NATÁLIARicardo e eu voltamos para casa. Ele segurou minha mão durante todo o caminho e deixou Jake dirigir o carro. Ele não disse mais nada, então eu fiquei preocupada com ele. Sua dor, cutucando meu interior em intervalos, não me deixou falar também.Assim que entramos em casa, ele soltou minha mão e subiu as escadas. Meus olhos o seguiram até que ele desapareceu de vista. Soprando um ar afiado, eu o segui até o primeiro andar, querendo descobrir o que ele estava prestes a fazer agora.Eu estava relutante em entrar no quarto que Britney e Ricardo compartilhavam, mas eu não podia deixá-lo sozinho.Ele ficou no meio do quarto, olhando para a parede atrás da cabeceira da cama. Eu engoli em seco, observando-o por mais de cinco minutos.— Você quer falar sobre isso, Ricardo? — Eu sussurrei.Ricardo se virou para me olhar e assentiu. Entendendo a mensagem, eu caminhei lentamente até ele. Ele segurou minha mão quando parei bem na sua frente.— Precisamos nos livrar de tudo aqui. Eu n
ANA JORGEEu tinha me tornado uma zumbi. Corri de volta para o meu quarto mais cedo e tentei o meu melhor para dormir. Era como tentar desligar os meus pensamentos e me fazer de morta por um tempo, mas não consegui.Meus pensamentos continuaram a vagar para o que aconteceu entre mim e o Zero. O vínculo de companheiro me enganou, me puxou, me fez beijar ele e, daí, também fez sua mágica nele, o transformando em alguém que ele não era.Oh, as faíscas, a sensação de sua pele sobre meus dedos e seus lábios perigosos de merda. Tentei esquecer tudo aquilo, mas não conseguia, o que era sim, tipo uma merda.Eu gemia, rolando na cama como uma adolescente apaixonada. O dia inteiro se passou e eu ainda estava enfiada ali, incapaz de dormir ou até mesmo de sair e fazer qualquer outra coisa.Perdendo a guerra comigo mesma, finalmente decidi jogar todos os travesseiros no chão e me levantar da cama mal-humorada. Precisava ir buscar uma garrafa de água, bebi a que estava no meu quarto enquanto tent
NATÁLIA SILVAA mulher em chamas caminhou até mim, os passos dela eram pequenos. Quanto mais ela andava, maior a distância entre nós se tornava.Estava desesperada. Precisava me comunicar com ela. Tenho que descobrir várias coisas.Seus âmbares cintilantes deixaram os meus, descendo até meu estômago. O fogo que a queimava, se acalmou. Observei com admiração enquanto ela balançava a cabeça, com os cabelos brilhantes dela balançando com o movimento.— Não deixe que eles saibam sobre isso. — Ela não abriu a boca, só olhou fixamente, mas a voz ainda soava em algum lugar no fundo da minha mente, como se fosse minha segunda consciência falando e não ela.— O quê? — Consegui perguntar à voz enquanto tentava andar para frente e diminuir a distância entre nós dois.— Não deixe que eles saibam sobre a criança. Eles não a deixarão viver. — A voz avisou.Foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado em mim. Acordei ofegante. As luzes estavam apagadas no meu quarto e só conseguia ficar ali
ANA JORGE— Que droga? — Gemi, deslizando para dentro do quarto pela porta aberta.Minhas pernas ainda estavam meio bambas depois do encontro com Zero na cozinha. Perdi a cabeça por um momento e me rendi como uma cadela desesperada, algo do qual eu certamente não me arrependeria. Se eu me arrependesse, isso significaria que ele venceu. Bem, eu não deixava ninguém vencer.Suspirei, indo direto para o banheiro e me despindo para tomar banho.Minhas bochechas ainda estavam quentes. O toque dele ainda pairava na minha pele, com o prazer vibrando ao fundo da minha mente.Ao ligar o chuveiro, fiquei sobre a água corrente, revivendo o momento intenso na minha cabeça. Minhas mãos trabalhavam sozinhas, pegando as coisas e me ajudando a tomar banho, enquanto minha mente permanecia completamente ausente.Que tipo de reação tinha sido aquela? Tipo… estamos quites assim, ou o quê? Ele fez isso para me pagar pelo sangue? Eu nunca tinha pedido para que ele me pagasse. Eu só estava ajudando.Droga de
