Kate falar assim que se senta e eu abro um sorriso de alívio ao ver ela ali na minha frente._ Bom dia Kate você está bem eu fiquei preocupada? — já digo ansiosa._ Estou sim, Valentina, e para falar a verdade foi até bom porque eu me lembrei de algumas coisas. — olhei para ela sem acreditar, sério isso gente, a mulher quase morre e fala que foi bom. Depois eu que sou a maluca aqui._ Foi bom nada. Você quase me matou do coração, quando eu vi você saindo da água e indo para aquela pedra e depois pulando eu quase tive um treco, tentei te pegar, mas não consegui se Emanuel não tivesse chegado eu nem sei o que teria feito. — provavelmente eu teria morrido depois pelas mãos do meu próprio primo._
* Daniel *.Já que nois tava na fazenda dona Manuela resolveu falar sobre a colheita de soja lá na fazenda de Goiás aonde eu e meu pai toma conta._ Daniel... Daniel tá me ouvindo? — olho para dona Manuela que está me encarando._ Desculpa senhora, eu não ouvi._ O que deu em você hoje em rapaz, já é a terceira vez que se perde na conversa, que você é meio desligado eu já sei. Mas desse tanto nunca vi. — me viro para meu pai e nem sei o que falar._ Desculpa pai. Não é nada não.Abaixo a cabeça e tento me concentrar na conversa com a dona Manuela, mas as palavras da Carla fica na minha cabeça, não é possível que a Val me veja com malícia, tudo bem que na idade dela já começa a se descobrir as coisas, mas não a Val. Ela é uma menina pra mim ainda.Só que isso me deixou confuso, confuso demais, pois nem sei o que pensa agora já que se for isso mesmo que a Carla disse, tá explicado o motivo dela ter mudado tanto comigo.Mas também posso estar enganado, e eu prefiro que seja assim, não c
* Guilherme *.Escorado na árvore vejo as nuvens no céu mudando, dando sinal que logo vai cair uma chuva.Rose está atrasada, olho pela terceira vez o relógio em meu pulso "será que ela não vem".Já estava quase desistindo e indo embora quando um par de mãos tampa meus olhos, sua pele macia e cheirosa eu não confundiria nunca.Pego nas mãos e viro ficando de frente com o amor da minha vida, a coloco encostada na árvore que eu estava e beijo sua boca com vontade, mas assim que me afasto vejo seu rosto triste com os olhos vermelhos, sinal que estava chorando. Passo meu dedo devagar em sua bochecha fazendo um carinho._ O que aconteceu Rose? — ela segura minha mão em seu rosto e fica quieta, mas vejo as lágrimas descerem. _ O que aconteceu me diz?_ Meu pai... ele sabe sobre nós dois. — eu sabia que aquele velho ia descobrir logo._ Melhor assim, agora podemos ficar juntos._ Ele vai me casar com outro, só para ficar longe de você. — seguro em suas mãos e me afasto olhando em seus olhos
* Rose *.Pensei nas palavras do Guilherme a noite toda, ele disse em fugir, que ia pedir ajuda ao primo e isso me deixava com um pouco de medo, mas teria de jogar todas as minhas dúvidas pro alto e tomar coragem de fazer isso.Desço para o almoço em silêncio, a mesa parece um enterro, nenhuma palavra é pronunciada até meu pai colocar o garfo na mesa e me encarar._ Seu noivo está chegando, o casamento vai acontecer semana que vem. — olho para meu pai sem acreditar naquilo, como ele pode fazer isso assim, tão rápido, apenas para que eu não fique com o Guilherme._ Papai por favor..._ Calada, o irmão da sua madrasta gostou muito da ideia de casar vocês dois, o filho dele não queria compromisso com nenhuma moça da cidade e ele já estava desistindo, até a Magda ligar para ele falando de unir os dois. — olhei para ela com raiva, essa mulher queria se ver livre de mim a todo custo._ Não me olhe assim Roseane, Maurício é até bonito, estou te fazendo um favor._ Não preciso de nenhum favo
