Quando conheci Márcio lá atrás, quando eu vivia a pior fase da minha vida, nunca passou pela minha cabeça que eu conseguiria superar todas as minhas inseguranças e frustrações. Márcio me abraçou e me acolheu sem interesse algum e eu passei algumas noites pensando se realmente aquilo que estava vivendo em sua casa era real, era possível realmente uma pessoa ser feliz a vida inteira? Era possível ter atenção e carinho de alguém que não tem seu sangue, pra sempre? Cigano era bandido e eu sabia exatamente como eles eram, eu tive alguns exemplos, Fael, Lyon, ambos fizeram suas respectivas mulheres e amantes sofrerem e eu não queria passar por isso de novo. Eu havia decidido ficar um tempo na casa dele, arrumar um emprego, voltar a estudar e antes que ele arrumasse uma mulher que me expulsasse da casa dele eu ia embora, mas é aí que tá o problema, como ir embora se era ali que eu me sentia segura, se era ao lado dele que eu me sentia “em casa”? Meu coração batia acelerado todas as vezes
Assim que coloco meus pés em casa já dou de cara com os três patetas me olhando, droga, já sei que aconteceu alguma coisa. Fiquei surpresa quando eles me falaram que Márcio me seguiu e bebeu, ele nunca bebe a ponto de perder os sentidos. Eu precisava conversar com ele, sei que ele está inseguro, mas uma invasão nos impossibilita de ter essa conversa agora. Já passamos por várias invasões e eu nunca me acostumo. Eu e Carol fomos para o esconderijo, ficamos rezando. — Mãe... Carol me chama. — Oi. — Você e o pai vão se separar? Meu coração aperta, acho que essa confusão toda abalou o psicológico da família inteira. — Não! Nunca... Eu amo o seu pai. — Por que você foi encontrar com aquele homem? — Por que eu precisava por um fim nessa história, eu precisava seguir em frente e ele também... Eu conheço Rafael o suficiente para saber que se ele imaginasse que me restava um pingo de sentimento por ele, ele jamais me deixaria em paz, ele passaria por cima de tudo e todos! — Nossa
— Pérola... Entro no quarto dela e não a encontro, olho no relógio e ainda é cedo. — Onde essa menina foi sem avisar? Falo em voz alta. Pérola anda estranha, já sentei, conversei, questionei, mas ela sempre diz que está tudo bem. Desço as escadas e sigo até a cozinha, logo FM entra me agarrando por trás. — Tá gostosa hein! Ele me dá um tapa na bunda e cheira meu pescoço. — Para FM, sabe que odeio esses tapas! Brigo. Ele me dá um beijo no pescoço e se afasta sentando na bancada. — O que está acontecendo com sua filha? Ele pergunta pegando um pedaço de bolo. — Você também percebeu? Pergunto parando de lavar a louça e passo a olhar ele. — A dias! Se aquele mané tiver magoando minha filha, eu torturo ele! FM diz de boca cheia. — Tentei conversar com ela, mas ela não se abre, tem algo acontecendo! Digo me sentando também. — Eu vou descobrir o que é! FM diz me dando outro beijo e saí da cozinha. São 18 horas e nem um sinal da pérola, ligo para ela e o telefone só toca,
Estou dentro do meu carro, assim que fecho a porta dele, ainda dentro do estacionamento do hospital começo a socar o volante... — Ahhhhhhhhhhhhhhhhh Grito desesperada, todas as lágrimas seguradas até agora eu deixo cair... Minha filha, meu bebê... soco, soco, soco o volante inúmeras vezes, eu precisava extravasar toda essa dor dentro de mim. Paro de bater no volante, respiro fundo, respiro mais uma vez, limpo as lágrimas, prendo meu cabelo e ligo o carro. Minha cabeça estava a mil, minha adrenalina estava no ápice e acho que nem quando eu fazia meus corres quando nova eu ficava tão agitada como estou hoje. Estaciono o carro na frente do portão, toco a campainha e uma menina atende. — Pois não, posso ajudar? Olho ela de cima a baixo e sei que é a garota que está grávida de Bêh, ela é novinha mesmo, bem que Pérola disse. — Pode chamar a Lorena pra mim? — Claro, seu nome é... Ela fica esperando eu falar, mas eu resolvo me apresentar pessoalmente. Passo pela menina que fica me