RICARDO SANTOS— Eu fiz o que você pediu. Enviei ela para a cidade e pedi ao Jacob que ficasse com ela… — Bernardo Carvalho parou, sem saber como dizer em voz alta.Continuei encarando a superfície da minha mesa, sem levantar o olhar ou prestar muita atenção à expressão de pena que ele se recusava a esconder dos olhos.— Eu não sabia que ela faria isso de novo. Eu pensei que…— Você pensou que encobriria tão bem que eu nunca descobriria. — Suspirei, esfregando a concha da minha orelha esquerda me sentindo cansado.— Sinto muito. Eu… Eu não sei o que dizer. Realmente achei que tudo ficaria bem e que ninguém precisaria se machucar. — Ele falou num tom desanimado.— Não quero ouvir desculpas. — Levantei a cabeça, dirigindo-lhe um olhar vazio.— Alfa, eu…— Cale-se, Bernardo Carvalho. Não ultrapasse os limites de novo. — Declarei, permanecendo calmo, mas meus olhos piscaram em cinza enquanto meu lobo pairava à beira de sair.— Certo. Temos problemas maiores para resolver. O conselho está a
NATÁLIA SILVA— Você realmente se livrou da sua irmã, Bernardo Carvalho? — Perguntei, encarando a parede de vidro.— Ela não vai mais interferir. — Ele suspirou, repetindo a mesma coisa pela terceira vez.Eu não sabia porquê ainda não conseguia ficar tranquila, mesmo depois de saber daquilo. Sonhei com algo de novo e não me sentia bem com isso.— Você pode… fazer algo por mim? — Sussurrei, virando para ele.Bernardo Carvalho se enrijeceu, os olhos fixos em mim. Ele estava tenso quando mandei Jake o chamar para me ver, mas parecia melhor naquele momento, mais composto e menos agitado, porque sabia que não precisava me dar explicações ou desculpas sobre o que tinha feito. Isso não importava para mim.— Vou ter que fazer. — Ele deu de ombros.Meus olhos baixaram-se, e meu coração deu uma batida cruel. — Mate a bruxa.— O quê? — Ele franziu a testa.— Envie alguém para se livrar de Gertrude — Endireitei-me.— Mas, Alfa…—— Ela sabe demais. — Interrompi. — Mate ela antes que o conselho cheg
NATÁLIA SILVA— Uhh! Então vocês dois sabiam que eram companheiros e não contaram para ninguém? — Os gêmeos zombaram em uníssono.Nós acabamos de chegar à casa oficial da matilha e, como Jake havia informado a Ricardo Santos, os quatro originais, tão familiares, já estavam nos esperando no salão principal.Ver os rostos jovens deles fez meu estômago se revirar de nervosismo. Meu olhar se demorou em Frederico Miguel. Os lábios dele estavam curvados em um dos sorrisos vitoriosos mais horríveis que eu já tinha visto. Era o sorriso que dizia ao oponente que ele já tinha perdido sem nem ao menos lutar.— Nós suspeitávamos disso. — Os gêmeos quebraram o silêncio pesado e se acomodaram no sofá, deixando Frederico Miguel e Abraão Miguel perto da janela.— O que trouxe vocês aqui no meio da noite? — Ricardo Santos perguntou, permanecendo o mais calmo que alguém como ele poderia estar naquele momento.O sorriso de Frederico Miguel nunca vacilou enquanto ele direcionava o olhar para mim. Respirei
NATÁLIA— É um erro. — Eu disse a Diana Mendes assim que entramos no clube lotado.O cheiro de suor, sexo e álcool irritava minhas narinas, me fazendo engasgar.— Ah, vamos! Viva um pouco! É seu vigésimo aniversário. — Ana Jorge jogou o braço ao redor do meu ombro, puxando-me para perto de seu corpo.— Nunca acaba bem quando você diz isso. — Eu balancei o braço dela do meu ombro e dei um passo à frente.— Não estrague o clima! Vamos festejar! — Diana gritou no meu ouvido esquerdo e me agarrou pelo braço, me arrastando direto para o bar.Lá no fundo, eu sabia que agora não tinha nenhuma chance.Ana fez o pedido no bar e eu me virei, observando o lugar lotado.A música alta pulsava nos meus ouvidos e vibrava no meu corpo, me fazendo suspirar. As luzes neon faziam meus olhos doíam.— Me diga de novo por que estamos aqui, de todos os lugares? É terra livre. Qualquer um pode nos atacar aqui. — Gritei para Diana, que estava balançando o corpo ao som da música.— É o melhor clube da