Estava me arrumando para ir trabalhar, hoje eu pegaria no turno da tarde, isso significa que só sairia do hospital amanhã de manhã. Eu pegaria as 18 horas e sairia as 6 da manhã, meu coração estava apertadinho, uma sensação ruim tomava conta de mim, talvez por que essa seria a primeira vez que meu plantão seria a noite, eu não gostava de dormir longe de Leon. Eu sei que ele já dormiu várias vezes com o pai sem mim, mais esse processo dele dormir em seu quarto sozinho era desgastante pra ele também, sem contar que Lyon não estaria em casa, então seria só ele e dona Maria. Me despeço dele o enchendo de beijos, sinto seu cheirinho e digo apertando ele. — Mamãe te amo... Olho pra dona Maria e digo: — Qualquer coisa me liga! — Pode deixar Majú... Ahhh... Tinha me esquecido, Lyon estava em uma viagem, alguma coisa sobre a comunidade, mais ele não me conta detalhes e nem eu faço questão de saber. A previsão é dele chegar amanhã de manhã. Chego no hospital por volta das 17:50, troco de r
Estaciono meu carro na entrada da favela e já consigo ver dois carros da polícia estacionados ali. Respiro fundo tentando controlar meu nervosismo e tento passar por eles como se eu fosse uma moradora. — Você está maluca? Sou impedida de passar por alguém que me segura pela cintura. Eu sabia quem era, aquela voz era muito bem conhecida por mim, Caíque estava ali. — Eu vou subir esse morro e nem você ou Lyon vai me impedir! Digo firme olhando em seus olhos. — Não, não vai! Nem que pra isso eu tenha que mandar te prender. Ele é mais firme que eu. — Ela vai matar meu filho Caíque... Choro. — Ela perdeu um bebê recentemente, ela me odeia e me culpa por isso. — Vamos acha-la... Fica calma! — Não! Eu não vou ficar calma, é o meu filho que está nas mão daquela louca... Você tem filhos Caíque? Pergunto brava já sabendo a resposta. — Você sabe que não! Ele responde com um olhar de bravo também. — Então você não sabe o desespero que está dentro de mim! — Você tem razão, eu realmente
Eu não tinha escolha, meu filho realmente precisava de mim. Ainda com a arma em punho olho nos olhos de Hellen. — Eu vou te caçar e vou te encontrar, se prepare! Saio daquela casa dando de cara com meus homens rendidos por vários homens, provavelmente polícias a paisana. — Vamos embora! Digo encarando os homens de caíque, que sem questionar nos deixa sair do local. Eu sei que estão se questionando sobre o fato de eu sair daquela comunidade sem ser preso, simples... Aquela missão não era policial e sim pessoal! Caíque estava a paisana, a maioria dos seus homens também, isso significa que a operação não foi planejada por uma equipe tática da polícia, ele não tinha como me prender. Como iria se explicar para seus superiores? Consigo voltar para a mata sem problema algum, apesar de ainda ouvir tiros. Com certeza Caíque conhecia o dono desse morro, eles subiram muito rápido. Já com meu pequeno nos braços, saio daquela comunidade, ligo pra Majú. — Lyon... Lyon... Ela diz afoita. —
Lyon...Não tem sensação melhor do que estar em casa com meu pequeno em meus braços, a salvo... Assim que chego no complexo fogos são disparados, meus vapores comemoram e logo aparecem Kadu, Lorena e Marina, todo riem e se abraçam em comemoração, era um puxa Leon pra cá, puxa Leon pra lá e ele? Bom, Leon estava dormindo como se nada estivesse acontecido e assim ele continuou. — Cadê Majú? Me questiona Kadu. — Falei com ela no caminho de volta pra cá, parece que o tal Caíque prendeu ela em uma viatura, para ela não subir o alemão. Eles riem. — Mas acredito que logo ele irá solta-la, qualquer b.o ela liga. Digo. Todos estavam indo embora, sabia que eu precisava dar um banho no Leon e precisava de um banho também. — Qualquer problema me liga! Me abraça Kadu se despedindo. Já era madrugada quando meu rádio apita, eu estava no sofá esperando Majú chegar e o rádio tocar naquele horário só poderia ser os meninos avisando que ela havia chegado. — Diz aí! — Chefe, a patroa chegou, mas
