Capítulo 6

A mulher assentiu lentamente, como se cada resposta fosse parte de um quebra-cabeça que ela já sabia montar.

— E a sua história, Liz? O que houve com você?O que uma jovem tão linda faz morando nas ruas ?

Liz hesitou, mas algo na voz da mulher — autoritária, porém gentil — a fez ceder. Contou quase tudo. A briga com os pais, a rejeição, o hospital, a tentativa frustrada de recomeçar, a promessa de ajuda que nunca veio, a noite em que foi quase violada pelo namorado da amiga. O olhar da mulher se estreitou ao ouvir sobre a recusa dos empregos.

— A sua beleza me chamou atenção de longe — ela disse, repousando a xícara sobre o pires. — Você não tem ideia de quanto pode se da bem na vida com esse rostinho e esse corpo perfeito.

Liz franziu a testa.

— Se for fazendo o que eu estou pensando... não. Eu não sou... não farei isso.

A mulher sorriu, paciente.

— Não precisa se ofender, querida. Só estou sendo realista. Já que sua beleza só lhe trouxe dor, sofrimento e atraiu os homens errados, por que não usá-la para tirar dinheiro deles?

— Isso não é certo...quer dizer eu nunca fiz sexo com alguém por dinheiro e isso é exatamente o que está me propondo.

— Certo é passar fome? Dormir na rua? Ser tocada por quem você não quer, sem nem ganhar nada com isso? Com um único programa, você pode pagar uma pousada, ter um banho quente, comida de verdade, uma cama. Com uma produção, roupas de luxo, perfumes, cabelo feito... você pode valer muito, Liz e tanto eu quanto você ganharemos muito com isso.

— Eu... — ela abaixou os olhos. — Eu viu tente arrumar um trabalho e...

— Não se iluda, menina,, Sem um endereço, sem documentos, sem referências, não conseguira emprego em lugar nenhum . Só conseguirá algo na vida usando o que têm ao seu favor : O seu corpo. A sua beleza. E, querida... isso é ouro. Um tesouro que pode mudar sua vida.

.Liz sentiu um nó no estômago. Queria dizer não. Queria ser forte. Mas estava fraca demais, machucada demais, cansada demais. E, no fundo, queria ter onde ficar . Pelo menos por um tempo. Só até ter forças novamente.

— Só um... — ela disse quase num sussurro. — Só um programa. Só para conseguir um dinheiro para pelo menos ter onde ficar por um tempo.

A mulher sorriu, satisfeita.

— Perfeito. Sou dona de uma agência de acompanhantes de luxo. Mas não gosto desse nome... prefiro dizer que ofereço experiências únicas. E você será minha jóia mais rara.

Ela se apresentou como Senhora Fernandes. Ligou para seu motorista e mandou que preparassem tudo. Liz foi levada até um apartamento de alto padrão onde, ao longo do dia, foi transformada por uma equipe de especialistas. Cabeleireiros, maquiadores, esteticistas, manicures. Roupas foram ajustadas sob medida, perfumes selecionados, até a lingerie foi escolhida com cuidado.

À noite, Liz estava irreconhecível. Seus cabelos escuros caiam em ondas brilhantes, os olhos marcados em tons sedutores, os lábios vermelhos como vinho. Vestia um vestido preto justo, que revelava suas curvas, e por baixo, uma lingerie vermelha, provocante e luxuosa.

— Você está deslumbrante — disse Senhora Fernandes.

— E o seu cliente... ah, querida, ele é especial. Chegou há poucos meses em São Paulo. Bilionário. Misterioso e disse que paga o que eu pedir por você quando viu sua foto ficou muito interessado até porque eu disse que você era nova no ramo e ele seria seu primeiro cliente.

O motorista abriu a porta do carro. Ela entrou sem dizer uma palavra. O caminho até o hotel foi silencioso, tenso. O coração martelava no peito. As mãos estavam geladas.

“Só uma vez. Só pra sair da rua. Só pra não morrer de fome "

O hotel era de luxo. Suíte presidencial. Tudo no lugar gritava poder, dinheiro, status.

O motorista parou diante da entrada e entregou-lhe um envelope com o número do quarto.

— Boa sorte.

Liz engoliu em seco.

Liz entrou. O elevador parecia uma gaiola dourada. As portas se abriram no último andar.

Ela sabia que não deveria estar ali. Sabia que cada passo rumo àquele hotel de luxo era um passo contra seus princípios, contra a esperança que ainda teimava em sobreviver dentro dela. Mas o mundo real não dava trégua. Era fome ou dignidade. Frio ou orgulho. Sobrevivência ou sonho.

O vestido colado ao corpo parecia uma prisão feita de cetim. O salto alto machucava seus pés feridos de tanto vagar pelas ruas. E o batom vermelho não escondia o seu medo do desconhecido.

Liz entrou na suíte a mando da senhora Fernandes com o coração acelerado, o estômago revirando e o corpo tenso. Pensava que enfrentaria um estranho, aquele que seria deu primeiro e único cliente ,pois não contiuaria com aquilo,depois daquela noite.

Quando a porta se fechou atrás dela com um leve estalo, Liz mal teve tempo de respirar. O perfume amadeirado que flutuava no ar era inebriante, sofisticado — familiar. Seu coração já batia acelerado pela situação, mas naquele instante... ele quase parou.

Seus olhos se ergueram devagar, como se temessem encarar o inevitável.

E então ela o viu.

De pé, diante da ampla janela da suíte, com a cidade de São Paulo brilhando atrás dele como um mar de luzes, estava Alexander. Imponente. Inesquecível.

O ar pareceu ser sugado do ambiente. Os joelhos de Liz fraquejaram, e um frio cortante percorreu sua espinha.

— Alexander? — o nome escapou de seus lábios num sussurro que mal conseguiu formar, trêmulo, incrédulo.

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