03. Pervertido, parte 1

Nikolai

— Hoje não é um dia especial para que estejam me trazendo até aqui — Murmuro e meus irmãos reclamam sobre como eu não sei aproveitar a vida, e que sou chato demais para fazer qualquer coisa com eles.

— Não precisa ser um dia especial para você vir a uma boate e ver umas mulheres lindas dançando — expõe Egor, como se quisesse afirmar que a parte divertida da vida eu deixei completamente para trás sem chance de buscar. — Além disso, hoje tem o show de pole dance de Rubi, então deveria me agradecer por conseguir lugares para gente, quando é show dela isso aqui lota.

Os seguranças parecem reconhecer meus irmãos, por isso, sequer pensam em revistá-los, e como Egor gosta de dizer, aqui é um paraíso onde não precisamos nos preocupar tanto com nossa segurança, pois a equipe de segurança deles é de primeira linha, tudo que alguém com dinheiro gostaria de comprar.

Porque haveria tanta segurança em um lugar como este é que não tenho ideia.

É bem claro pela organização, cheiro e decoração que não é uma boate qualquer, mas não muda o fato do que é feito aqui dentro e considerando a quantidade de andares, posso apostar que há muitas coisas que são criadas aqui.

— Sabe que ele é igual a um velho — discorre minha irmã que já está mexendo o corpo ao som da música que começa a ficar mais alta após alguns passos. Sofiya deve ser a mais energética de nós, uma noite regada a bebidas não deve ser o bastante para ela. — Aproveite irmão, está de volta em casa.

— Ela tem razão — afirma Avel ao se adiantar com ela para chegarem ao epicentro da música alta.

— Sei que pode estranhar por ter sido um plano feito por nossos pirralhos, mas eles estão certos, desde que voltou tudo que tem feito é trabalhar, precisa encontrar uma mulher gostosa e foder um pouco para aliviar a mente — atesta Egor.

— Tenho certeza de que tem feito isso por nós dois — brinco e não nega, como poderia?

Todos sabem sobre a sua fama como um belo cafajeste, tenho até pena das mulheres que um dia pensaram que poderiam ter uma chance com ele, é impossível fazer com que fique na linha.

— Eu trabalho e depois fodo, não é a ordem das coisas?

— Não sei do que está falando — digo e começa a sorri continuando a indicar o caminho para o camarote vip para o show da tal de Rubi. Não tenho ideia do que ele vê nela, mas sempre elogia o seu trabalho. — Se eu odiar você quando isso acabar não me culpe.

— Se você ficar apaixonado não me culpe — rebate ao se sentar já chamando a mulher que está aqui para nos atender.

Sofiya já está empoleirada para ver a apresentação de mais perto enquanto Avel mira algum lugar que eu não posso ver, mas está muito concentrado nisso, ao ponto de não notar que eu percebi o que está fazendo.

— Ah, ela está vindo — anuncia Sofiya. — Será que ela me daria algumas aulas se eu pedisse? — Se pergunta em voz alta quando as luzes diminuem dando um ar escuro e sexy para o palco que tem uma única barra vertical em seu centro e a mulher rouba suspiros somente com uma leve amostra de sua presença.

Veste um vestido escarlate que se agarra ao seu corpo de modo formoso trazendo os seus encantos sexys para fora até todos que babam quando nem mesmo começou a se mover ao som da música ousada, quando o faz é bem claro que respirações deixam de ser dadas, que os olhos se agarram unicamente a sua presença e aos fios escuros movendo-se junto com seu corpo

De costas para a barra arranca o vestido ficando apenas com um conjunto de lingerie da mesma cor, com as meias e cinta ligas agarrando-se a pele de modo apaixonado enquanto faz o seu show com maestria, derramando encantos que tomam suspiros e me fazem ter certeza dos motivos para que seus shows sejam lotados.

Ao terminar tem no rosto o sorriso de uma predadora que sabe que terá uma boa refeição independente de onde for agora, pois já tomou conta de todas as presas no recinto. É uma mulher impressionante de fato.

— Vixe que ele até ficou surdo — Ri Avel ao apontar para mim e não tenho ideia do que está falando até notar que Sofiya também me olha curiosa e Egor ri horrores de mim. — Tá vivo ou precisamos da Rubi aqui para fazer você funcionar de novo?

— Só ouço bosta saindo da sua boca — profiro rapidamente com ele sorrindo mais, aumentando meu constrangimento, já que não entendi quando virei o motivo para ser a piada da vez.

— Até vi coraçõezinhos em seus olhos — atesta Avel ao aumentar a brincadeira.

— Vai a merda — xingo ao me encostar no recosto do sofá ao pegar do uísque que foi deixado ali pela sujeita que não vi entrar na sala, então talvez comece a entender o porquê de meu irmão estar me tratando como uma comedia ambulante, uma vez que não sou do tipo que deixa essas coisas passarem.

Bons minutos depois onde pudemos conversar sobre outros assuntos sem que meu irmão trouxesse o momento anterior a tona, discutimos sobre como as coisas tinham se rearranjado enquanto estava fora e do quanto nosso pai está feliz em me ter em casa novamente, contudo, sei que ele quer mesmo se livrar do trabalho.

Com a bebida entrando sem parar chegou o momento em que precisei procurar por um banheiro, apertado como estava não consegui esperar que o do andar onde estamos esvaziasse e desci para procurar por outro onde pudesse me aliviar em paz.

No andar embaixo do nosso os banheiros estavam podres demais para que eu me sentisse aliviado ao invés de enojado ao usá-lo, desse modo continuei a minha procura infinita enquanto minha bexiga grita.

Quando encontrei uma sala aberta pude notar que não seria o local mais ideal para minha invasão, contudo, com a bexiga reclamando da pressão apostei que por ser um lugar onde as mulheres se trocam, as chances de haver um banheiro são grandes.

A única coisa que pude notar antes de me enfiar dentro do banheiro é que parece ser o camarim de alguma pessoa. Com a bexiga vazia e mãos limpas agradeci por não ter que procurar ainda mais antes de encontrar um banheiro usável.

— Este não é um lugar onde você pode entrar como bem quer — Levo meus olhos a voz famigerada que me açoita e seus olhos parecem ainda mais prontos para me devorar inteiro, como um filé mal passado.

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