Nikolai
Na minha frente está a mulher que fez com que meus irmãos me zoassem por vários minutos. Neste momento usa uma calça apertada jeans e um moletom grosso em um tom de verde musgo estranho. As botas de cano curto têm saltos grossos que poderiam esmagar bolas com uma boa vantagem.
— O banheiro do andar de cima está um horror e o do meu andar estava ocupado — conto, esperando que não acabemos em uma situação perigosa.
— E entra em uma sala qualquer sem aviso? E se alguma das nossas garotas estivessem se trocando? O que ia fazer? — inquire. — Não pode entrar dessa forma, se retire antes que chame a segurança.
— Você poderia...
— E tenha certeza de não levar nada nos bolsos, saberemos se houver qualquer coisa faltando — fala e não tenho tempo para responder, já que continua falando sem parar e ainda me acusa, e de que? Roubar maquiagens?
— Está achando que eu sou um pervertido? Sabe quem eu sou?
— Nikolai Sokolov — diz e me surpreendo por saber realmente quem eu sou. Não fiz coisas o bastante para ser conhecido por pessoas como ela. Nem venho a essa boate como meus irmãos. — Um bom nome não impede pessoas de fazerem merda, se é que me entende.
— Não sei se entendo.
— Vai entender caso eu comece a gritar.
— Está me ameaçando?
— Estou pedindo para que saia. Pode ter pagado por alguma das salas no prédio, mas não por essa — atesta.
— Está cometendo um engano.
— Talvez, mas sabe o que mais tem dentro dessas paredes? Machos escrotos que não irão respeitar o que queremos, então, será um deles senhor Sokolov? — O que eu posso dizer? Claramente está se defendendo segundo o que vivência, eu obviamente invadi o seu espaço, não posso criticá-la.
— Deveria tomar um pouco mais de cuidado com a forma que fala.
— É uma ameaça?
— Apenas um conselho — digo ao pisar fora da sala que me deu alívio e o inferno em questão de segundos.
Como diabos ela pode agir dessa forma quando ouviu a minha explicação? Tenho certeza de que dá para ver na minha cara que não sou um pervertido, que não preciso de métodos escrotos para ter uma mulher na minha cama, que eu repudio qualquer um desses atos.
Então por quê?
Voltar ao meu andar foi como uma tragedia, pois ao contar para os meus irmãos o ocorrido voltaram a fazer de mim a melhor história para a sua diversão da noite e o que eu podia fazer?
— Você tem que entender que as coisas são diferentes na Paradise irmão, aqui se você mexe com uma mulher seu corpo some — Diz Avel como se estivesse contando uma historinha para uma criança dormir. — Natascha, dona do lugar, trata essas mulheres como joias, se mexe com o que é dela não fica só sem as mãos.
— O que está dizendo? É uma boate — rebato.
— É uma das boates mais seguras para qualquer mulher, por que acha que venho tanto aqui apesar de os shows masculinos serem poucos? — discorre minha irmã.
— A parte da segurança é muito real, eu te disse, foi o que fez a Sofiya gostar do lugar, mas dos corpos dos homens sumindo, não temos como saber, mas já vi a Natascha, aquela mulher parece pronta para apontar um fuzil para sua cara — articula Egor.
E com a sua comparação sinto que tive uma sensação semelhante com Rubi, não era apenas como se estivesse pedindo para que saísse, era como se tivesse plena certeza de que me colocaria para fora, dando tempo de chamar os seguranças ou não.
Há mesmo alguma coisa escondida entre esses andares?
Não existem somente pessoas liberando seus desejos carnais aqui?
Talvez deva falar com meu pai sobre a Paradise.
— Se é alguém com tão boas intenções não deveria ser aliada do nosso pai? — Questiono, mas meus irmãos se entreolham como se não pudessem dizer o que querem de fato sem fazer com que eu tenha um ataque e posso estar muito perto disso considerando que fui confundido com um pervertido.
Antes que possa continuar meus questionamentos a porta da sala é aberta e vejo Rubi carregando uma bandeja com as novas bebidas pedidas por meu irmão e não sou o único a estar surpreso pela reação deles.
Uma mulher na posição dela também trabalha entregando bebidas? Pela roupa que continua a vestir acredito que já se preparava para deixar o trabalho, então, por quê? E por que estou me questionando? Na verdade, deveria usar esse momento para ter certeza de que entendeu a situação no final das contas e de que não sou um pervertido.
Manchar o nome da nossa família dessa forma seria uma desonra completa.
