[SEMANAS DEPOIS] — Aqui diz que você trabalhou como babá para uma família influente de Londres... pode nos dizer quem é? O som suave do relógio na parede preenchia o silêncio do apartamento, enquanto Wendy e Ethan sentavam-se na sala, frente a frente com a candidata. O ambiente estava impecável, com móveis modernos e elegantes, refletindo o estilo sofisticado do casal. Jasper dormia tranquilamente no quarto ao lado, monitorado pelo baby monitor sobre a mesa de centro. A mulher à frente deles parecia confiante, mas o ambiente intimista do apartamento parecia adicionar uma camada extra de tensão à entrevista. A candidata, uma jovem nos seus vinte e poucos anos, ajeitou-se na cadeira e respondeu com um sorriso educado. — Prefiro não divulgar os nomes, por respeito à privacidade deles. — disse ela, as mãos descansando em seu colo. — Mas posso garantir que foi uma experiência muito enriquecedora. Cuidava de duas crianças pequenas, de dois e quatro anos, e também ajudava com algumas ta
No dia seguinte à entrevista, Sophie chegou cedo. Antes das sete da manhã, ela tocou a campainha do apartamento dos Blackwell. Wendy, que já estava acordada desde as cinco organizando o café da manhã e ansiosa pela mudança que estava prestes a acontecer em sua casa, correu para atender à porta. Ao abrir, encontrou Sophie com a mesma aparência impecável e um sorriso caloroso. Ela carregava uma mochila discreta e uma pequena sacola. — Bom dia, senhora Blackwell. — disse Sophie, educada, mas com um tom amigável. — Espero que não esteja muito cedo. Wendy sorriu, claramente aliviada com a pontualidade. — De jeito nenhum. Entre, Sophie. Estamos felizes que você já esteja aqui. — disse ela, abrindo espaço para a jovem entrar. Enquanto Sophie tirava o casaco e se acomodava, Wendy a guiou até a sala, onde tudo estava arrumado e calmo. — Jasper ainda está dormindo, mas isso não deve durar muito. — explicou Wendy. — Ele geralmente acorda por volta das sete e meia para a primeira mamada. Em
— Eu vou pensar nisso. Ethan segurou o rosto de Wendy com firmeza, mas sem pressa, os polegares traçando levemente suas bochechas. Seus olhos castanhos, intensos e cheios de determinação, encontraram os dela, que estavam repletos de incerteza. — Não há mais o que pensar, amor. — disse ele, a voz grave e baixa, mas carregada de sinceridade. — Você é forte, inteligente, e a única pessoa capaz de resolver o que precisa ser feito lá. Essa é a sua empresa, o seu legado. Não deixe que o medo ou a culpa te impeçam de ser tudo o que você pode ser. Wendy piscou, visivelmente tocada pelas palavras dele, mas ainda havia um leve tremor de hesitação em sua postura. Ethan inclinou-se ligeiramente, sua voz ficando ainda mais suave. — Eu sei que você quer estar aqui para Emily, Jasper, para nós... — continuou ele. — Mas estar aqui fisicamente não é o mesmo que realmente ajudar. Você pode fazer muito mais resolvendo o que precisa ser feito na Itália. Sophie está aqui para isso, e eu estou aqui par
O ronco suave do motor do SUV preto ecoava pelas ruas de Londres enquanto Wendy olhava pela janela, observando o fluxo constante de pessoas e veículos. A cidade estava coberta por uma leve névoa, típica das manhãs londrinas, mas isso não desviava sua atenção dos pensamentos que preenchiam sua mente. A viagem para a Itália ainda pairava como uma sombra sobre suas responsabilidades, mas ela sabia que Ethan não a deixaria voltar atrás. O veículo desacelerou ao se aproximar do imponente prédio de vidro e aço que abrigava a sede da empresa. Mark, seu novo segurança, estacionou com precisão junto à entrada principal. Saindo do carro, ele contornou rapidamente para abrir a porta para ela. — Senhora Blackwell. — cumprimentou ele em um tom formal, mas amistoso. Wendy assentiu com um sorriso discreto, ajustando o casaco sobre os ombros antes de sair do carro. — Obrigada, Mark. — respondeu, sua voz refletindo a elegância e a firmeza que haviam se tornado suas marcas registradas. A entrada d
