Londres, 2011. — Mãe, eu gosto dessa blusa! — Mas você não vai levar. Já cansei de dizer que quando for para a casa do seu pai, tem que trazer coisas novas de lá. Wendy bufa e cruza os braços, enquanto sua mãe retira todas as roupas que ela tinha acabado de guardar na mochila surrada. — Aliás, há outra coisa que precisamos conversar, antes de você ir. — Eda se senta, olhando para sua filha adolescente. — O seu aniversário. — O que tem meu aniversário? — Wendy perguntou. Desde que se entendia por gente, todas as suas festas de aniversário eram comemoradas com o aniversário da Vinhos Montenegro. E aquele ano não seria diferente. — Não se faça de boba, cachinhos de ouro. — ela se levanta por poucos segundos, segura a mão da filha e a puxa para se sentar ao seu lado. — Sabe que seu pai dará uma grande festa. E eu quero estar lá. — Mamãe... — Wendy murmura, sentindo-se envergonhada pelo que estava prestes a dizer. — eu já tentei outras vezes... o papai sempre diz que a senhora nã
Com as mãos na cintura, um rosto estarrecido e sua gêmea avoada do lado, Chloe olha alternadamente entre seus outros dois irmãos. — Que merda é essa, Theo? — Olha a boca, Chloe. — Não! — ela exclama e adentra o quarto. — Você acabou de dizer que a Wendy é nossa irmã de sangue. O papai traiu a nossa mãe! — Chloe olha para Wendy, que encarava o chão abobalhada com toda aquela informação. — Agora está explicado por que eu nunca gostei de você. Pior do que ser adotada, é ser uma bastarda. Chloe lançou um olhar de desprezo para Wendy, seu rosto contorcido em desdém. — Uma bastarda, uma filha ilegítima nascida de uma traição nojenta, com aquela mulher pobre! Sempre soube que você não pertencia a esta família de verdade. Wendy sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. As palavras de Chloe cortaram fundo, atingindo-a onde mais doía. Ela nunca imaginara que sua própria irmã pudesse ser tão cruel. — Chloe, para com isso! — Theodore interveio, tentando acalmar os ânimos. — Não er
— Mamãe... o que... — Eda... — Oliver murmura, olhando alternadamente entre a maluca da sua ex-amante e sua filha amedrontada. — Abaixe essa faca. Você vai machucá-la. — Oras... essa é a ideia, querido. Wendy sentiu seu coração bater descompassadamente, enquanto estava presa aos braços de sua mãe com a lâmina fria da faca pressionando seu pescoço delicado. Oliver permanecia imóvel com seu olhar fixo em Eda. Ele sabia que qualquer passo em falso poderia desencadear uma tragédia irreparável. — Eda, por favor. — ele implorou, com a voz angustiada. — Não faça isso. Wendy é só uma criança. Ela não tem culpa das escolhas erradas que fizemos. Eda soltou uma risada sinistra, a faca tremendo levemente em sua mão, deixando Wendy cada minuto mais apavorada. — Escolhas erradas? Ter ficado comigo, foi uma escolha errada? — Eda, sabe que nós só nos envolvemos porque eu estava passando por alguns problemas com a minha mulher. — o olhar de Eda fica ainda mais furioso e Oliver tenta melho
Londres, 2023. — Aqui o seu documento, senhor Blackwell. Só aguardar. Logo serão chamados. Após pegar seu documento da mão da recepcionista, Ethan da meia volta e se senta ao lado de Emily outra vez. A garota estava agarrada a uma revista de moda, sem dar muita atenção para aquilo. Ethan a olha de lado por alguns segundos e questiona: — Sua mãe sabe que você está aqui? — Não. — ela dá de ombros. — Provavelmente acha que estou na casa de alguma amiga. Mamãe é orgulhosa demais para me procurar. — Entendi... e onde vocês moram? Eu conheci sua mãe em... — Em um bar antigo nas noites de Liverpool. — Emily murmura, rolando os olhos. — Eu sei. E nós moramos no mesmo prédio velho da quinta avenida. Nada mudou. — Ah, eu... Ethan é interrompido pela menção de seu nome. Uma enfermeira alta e elegante estava diante de um corredor, com alguns papéis em mãos. Ele se levanta e olha para Emily, que parece paralisada na cadeira. — Tudo bem? — Sim. — ela murmura e se levanta, nada confiante da
