Heitor— Sairemos em quinze minutos, rapazes! — Lena avisa colocando a cabeça na porta do quarto do aparte hotel, onde estamos tomando nosso café da manhã. Tadeu se agita em sua cadeira e bebe o resquício do seu café, largando a xícara em cima da mesa e Max se levanta para ir pegar a sua pasta executiva que está largada em cima do aparador. Saio da minha cadeira em seguida para pego o meu celular e ligar para Isadora, ansioso para ouvir o som da sua voz. Contudo, a ligação vai direto para a caixa postal e bufo contrariado. Bufo audivelmente. O que ela está fazendo de tão importante que não pode me atender? Saímos em seguida direto para um carro negro e grande, e vamos direto para o prédio da Interplace, onde faremos uma reunião de negócios. Assim que chegamos aperto a mão dos representantes da corporação Interplace e nos acomodamos em uma enorme mesa retangular. Lena se concentra em compartilhar as pastas com a pauta da reunião, enquanto Max se encarrega de explicar a parte burocrátic
Heitor— Isadora?! — grito o seu nome com impaciência abrindo a porta do nosso quarto e encontro tudo quieto e devidamente arrumado. Vou direto para o closet e percebo que boa parte das suas roupas estão aqui. Algumas joias e sapatos também, a maioria do que ficou são os presentes que lhe dei. — Que droga, o que você fez, Isadora? — rosno, sentindo algo diferente dentro de mim. Um misto de medo e de raiva… ódio, na verdade. Saio do quarto pisando duro e vou para biblioteca onde Dana disse que ela passou algumas horas trancada e encontro alguns livros largados em cima da mesa, comprovando o que me dissera quando me atendeu da única vez. Olho ao redor do cômodo a procura de algo que me dê uma direção, mas não tem nada aqui!— Senhor D’angelo?— Reúna os homens, Charles, preciso falar com eles e entender o que realmente aconteceu aqui! — ordeno com um tom seco e sem olhá-lo diretamente.— Claro, Senhor! — Ele sai e puto da vida passo a mão arrastando os livros de cima da mesa, jogando-os
HeitorHoras depois…— Mandou me chamar, Senhor? — Ulisses pergunta entrando no meu escritório.— Mandei! — falo esvaziando o copo de uísque e o ponho em cima da mesa, fazendo um barulho desnecessário. — Quero que fique de olho no Senhor Thompson. Siga-o para onde quer que ele vá.— Posso saber o que quer com isso, Senhor D’angelo?— Eu sei que ele sabe onde ela está e eu sei que é só uma questão de tempo até nos levar até ela. E, quando encontrá-la, eu quero que a traga para mim.— Sim, Senhor! — O homem me dá as costas para sair da sala.— E, Ulisses?— Sim, Senhor?— Se falhar de novo me encarregarei de que nunca mais trabalhe como segurança nessa cidade! — Ele engole em seco.— Não falharei, Senhor! Trarei a Senhora D’angelo de volta assim que encontrá-la.— Ótimo! Tire fotos dos passeios do Senhor Thompson. Eu quero saber de todos os seus passos sem exceções.— Sim, Senhor! — Ele sai, fechando a porta e eu volto a encher o meu copo. À noite subo as escadas praticamente cambaleand
Isadora Alguns dias após a fuga…— Oi! Bom dia, Pingo de gente! — digo me esticando preguiçosamente em cima da cama e sorrio, encarando o teto. Levo uma mão ao meu ventre ainda plano e suspiro contando até três. Assim que termino minha contagem pulo para fora da cama para ir ao banheiro diretamente para o vaso sanitário que já está com a tampa erguida para a primeira reação do dia do meu bebê. — Nossa, você bem que podia pegar leve com a sua mamãe aqui! — ralho, me preparando para a próxima rajada de vômito e como sempre me sinto enfraquecida, e me apoio ali mesmo aguardando que as minhas forças retornem. — Até quando vai ser malcriado assim, bebê? A mamãe precisa de uma trégua — resmungo e sorrio em meio a minha agonia. Minutos depois, estou renovada e saindo de debaixo do chuveiro. Me seco ansiosa e me visto com a mesma ansiedade para finalmente sair ao encontro de Marlene, e resolvo que tomarei o meu café da manhã na padaria mesmo. Pela manhã essa cidadezinha é ainda mais encantad
