Minha irmã e eu passamos praticamente o resto da tarde toda jogadas no sofá, e só lá para as seis da noite é que a Clara resolve ir para seu apartamento se arrumar e eu a me preparar para entrar em mais um plantão.
Já tinha preparado minha bolsa, meu jaleco e os meus prontuários. Troquei de roupa e saí para ir pro hospital, antes que eu pegasse um trânsito pior do que aquele a tarde. Já chego no hospital com aquele pico de sempre, várias pessoas na sala de espera, crianças e adultos gemendo de dores e se queixando do atendimento. Fui direto para a sala dos médicos deixar minhas coisas e trocar de roupa. Pensei que seria um plantão mais tranquilo, mas pelo visto será bem agitado. Sempre quando chego no hospital e troco de roupa checo os prontuários dos pacientes que já estão internados. É importante para eu saber como está cada um e anotar as novas observações. Fiz minha primeira ronda do plantão, alguns pacientes melhoraram o quadro clínica já outros nem tanto. Quando estava andando pelo corredor recebi um alerta de emergência, a ambulância estava trazendo alguém em estado grave. Corri para a sala de emergência para já estar preparada quando o paciente chegar. Vi os socorristas entrando com duas macas, eram um casal de senhores. Pude ver que a senhora estava consciente, somente com algumas escoriações pelos braços. Cheguei perto do homem e ele não era nem muito idoso e nem jovem, então chequei seus batimentos e verifiquei a sua pupila. — Senhor? Consegue me ouvir? — perguntei olhando em seus olhos, ele não respondeu, estava inconsciente. Quando levantei sua blusa para verificar como estava seu abdômen o monitor cardíaco disparou, ele estava tendo uma parada cardíorrespiratória. Imediatamente subi na maca e comecei a massagem cardíaca. Pedi aos enfermeiros que trouxessem o carrinho com o desfibrilador e mandei que carregassem. Desci da maca e dei o primeiro choque de 50 joules, e nada. Voltei com a massagem cardíaca e pedi que carregassem em 100 joules. Desci e fiz o mesmo processo mais uma vez e nada dele retornar. Ouvi gritos ao redor e quando parei para ver quem era pude notar que se tratava da mulher que chegou junto com esse paciente. Ela gritava pedindo para salvarem o marido dela e tentava vir até ele, porém, era impedida pelas enfermeiras e por um rapaz que estava a segurando. Depois de fazer esse processo durante vinte minutos consegui trazê-lo de volta, desci da maca e respirei aliviada. Fiz tudo o que deveria ser feito nesse momento e deixei que as enfermeiras cuidassem do resto. Infelizmente chega muitos casos assim na emergência, pessoas vítimas de acidentes de trânsito, justamente pelo caos que essa cidade é. Tudo estava mais tranquilo agora, já tinha feito todos os procedimentos e atendido várias pessoas, estava exausta. Passou tão rápido a hora que já era quase o horário de eu ir embora. Fui aproveitar para me trocar e pegar minhas coisas. Hoje começa meu primeiro dia oficialmente no clube de futebol, estou curiosa com esse novo desafio. Inclusive fiquei feliz em saber que o hospital é bem perto do CT, pelo menos já me pouparia um bom tempo, sem precisar encarar quase quarenta minutos de trânsito. Quando cheguei ao clube e me indicaram onde seria minha possível sala, eu estava com medo de me perder dentro desse lugar enorme. Mas achei, estava bem movimentado em volta. — Olha só quem chegou, como vai Dra Cecília? — o meu grande amigo de faculdade e também fisioterapeuta me cumprimentou quando me viu chegar. — Bom dia! Que bom revê-lo, Gabriel. Estou ótima, e você? — cumprimentei dando um pequeno abraço. — Fico muito feliz em revê-la, que bom que foi contratada pelo clube. — sorri pra ele. — Inclusive, obrigada pela indicação. Soube que você rasgou elogios sobre a minha pessoa. — falei em um tom brincalhão e ele soltou uma gargalhada. — Ah falei só um pouquinho, não foi esse absurdo todo que falaram não — ele explicou e riu. Nossa amizade sempre foi assim, repleta de brincadeiras e risadas. Eu sempre me diverti muito com ele e apesar de não termos aquela amizade de andar junto todo o tempo, sempre que nos vemos é assim, passe o tempo que passar. — Entendeu tudo de como funciona? — ele me perguntou depois de ter me explicado detalhes do que eu iria fazer hoje. — Entendi sim, muito obrigada. — agradeci com um sorriso. — Lá vem alguns dos meninos, comece a chamar pela ordem da relação que te passei, ok? — balancei a cabeça positivamente. O Gabriel foi para o seu posto enquanto que eu chamei o primeiro jogador para a minha sala. — Pode sentar. — falei olhando para os papéis em minha mesa. Já tinha atendido uns cinco jogadores, eles são bem tranquilos e engraçados. E uma coisa que não dá pra negar é que nesse time a maioria dos jogadores são realmente muito bonitos. Pedi para a assistente que fica lá fora chamar o próximo, eu estava fazendo uma confusão só com todos os papéis, não sabia quem seria o próximo.Ouvi a a porta abrir e pedi que o jogador se sentasse enquanto eu me situava em meio a minha bagunça. — Éee...Rafael Lima?! — perguntei quando li em um dos papéis. — Ricardo Rios. — o jogador respondeu sorrindo. Levantei a cabeça para ver de quem se tratava e vi que era o tal peguete