Essa semana foi muito estranha, Pérola arrumou várias desculpas para não me vê, minha mãe me tonteando como sempre e Bianca querendo que eu escolha cada roupa, cada sapato, o berço até as chupetas, eu estava sem tempo pra nada. Estou deitado na cama quando meu telefone toca com uma mensagem da Pérola. “ Estou aqui no seu portão...”Acho estranho ela vir sem avisar, mas desço as escadas correndo para atende-la. Ela tem o olhar fundo e chora muito. — O que aconteceu? Abraço ela apertado. — Precisamos conversar Bêh, é sério! Me dá até um arrepio na espinha. — Okay, então vamos lá pro meu quarto. Digo direcionando ela para entrar em minha casa, mas assim que ela vê minha mãe no portão ela para de andar. — Tem como ser na casa do Leon? Você tem a chave de lá? Qualquer coisa eu falo com a Carol... Eu estranho o seu pedido, mas eu precisava saber o que estava acontecendo, então aceito. — Eu tenho a chave, pera aí que vou lá buscar. Corro pra dentro de casa, pego a chave rápido e
Caminho ainda em transe até o doutor. — Vocês são parentes da paciente? O médico pergunta e eu sacudo a cabeça afirmando e Théo também, Théo diz que é tio da Pérola, se falasse a verdade não deixariam a gente saber o que aconteceu. — A paciência está bem na medida do possível, infelizmente não conseguimos salvar o bebê... Certamente o médico falou mais coisa e Théo com certeza prestou atenção em tudo, eu parei de ouvir o que ele dizia no momento que ele falou em “bebê”. Ele liberou nossa entrada, Théo preferiu ficar no lado de fora. Entro no quarto e ela está lá, deitada na maca, encolhida e chorando muito. Me aproximo com cuidado, ela me olha e chora mais ainda. — Me perdoa... Eu... eu estava desesperada. Dou um beijo em sua boca e me sento em uma cadeira do seu lado.— Quanto tempo? Eu iria fazer as perguntas certas, eu ia entender o que havia acontecido e pra isso eu precisava permanecer calmo. — Descobri há 4 dias... Ela diz soluçando, por isso ela estava estranha. —
Quando conheci Márcio lá atrás, quando eu vivia a pior fase da minha vida, nunca passou pela minha cabeça que eu conseguiria superar todas as minhas inseguranças e frustrações. Márcio me abraçou e me acolheu sem interesse algum e eu passei algumas noites pensando se realmente aquilo que estava vivendo em sua casa era real, era possível realmente uma pessoa ser feliz a vida inteira? Era possível ter atenção e carinho de alguém que não tem seu sangue, pra sempre? Cigano era bandido e eu sabia exatamente como eles eram, eu tive alguns exemplos, Fael, Lyon, ambos fizeram suas respectivas mulheres e amantes sofrerem e eu não queria passar por isso de novo. Eu havia decidido ficar um tempo na casa dele, arrumar um emprego, voltar a estudar e antes que ele arrumasse uma mulher que me expulsasse da casa dele eu ia embora, mas é aí que tá o problema, como ir embora se era ali que eu me sentia segura, se era ao lado dele que eu me sentia “em casa”? Meu coração batia acelerado todas as vezes
Assim que coloco meus pés em casa já dou de cara com os três patetas me olhando, droga, já sei que aconteceu alguma coisa. Fiquei surpresa quando eles me falaram que Márcio me seguiu e bebeu, ele nunca bebe a ponto de perder os sentidos. Eu precisava conversar com ele, sei que ele está inseguro, mas uma invasão nos impossibilita de ter essa conversa agora. Já passamos por várias invasões e eu nunca me acostumo. Eu e Carol fomos para o esconderijo, ficamos rezando. — Mãe... Carol me chama. — Oi. — Você e o pai vão se separar? Meu coração aperta, acho que essa confusão toda abalou o psicológico da família inteira. — Não! Nunca... Eu amo o seu pai. — Por que você foi encontrar com aquele homem? — Por que eu precisava por um fim nessa história, eu precisava seguir em frente e ele também... Eu conheço Rafael o suficiente para saber que se ele imaginasse que me restava um pingo de sentimento por ele, ele jamais me deixaria em paz, ele passaria por cima de tudo e todos! — Nossa
