Dizer a verdade nunca pareceu tão difícil.
Fui até Stephan apenas para dizer a verdade de uma vez por todas. Era esse o plano, me libertar desse segredo, dessa culpa, dessa dor.
Fazer amor com ele não fazia parte dos planos. Beijá-lo como se não houvesse amanhã, também não.
Acontece que planos não superestimados.
Abro a porta de casa e mamãe está sentada no sofá, feito uma assombração. Assim que me vê, ela caminha em minha direção depressa, parece aflita.
— Onde estava? Tem noção do quanto estava preocupada? A Soph se recusava a dormir
STEPHAN— Pare de tentar resistir, Stephan! Vai tomar uma ducha fria, sim! Anda, vem...Vincent me arrasta da cama para o banheiro. Tento relutar, empurro ele com a força que ainda me resta, seguro nos móveis, mas nada consegue ser maior que Vincent naquele instante. Ele me arrasta com toda a sua força, que àquela altura, parece ser invencível.Ainda de roupa, meu amigo - ou nem tanto - me joga embaixo do chuveiro. Sem dó nem piedade, ele simplesmente me lança e me segura, tentando fazer com que eu não fuja. A água fria bate contra meu corpo e a sensação é de ser atingido por várias pedras que perfuram dolorosamente.Vincent continua me forçando em direção ao chuveiro. Fecho os olhos, já estou todo molhado, não há para onde correr.<
AMANDA— Está trancada. — Hector adverte quando me aproximo do quarto de Lexie.Meu sobrinho está sentado no chão, próximo da porta do quarto de minha menina.Solto um longo suspiro.— Ela está profundamente magoada e aborrecida, tia Mandy. Acho que... acho que ela precisa desse momento consigo próprio.— Penso o mesmo, Hector... Mas, sou mãe. E meu coração de mãe se parte em não poder fazer nada para ajudá-la.Hector se levanta, é bem mais alto que eu. Meu sobrinho se tornara um homem excepcional, educado e muito prestativo. A amizade tão grandiosa e verdadeira com Lexie ultrapassa os anos
STEPHAN— Tem certeza que ainda sabe fazer isso?Vincent provoca quando chegamos na pista de pouso e decolagem. Faço uma careta para meu amigo.— Está falando com o melhor piloto de avião que conhece. Tem sorte de esse grande piloto também ser seu melhor amigo.Vince ri.— Nós dois sabemos que entre você e eu... — ele me analisa. — Cara, está bonito. O que fez? Cirurgia plástica?Gargalho.— Idiota. — ralho. — Só fiz a barba e cortei os cabelos. Nada demais.— Ihhh, não sei, não. Você se preocupando com a aparência. Está mesmo apaixonado. 
LEXIESophia adormece no carro. Não esperava menos, aproveitou toda a tarde e se divertiu como nunca havia feito em toda a sua vida. Ainda consigo sentir o frio na barriga de quando o helicóptero subia para o alto. Consigo sentir o arrepio que percorreu minha espinha quando abri meus olhos e dei de cara com o magnífico Céu azul tão extremamente próximo a mim.Foi lindo, emocionante e gratificante.Nada me deixava mais feliz do que olhar para meu lado e ver aquele sorriso largo nos lábios de Soph. Stephan nos proporcionou isso.Nos proporcionou um dos momentos mais lindos de toda a minha vida.Quando chegamos em casa, tento colocar Sophia em meus braços sem acordá-la, mas é em vão. Ela tem o sono leve.Minha menina ergue-se ainda so
STEPHAN— Lexie?Quando abro a porta vejo Lexie com Sophia em seus braços. Minha garota dorme serenamente recostada no ombro da mãe. No chão, vejo uma pequena mala e uma bolsa que deve ser de Lexie. Volto meus olhos para seu rosto.Seus olhos estão inchados e vermelhos. Começo a me preocupar com o que aquilo pode significar.Lexie estava chorando.Vincent surge atrás de mim.— Podemos passar a noite aqui? — ela diz, a voz fraca e embargada. — Me desculpe por vir sem avisar, eu nem...— Claro que pode. — Pego as coisas que estão no chão e cedo espaço para que ela entre.— Dê-me a pequena. — Vincent transfere Sophia d
LEXIEQuando entro em casa, tia Sabrina está vindo da cozinha com uma bandeja de chá. Ela se surpreende quando nota minha presença, um simples descuido e tudo que ela tinha em mãos teria ido diretamente ao chão.— Alexie! Céus! É você!— Oi, tia... Eu... estou... — mordo os lábios. — Onde está minha mãe?— Está no quarto. Desde ontem não sai da cama e não para de chorar. Estávamos tão preocupados. Por onde esteve? Onde está a Sophia?— Ficou com o pai. — digo com firmeza.É estranhamente bom dizer isso. Sophia está com o pai. Sophia está com o ho
STEPHAN— Não, já chega! Cansei! Não quero mais brincar!Vince salta do sofá visivelmente aborrecido. Sophia olha para mim e, em seguida, abre um largo sorriso, seguido de uma estrondosa gargalhada. Minha gatinha comemora a vitória pela quinta vez no dia.Vincent revira os olhos, incomodado com nossa confraternização. Sorrio para ele de modo perverso.— É muito fácil comemorar uma vitória totalmente injusta, não acha?É a vez de Sophia revirar os olhinhos, desprezando o comentário repleto de inveja do tio.— Você é tão danadinho, tio Vince. Não sabe perder de jeito nenhum, não é, Stephan?Assinto, balançando a cabeça.—
LEXIEVoltar para casa e deixar Stephan é difícil. Porque, por um segundo, senti que estava em casa ao seu lado. Dormir junto a ele depois de tantos anos separados, foi incrível. Foi como se, pela primeira vez em anos, me sentisse tão segura nos braços de alguém que até mesmo meu sono respondeu de uma maneira diferente: foi melhor, mais tranquilo, sereno.Depois de falar com mamãe, Meg, tia Sabrina, Aspen e meu pai, Soph sobe as escadas ainda aborrecida comigo.Nunca vi minha garotinha tão aborrecida e desanimada. Durante seu banho, não trocamos palavras. Ao invés de falar, Sophia dá espaço a um bico enorme nos lábios que evidência seu ar enfadonho.— Boa noite, querida.Digo depois de colocá-la na cama.Me inclino para beijá-la, como sempre o faço, mas, dessa vez, não so