da Clara. Ele me olhava de um jeito risonho, talvez por conta da minha confusão de misturar tudo e todos. Em segundos meu corpo estava cheio de vergonha, mas ainda sim tinha que encontrar coragem para continuar ali.Ontem eu tive um jantar com a Clarinha, na verdade foi meio que um encontro. Levei ela em um dos meus restaurantes preferidos e que por coincidência é um dos que ela queria muito conhecer. Foi um jantar ótimo e ao lado de uma companhia bacana, ela é leve e alegre, sempre me faz ri e nunca deixa o assunto morrer. Além de ser uma mulher muito bonita que usa umas roupas que deixam o corpo dela extremamente sexy. Depois do jantar ficamos um bom tempo olhando a vista e conversando. Nós falamos sobre praticamente tudo, ela contou da paixão dela pela fotografia e o quanto admira a irmã dela. Eu confesso que admiro as duas por serem o que são hoje e serem uma a companhia da outra, porque deve ser bem difícil perder os pais tão cedo assim.Depois que saímos do restaurante levei ela até em casa, ela meio que insistiu para eu subir junto, mas apesar de querer muito eu não podia, tinha que acordar cedo hoje para fazer minha corrida de manhã e vir para o CT passar pela equipe médica. Quando chegu
Já se passavam das oito horas da manhã e eu ainda nem tinha tomado café. Sempre acordo as sete horas para correr pelo condomínio, e quando volto já tomo meu café e me adianto para o meu treino no CT. Mas hoje em especial acabei acordando tarde, cheguei ontem já muito tarde e demorei para pegar no sono. Sinceramente, essa vida de sair para barzinhos e festas é muito daora, mas as vezes só acabo indo porque o Veiga e o Piquerez praticamente imploram. Tomei um banho gelado depois que cheguei da corrida, pra ver se afastava esse sono do meu corpo. Como não dá tempo de comer com calma, peguei só uma maçã e já corri pro centro de treinamento. No CT a resenha já corria solta, a maioria dos caras tinham um ótimo humor pela manhã, já outros nem tanto. Hoje era dia de treinamento tático, Abel está nos preparando bem para a Libertadores desse ano e os treinamentos tem sido bem exaustivos.No vestuário os meninos já estavam vestidos e preparados, e não perderam a oportunidade de tirar onda com
Eu acho que estava achando pouco meus plantões no hospital quando aceitei ser chefe da equipe médica da SEP. Eu sempre entro de seis horas da noite e saio às seis horas da manhã, e amo essa rotina cansativa, não sou do tipo de pessoa que gosta de ficar parada por muito tempo. Recebi a indicação de um amigo fisioterapeuta da equipe médica do clube, ele foi meu colega de faculdade, apesar de não termos feito o mesmo curso, nos víamos bastante no campus da faculdade. E como até hoje temos contato, ele acabou me indicando como clínica geral e eu resolvi encarar essa oportunidade. Sou clínica geral e cirurgiã geral, e como meu plantão de doze horas geralmente é na parte da noite da para conciliar com os dias que estarei no CT, até porque os horários divergem um do outro. Hoje tive uma cirurgia que durou cerca de seis horas e meia, estou super cansada, mas mesmo assim feliz que a cirurgia foi um sucesso. Já estava quase chegando em casa e graças a Deus consegui um apartamento ao l
Quando chegamos no CT tinham vários repórteres no portão, os jogadores estavam fazendo um treino aberto hoje e os repórteres registravam cada detalhe deles. Eu e a Clara entramos para irmos até a sala onde fica o presidente do clube, na verdade eu não sei nada sobre times de futebol, nem sei se essa tal Leda é presidente do clube ou se é outra pessoa. A única coisa que sabia é que tínhamos que ir até ela para fecharmos o trabalho. Um dos seguranças nos levou até lá, era enorme lá dentro, nunca pensei que seria tão gigante dessa forma. Paramos em uma porta chique de cor branca, ele nos cumprimentou e saiu. Minha irmã está super empolgada, mal podia conter o sorriso no rosto, então tomei a iniciativa de dar duas batidas na porta e entrar. — Bom dia, meninas. Sentem e fiquem a vontade. — uma mulher loira nos cumprimentou com um sorriso. Eu e a Clara sentamos uma do lado da outra em umas poltronas que tinha frente a mesa da mulher. — Muito prazer, meu nome é Leda e eu sou presidente d
Eu e a Clara já tínhamos conhecido praticamente todos os meninos que estavam ali, eles eram bastante divertidos e engraçados. Eu com certeza iria me dar bem com a maioria deles. Minha irmã ainda continuava a conversar com o mesmo rapaz de antes, os dois pareciam bem risonhos e confortáveis um com o outro. Já estava praticamente passando do horário do almoço e a minha barriga já estava roncando, e eu não como nada desde de manhã e é provável que meu corpo já esteja catabolizando. Não queria atrapalhar a conversa da Clara, mas precisava chamá-la para irmos embora. Fui timidamente até eles, os dois perceberam minha presença e cortaram o assunto para voltar a atenção pra mim. — Ah, essa aqui é a minha irmã Cecília. — ela me puxa e me apresentou ao rapaz — E esse aqui é o Ricardo. — diz por fim olhando pra ele de maneira divertida. — Prazer. — ele estende a mão e eu o cumprimento rapidamente com um sorriso. — Vamos, Clara. Já estamos passando do horário. — expliquei. — Temos que ir m