Reerguer a clínica de sua família seria uma excelente oportunidade para estreitar os laços com Clara. Afinal, ela precisava de ajuda, e eu poderia oferecer muito mais do que apenas um simples emprego. Essa poderia ser a chance perfeita de me aproximar dela.Com um sorriso satisfeito, comecei a traçar meu próximo passo. Estava determinado a fazer com que essa noite não se perdesse em vão. Pelo contrário, ela poderia ser o início de algo muito maior do que apenas um jantar.Clara, minha secretária, talvez fosse a mulher que eu estava procurando para ser minha noiva por contrato. E eu não iria desistir até ter a certeza de que ela aceitaria a minha proposta.Naquela manhã, quando cheguei ao escritório, percebi que Clara ainda não havia chegado. Isso não era novidade, afinal ela sempre tendia a se atrasar, mesmo depois de todas as minhas repreensões.No entanto, levando em conta os eventos da noite anterior, decidi ser um pouco mais compreensivo. Aquele acidente no restaurante deve ter si
Confesso que a noite passada foi uma verdadeira loucura. Depois de sair do consultório do dentista com meu chefe, Sr. Calderón, eu mal tinha cabeça para qualquer outra coisa além de correr para a clínica da minha família.— Mãe, como está o Miguel? — perguntei, aflita, assim que cheguei.Ela me olhou com aquele olhar sereno que só as mães conseguem ter.— Querida, o médico não deixou você visitar porque ele precisa de repouso. Mas não se preocupe, ele está bem.Bem? Como poderia estar bem se nem sequer podia vê-lo? Meu coração apertava só de imaginar meu irmãozinho sozinho naquele leito de hospital.— Mas mãe, eu preciso vê-lo! Ele deve estar se sentindo tão mal... — insisti, a voz embargada pela preocupação.— Filha, fique tranquila. O médico disse que as visitas frequentes podem deixá-lo mais doente. A imunidade dele ainda está frágil — ela explicou, tentando me acalmar.Mesmo assim, não conseguia me convencer. Mal dormi pensando no Miguel. E hoje, quando finalmente consegui visitar
Quando finalmente Victor desligou a ligação, ele me encarou com aquele olhar sério.— E então, Clara, como está o seu dente? — ele perguntou.Respirei aliviada por ele não ter tocado no meu atraso e no incidente com a xícara.— Ah, está ótimo, senhor! Bem firme e colado — respondi, tentando sorrir. Mas, ao ver sua expressão impassível, senti meu rosto queimar de vergonha.— Fico feliz em ouvir isso — ele disse, em um tom calmo. — Mas, ainda assim, acho justo que eu pague o seu tratamento. Aquilo não deveria ter acontecido.Abri a boca para protestar, mas ele me interrompeu:— Por favor, não insista. Eu me sinto responsável e gostaria de arcar com os custos.Assenti, relutantemente. Meu coração dizia que não deveria ter aceitado, que era uma atitude generosa demais de sua parte. Mas minha mente sabia que não poderia recusar, dada a situação financeira delicada da minha família.— Muito obrigada, senhor. Eu... eu aprecio muito a sua compreensão — gaguejei, sentindo-me ainda mais constra
Enquanto saia do escritório, falei com o meu advogado para preparar o contrato com a Clara, colocando os prazos e minhas exigências, para que ela entenda como será o nosso acordo de casamento. Desliguei o telefone depois de instruir meu advogado a preparar o contrato de acordo com minhas exigências. Havia um prazo definido, não poderia perder essa oportunidade.A Triton Technologies, da família Duval, era um dos maiores grupos empresariais do país. Leonardo Duval, o patriarca, era constantemente alvo da mídia por sua imagem de homem de família e seus valores tradicionais. Até meu meio-irmão Max já havia dito que Duval confiaria mais nele por serem da mesma "família".Suspirei, irritado. Não havia tempo a perder. Precisava dessa parceria a todo custo, independentemente dos laços familiares de Duval.Saí do escritório e entrei em meu carro. Mal tinha me acomodado quando meu celular tocou. Era minha mãe.— Alô, mãe? — atendi, tentando manter a paciência.— Victor, você está indo para casa