IsadoraNa noite de Natal…A noite de Natal chegou e trouxe com ela a melancolia, e as lembranças de dias felizes com a minha família. Nessa época Sara amava enfeitar a casa com seus enfeites e luzes, e as cores vermelho, verde e dourado predominavam tanto fora quanto dentro de casa. O jantar sempre exibia uma mesa farta e uma família unida, e feliz. E, mesmo os seus filhos não sendo mais crianças debaixo da enorme e reluzente árvore de Natal sempre havia presentes para todos nós. Tínhamos motivos para sorrir e para agradecer todos os anos. Contudo, hoje não será exatamente assim para mim. Penso olhando para mesa posta para uma pessoa só, com uma pequena travessa com lasanha que fiz mais cedo e uma jarra de suco de laranja, e os talheres devidamente arrumados ao lado de um prato solitário. Também tive o cuidado de ornamentar a casa para lembrar da alegria da pessoa mais especial desse mundo para mim e pus uma vela vermelha com singelos detalhes dourados no centro da mesa para dar um a
IsadoraHoras depois…Ouvir os sons das batidas do seu coraçãozinho é emocionante. Eu sempre soube que ele estava ali guardadinho e protegido dentro do meu ventre, mas ouvir os seus sons pela primeira vez me fez ter a certeza de que em breve estará comigo nos meus braços e que o amarei acima de qualquer coisa, que lutarei por ele com todas as minhas forças. E ninguém nunca o tirará de mim, nunca! Irei protegê-lo e o manterei seguro comigo para sempre.— Olha que surpresa magnifica! — Desperto quando o doutor Benjamin fala com uma estranha empolgação.— O que, doutor? — olho imediatamente para a tela e o meu coração quase para uma batida.— Você não está esperando um bebê, Isadora. São dois bebês.— Gêmeos?! — sussurro espantada com tal informação e juro que não sei se rio ou se choro.— Gêmeos. — Ele confirma. Levo as mãos ao meu rosto e logo me pego sorrindo entre lágrimas. — Meus parabéns, mamãe! Agora vou ver aqui como eles estão. Hum, tudo está como deveria estar. A circunferência
Isadora No dia seguinte… — Você é linda, Isadora! Estou viciado em você! — Ele sussurra ao pé do meu ouvido e o calor da sua respiração me faz ofegar levemente. Viro-me para ficar de frente para ele e no mesmo instante o meu celular começa a tocar… Espera, o meu celular? Abro os olhos abruptamente e encontro o dia já claro lá fora. Resmungo um xingamento baixinho e pego o telefone que insiste em chamar. Olho para visor e fito o nome de Bia, e na sequência as horas também. Merda! Pulo exasperada para fora da cama. — Que merda, me atrasei! — rosno e atendo o telefone. — Bom dia, Bia! — Isadora, cadê você, querida? Tenho que viajar em algumas horas! — Eu sei, me desculpa! Chego aí em alguns minutos. — Está bem! Estou aguardando você aqui na loja. — Ok! — Encerro a ligação, jogo o aparelho em cima da cama e corro para o banheiro. Tomo um banho rápido e visto a primeira roupa que vejo na minha frente. bebo um copo de suco, devoro uma generosa fatia de bolo de laranja e ponho alguns b
HeitorDifícil dizer como me sinto nesse exato momento. Estou entre a linha tênue de fazer uma loucura e de me sufocar em um mar de sensações que eu não quero sentir só de pensar que ela está aqui a alguns passos de distância de mim. Dentro de mim corre um rio de sangue fervente. Estou com muita raiva, mas estou com saudades dela também e claro que em momento algum deixarei transparecer essa minha fraqueza para ela. Não depois do que fez comigo. Para alimentar a minha sede de fazê-la pagar por sua traição ainda estou trancado no meu escritório, sentado na minha cadeira e encarando as imagens de Peter ao seu lado. Na verdade, perto demais dela. Tão perto que é possível beijá-la se ele quisesse e em uma única foto o maldito beijo acontece. Aperto com força a pulseira que comprei na minha última viagem e pressiono o objeto com tanta força entre os meus dedos que a dor chega que a rasgar a minha pele é como um bálsamo para mim. E puto da vida esmurro o tempo da mesa, puxando uma respiraçã