— Pérola... Entro no quarto dela e não a encontro, olho no relógio e ainda é cedo. — Onde essa menina foi sem avisar? Falo em voz alta. Pérola anda estranha, já sentei, conversei, questionei, mas ela sempre diz que está tudo bem. Desço as escadas e sigo até a cozinha, logo FM entra me agarrando por trás. — Tá gostosa hein! Ele me dá um tapa na bunda e cheira meu pescoço. — Para FM, sabe que odeio esses tapas! Brigo. Ele me dá um beijo no pescoço e se afasta sentando na bancada. — O que está acontecendo com sua filha? Ele pergunta pegando um pedaço de bolo. — Você também percebeu? Pergunto parando de lavar a louça e passo a olhar ele. — A dias! Se aquele mané tiver magoando minha filha, eu torturo ele! FM diz de boca cheia. — Tentei conversar com ela, mas ela não se abre, tem algo acontecendo! Digo me sentando também. — Eu vou descobrir o que é! FM diz me dando outro beijo e saí da cozinha. São 18 horas e nem um sinal da pérola, ligo para ela e o telefone só toca,
Estou dentro do meu carro, assim que fecho a porta dele, ainda dentro do estacionamento do hospital começo a socar o volante... — Ahhhhhhhhhhhhhhhhh Grito desesperada, todas as lágrimas seguradas até agora eu deixo cair... Minha filha, meu bebê... soco, soco, soco o volante inúmeras vezes, eu precisava extravasar toda essa dor dentro de mim. Paro de bater no volante, respiro fundo, respiro mais uma vez, limpo as lágrimas, prendo meu cabelo e ligo o carro. Minha cabeça estava a mil, minha adrenalina estava no ápice e acho que nem quando eu fazia meus corres quando nova eu ficava tão agitada como estou hoje. Estaciono o carro na frente do portão, toco a campainha e uma menina atende. — Pois não, posso ajudar? Olho ela de cima a baixo e sei que é a garota que está grávida de Bêh, ela é novinha mesmo, bem que Pérola disse. — Pode chamar a Lorena pra mim? — Claro, seu nome é... Ela fica esperando eu falar, mas eu resolvo me apresentar pessoalmente. Passo pela menina que fica me
— Ainda não melhorou? Carol está em meu quarto, tem semanas que estou me sentindo mal. — Já tomei vários remédios e nada melhora, acho que vou ter que ir no postinho mesmo. — Acho melhor, mas o que exatamente você está sentindo? — Enjôo, cansaço, uma vontade de dormir o tempo todo... Acho que estou com anemia. — Pérola, me responde com sinceridade... Quando você e Bernardo transaram, vocês se previniram, neh? — Eu não estou grávida, Carol! Respondo a repreendendo. — Ufa, então vocês se previniram, neh? Ela afirma, meio que perguntando. — Nós só transamos uma única vez Carol, depois não rolou mais... Eu fiquei meio dolorida, então resolvemos esperar um pouco e quando melhorei do dolorido comecei a passar mal. — Mas se previniram? Ela insiste na pergunta. — Não, Carol... Mas como disse, foi uma única vez e só pra você saber, minha menstruação veio esse mês... Quer dizer, ameaçou vir, sujou um pouco mas não veio normal, mas anemia causa isso. — Oh, pelo que sei, não existe
Acordar e sou informada pelo médico que eu perdi meu bebê, não foi fácil, o arrependimento caí como uma bomba sobre minha consciência. Mesmo recebendo o apoio de todos inclusive da minha mãe, eu ainda sim não deixava de me cobrar. Eu sou uma assassina! Eu matei meu próprio filho! Minha mãe saiu e Bêh ficou perto de mim, a todo tempo ele acariciava minha mão, mas ele estava longe, seu pensamento está em outro mundo. O celular dele toca e assim que ele atende sua expressão muda. — Como assim? Ele diz desesperado. — E ela está aonde? — Porra! — Eu não sei, ela saiu daqui e não falou nada, parecia bem! Tentando entende a conversa, eles estavam falando da minha mãe ou da Carol... Começo a ficar nervosa. — O que aconteceu? Quem sumiu? Pergunto. — Tá bom, me deixa informado! Bêh finaliza a conversa e me olha. — Não é nada, não se preocupe. Caralho nenhum, pelo jeito dele falar e por sua expressão corporal eu sei que tem b.o aí e é brado. — Quero saber! Digo brava. Ele me dá