No dia seguinte, acordei com a movimentação no quarto. Bernardo já estava de pé. Notei que ele já havia tomado banho e estava vestido como um perfeito fazendeiro. As roupas, bem ajustadas, deixavam à mostra sua musculatura, e ele calçava botas de couro que completavam o visual. Ele parecia ter saído de um catálogo de fazendeiro, e eu não pude deixar de notar o quão bonito ele estava. Era difícil não perceber o quanto ele era atraente, especialmente agora, com sua postura confiante e o ar de quem dominava aquele ambiente. Nossa noite foi exatamente como deveria ter sido. Ele se deitou ao meu lado em silêncio, sem me tocar, e a cama, felizmente, era grande o suficiente para que cada um ficasse em seu canto. Apesar de termos concordado com sexo, eu não queria que aquilo se tornasse uma rotina, um relacionamento real. Não éramos um casal de verdade, e eu tinha plena consciência disso. — De pé tão cedo? — Perguntei, me sentando na cama, espreguiçando os braços. — Eu acordo cedo, Laur
Bernardo se sentou à mesa comigo, servindo-se de uma fatia generosa de pão caseiro e de um pedaço do queijo produzido ali mesmo. Enquanto comia, começou a me contar mais sobre a fábrica. — A gente começou há mais de quinze anos. No início, a produção era pequena, basicamente para consumo da fazenda e para alguns mercados locais. Mas com o tempo, investimos mais, ampliamos a estrutura e agora nossos produtos chegam a várias regiões do Brasil. — Ele falou com naturalidade, como se fosse apenas um detalhe. — Você sempre esteve envolvido nisso? — Perguntei, curiosa. Bernardo soltou um meio sorriso e balançou a cabeça. — Na verdade, não. Meu pai insistia, mas eu nunca fiz muita questão. Passei anos fora, tentei outras coisas, mas acabei voltando. — Ele deu de ombros, como se ainda estivesse se acostumando com a ideia. — Tem muita coisa que preciso aprender, mas estou pegando o jeito. — Então você está gostando? — Perguntei, cortando um pedaço de bolo de fubá que também estava na
No horário de almoço, Bernardo e eu voltamos para o casarão.— Nossa, é tudo muito bem calculado, não é? Qualquer erro em uma etapa na fabricação pode comprometer a produção inteira — comentei, ainda refletindo sobre o que tinha aprendido na fábrica durante a manhã. A conversa com o Bernardo me distraiu bastante, me ajudando a focar mais no trabalho do que na presença de sua mãe e irmã. Mas, quando voltamos para a fazenda, elas continuavam lá, claro. — Sim, por isso mantemos nosso padrão — respondeu Bernardo com um tom sério, já acostumado com o ritmo da fazenda. Entramos no casarão, ainda conversando sobre a logística e os detalhes da produção. No instante em que passamos pela porta, avistamos a mãe de Bernardo na sala. Ela estava com óculos de leitura, lendo algo que parecia ser uma revista, mas assim que nos viu, sorriu. — Aí estão vocês. Sumiram a manhã toda, porque não tomaram café com a gente? — perguntou Beatrice, a voz suave, mas com um toque de curiosidade. Bernardo s
No dia seguinte, a mãe e a irmã do Bernardo já haviam partido, e, com isso, senti um alívio imediato. Sem os olhares avaliadores das duas sobre mim, era como se a fazenda finalmente voltasse a ter um pouco de paz. Fernando e Diogo saíram cedo para cuidar dos negócios na fábrica e na transportadora, deixando o casarão mais silencioso. Eu estava terminando meu café quando Lena apareceu na cozinha, animada. — Vou até a lavoura de café verificar algumas coisas. Quer ir comigo? — perguntou, apoiando-se no balcão. A ideia de sair um pouco e conhecer melhor essa parte da fazenda me pareceu bem mais interessante do que passar o dia dentro do casarão. — Claro — respondi, me levantando. — Só me dá um minuto para pegar um chapéu. Lena sorriu, satisfeita, e esperou enquanto eu me preparava. Eu sabia que aquele passeio não era apenas sobre café. Lena sempre gostava de conversar e, provavelmente, queria aproveitar a oportunidade para falar sobre algo além do trabalho na fazenda. Saímos