O motor do carro ronronava suavemente enquanto Wendy dirigia pelas movimentadas ruas de Londres, mantendo os olhos atentos no trânsito à sua frente. Theo estava no banco do passageiro, com o braço apoiado na porta e um olhar distraído no rosto, até que finalmente quebrou o silêncio. — Então, me diga mais sobre essa sua amiga... Heather, certo? Wendy lançou um olhar de soslaio para ele, um sorriso ligeiramente provocador surgindo em seus lábios. — Por que o interesse, Theo? Ele deu de ombros e tentando parecer casual, olhou pelo espelho retrovisor, para conferir se o segurança estava seguindo-os no seu carro. — Só estou curioso. Você quase nunca menciona os amigos da faculdade, e, bem... ela parece interessante. — Interessante? — Wendy riu. — Ela é advogada, teimosa, cheia de energia e... completamente fora do seu alcance. Theo estreitou os olhos, mas não pôde evitar um sorriso. — Por que tão cruel, irmãzinha? Talvez ela goste de caras determinados como eu. Ao virar na rua de
O som dos aplausos e gritos ainda ecoava pelo galpão enquanto Ethan descia do ringue. Com uma toalha jogada sobre os ombros e o rosto suado, ele caminhou em direção à área onde sabia que Wendy estaria esperando. Quando finalmente a viu, a cena o surpreendeu. Wendy estava com os braços cruzados, ao lado de Theo, Heather e Lisa, todos com expressões que variavam entre entusiasmo e curiosidade. — Vocês realmente vieram me ver lutar? — perguntou Ethan, arqueando uma sobrancelha enquanto olhava para o grupo. Heather foi a primeira a responder, dando um passo à frente com um sorriso largo. — Claro que sim! — disse ela, animada. — Wendy disse que seria uma luta emocionante, e olha, você não decepcionou. Lisa concordou com um aceno, os olhos brilhando. — Você foi incrível. Não é à toa que chamam você de "Black-Bom". Ethan olhou para Wendy, claramente intrigado. — Não acredito que você trouxe seu irmão e amigas para ver essa luta... Você é... Ele riu baixo, mas o humor leve foi rapida
Londres, 2013. — Isso é ridículo! Eu não posso aparecer na frente de toda aquela gente, usando essa coisa horrenda. — Seu pai escolheu. Você está mais do que careca que saber, que as decisões do seu pai são irrefutáveis. Wendy encara o espelho mais uma vez e cruza os braços, extremamente irritada. Ela chega à conclusão de que seu pai só pode enxergá-la como uma palhaça, para fazer com que vista aquele vestido roxo todo armado e com mangas bufantes. — É meu aniversário de quinze anos. Eu deveria ter pelo menos o direito de escolher o que vestir. Abby, a babá de Wendy, apenas encolhe os ombros e sorri para a menina através do espelho. — Você sabe que não é apenas o seu aniversário. — a velha mulher diz, abraçando a garota de lado. — E não importa a roupa que você vista, menina. Você sempre estará linda. — Sua opinião não vale, babá. Eu duvido que Steve vá me achar bonita dentro desse troço enorme e roxo. — Claro que... Abby teve sua fala cortada, pela presença de uma das em
Londres, 2023. — Por dirigir alcoolizada, não respeitar o sinal vermelho e quase atropelar um homem na calçada, cinco mil dólares. — O QUE? ISSO É... — Sem gritos, senhorita Montenegro. Isso aqui não é a sua casa. Wendy fecha os olhos e respira fundo. Não era sua intenção sair presa da corte. — Desculpe, meritíssimo. Eu só... eu não tenho esse dinheiro. Não tenho de onde tirar. O homem de cabelos brancos e paciência zero, encara Wendy de cima a baixo. Geralmente ele enviaria a pessoa diretamente para a cadeia, devido a gravidade da multa, mas ele sentiu um pouco de empatia por Wendy. Talvez fosse os olhos lacrimejados; talvez a expressão genuína de arrependimento em seu rosto, ou a percepção de que ela não representava uma ameaça direta à sociedade. O juiz pondera por um momento antes de falar: — Senhorita Montenegro, suas ações foram extremamente irresponsáveis e poderiam ter causado danos irreversíveis. No entanto, considerando que esta é sua primeira ofensa e levando em cont