Meu pai arrancaria minhas bolas se eu ousasse encostar em uma mulher sem a permissão dela. Seria castrado e enterrado vivo para jamais esquecer quão problemática foi minha ação.
— A garota que cuidava de vocês teve um pequeno problema com a família, por isso serei aquela a atendê-los de agora até o momento em que finalizarem a noite, espero que não se incomodem pela mudança e aproveitem tudo que a Paradise pode oferecer — Diz ao colocar um sorriso nos lábios pintados de vermelho enquanto mantém seus olhos longe de mim com muita habilidade.
— Está falando sobre oferecer tudo? — questiono como uma clara provocação, apenas não imaginava que ela iria avançar para cima de mim não com uma faca, mas com uma .40 pronta para ser descarregada na minha cara.
AleksandraOdeio quando tenho que fazer uma coisa diferente do que é meu trabalho, mas não posso apenas deixar um grupo de pessoas consideravelmente influentes nas mãos de qualquer individua.O clube pode ser uma fachada para a organização, mas é preciso manter um bom serviço de toda forma.— Uma nova garrafa de uísque seria perfeito — fala Egor ao colocar um sorriso enorme no rosto, é do tipo de indivíduo que consegue esconder tudo atrás de um sorriso mesmo suas intenções assassinas.Deve ser o braço direito de Nikolai agora, considerando a quantidade de trabalho que fazia antes, com as mudanças tende a ganhar mais responsabilidades, e todos sabem que os Sokolov gostam de manter os negócios em família, quem sabe seja o motivo para serem ainda mais perigosos.— Como quiser — profiro ao fazer um pequeno cumprimento ao me preparar para deixar a sala, assim posso ficar em meu lugar apenas esperando quando decidirem pedir por algo novamente.Contudo, não esperava que fosse ser seguida.Ni
Nikolai Posso ver em seus olhos que apesar de confiar na sinceridade da minha irmã não pode apenas deixar para lá, afinal, como disse, isto ocorre corriqueiramente e deve ser tão irritante ao ponto de ela querer matar cada um dos homens que cometem esse engano novamente. — Aproveitem a noite e me chame em caso de um novo pedido — Sua voz suave é claramente uma atuação para fazer com que os clientes sejam acolhidos, quando me lembro bem do tom que usou para me expulsar de seu camarim, era forte e letal, é como ver duas pessoas diferentes em um mesmo corpo. — Tenho a impressão de que conseguiu um novo inimigo irmão — Avel atreve-se a brincar com a situação, quando eu não quero uma mulher furiosa imaginando como pode foder comigo, pois sei bem como podem ser diabólicas, já fui fodido assim uma vez. — Não fode — resolvo que tomar mais algumas doses é o melhor antes que comece a pensar muita merda por conta de uma mulher que não vai fazer diferença na minha vida. É apenas a funcionária
Aleksandra— Os Sokolov aqui de novo? — Inquire Tasya ao olhar por cima do ombro verificando a entrada do segundo andar. — Acho que estão aproveitando bem a volta do irmão. — Murmura.Somos treinadas para ficar de olho em qualquer mudança, por mais pequenas que sejam, e ter filhos da máfia aqui corriqueiramente é um motivo para termos nossa atenção voltada para eles, nossos únicos clientes de sua família que eram vistos aqui quase sempre eram Sofiya e Avel.Os dois filhos mais jovens de Pasha, o patriarca dos Sokolov, e um dos membros da cúpula que organiza a Bratva e impede que bandidos menores fodam com tudo que desejam construir.Qualquer um que queira cometer delitos dentro da Rússia precisa estar de olho na reação que ele terá ou acabará morto na beira de uma estrada antes do que pode pensar, somente um cadáver podre será entregue a sua família.— Talvez ele esteja com saudade das mulheres russas — digo ao beber meu drink com calma. — Outro sem álcool Mami. — Piscando a mulher co
NikolaiAleksandra segura no braço da dançarina a verificando falando algo em seu ouvido esperando em seu lugar quando a mesma sai voltando com um microfone e o entrega antes de sair novamente do palco.Ela comanda o show, e está provando isso.— As regras na Paradise são claras, toquem em algo que não pode e vai terminar no chão, espero que não voltem a se esquecer disso ou teremos que tornar aqui um ringue de luta ao invés de um palco de dança. — Com a imposição de uma rainha deixa o palco para ir até o lugar de onde saiu sem nem mesmo olhar para trás.Os sujeitos caídos são carregados pelos seguranças que finalmente aparecem para ter somente sacos de estrume para jogar.— É disso que nós falamos — balbucia Avel sorrindo. — Muitas das mulheres aqui também são seguranças do lugar, os homens são distrações. Vê aquela mulher ali de vestido verde musgo? Era uma das lutadoras nacionais, quando a carreira parou de render se tornou segurança aqui. Aquela linda de vestido roxo é uma modelo
