A madrugada ainda reinava quando o vibar do meu celular me arrancou de um sono pós-prazer. Era um áudio de Patrícia, que parecia desesperada por chamar minha atenção a essa hora. Ignorando-a momentaneamente, voltei meu olhar para Letícia, que dormia serenamente ao meu lado. Delicadamente, acariciei sua coxa, admirando sua pele suave ao toque, sem intenção de despertá-la. Ela se mexeu na cama, e por um momento, pensei que acordaria, mas apenas se ajeitou, perdida em seus sonhos. Observava a tranquilidade de seu rosto, a beleza nua coberta apenas por um lençol fino, pensando em quão perfeita ela parecia naquele instante. “Que perfeição,” murmurei para mim mesmo, capturado pela cena. De repente, Letícia se agitou novamente e murmurou algo ininteligível. Fiquei atento, tentando compreender suas palavras quando ela falou mais claramente em seu sono: — Não… faça isso… Vini! O uso do apelido me fez congelar, uma onda de raiva súbita inundando meus sentidos. Incrédulo, levantei da cama
Letícia Quando acordei, vi Rodolfo ao meu lado. Por um breve momento, alimentei a esperança de ser acordada com flores ou um daqueles cafés da manhã cinematográficos, repletos de romantismo... Que tola! Esperar que ele agisse como um cavalheiro após a intensidade da nossa última noite era ilusão minha. Já tinha percebido antes que a bebida não me faz bem, e a ressaca de hoje apenas reforçou essa certeza. Ele saiu do quarto batendo a porta com estrondo. Levantei, ainda um tanto atordoada, e troquei de roupa. Quando terminei de me arrumar e saí do quarto, encontrei Rodolfo perto da porta. Após seu comportamento tempestuoso no quarto, ainda teve a audácia de me beijar, demonstrando uma bipolaridade desconcertante. Sua mudança de atitude me deixou ainda mais confusa e irritada. Enquanto ele me beijava, eu não pude deixar de pensar que talvez viver um ano sob o mesmo teto não fosse uma boa ideia. Ele pode ser encantador entre quatro paredes, até me surpreendendo, mas suas mudanças brusc
Já pronta para o almoço, respirei fundo, sentindo um frio na barriga. A ansiedade era palpável, e enquanto me encarava no espelho, tentei me tranquilizar com um toque de humor: "É tudo um teatro, Letícia. Não fique tão nervosa. Ela será sua sogra apenas por um tempo." Sorri das minhas próprias bobagens. Optei por um vestido simples, com os cabelos soltos jogados de lado e uma maquiagem discreta. De repente, ouvi batidas na porta.— Senhora Barros! — a voz do outro lado me chamou, mas demorei a perceber que falavam comigo até ouvir novamente. — Senhora Barros, posso entrar?Ainda confusa com o uso do sobrenome, permiti: — Olá, entre, Dona Madalena! A senhora adentrou com uma caixa em mãos. — Só vim deixar essa caixa aqui. O motorista entregou, disse ser seu vestido para o casório.— Nem havia pensado nisso ainda! — exclamei, e ela me olhou surpresa.— Não estava preocupada com o vestido de noiva? — perguntou, visivelmente confusa.— Mas entendo que a senhora deve ter muito mais com o
Baixei o olhar, mas logo o ergui, mostrando que não tenho vergonha de vir de uma família humilde. A mãe e a irmã de Rodolfo trocaram um olhar e sorriram para mim.— Fique tranquila, minha linda, Rodolfo já comentou que vocês eram de origem humilde. Mas gostei da sua fala, demonstra ter personalidade. — Tatiane pegou em minha mão, sorrindo de forma encorajadora.— Ele comentou não, filha, ele fez um belo de um comunicado, olha aí. — Senhora ngela me mostrou a mensagem que Rodolfo havia enviado a elas, exibindo um ar de aprovação e humor.**Mensagem:**"Mamãe, venham almoçar para conhecerem minha noiva, Letícia. Já lhes aviso, ela não é mimada como a Patrícia, e é de personalidade forte além de origem mais humilde, então lhes aviso. Não façam muitas perguntas, deixem-na à vontade para respirar, não tagarelem demais, sejam simpáticas e lembre-se: ela será minha esposa e ninguém mudará isso!"Ao ler a mensagem de Rodolfo, senti minhas bochechas se aquecerem. Como ele poderia falar assim