Após o jantar, me despedi de minha mãe e irmã. Precisava voltar para casa e pensar com mais calma sobre a proposta que faria a Clara.Assim que entrei no carro, meu celular tocou. Atendi pelo viva-voz.— Fala, Max — disse, tentando manter a compostura.Meu meio-irmão foi direto ao assunto:— Ei, Vic, você já arrumou uma noiva, né? — ele perguntou, em tom urgente.Suspirei, sentindo a pressão aumentar.— Ainda estou resolvendo alguns detalhes, Max. Mas pode ser que Clara aceite a proposta — expliquei, tentando soar confiante.Max não perdeu tempo:— Ótimo, ótimo! Você precisa fechar esse negócio, Vic. Você sabe como as coisas estão difíceis na empresa do papai. Essa parceria com a Triton pode ser a salvação, mas não podemos deixar escapar.Senti meu maxilar se tensionar. Eu sabia muito bem a importância dessa parceria, era uma questão de vida ou morte para a empresa.— Pode deixar, Max. Vou fazer o possível para convencer a Clara — respondi, determinado.— Boa, irmão. Faça o que for pre
Assim que sai do escritório de Victor, não conseguia parar de pensar no absurdo daquele contrato. Como ele tinha a audácia de exigir que eu não pudesse me relacionar com outros homens, enquanto ele teria a liberdade de me trair quando bem entendesse?Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Precisava conversar com Isabella sobre isso, ela sempre me dava bons conselhos."Será que posso esperar até sexta-feira para falar com ela?" - me questionei, enquanto caminhava em direção ao metrô.O dia passou lentamente, com meu olhar desviando constantemente em direção à casa de Victor. Aquela proposta me deixara realmente intrigada. Será que eu deveria aceitar os termos dele e interpretar o papel de "esposa exemplar"?Terminei minhas tarefas no escritório com esmero, tentando não pensar muito no assunto. Quando finalmente saí, senti um cansaço enorme. Nem mesmo consegui ir visitar meu irmão no hospital, já que ele estava com a imunidade baixa. Apenas segui direto para casa.Ao chega
— Clara, você está um pouco mais calma? — ele perguntou.Assenti levemente, ainda preocupada com o estado de Pedro.— Sim, estou tentando me acalmar. Onde será que está o médico? Preciso falar com ele sobre o que está acontecendo — disse, minha voz ainda um pouco trêmula.Nesse momento, o médico entrou no quarto, aproximando-se de nós.— Senhorita Clara, fico feliz que tenha vindo tão rápido — ele disse, com semblante sério.Eu o encarei, esperando que ele continuasse.— Infelizmente, seu irmão foi sedado ainda hoje pela manhã. Ele estava muito agitado, e nossa equipe achou melhor contê-lo para não sobrecarregar ainda mais o seu coração — o médico explicou, com cuidado.Senti meu coração apertar ao ouvir aquilo. Meu irmão estava em perigo.— Entendo... Obrigada por cuidar dele, doutor. Faça o possível por Pedro, por favor — pedi, a preocupação evidente em minha voz.Victor ficou em silêncio ao meu lado, observando atentamente a conversa.O médico assentiu, com uma expressão mais suave
Após deixar Clara na cafeteria, não pude evitar me preocupar com a situação do meu meio-irmão Max. Ele havia estado no hospital mais cedo, mas não quis me explicar o motivo. Precisava entender o que estava acontecendo.Dirigi rapidamente de volta ao hospital, vasculhando os corredores até encontrá-lo. Lá estava ele, próximo à entrada, parado ao lado de seu carro.Aproximei-me, o rosto tenso.— Max, preciso falar com você — declarei, sem rodeios.Ele se virou, parecendo pálido.— Victor? O que está fazendo aqui? — questionou, a voz trêmula.— O que você estava fazendo no hospital mais cedo? — perguntei, direto.Max desviou o olhar, claramente desconfortável.— Ah, isso... Bem, eu estava fazendo alguns exames de rotina, só isso — ele respondeu, evasivo.Franzi o cenho, preocupado.— Exames de rotina? Mas você parece tão tenso. Aconteceu alguma coisa? — insisti, colocando a mão em seu ombro.Ele suspirou pesadamente.— Olha, Victor, não é nada sério, ok? Só uma pequena alteração em um do