— Ainda não melhorou? Carol está em meu quarto, tem semanas que estou me sentindo mal. — Já tomei vários remédios e nada melhora, acho que vou ter que ir no postinho mesmo. — Acho melhor, mas o que exatamente você está sentindo? — Enjôo, cansaço, uma vontade de dormir o tempo todo... Acho que estou com anemia. — Pérola, me responde com sinceridade... Quando você e Bernardo transaram, vocês se previniram, neh? — Eu não estou grávida, Carol! Respondo a repreendendo. — Ufa, então vocês se previniram, neh? Ela afirma, meio que perguntando. — Nós só transamos uma única vez Carol, depois não rolou mais... Eu fiquei meio dolorida, então resolvemos esperar um pouco e quando melhorei do dolorido comecei a passar mal. — Mas se previniram? Ela insiste na pergunta. — Não, Carol... Mas como disse, foi uma única vez e só pra você saber, minha menstruação veio esse mês... Quer dizer, ameaçou vir, sujou um pouco mas não veio normal, mas anemia causa isso. — Oh, pelo que sei, não existe
Acordar e sou informada pelo médico que eu perdi meu bebê, não foi fácil, o arrependimento caí como uma bomba sobre minha consciência. Mesmo recebendo o apoio de todos inclusive da minha mãe, eu ainda sim não deixava de me cobrar. Eu sou uma assassina! Eu matei meu próprio filho! Minha mãe saiu e Bêh ficou perto de mim, a todo tempo ele acariciava minha mão, mas ele estava longe, seu pensamento está em outro mundo. O celular dele toca e assim que ele atende sua expressão muda. — Como assim? Ele diz desesperado. — E ela está aonde? — Porra! — Eu não sei, ela saiu daqui e não falou nada, parecia bem! Tentando entende a conversa, eles estavam falando da minha mãe ou da Carol... Começo a ficar nervosa. — O que aconteceu? Quem sumiu? Pergunto. — Tá bom, me deixa informado! Bêh finaliza a conversa e me olha. — Não é nada, não se preocupe. Caralho nenhum, pelo jeito dele falar e por sua expressão corporal eu sei que tem b.o aí e é brado. — Quero saber! Digo brava. Ele me dá
Acordo já no meu quarto, minha mãe estava sentada na cama acariciando minha cabeça. — Graças a Deus você acordou. Ela tem seu olhar cheio de lágrimas. — A senhora sabia que ele ia me deixar? Pergunto voltando a chorar. — É melhor assim, minha filha... — Melhor pra quem? Pra senhora? Pro pai? Pergunto deixando as lágrimas caírem e me sento na cama. — Tudo é feito pensando no seu bem estar, Pérola. — Eu quero ficar sozinha! Resolvo não bater boca com ela. Me deito na cama e dou as costas a ela. — Pérola... Ela tenta falar mas eu não deixo. — Sai por favor! Digo rude. Ela se levanta e saí, não demora muito e meu pai entra no quarto. — Quem você pensa que é pra tratar sua mãe daquele jeito? Ela fez o que fez por amar a você e é assim que você trata ela? Ele estava irritado, gritava e eu respirava fundo para não me exceder. — Vocês não tinham o direito de fazer isso! Não tinham! Eu me sento de novo e grito. — Eu sou seu pai e faço o que eu acho o certo a se fazer! —
— Como ela está? Pergunta Leon. Estou sentada no sofá da minha casa com as pernas em cima das dele. — Nada bem , não quer muito papo e se isolou do mundo. E Bernardo? Pergunto por que eu não o vi mais. — Mesma coisa, se isolou na casa que Théo conseguiu pra ele, mas nem ajeitar as coisas da casa ele ajeitou. — Queria poder ajudar. Digo deitando minha cabeça em seu ombro. — Não tem como Carol, infelizmente... FM foi bem direto com ele. — Então é assim, o pai decide o que a filha tem que fazer? Não é justo! Estou mega chateada. — Se fosse pais qualquer, eles poderiam fugir ou até mesmo enfrenta-lo já que ela é maior de idade, mas com FM não! Estamos com a série pausada enquanto conversávamos, eram por volta das 19 horas, ouço quando meu pai grita lá de cima. Subo as escadas apreçada e entro no quarto dele. — Quando JP chegar avisa que é pra vir no meu quarto, vamos ter uma reunião hoje. Acho estranho o seu jeito de falar, mas não questiono. JP chega às 22 horas e já s