LEXIE
É impossível não me dissolver em lágrimas quando viro de costas para Stephan e saio correndo. Ser extremamente dura é algo necessário, não quer dizer que é exatamente o que sinto.Meus sentimentos estão mesclados e tão difíceis de serem compreendidos. Vê-lo reativou alguma coisa que eu ainda não sei o que é, mas que, desde já, apressei em afastar do meu ser. Seja lá o que ressurgiu em mim, isso precisa desvanecer de uma vez por todas. Não podemos retornar e simplesmente viver o passado. Não podemos. Tudo mudou. Em oito anos tudo mudou. Inclusive, quen nós somos.
A noite nunca pareceu tão longa. Demoro a pegar no sono. Muito provavelmente porque um certo alguém insiste em se fazer presente em meu pensamento, de modo que me desestrutura e me causa insônia. Depois de muito tentar, de me revirar na cama, adormeço.
Acordo quando sinto duas mãozinhas pequenas mexendo suavemente e
STEPHANA campainha toca duas vezes seguidas. Faço uma careta. Levanto-me do sofá preguiçosamente. Abro a porta, e lá está ela.E aqui está meu coração pulsando fortemente e desconforme.— Lexie... o que...?— Posso entrar? — a sua voz ressoa baixinho, como se estivesse envergonhada.Eu abro mais a porta, cedendo espaço para que ela entre. Estou nervoso e surpreso com sua presença. Pensei que ela não quisesse mais me ver. Pensei que... Pensei em tantas coisas.Lexie rola os olhos e tudo aquilo parece tão embaraçoso.Fecho a porta atrás de mim e me v
LEXIEDizer a verdade nunca pareceu tão difícil.Fui até Stephan apenas para dizer a verdade de uma vez por todas. Era esse o plano, me libertar desse segredo, dessa culpa, dessa dor.Fazer amor com ele não fazia parte dos planos. Beijá-lo como se não houvesse amanhã, também não.Acontece que planos não superestimados.Abro a porta de casa e mamãe está sentada no sofá, feito uma assombração. Assim que me vê, ela caminha em minha direção depressa, parece aflita.— Onde estava? Tem noção do quanto estava preocupada? A Soph se recusava a dormir
STEPHAN— Pare de tentar resistir, Stephan! Vai tomar uma ducha fria, sim! Anda, vem...Vincent me arrasta da cama para o banheiro. Tento relutar, empurro ele com a força que ainda me resta, seguro nos móveis, mas nada consegue ser maior que Vincent naquele instante. Ele me arrasta com toda a sua força, que àquela altura, parece ser invencível.Ainda de roupa, meu amigo - ou nem tanto - me joga embaixo do chuveiro. Sem dó nem piedade, ele simplesmente me lança e me segura, tentando fazer com que eu não fuja. A água fria bate contra meu corpo e a sensação é de ser atingido por várias pedras que perfuram dolorosamente.Vincent continua me forçando em direção ao chuveiro. Fecho os olhos, já estou todo molhado, não há para onde correr.<
AMANDA— Está trancada. — Hector adverte quando me aproximo do quarto de Lexie.Meu sobrinho está sentado no chão, próximo da porta do quarto de minha menina.Solto um longo suspiro.— Ela está profundamente magoada e aborrecida, tia Mandy. Acho que... acho que ela precisa desse momento consigo próprio.— Penso o mesmo, Hector... Mas, sou mãe. E meu coração de mãe se parte em não poder fazer nada para ajudá-la.Hector se levanta, é bem mais alto que eu. Meu sobrinho se tornara um homem excepcional, educado e muito prestativo. A amizade tão grandiosa e verdadeira com Lexie ultrapassa os anos
STEPHAN— Tem certeza que ainda sabe fazer isso?Vincent provoca quando chegamos na pista de pouso e decolagem. Faço uma careta para meu amigo.— Está falando com o melhor piloto de avião que conhece. Tem sorte de esse grande piloto também ser seu melhor amigo.Vince ri.— Nós dois sabemos que entre você e eu... — ele me analisa. — Cara, está bonito. O que fez? Cirurgia plástica?Gargalho.— Idiota. — ralho. — Só fiz a barba e cortei os cabelos. Nada demais.— Ihhh, não sei, não. Você se preocupando com a aparência. Está mesmo apaixonado. 
LEXIESophia adormece no carro. Não esperava menos, aproveitou toda a tarde e se divertiu como nunca havia feito em toda a sua vida. Ainda consigo sentir o frio na barriga de quando o helicóptero subia para o alto. Consigo sentir o arrepio que percorreu minha espinha quando abri meus olhos e dei de cara com o magnífico Céu azul tão extremamente próximo a mim.Foi lindo, emocionante e gratificante.Nada me deixava mais feliz do que olhar para meu lado e ver aquele sorriso largo nos lábios de Soph. Stephan nos proporcionou isso.Nos proporcionou um dos momentos mais lindos de toda a minha vida.Quando chegamos em casa, tento colocar Sophia em meus braços sem acordá-la, mas é em vão. Ela tem o sono leve.Minha menina ergue-se ainda so
STEPHAN— Lexie?Quando abro a porta vejo Lexie com Sophia em seus braços. Minha garota dorme serenamente recostada no ombro da mãe. No chão, vejo uma pequena mala e uma bolsa que deve ser de Lexie. Volto meus olhos para seu rosto.Seus olhos estão inchados e vermelhos. Começo a me preocupar com o que aquilo pode significar.Lexie estava chorando.Vincent surge atrás de mim.— Podemos passar a noite aqui? — ela diz, a voz fraca e embargada. — Me desculpe por vir sem avisar, eu nem...— Claro que pode. — Pego as coisas que estão no chão e cedo espaço para que ela entre.— Dê-me a pequena. — Vincent transfere Sophia d
LEXIEQuando entro em casa, tia Sabrina está vindo da cozinha com uma bandeja de chá. Ela se surpreende quando nota minha presença, um simples descuido e tudo que ela tinha em mãos teria ido diretamente ao chão.— Alexie! Céus! É você!— Oi, tia... Eu... estou... — mordo os lábios. — Onde está minha mãe?— Está no quarto. Desde ontem não sai da cama e não para de chorar. Estávamos tão preocupados. Por onde esteve? Onde está a Sophia?— Ficou com o pai. — digo com firmeza.É estranhamente bom dizer isso. Sophia está com o pai. Sophia está com o ho