* Valentina *.Na parte da tarde fui até a fazenda da tia Manuela ver a égua que estava prenha, a tia me disse se fosse fêmea ia me dar a pordinha e eu fiquei muito feliz.Por mais que eu gostasse da goiaba eu queria uma novinha, para amansar, já vi meu pai amansar muito cavalo e minha mãe disse que se apaixonou por ele, vendo ele fazer isso.Assim que entro no estábulo vejo a boneca deitada, ela estava em trabalho de parto e fiquei muito feliz, logo Emanuel apareceu e ficou do meu lado._ Também veio ver se ela ia parir Valentina? — ele pergunta encostando na cerca de madeira_ Sim. Tia Manuela disse que se fosse fêmea ia dar pra mim a porda. — ficamos mais alguns minutos ali até que ela consegue parir sozinha e isso é muito bom e para minha sorte é uma porda castanha com a cara branca._ Deu sorte Valentina, vai se chamar como já escolheu? — encaro a pequena com um sorriso, pensando qual nome podeira colocar, já tenho a goiaba e colocar nome de fruta de novo não ia ser legal._ Rai
* Guilherme. *.Vejo a alegria do meu primo e fico feliz por ele, lutou tanto por esse amor e agora está colhendo as coisas boas.Pena que não posso ter isso, não posso porque ela não quis e se apenas eu não fui suficiente para ela, fazer oque... não posso falar nada, amei tanto ela, amei por tanto tempo e no final não adiantou de nada, porque ela não teve coragem de enfrentar o pai para ficar comigo, simplesmente aceitou se casar com outro sem nem lutar pelo nosso amor.Saio de lá e vou para o estábulo, preciso ficar sozinho se não vou acabar chorando com tanta música romântica e melosa que o Daniel tá cantando, o que deu nele hoje, a maioria das vezes são mais animadas e algumas românticas sim, mas hoje ele tirou o dia para cantar aquelas que chega dói o coração.Entro no estábulo e olho a pordinha da minha irmã, Valentina é uma menina chata, e briguenta, mas quando precisa ela tá sempre ali, ela é aquele suporte que quando estamos em momentos ruins, nos ajuda a levantar._ Saiu da
* Daniel *.Eu não acreditei em meus olhos quando vi a cena que estava vendo lá no estábulo, a Val e a Carla brigando como duas galinhas maluca, estapeando uma, a outra, mas a Val tava ganhando e chega era engraçado, não vou negar achei bem engraçado vendo a Carla apanha.Não é sempre que temos essa animação lá em Goiás, a fazenda lá é calma, mas aqui não o negócio pega fogo quase todo dia, só não imaginei que a Val ia ser pior que a dona Manuela.Meu pai já me contou umas coisas e minha mãe também, foi dona Manuela que ensinou minha mãe atira, e meu pai diz que quando jovem a patroa era bem da estressada que o patrão passou miúdo na mão dela.Mas nunca pensei em ver a Val assim, toda descabelada, grudada em outra pessoa, em um ataque mortal de raiva.O que será que aconteceu para a Val ficar com tanta raiva da Carla assim?Bom eu não sei e vou ficar bem na minha para não sobrar pra mim, porque do jeito que a Val é, bem capaz de descontar em mim.A carrego no ombro até a sede, como s
Acordei de manhã bem cedo, assim que desci tia Manuela já me esperava sentada no sofá da sala._ Bença tia._ Deus te abençoe princesa, vamos eu estava te esperando para te levar para casa. Vou falar com sua mãe. — sorri para ela, mas ainda em dúvida com o peito dolorido.Assim que sai para a varanda vi a Ciça abraçando o Daniel, respirei fundo e tomei minha decisão, eu tinha mesmo de ir, ele me viu e afastou ela dos seus braços, caminhou devagar segurando a aba do chapéu, fingi não ver e entrei no carro da tia Manuela._ Não vai se despedir dele princesa? Eles vão embora daqui a pouco._ Não tia, por favor vamos logo.Ela pisa no acelerador e pelo retrovisor vejo ele parado me olhando, Daniel era aquele tipo de homem galinha que eu não queria na minha vida, e como ele mesmo disse, ele sempre me veria como criança. E eu já estava cansada de ser tratada assim.Assim que cheguei em casa minha mãe apareceu na porta com às duas mãos na cintura, e dei a benção a ela._ Filha tá mais calma