O dia passou rápido, e aproveitei a tarde para focar na minha tese. Consegui estudar bastante e organizar melhor algumas ideias para a dissertação. Também aproveitei para ligar para a Cris, minha sócia e amiga, que me atualizou sobre os projetos do escritório. Conversamos por um bom tempo, e eu contei que estava gostando de passar um tempo na fazenda com minha prima, mas, obviamente, omiti a parte do casamento. Ainda não sabia como explicaria isso a ela, ou se algum dia explicaria. Mais tarde, minha mãe também me ligou. Dessa vez, estava na Suíça. Ela nunca parava em lugar nenhum por muito tempo. Cada dia era um destino diferente, uma nova experiência bancada pelo dinheiro que conseguiu no divórcio, depois que meu pai destruiu o casamento com uma traição. A lembrança da traição dele ainda ecoava dentro de mim, como uma ferida que nunca sarava completamente. Eu via a dor da minha mãe, a raiva e o vazio nos olhos dela, quando soubera da mentira. Mas não era apenas isso que me fazia
O sol da manhã entrou suavemente pela janela, aquecendo o quarto de forma calma e silenciosa. Eu acordei com uma leve sensação de desconforto, como se estivesse tentando processar o que havia acontecido na noite anterior. Bernardo estava ao meu lado, seu corpo ainda espalhado pela cama, respirando de forma tranquila, sem se preocupar com nada. Eu me virei lentamente, tentando não fazer barulho, e me sentei na beirada da cama. Esses momentos estavam se tornando perigosos… o Bernardo e eu passamos a dividir a cama desde que nos “casamos”, até porque precisamos manter as aparências para sua mãe quando ela estava na fazenda e agora precisávamos manter as aparências para os funcionários, já que a Lena e o Diogo sabiam do nosso acordo desde o início. Mas momentos como esses entre nós dois estavam se tornando perigosos, já que além de um contrato, estávamos fazendo sexo. Nosso casamento era real nesse sentido, estávamos casados perante a lei e transávamos, então a única coisa que não exist
BernardoJá fazia alguns dias desde a nossa conversa na cidade, e algo entre nós tinha mudado. Laura não parecia diferente continuava com aquele olhar distante, com aquele jeito de quem não se apega a nada. Mas eu… eu estava diferente. Eu já tinha conhecido mulheres difíceis antes, mulheres que jogavam charme fingindo ser inacessíveis, esperando que alguém insistisse o suficiente para quebrar a barreira delas. Mas Laura não era assim. Ela não jogava charme, não flertava, não dava brechas. Ela simplesmente se trancava. E o que mais me incomodava era o que ela disse antes de sairmos do carro. Não era só sobre mim. Era sobre qualquer um. Sobre o fato de que ela realmente acreditava que não existia nada de bonito dentro dela para alguém encontrar. E aquilo ficou na minha cabeça. Eu tentei me afastar dela, tentei não tocá-la… Mas dividíamos a mesma cama, então o sexo entre nós era algo recorrente. Era algo consensual, algo que acontecia sem esforço, sem culpa, sem discussões. L
O dia seguinte amanheceu com um céu limpo, sem nenhuma nuvem. O sol entrava pela janela do quarto, trazendo uma claridade dourada que contrastava com o frio da manhã. Me espreguicei, sentindo o lençol macio contra minha pele e, ao virar para o lado, vi Laura ainda adormecida. O cabelo bagunçado caía sobre o rosto, e seu jeito despreocupado de dormir me fez sorrir. Mas aquele momento de paz não durou muito. Um barulho no andar de baixo chamou minha atenção. Vozes animadas ecoavam pela casa, seguidas pelo som de passos rápidos na cozinha. Me levantei devagar para não acordar Laura e fui até a varanda, de onde dava para ver o quintal. Foi então que eu a vi. Uma mulher de cabelos castanhos, presos em um coque desalinhado, estava abraçando Rosa, a cozinheira. Ela falava animada, gesticulando bastante, enquanto Rosa segurava seu rosto com carinho, como se estivesse vendo um fantasma depois de anos. - Mariana, meu amor. Não acredito que está aqui, filha. Bom… a verdade nem eu ac