— Ela não está, senhor Blackwell. — a recepcionista diz, desligando o telefone. — A secretária dela informou que a senhora Wendy saiu antes do almoço e ainda não retornou. Ethan estreita as sobrancelhas. — Liga de novo. A recepcionista supre sua vontade de revirar os olhos e pega o telefone mais uma vez. Ethan estava desconfiado de que Wendy não queria vê-lo, por estar chateada com a probabilidade de ele ter uma filha. Apesar de ela ter encorajado ele, e sido bastante compreensiva, Ethan tinha um certo receio daquilo ser falso e Wendy desistir do relacionamento deles. — Não. — ele diz. — Quer saber? Vou até lá. A mulher apenas o encarou, enquanto ele dava as costas para ela e ia para o elevador. Ethan apertava os botões frenéticamente, quando as portas se abriram, Theo saia olhando para o celular e os dois se trombaram. — Ei! — Theo exclama, olhando para seu cunhado. — Ethan. O que aconteceu? — Estão dizendo que Wendy não está. — E é verdade. — Theodore arqueia uma sobrance
Ethan encarou Wendy por longos segundos, até que falou: — Loira você era maravilhosa, mas morena... — ele fez uma careta brincalhona, tentando aliviar a tensão. — Você está absolutamente deslumbrante. Wendy soltou uma risada trêmula, um som que era ao mesmo tempo de alívio e felicidade. Ethan a puxou para mais perto, encostando sua testa na dela. — Juntos, podemos superar qualquer coisa, Wendy. — ele sussurrou. Deitados na cama, eles permaneceram em silêncio por alguns minutos, ouvindo apenas o som de suas respirações se acalmando. A luz suave do entardecer penetrava pelas cortinas, envolvendo-os em um brilho cálido. O peso das emoções do dia começava a ceder, substituído por uma sensação de paz que só a presença um do outro podia proporcionar. Ethan afagava delicadamente os cabelos molhados de Wendy, sentindo o cheiro da tinta recente. Ela, por sua vez, descansava a cabeça em seu peito, ouvindo as batidas firmes de seu coração. O calor do corpo de Ethan e a segurança de seus bra
Clifton andava de um lado a outro, no camarim improvisado, preocupado com a demora de Ethan. Faltavam dez minutos para a luta começar e ele ainda não havia chegado. O treinador estava prestes a ligar de novo, quando Ethan irrompe pela porta, jogando a bolsa no chão. — Cheguei. — Estou vendo. Ethan olha de lado para o seu treinador, enquanto começa a tirar seu terno e vestir apenas o short de luta. Clifton o observa com olhos estreitados. — Você não pode continuar chegando atrasado assim, Ethan. Isso aqui não é brincadeira. Ethan dá de ombros, sem parar o que está fazendo. — Não ligo para dinheiro, Clifton. Você sabe disso. Clifton se aproxima, o rosto vermelho de raiva. — Eu sei para o que você liga. Você acha que pode vencer o cara que matou sua irmã sem se esforçar, sem se dedicar? Você acha que só aparecer aqui vai ser suficiente? — Ethan o encara. — Lembra da surra que ele te deu, quando você simplesmente resolveu desafiá-lo cego de ódio? Ethan dá de ombros, claramente
Wendy dormia serenamente, quando um barulho de algo se quebrando, a despertou. Ela acordou assustada e olhou para a porta entreaberta. Levantando com cuidado, Wendy olhou em volta por alguns segundos e pegou seu sapato de salto alto, deixando o quarto em seguida. Caminhando lentamente até a sala, com seu salto alto em punhos, Wendy encontrou Ethan de pé, segurando um vaso quebrado nas mãos. Ele olhou para ela, um sorriso divertido se formando em seu rosto. — Boa noite, bela adormecida. — ele disse com um tom brincalhão. — Acho que fiz um pouco de barulho. Wendy soltou um suspiro de alívio, deixando o sapato cair ao lado dela. — Ethan, você me assustou! — ela exclamou, colocando uma mão sobre o peito para tentar acalmar os batimentos cardíacos. — Eu pensei que fosse algum intruso. Ethan riu, olhando para o sapato que Wendy tinha em mãos. — Um salto alto? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha. — Essa é sua arma secreta para se proteger? Wendy revirou os olhos e deixou o sal