04. Pervertido, parte 2

Nikolai

Na minha frente está a mulher que fez com que meus irmãos me zoassem por vários minutos. Neste momento usa uma calça apertada jeans e um moletom grosso em um tom de verde musgo estranho. As botas de cano curto têm saltos grossos que poderiam esmagar bolas com uma boa vantagem.

— O banheiro do andar de cima está um horror e o do meu andar estava ocupado — conto, esperando que não acabemos em uma situação perigosa.

— E entra em uma sala qualquer sem aviso? E se alguma das nossas garotas estivessem se trocando? O que ia fazer? — inquire. — Não pode entrar dessa forma, se retire antes que chame a segurança.

— Você poderia...

— E tenha certeza de não levar nada nos bolsos, saberemos se houver qualquer coisa faltando — fala e não tenho tempo para responder, já que continua falando sem parar e ainda me acusa, e de que? Roubar maquiagens?

— Está achando que eu sou um pervertido? Sabe quem eu sou?

— Nikolai Sokolov — diz e me surpreendo por saber realmente quem eu sou. Não fiz coisas o bastante para ser conhecido por pessoas como ela. Nem venho a essa boate como meus irmãos. — Um bom nome não impede pessoas de fazerem merda, se é que me entende.

— Não sei se entendo.

— Vai entender caso eu comece a gritar.

— Está me ameaçando?

— Estou pedindo para que saia. Pode ter pagado por alguma das salas no prédio, mas não por essa — atesta.

— Está cometendo um engano.

— Talvez, mas sabe o que mais tem dentro dessas paredes? Machos escrotos que não irão respeitar o que queremos, então, será um deles senhor Sokolov? — O que eu posso dizer? Claramente está se defendendo segundo o que vivência, eu obviamente invadi o seu espaço, não posso criticá-la.

— Deveria tomar um pouco mais de cuidado com a forma que fala.

— É uma ameaça?

— Apenas um conselho — digo ao pisar fora da sala que me deu alívio e o inferno em questão de segundos.

Como diabos ela pode agir dessa forma quando ouviu a minha explicação? Tenho certeza de que dá para ver na minha cara que não sou um pervertido, que não preciso de métodos escrotos para ter uma mulher na minha cama, que eu repudio qualquer um desses atos.

Então por quê?

Voltar ao meu andar foi como uma tragedia, pois ao contar para os meus irmãos o ocorrido voltaram a fazer de mim a melhor história para a sua diversão da noite e o que eu podia fazer?

— Você tem que entender que as coisas são diferentes na Paradise irmão, aqui se você mexe com uma mulher seu corpo some — Diz Avel como se estivesse contando uma historinha para uma criança dormir. — Natascha, dona do lugar, trata essas mulheres como joias, se mexe com o que é dela não fica só sem as mãos.

— O que está dizendo? É uma boate — rebato.

— É uma das boates mais seguras para qualquer mulher, por que acha que venho tanto aqui apesar de os shows masculinos serem poucos? — discorre minha irmã.

— A parte da segurança é muito real, eu te disse, foi o que fez a Sofiya gostar do lugar, mas dos corpos dos homens sumindo, não temos como saber, mas já vi a Natascha, aquela mulher parece pronta para apontar um fuzil para sua cara — articula Egor.

E com a sua comparação sinto que tive uma sensação semelhante com Rubi, não era apenas como se estivesse pedindo para que saísse, era como se tivesse plena certeza de que me colocaria para fora, dando tempo de chamar os seguranças ou não.

Há mesmo alguma coisa escondida entre esses andares?

Não existem somente pessoas liberando seus desejos carnais aqui?

Talvez deva falar com meu pai sobre a Paradise.

— Se é alguém com tão boas intenções não deveria ser aliada do nosso pai? — Questiono, mas meus irmãos se entreolham como se não pudessem dizer o que querem de fato sem fazer com que eu tenha um ataque e posso estar muito perto disso considerando que fui confundido com um pervertido.

Antes que possa continuar meus questionamentos a porta da sala é aberta e vejo Rubi carregando uma bandeja com as novas bebidas pedidas por meu irmão e não sou o único a estar surpreso pela reação deles.

Uma mulher na posição dela também trabalha entregando bebidas? Pela roupa que continua a vestir acredito que já se preparava para deixar o trabalho, então, por quê? E por que estou me questionando? Na verdade, deveria usar esse momento para ter certeza de que entendeu a situação no final das contas e de que não sou um pervertido.

Manchar o nome da nossa família dessa forma seria uma desonra completa.

Meu pai arrancaria minhas bolas se eu ousasse encostar em uma mulher sem a permissão dela. Seria castrado e enterrado vivo para jamais esquecer quão problemática foi minha ação.

— A garota que cuidava de vocês teve um pequeno problema com a família, por isso serei aquela a atendê-los de agora até o momento em que finalizarem a noite, espero que não se incomodem pela mudança e aproveitem tudo que a Paradise pode oferecer — Diz ao colocar um sorriso nos lábios pintados de vermelho enquanto mantém seus olhos longe de mim com muita habilidade.

— Está falando sobre oferecer tudo? — questiono como uma clara provocação, apenas não imaginava que ela iria avançar para cima de mim não com uma faca, mas com uma .40 pronta para ser descarregada na minha cara.

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