05. Guarda aberta, parte 1

Aleksandra

Odeio quando tenho que fazer uma coisa diferente do que é meu trabalho, mas não posso apenas deixar um grupo de pessoas consideravelmente influentes nas mãos de qualquer individua.

O clube pode ser uma fachada para a organização, mas é preciso manter um bom serviço de toda forma.

— Uma nova garrafa de uísque seria perfeito — fala Egor ao colocar um sorriso enorme no rosto, é do tipo de indivíduo que consegue esconder tudo atrás de um sorriso mesmo suas intenções assassinas.

Deve ser o braço direito de Nikolai agora, considerando a quantidade de trabalho que fazia antes, com as mudanças tende a ganhar mais responsabilidades, e todos sabem que os Sokolov gostam de manter os negócios em família, quem sabe seja o motivo para serem ainda mais perigosos.

— Como quiser — profiro ao fazer um pequeno cumprimento ao me preparar para deixar a sala, assim posso ficar em meu lugar apenas esperando quando decidirem pedir por algo novamente.

Contudo, não esperava que fosse ser seguida.

Nikolai acha mesmo que essa é a melhor maneira de impedir que continue pensando que tinha alguma motivação diferente para entrar naquela sala? Obviamente analisei cada uma das coisas, pedi para que as meninas fizessem o mesmo, no entanto, nada faltava. Porém, não deixa de ser estranho.

— Quer algo diferente senhor?

— Não foi assim que falou comigo anteriormente — diz ao rir deixando o rosto mais expressivo desse modo, quase como se rir não lhe fosse comum. — É diferente quando seu dinheiro depende disso.

— Meu dinheiro não depende de você, não se engane — respondo rapidamente. — Estou aqui para cumprir com o meu trabalho, se puder me dar licença.

— Você sabe que eu não estava ali por interesse, não é mesmo? Se quisesse pagar pelos seus serviços iria encontrá-la diretamente — profere com tanta convicção em suas palavras que poderia fazer com que alguém acredite no que diz, mesmo que seja uma bobagem.

— Pagar pelos meus serviços? — inquiro, e acena em confirmação. — Acho melhor manter sua boca quieta ou pode entrar em uma encrenca sem tamanho Nikolai — digo já me virando para ir embora, mas também sou alguém que não consegue ficar quieta em momentos que deveria. — Além disso, não interessa quanto dinheiro tenha para oferecer, nunca transaria com você. — Somente após essas palavras faço o meu caminho em direção ao bar.

Porque independentemente de como o ache um idiota ainda tenho trabalho a fazer.

***

Nikolai

O que pode ter acontecido agora para que tenha ficado tão irritada?

Não viu que estava apenas tentando ser claro com a situação, já que imaginei que poderia se sentir desconfortável em nos servir depois do que houve? estava tentando ser uma pessoa legal, mas o que recebi?

Nunca transaria comigo?

Como pode dizer uma coisa dessas?

Não sou qualquer um, sei bem o quanto sou bonito, e ela diz que não ficaria comigo?

Injuriado entro dentro da sala vendo que meus irmãos estão aguardando ansiosamente pela resolução do assunto, que querem ouvir em primeira mão o que pode ter acontecido, e sei que mais uma vez na mesma noite a mulher será o motivo para que riam da minha cara.

— Falou com ela? — pergunta Sofiya ligeiro, nunca soube conter sua curiosidade. –– Fiquei embasbacada com a beleza dela de perto, você sente que é um mulherão de longe.

Egor aponta para ela ao concordar com um aceno de cabeça, porém, logo volta os olhos ao fixá-los em mim, e o que eu posso falar além da verdade nua e crua? Ser um mentiroso para fingir que não lido com meus erros não faz parte de quem eu sou.

— Acho que ela ainda está irritada, quando disse que não faria aquilo só por querer transar com ela, que poderia procurá-la para ter os seus serviços ficou ainda mais esquentada e disse que nunca transaria comigo — resumo rapidamente com Avel sorrindo como um condenado ao virar uma dose da sua bebida enquanto Sofiya balança a cabeça em negativa, posso vê-la começando o seu discurso sobre não querer mais que seja o seu irmão, já Egor parece sentir pena da minha desgraça.

— Nik, não pode agir assim, nem todas as mulheres na Paradise são profissionais do sexo, a maioria delas são apenas dançarinas — Conta-me Sofiya quando uma informação como essa deveria ser dita desde o início, é uma coisa muito importante para ser revelada apenas depois disso tudo ter ocorrido.

— E você me diz isso agora? Depois de ela provavelmente me achar um pervertido escroto? — Rindo ainda mais Avel se comunica com Egor através de olhares, pois sabem que certas coisas não devem ser ditas ou quebrarei suas caras.

— Nós avisamos que não era uma boate como as outras — me recorda Egor. — Não pode chegar nas mulheres desse jeito irmão, perdeu a mão depois de se focar tanto em seu trabalho?

— Vai a merda, eu sei que estou errado, pareço um pivete para você? — Me calo quando duas batidas rápidas na porta anunciam que ela está ali, que vai entrar nos próximos segundos, e deve ter ainda mais ódio guardado contra mim agora.

Entra com a bandeja em mãos e caminha em direção a mesa de bebidas colocando a garrafa ali trocando os copos sujos por limpos e verifica a quantidade de gelo disponível para nós.

Depois de fazer o que precisa rapidamente começa o seu caminho para fora do cômodo, tenho certeza de que agora mais do que nunca quer distância de nós, que prefere que não façamos mais nenhum único pedido, mas Sofiya não é apenas uma curiosa sem limites.

— Rubi, sinto muito por como meu irmão agiu, os ares americanos parecem ter derretido o cérebro dele — a olho pedindo encarecidamente que pare com suas palavras, pois faz com que me sinta ainda pior pelo que houve, um mal entendido que pode ou não ser desfeito.

A mulher me olha, mas ignora-me ao analisar minha irmã dando-lhe um sorriso pequeno como um presente por sua sinceridade, deve ver que nos olhos dela, ainda que inebriados pela bebida não está mentindo.

— Me chamo Aleksandra, Rubi é apenas um nome para o palco — arrazoa tranquilamente. — Não se preocupe, aqui acabamos lidando com muitas pessoas que não conseguem lidar com suas próprias línguas, então estou acostumada.

Sabia que as palavras de Sofiya não iriam trazer nada de bom.

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