Nikolai— O que temos aqui? — pergunto a Egor que me entrega uma quantia considerável de papéis. Não acredito que quer isso para poucas horas, pois terei que fazer mais do que uma leitura dinâmica.— Nossas negociações atuais com os parceiros do sudeste asiático e com os sérvios — avisa ao pôr o dedo sobre a pilha. — Faça isso devagar, ninguém vai morrer se você levar alguns dias para mastigar o que está aqui. Nosso pai ainda não morreu.— Não fale desse jeito pode atrair azar — peço ao segurar os papéis com força. — Você não parece estar se preparando para sair hoje, depois da última vez achei que iria querer correr para a Paradise sempre que possível.— Não posso querer apenas descansar? O Tolya vive fazendo isso e ninguém o critica — Tolya odeia lugares lotados e não sai de casa ao menos que seja necessário para o trabalho, o que não deixa de ser estranho em alguns momentos, mas sabemos que faz parte da personalidade dele e não o criticamos por isso, tentamos entender, afinal, não
NikolaiNosso pai pode ser uma alma velha, mas nos ama.Nós, como bons filhos, mantemos aquilo que satisfará seu coração.Se quer detalhes, podemos dá-los.— A faculdade está me matando, mas estou bem — conta Sofiya primeiro. Está cursando advocacia e está muito perto de concluir sua graduação, então entendo que esteja sentindo a pressão da reta final. — A cama é uma droga comparada a daqui.— Já disse para comprar outra — arrazoa meu pai ao engolir a sua garfada de comida. — Se continuar incomodando compre outra. Precisa dormir bem.— Eu sei pai — E não é alguém que se negue a gastar dinheiro, mas deve entender que a situação da cama é mais um problema de apego por parte dos seus sentimentos do que da cama que possui em seu apartamento.Quando você tem uma coisa por muito tempo e de repente não pode mais tê-la ao seu lado como sempre é estranho, não importa o quanto tente colocar outra coisa no lugar, o incômodo não vai sair de seu peito, somente o tempo pode causar uma mudança real.
Aleksandra — Está fazendo bolo para Valentina? — inquire Tasya ao se empoleirar sobre o balcão para olhar bem o que faço e sorri ao ver os gêmeos em suas cadeirinhas brincando com seus mordedores. — Como você é seletiva, nunca faz bolo para mim quando volto de uma missão. — Você é minha parceira, já não é o bastante? — Ah, você se considera muita coisa, não é? — Inclino a cabeça ao fechar os olhos debochando de suas palavras. — Tudo bem, de toda forma, roubarei um pedaço, não tem Valentina que me impeça. — Você faz parecer que ela não é um doce ao nos oferecer as coisas, duvido que não volte com presentes — profiro e arrasta uma cadeira para se sentar perto de mim, contudo senta-se da forma contrária ao apoiar o queixo no encosto. — Tem alguma coisa te incomodando? — Que nada, estou apenas pensando no cheiro maravilhoso disso, você tem boas habilidades na cozinha, um pacote completo — afirma ao erguer os polegares ajustando uma mecha de cabelo atrás da orelha que tem um brinco de
Aleksandra Não sei como Natascha tem conseguido colocar cada vez mais pessoas para assistir um dos meus shows mais me agarro a barra vertical com todo o empenho usado nas horas gastas para aprender uma nova coreografia e o ritmo da música perpassa todos os meus poros por estar impregnada em minha mente pela repetição contínua. Se vai fazer um trabalho o execute perfeitamente. É desse modo que encaro cada uma dessas apresentações, já que para todos me vendo neste exato momento em pequenas peças de roupa, é assim que ganho o meu dinheiro e mantenho a minha vida, assim, essa farsa não pode nunca deixar de existir, é o background perfeito para a minha real profissão. Ninguém está aqui para prestar atenção ao meu rosto ou qualquer outra coisa, tudo que querem ver é uma mulher deslizando por uma barra com poucas roupas ao som de uma música deliciosamente sexy. Quando meus saltos acertam o chão após o último movimento consigo sorrir satisfeita já que nenhum único erro foi cometido, mas