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Heitor

— O meu médico me pergunta a mesma coisa. A verdade é que eu não sei. Às vezes eu me sinto perdido e às vezes me encontro em alguma cena que havia me esquecido.

— Como assim?

— Como a música que acabei de cantar para os meus filhos. Eu não me lembrava dela, até segurá-los nos meus braços a poucos minutos.

— Era a sua mãe quem cantava para você? — Dou de ombros outra vez.

— Eu não sei, Isadora — sussurro.

… Peça algo importante a ela, Heitor. Algo que signifique muito para você.

As palavras de Sara se repetem dentro da minha cabeça e eu solto um suspiro, buscando coragem para dar mais esse passo.

— Eu posso te fazer um pedido? — Ela para de andar e eu também, e paramos um de frente para outro.

— O que você quer?

— O meu psiquiatra disse que eu precisava perdoá-la. — Ela franze a testa. Parece confusa. — A minha mãe — esclareço.

— Ah! E como pretende fazer isso? — Puxo mais uma respiração e a solto pela boca.

— Eu pensei em ir visitar o seu túmulo, levar umas flores e… eu não
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