17 anos depois...

Anos terríveis... A penitenciária passou por inúmeras rebeliões, apanhei dos águias, fui parar três vezes na enfermaria com uma facada nas costas, um dedo do pé arrancado e 12 pontos na cabeça, teve dias que chorei igual criança, teve dia que quis contratar um tatu* para me ajudar a sair daqui, mas quando olhava para única foto que tinha do meu filho ainda bebê, minhas forças se renovam.

Cada ano que passava era riscado na parede e essa semana seria decisiva para mim, kadu entraria com o meu pedido de liberdade, eu já havia cumprido praticamente toda minha pena e os três anos que faltava eu teria que ficar no sapatinho, para não voltar pra cá.

As mesmas incertezas que tive quando fui preso, estou tendo agora que estou prestes a ser solto, só que agora eu não poderia voltar para o tráfico, não até reencontrar o meu filho e ter o perdão dele.

Mas o que eu faria lá fora? Nunca trabalhei de nada fora o crime organizado. Meu coração estava a mil.

— E aí, tá feliz?

Japa me pergunta.

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