Majú...Ele chama de prevenção, eu chamo de operação de guerra ! Foi isso que Lyon montou para eu ir vê Caíque, eu saí da comunidade com três carros a minha frente e mais 4 atrás , quando FM estacionou em frente ao apê de Caíque, todos os outros sete carros já haviam se espalhado pelas ruas ao redores. — Você tem meia hora pra conversar com ele, se em 30 minutos você não estiver saindo por aquela porta, eu vou atrás de você e arrombo a porta dele! Bufo com sua ameaça, mas sei que essas foram as ordens de Lyon. — Entendi... Meia hora! Confirmo. — Se der b.o, te ligo! Afirmo com a cabeça e desço do carro, ao entrar no holl do condomínio olho para o porteiro que já me reconhece na hora, da época que namorei Caíque. — Dona Maria Júlia... Ele sorri. — Quanto tempo. — Seu Afonso... Retribuo o sorriso. — Tudo bem com o senhor? — Graças a Deus! Responde. — Seu Afonso, Caíque está em casa? — Está sim, mas não quer receber visita de ninguém. Seu olhar é de pesar. — Deixa eu subir? V
Vê pela tv que ele foi preso e que perdeu seu tão amado emprego me dói até hoje, seis meses se passaram desde aquele dia na casa dele, Marina me conta algumas coisa, como por exemplo, como foi o dia que ela o visitou na prisão. Ela disse que onde ele está é um lugar diferenciado, lugar só para ex policiais, mas mesmo assim ele a proibiu de voltar lá para visitá-lo. Sobre a conversa que eu e ele tivemos em relação eu ir embora do rio, ainda não conversei com Lyon sobre isso, mais esse pensamento não sai da minha cabeça. — Vamos Majú, a gente vai se atrasar. Diz Lyon pegando minha mala. — Já estou indo... Respondo pegando Leon no colo. Depois de tanto estresse, resolvemos viajar, será poucos dias, mas creio que o suficiente para esquecermos por algum tempo essa porra toda, foram meses estressantes. Serão 15 dias longe desse morro, só eu, ele e Leon... Uma família de verdade, decidimos conhecer os EUA. Como ele conseguiu nossos vistos? Não faço ideia, só sei que estamos indo pra M
Caíque...Assim que Majú foi embora, peguei meu celular e liguei para meu advogado. — Boa noite Dr , eles estão subindo... Já estão com um mandado. — Boa noite meu amigo, eles vão te entregar um papel, leia bem devagar, nesse tempo vou para delegacia... Te encontro lá. Foi exatamente isso que eu fiz, assim que o telefone desligou a campainha tocou. — Caíque você precisará nos acompanhar, foi expedido um mandado de prisão pra você. — Sem problema! Desde quando eu assumi esse crime, uma tristeza me abateu. Porra, era minha profissão, eu amava o que fazia, então depois de conversar com meu advogado e ser informado que ele conseguiria me tirar da prisão em poucos meses, mas não conseguiria manter minha profissão, eu me isolei de tudo e todos, mas por incrível que pareça, nesse exato momento eu estou calmo. Talvez fosse o fato de ter visto a Majú, de saber que realmente valeu a pena assumir isso tudo, por que mesmo não estando com ela, Leon vai ter a mãe por perto e eu me apeguei a
Lyon... Estávamos de volta ao meu morro, eu podia viajar o mundo inteiro, mas era aqui que eu me sentia a vontade, nasci e agora tenho certeza que vou morrer aqui também, que saudade! Nem cheguei em casa direito e já fui me retirando na espreita, saí sem Majú me vê, ou então ela ia ficar reclamando de ter que desfazer as malas sozinha. Fui direto pra boca e assim que entrei já vi Fael e FM de bobeira. - É só o gato sair que os ratos fazem a festa neh? Já entro chamando a atenção deles, lógico que era de brincadeira, eu estava sentindo falta deles. - E a lá!!! O gringo do complexo chegou. Disse FM zoando. - Do you speak English?(Você fala inglês) Rir Fael me zoando. - Some things...(algumas coisas) Respondo. - Tirou onda hein chefe! Zoa FM também. Em meio aos risos aperto as mãos deles e dou um abraço. - Pensei que ia morar nos states. Fael fala. - É ruim heim... Aqui é o meu lugar e já estava doido pra voltar. O papo estava descontraído até meu telefone tocar, e era Majú,