GustavoEu e Letícia adentramos a casa, e sinto uma afeição especial por ela; gosto muito de fazer-lhe companhia. Desde pequeno, minha mãe — ou tia, como às vezes a chamo — sempre disse que sou muito carente; talvez seja verdade, e em Letícia encontro uma espécie de conforto. Decidi levá-la ao que considero o lugar mais bonito da casa do meu irmão: o jardim dos fundos. A casa é imensa, e tenho certeza que ela ainda não explorou todos os seus recantos, especialmente porque Rodolfo raramente frequenta essa área.— Já havia vindo aqui? — perguntei, enquanto ela olhava ao redor, claramente maravilhada.— Minha nossa, que lugar maravilhoso, é muito lindo, Guga. Ainda não havia vindo aqui. — Letícia respondeu, absorvendo a beleza do local.Peguei suavemente em sua mão e a conduzi para sentarmos nos pufes próximos à piscina. Antes de nos acomodarmos, caminhei até o frigobar e peguei algumas bebidas, abrindo uma para mim e outra para ela, já que o dia estava excepcionalmente quente.Quando re
Rodolfo Após sair de casa observei a tela do meu celular, havia uma mensagem de Vanessa, essa é uma das acompanhantes de luxo que costumam satisfazer minhas vontades, a mulher sabe tentar um homem a fazer loucuras com ela. Vanessa adora enviar fotos íntimas aos seus acompanhantes e eu estou nessa lista dela que recebe “belas fotos de bom dia” sempre tem um jeito de me animar com suas mensagens, sempre consegue me levar até ela, mas hoje não conseguiu essa proeza.Dirigi até a empresa e, ao chegar, encontrei a Selena já me esperando em minha sala.— Já viu os sites? — Ela se aproximou com um sorriso, o qual me fez prever boas notícias.— Ainda não tive tempo. Mantenha-me informado. — Respondi, sentando-me na cadeira enquanto ela posicionava seu notebook à minha frente. As imagens que apareceram na tela mostravam quão deslumbrante minha noiva havia estado na noite anterior.— Olha só, você e Letícia são destaque: ‘Senhor Barros e sua bela secreta noiva.’ — Comentei, sorrindo com a manc
Selena saiu, deixando-me sozinho com meus pensamentos. Decidi, então, que era hora de retornar a ligação da minha irmã.A ligação com Tatiane finalmente aconteceu, depois de uma sequência de chamadas perdidas.— Nossa, que demora, Rodolfo, se eu estivesse morrendo seria difícil me socorrer. — Tatiane iniciou com seu tom habitual, dramático e melancólico.— Não está morrendo já que me atendeu. Deixe de rodeios, Tati, aconteceu algo errado no almoço? — Perguntei enquanto girava na minha cadeira, tentando descontrair a situação.— Não, deu tudo muito certo. — Ela respondeu, para minha surpresa.— Minha noiva e a mãe não trocaram tapas, ninguém ergueu a mão a ninguém? — Insisti, meio brincando, meio sério.— O que é isso, Rodolfo, está achando que somos alguma gangue? — Tatiane retrucou, indignada com minha insinuação.— Não, só acho que há muita gente rebelde no mesmo ambiente. — Comentei, tentando suavizar.— A mãe adorou sua noiva. — Ela me surpreendeu, e eu sorri, batendo a caneta na
Após avisar meu pai que iria embora mais cedo devido ao nosso desentendimento, deixei as tratativas de sua empresa para o dia seguinte. Com o fim de semana se aproximando, precisava organizar tudo para a viagem que havia planejado com minha esposa — uma tentativa de garantir que ninguém pudesse dizer que não tivemos uma lua de mel. — Vai para sua casa? — Meu pai perguntou, recuperando um pouco do tom usual após a tensão entre nós. — Sim, pelo que sei a mãe já foi embora. — Respondi, pronto para sair. — Mas a sua noiva está lá, quero conhecê-la. — Ele manifestou um interesse repentino. — Venha comigo, ela está em casa na companhia do Gustavo, mas lembre-se, nem tente menosprezá-la, entendeu? — Entendido, filho, mas já sabe que sou contra, deveria... — ele começou a protestar, mas não deixei que continuasse. — Não me faça desconvidá-lo, meu pai, faça o favor. — Cortei-o firmemente, e ele olhou ao redor, talvez buscando um argumento melhor ou simplesmente absorvendo a reprimenda.